Boletim da SBPMat. Edição especial sobre o XVII Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 73. 30 de setembro de 2018.

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Em números

Participantes

– Cerca de 1.100 participantes (presentes) de 186 instituições.

– Inscritos de 25 países da América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia (94% do Brasil).

– Inscritos do Brasil, provenientes de 25 estados da federação, cobrindo as 5 regiões do país.

– 44,4 % mulheres; 55,6 % homens.

– 38 % profissionais, 41 % estudantes de pós-graduação, 21 % estudantes de graduação.

Apresentações

Mais de 1.600 trabalhos aprovados dentro de 21 simpósios (335 orais; 1.247 posters, 75 palestras convidadas).

– 76 organizadores de simpósios.

– 562 autores envolvidos nos trabalhos aprovados.

– 185 pareceristas envolvidos na revisão dos resumos.

– 12 salas para apresentações orais simultâneas.

– 8 palestras plenárias; 1 workshop.

– 21 expositores.

Prêmios

– 20 participantes premiados pela ACS Publications, E-MRS, IUMRS e SBPMat pelos trabalhos apresentados.

Relato das sessões do programa. Uma reportagem que aborda as sessões técnicas, cerimônia de abertura e homenagens, com textos, fotos e arquivos das apresentações. Veja aqui.

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Lista dos trabalhos premiados. Saiba quais foram os 20 trabalhos e autores vencedores dos prêmios da SBPMat, ACS Publications, IUMRS, E-MRS e do desafio aeroespacial. Veja aqui.

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Arquivos das apresentações. Acesse, no Slideshare da SBPMat, os arquivos das apresentações cedidos pelos autores referentes às palestras plenárias, palestra memorial e anúncio do próximo evento. Veja aqui.

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Álbum. Disponibilizamos no Google Fotos algumas fotografias que você talvez queira ver ou baixar (coquetel, festa, premiação, desafio tecnológico, organizadores). Veja aqui.

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Destaques dos simpósios. Perguntamos aos organizadores quais foram os destaques dos simpósios que coordenaram. Veja as respostas que recebemos. Aqui.

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Cobertura em tempo real. Durante o evento, postamos recados, imagens e comentários dos principais momentos, no Instagram da SBPMat. Se você não acompanhou, pode ver agora.

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XVIII Encontro da SBPMat. Já pode agendar os próximos dois encontros anuais da SBPMat! Em 2019, será no Blaneário Camboriú (SC) de 22 a 26 de setembro. Em 2020, será em Foz do Iguaçú de 30 de agosto a 3 de setembro. A SBPMat está recebendo sugestões da comunidade científica a respeito de palestrantes para as plenárias e de temas para os simpósios do próximo encontro. Participe! Saiba mais.

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Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.

 

XVII Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting: Relato das sessões técnicas.

Por uma ciência de alto impacto, diversa e inclusiva (Workshop Young Researchers´ School)

Domingo 16 de setembro, por volta das 13 horas. Natal, Rio Grande do Norte. O céu estava azul e o mar, verde. Provavelmente resistindo à tentação de uma tarde de domingo na praia, cerca de 150 pessoas optaram por ingressar ao Centro de Convenções do tradicional Hotel Praiamar, localizado a poucos metros da Praia de Ponta Negra – a mais famosa da turística capital potiguar. O motivo dessa estranha decisão? Participar do workshop Young Researchers School, atividade de quatro horas de duração oferecida sem custo adicional para os inscritos no XVII Encontro da SBPMat/ B-MRS Meeting.

Praia de Ponta Negra com o Morro do Careca ao fundo, a poucos metros do local do evento. 16/09/18.
Praia de Ponta Negra com o Morro do Careca ao fundo, a poucos metros do local do evento. 16/09/18.

O workshop começou com um tutorial do Professor Valtencir Zucolotto (IFSC – USP, Brasil), um membro da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais conhecido não apenas pelas pesquisas de seu Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia, mas também pelas palestras, cursos online e workshops sobre escrita e editoração científica que ele cria e apresenta no Brasil e no exterior. Com bom humor e interação com a plateia, Zucolotto falou sobre como fazer pesquisa de alto impacto, desde a ideia inicial até a publicação do artigo, passando pela metodologia de pesquisa e pela escrita do paper. Além de mostrar dados, o professor compartilhou experiências vividas “dos dois lados do balcão” (Zucolotto é um pesquisador produtivo e citado, como atesta seu índice H de 42, e também é editor de revista e livros). O palestrante também deu “conselhos de quem já passou por isso” aos membros mais jovens da plateia. “É necessário aprender a conviver com a rejeição, que faz parte do trabalho do cientista”, disse Zucolotto, referindo-se à rejeição de artigos no processo de publicação. “Não se preocupe, seu artigo será rejeitado… e finalmente aceito em uma revista de alto impacto”, brincou.

[Veja material dos cursos do professor Zucolotto no site http://zucoescrita.com ]

Depois de um copioso coffee break patrocinado pela Elsevier, o workshop continuou com a apresentação da Diretora de Publicação da área de Ciência de Materiais da Elsevier, Christiane Barranguet, sobre diversidade e inclusão no ambiente das revistas e eventos científicos. Além de mostrar dados sobre participação feminina na ciência, a diretora contou os esforços da empresa para atingir diversidade e representatividade de gênero e geográfica nos corpos editoriais das revistas e nos grupos de plenaristas das conferências. Bons resultados assomam timidamente, mostrou ela. Porém, mulheres e latino-americanos ainda estão sub-representados nesses grupos. No final da palestra, Barranguet fez um convite à comunidade de Materiais para indicar nomes de cientistas, principalmente dos grupos sub-representados, que possam atuar nos corpos editoriais das revistas da Elsevier.

[Veja arquivo da apresentação de Christiane Barranguet em nosso Slideshare, aqui https://www.slideshare.net/SBPMat/how-can-academic-publishing-increase-diversity-and-inclusion  ]

A última parte do workshop retomou a questão do impacto das publicações exatamente onde o Professor Zucolotto tinha parado. Marlene Silva, também da equipe de Materiais da Elsevier, falou sobre maneiras de divulgar um artigo publicado para aumentar sua visibilidade, potencial de ser citado e impacto acadêmico e social. De acordo com a palestrante, o trabalho de difusão deve ser realizado sem perda de tempo, no embalo da alegria provocada pela notícia da aceitação do paper. Uma das ferramentas mais úteis para essa divulgação é, segundo Silva, o link de compartilhamento – URL disponibilizada aos autores dos artigos pela maioria das revistas da Elsevier, que outorga acesso direto e gratuito ao paper por 50 dias para qualquer pessoa que receba o link. Silva recomendou compartilhar esse link por todos os meios possíveis, desde as redes sociais (todas elas valem) acompanhado por textos e imagens atrativas, até a assinatura do e-mail do autor. A palestrante também falou sobre estratégias para tornar o artigo mais relevante em mecanismos de busca, conhecidas como SEO, como, por exemplo, tomar o cuidado de repetir as palavras-chave mais relevantes ao longo do paper.

[Veja arquivo da apresentação de Marlene Silva em nosso Slideshare, aqui https://www.slideshare.net/SBPMat/how-to-promote-your-article-116520984  ]
Workshop Young Researchers´ School. À direita, a partir da esquerda, Christiane Barraguet, Marlene Silva e Valtencir Zucolotto.
Workshop Young Researchers´ School. À direita, a partir da esquerda, Christiane Barraguet, Marlene Silva e Valtencir Zucolotto.

Resistente, forte e resiliente: assim é a comunidade brasileira de pesquisa em Materiais (Cerimônia de Abertura)

Uma agradável surpresa aguardava os cerca de 800 participantes que se acomodaram na sala principal do Centro de Convenções por volta das 19h30 para assistir à Cerimônia de Abertura. Logo após as palavras iniciais pronunciadas pelo mestre de cerimônia, doze músicos da Orquestra Potiguar de Clarinetas, ligada à Escola de Música da UFRN, saíram de seus esconderijos com seus instrumentos, ocuparam as proximidades do palco e encheram a sala de música brasileira – principalmente nordestina – numa amostra da riqueza e diversidade cultural deste país que contou com os ritmos de choro, baião, frevo e carimbó.

Encerrada a apresentação musical, montou-se a Mesa de Abertura, composta pelo Professor Antonio Eduardo Martinelli (Chairman do XVII Encontro da SBPMat), o Professor Osvaldo Novais de Oliveira Jr (Presidente da SBPMat), o Professor Rodrigo Ferrão de Paiva Martins (Segundo Vice-Presidente da União Internacional de Sociedades de Pesquisa em Materiais, IUMRS) e o Professor José Daniel Diniz Melo (Vice-Reitor da UFRN).

Na sequência, os presentes no palco e na plateia, em pé, entoaram o Hino Nacional Brasileiro, acompanhando a interpretação da Orquestra Sinfônica e Coral Madrigal da UFRN que estava sendo projetada nas telas distribuídas na sala.

Além das boas-vindas e agradecimentos, nas palavras dos membros da mesa houve diversas alusões à importância social e econômica da pesquisa em Materiais. “O conhecimento desta área é essencial para resolver a maior parte dos problemas da sociedade”, disse Diniz Melo, que também é docente da graduação e pós-graduação em Materiais da UFRN. O português Rodrigo Martins, que além de ser um cientista de Materiais destacado internacionalmente, é assíduo frequentador dos Encontros da SBPMat, destacou o papel dos materiais no desenvolvimento de um país. “Das ciências da vida até a indústria aeroespacial, os materiais são centrais a todos os desenvolvimentos e trazem melhor qualidade de vida à população”, disse Martins. “Este evento é uma celebração daquilo que a Ciência de Materiais tem feito para a sociedade”, destacou, por sua vez, o Professor Oliveira Junior.

Num discurso de abertura inspirador, o Professor Martinelli abordou um assunto que tem preocupado a comunidade científica brasileira. “Não apenas dificuldades econômicas, mas, principalmente, o entendimento do que é ou não prioridade para nosso país têm queimado parte do nosso passado e desafiado as melhores oportunidades de melhorar a Ciência e a Tecnologia no Brasil, colocando em risco um futuro melhor para a geração atual e as futuras”, disse o chair do evento, que é professor da graduação e pós-graduação em Materiais da UFRN e coordenador da Área de Materiais na CAPES. O chair destacou a força da comunidade de Materiais que, mesmo nesse contexto, permaneceu ativa e permitiu que o evento acontecesse, com um número elevado de participantes. “Somos gente de Materiais: resistente, forte e resiliente”, disse Martinelli. “Não desistimos nem desistiremos”.

Público na abertura do evento. Mesa de abertura; a partir da esquerda: Antonio Martinelli, Rodrigo Martins, José Diniz Melo e Osvaldo Novais de Oliveira Jr.
Público na abertura do evento. Mesa de abertura; a partir da esquerda: Antonio Martinelli, Rodrigo Martins, José Diniz Melo e Osvaldo Novais de Oliveira Jr.


 

Homenagens a destacados membros da comunidade (Palestra memorial “Joaquim da Costa Ribeiro”)

Depois das palavras dos membros da mesa, veio o momento das homenagens da SBPMat a cientistas brasileiros de longa e destacada trajetória. A primeira distinção, a qual não tinha sido anunciada na programação, foi para o Professor Aloísio Nelmo Klein (UFSC), quem recebeu uma placa comemorativa e um presente por seus “35 anos dedicados à Ciência Aplicada”. De fato, a carreira científica de Klein se destaca principalmente na quantidade de patentes (mais de 60 pedidos depositados em escritórios do Brasil, Europa, Estados Unidos, China, Coreia do Sul, Japão, Taiwan, Singapura e Austrália) e nos numerosos projetos realizados em parceria com empresas. O homenageado, que é membro fundador da SBPMat e já se desempenhou como diretor científico, conselheiro e chairman de dois encontros anuais da sociedade, recebeu agradecimentos do presidente da SBPMat pela sua dedicação de longo prazo à sociedade.

[Veja entrevista de fevereiro de 2017 com o Professor Aloísio Nelmo Klein https://www.sbpmat.org.br/pt/gente-da-comunidade-entrevista-com-o-pesquisador-aloisio-nelmo-klein/ ]

O segundo homenageado da noite foi o Professor Fernando Galembeck, aposentado da UNICAMP desde 2011, mas ainda ativo, sendo inclusive Professor Colaborador dessa universidade. Ao longo de quatro décadas de carreira científica, Galembeck fez importantes contribuições à pesquisa aplicada e básica em temas diversos como modificação de superfícies, nanopartículas, nanocompósitos, eletrostática, materiais derivados de biomassa, entre outros. Ele é autor de mais de 250 artigos, 35 patentes e 20 livros ou capítulos de livros e conta com mais de 3.700 citações. Foi sócio fundador da SBPMat.

[Veja entrevista com Fernando Galembeck, reeditada em agosto de 2018 https://www.sbpmat.org.br/pt/cientista-em-destaque-entrevista-com-fernando-galembeck-que-proferira-a-palestra-memorial-no-xvii-encontro-da-sbpmat-reedicao-atualizada-de-entrevista-de-maio-de-2015/ ].

Galembeck foi escolhido para receber neste ano a principal honraria da SBPMat para pesquisadores de trajetória destacada na área de Materiais, a Palestra Memorial Joaquim da Costa Ribeiro. Essa distinção também homenageia, por meio de seu nome, um pioneiro da pesquisa experimental em Materiais no Brasil.

[Veja matéria sobre Joaquim da Costa Ribeiro https://www.sbpmat.org.br/pt/historia-da-pesquisa-em-materiais-joaquim-da-costa-ribeiro-e-o-efeito-termodieletrico/ ]

Na primeira parte da sua palestra, Galembeck abordou a relação entre matérias-primas, energia e alimentos, tendo em vista que a fome ainda é um problema da humanidade, e que a geração de energia pode concorrer com a produção de alimentos ao usar as mesmas matérias-primas. Essa situação piora, disse Galembeck, quando entra em jogo a especulação financeira. Entretanto, alentou o professor, graças aos avanços tecnológicos, é possível produzir bens ao combinar energia barata de fontes inesgotáveis como o sol e o vento, com matérias-primas abundantes como o lítio, magnésio e dióxido de carbono, ou até mesmo resíduos. “Lixo é oportunidade não aproveitada”, definiu o palestrante. Com relação ao uso da biomassa em países em desenvolvimento, ele mostrou que, além de gerar energia, reduzindo a dependência do país dos combustíveis fósseis, ela pode ser matéria-prima de produtos de alto valor agregado, gerando melhor renda para a população. Na segunda parte da palestra, Galembeck apresentou um panorama de algumas de suas contribuições científicas. O cientista também expressou seu otimismo quanto à crise que o Brasil atravessa, abordada um pouco antes pelo Professor Martinelli. “Sou experiente o suficiente para saber que no final tudo estará melhor do que o esperado”, afirmou.

[Veja arquivo da apresentação de Fernando Galembeck em nosso Slideshare, aqui https://www.slideshare.net/SBPMat/materials-for-a-better-future  ]

Depois da palestra, os presentes saíram do Centro de Convenções e, a poucos metros dali, puderam curtir o coquetel de boas-vindas do evento, realizado numa área externa do Hotel Praiamar, na brisa do mar e sob um céu estrelado e com lua crescente.

Esquerda: homenagem a Aloísio Klein. Direita: Palestra Memorial de Fernando Galembeck.
Esquerda: homenagem a Aloísio Klein. Direita: Palestra Memorial de Fernando Galembeck.

 


 

Teoria e experimentos, indústria e academia e multidisciplinaridade (Sessões orais e de pôster dos simpósios)

A comunidade brasileira de pesquisa em Materiais, majoritária no evento, se manteve ativa neste ano difícil, disse o chair do encontro na abertura. Para confirma-lo, bastava sentar um pouco nas salas de apresentações orais ou percorrer a tenda branca dos pôsteres (de preferência, com smartphone em mão, para acessar e salvar o resumo e dados dos pôsteres de interesse).

Mais de um milhar de profissionais e estudantes da pesquisa em Materiais apresentaram seus trabalhos e os debateram com seus pares no XVII B-MRS Meeting. Apesar da alta porcentagem de inscritos com trabalhos aprovados que acabou não comparecendo ao evento (cerca de 30%), muito provavelmente por não ter conseguido financiamento, os simpósios transcorreram com participação significativa nas sessões orais e de pôster. Alguns organizadores de simpósio foram além desses formatos tradicionais de apresentação e incluíram foros de discussão em seus programas. Quebraram a linearidade das cadeiras e incentivaram a discussão coletiva, em semicírculos, sobre tópicos que consideraram de especial importância. Outro destaque dos simpósios deste ano, de acordo com os organizadores, foi a qualidade das palestras convidadas – apresentações de 30 minutos proferidas por especialistas em temas do escopo do simpósio, que são convidados pelos organizadores.

O leque temático coberto pelos simpósios foi, mais uma vez, amplo e abrangente. Foram muitos os materiais abordados (nanomateriais, polímeros condutores, metais avançados, compósitos, óxidos metálicos, eletrocerâmicas, biomateriais, superfícies, revestimentos). Foram muitas as aplicações apresentadas (para os segmentos de energia, aeroespacial, saúde, eletrônica, bioeletrônica, fotônica, aumototivo, decorativo). Foram diversas as interações ocorridas: entre pessoas diferentes, entre o teórico e o experimental, entre indústria e academia, entre ciência e tecnologia, entre áreas do conhecimento (Química, Física, Biologia, Engenharia, Medicina).

Nos simpósios desta edição do evento, houve velhos conhecidos (como o Simpósio Brasileiro de Eletrocerâmica, em sua décima primeira edição), simpósios com alguns anos de vida (como o de Engenharia de Superfícies) e simpósios totalmente novos na praça, como o de nanofibras e aplicações.

Os simpósios do XVII B-MRS Meeting foram organizados por 76 pesquisadores ligados a instituições de ensino e pesquisa ou empresas de diversos pontos do Brasil, bem como da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos e Portugal.

[Veja os destaques dos simpósios, enviados por alguns dos organizadores https://www.sbpmat.org.br/pt/xvii-b-mrs-meeting-highlights-of-the-symposia/ ]
Imagens dos simpósios. A partir da esquerda: apresentação oral, foro tecnológico e sessão de pôsteres.
Imagens dos simpósios. A partir da esquerda: apresentação oral, foro tecnológico e sessão de pôsteres.

 


Palestras sobre instrumentação científica

Localizada entre a entrada do Centro de Convenções e a Secretaria do evento, caminho à sala das plenárias, a área dos expositores teve muito movimento, e não apenas nos horários do coffee break, que foi servido no local. Vinte empresas e a UFRN estavam ali com seus estandes atendidos por especialistas, seus materiais de divulgação, brindes e, em alguns casos, equipamentos para demonstração. Além disso, na quarta-feira, algumas das empresas de instrumentação científica ofereceram dez palestras técnicas sobre avanços e as novas aplicações de diversas técnicas de caracterização, e sobre inovações em equipamentos laboratoriais.

E a participação dos expositores foi além do técnico. Solidus, empresa júnior de Engenharia de Materiais e Mecânica que participou do evento no estande da UFRN, disponibilizou uma moldura de fotos para os visitantes que quisessem tirar uma foto de lembrança do XVII B-MRS Meeting e compartilhá-la nas redes sociais.

Área dos expositores
Área dos expositores

 


 

Propostas de estudantes para a indústria aeroespacial (Desafio Aerospace Materials and Manufacturing for the Next Century)

Um dos destaques do evento foi o desafio tecnológico da indústria aeroespacial para estudantes de graduação e pós-graduação participantes do encontro. Com o objetivo de motivar estudantes a fazer pesquisa multidisciplinar com aplicações aeroespaciais, e de aproximar o meio acadêmico e a indústria, a atividade foi idealizada e organizada por um grupo de pesquisadores de universidades brasileiras e de duas empresas líderes do segmento aeroespacial, a estadunidense Boeing e a brasileira Embraer.

A atividade iniciou na segunda-feira, dia 17 de setembro, quando 55 estudantes, interessados em participar do desafio que tinha sido previamente anunciado pelos canais da SBPMat, fizeram suas inscrições no estande da Boeing, Patrocinadora Diamante do evento, localizado na área de expositores do centro de convenções. No final do dia, um sorteio definiu quais seriam os participantes do desafio.

No dia seguinte, durante o horário do almoço, especialistas apresentaram seis desafios técnicos relacionados a problemas ou oportunidades da indústria aeroespacial para 36 estudantes que almoçavam, na plateia, o conteúdo das lunch boxes patrocinadas pela Boeing. Após as apresentações, os estudantes formaram as respectivas equipes de trabalho.

Apenas 24 horas depois, os seis grupos tiveram que apresentar, em idioma inglês, suas soluções, enquanto eram avaliados nos quesitos de originalidade, conteúdo técnico, alinhamento com o desafio proposto, potencial de implementação da solução e qualidade da apresentação. O júri foi composto por nove pesquisadores da área de Materiais do Brasil e do exterior, ligados à Boeing, à Embraer e a instituições de ensino e pesquisa. Novamente, as lunch boxes acalmaram a fome dos participantes.

No dia seguinte, durante a Cerimônia de Premiação do evento, Catherine Parrish, Coordenadora Sênior de Pesquisa em Materiais e Processos na Boeing, e Fabio Santos da Silva, Engenheiro Sênior de Materiais, Desenvolvimento de Produtos na Embraer, anunciaram o trabalho vencedor e entregaram diplomas e brindes aos membros da equipe vencedora, composta por cinco estudantes de mestrado e doutorado em Materiais, Química e Física de instituições das regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.  “Estamos muito felizes com os resultados do desafio. Os participantes apresentaram ideias realmente inovadoras; foi fantástico”, disse Parrish.

Respondendo ao desafio “Estruturas e sistemas aeroespaciais inspirados pela natureza – folha de lótus”, a equipe ganhadora apresentou as propriedades da folha de lótus, principalmente sua superhidrofobia e sua consequente capacidade autolimpante. Os estudantes sugeriram aplicações no segmento aeroespacial (principalmente, na fuselagem de aeronaves) de materiais com superfícies inspiradas na folha de lótus, e propuseram caminhos para obtenção dessas superfícies. “O que eu aprendi com esse desafio foi que manter a calma é muito importante para continuar desenvolvendo um trabalho e ajudar o próximo no que for possível. Cada um dá sua contribuição e juntos vamos somando as habilidades individuais”, conta Angélica Belchior Vital, doutoranda em Engenharia Química da UFRN e membro da equipe premiada. “Foi bem divertido e saímos empolgados com as ideias e discussões geradas”, comenta.

Três momentos do atividade, incluindo a apresentação dos desafios e das soluções.
Três momentos do atividade, incluindo a apresentação dos desafios (centro) e das soluções (direita).

 


 

Sustentabilidade e impacto acadêmico e social nas visões de cientistas mundialmente renomados (Palestras plenárias)

Duas plenárias por dia. Oito cientistas de destacada trajetória que, ao longo do evento, dividiram com os participantes do evento sua expertise em temas de grande impacto acadêmico, social e econômico. Pilares dos encontros da SBPMat, as palestras plenárias desta edição do evento reuniram algumas centenas de participantes e mostraram o papel crucial da pesquisa em Materiais em assuntos como sustentabilidade e saúde.

Junbai Li
Junbai Li

Na primeira plenária do evento, o Professor Junbai Li, do Instituto de Química da Academia Chinesa de Ciências, revelou como ajuda a natureza a montar nano e micro estruturas a partir de moléculas biológicas. Mais precisamente, Li, que é editor-chefe da revista Colloids & Surfaces A (Elsevier) e editor da seção de auto-montagem na Current Opinion em Colloid & Interface Science (Elsevier), utiliza um tipo de aminoácido (os peptídeos) como “tijolo” básico para formar suas estruturas por meio de processos de automontagem. Ele consegue controlar a arquitetura das estruturas e gerar formatos semelhantes a tubos, plaquetas, vesículas ou flores. O proeminente cientista chinês mostrou que essas estruturas, biocompatíveis, podem ser usadas para estancar sangramentos, curar doenças da pele e carregar fármacos. Materiais baseados em peptídeos farão parte da vida cotidiana em alguns anos, garantiu o cientista.

[Veja arquivo da plenária de Junbai Li em nosso Slideshare, aqui   https://www.slideshare.net/SBPMat/molecular-assembly-of-peptide-based-materials-towards-biomedical-application ]
Christian Polak
Christian Polak

A plenária da tarde foi proferida por um cientista que trabalha há 25 anos na área de P&D da Vacuumschmelze, fabricante de materiais magnéticos avançados e produtos relacionados, nascida na Alemanha e presente em dezenas de países. Christian Polak falou sobre alguns dos materiais desenvolvidos na empresa (ligas magnéticas amorfas e nanocristalinas), seus processos de fabricação e suas aplicações em produtos que fazem parte do portfólio da empresa; por exemplo, transformadores, conversores e sensores de corrente elétrica. Na palestra, foi possível conferir que a aplicação de muito conhecimento científico especializado resulta em produtos amplamente comercializados e em inovações que acompanham as demandas do mercado consumidor, como, por exemplo, componentes para melhorar o desempenho de smartphones.

[Veja arquivo da plenária de Christian Polak em nosso Slideshare, aqui   https://www.slideshare.net/SBPMat/soft-magnetic-nanocrystalline-materials-for-inductors-and-shielding-applications-optimized-for-higher-frequencies]
Heinz von Seggern
Heinz von Seggern

Na terça-feira de manhã, a plenária foi oferecida por Heinz von Seggern, ex-pesquisador dos famosos Laboratórios Bell e da Siemens, e Professor Aposentado, mas ainda muito ativo, da Faculdade de Ciência de Materiais da Universidade Técnica de Darmstadt (Alemanha).  Seggern falou sobre polímeros ferroelétricos – materiais que apresentam, espontânea e permanentemente, cargas elétricas polarizadas – característica que pode ser aproveitada em diversas aplicações, como os conhecidos microfones de eletretos. Em perspectiva histórica, Seggern mostrou avanços na compreensão, fabricação, caracterização e aplicação de alguns desses materiais. Nessa história, foram citados pelo Professor Seggern pesquisadores brasileiros que são participativos sócios da SBPMat, como os professores Sérgio Mascarenhas, José Giacometti e Roberto Faria, bem como o alemão Bernhard Gross, que chegou ao Brasil na década de 1930 e acabou se tornando pioneiro da pesquisa em Materiais no país.

Bernhard Keimer
Bernhard Keimer

E depois de três plenárias sobre pesquisa principalmente aplicada, o Professor Bernhard Keimer (índice h=86), numa palestra que ele mesmo classificou como de pura pesquisa fundamental, mostrou os esforços experimentais que realiza junto a seu grupo do Instituto Max Planck de Pesquisa em Estado Sólido (Alemanha) para compreender e controlar comportamentos coletivos de elétrons, mais precisamente as chamadas “correlações eletrônicas”, que seriam responsáveis por gerar fenômenos tão impactantes como a supercondutividade. Para realizar seus estudos, Keimer, que é diretor desse instituto, cria “heteroestruturas”, as quais combinam finíssimas camadas de diversos materiais (principalmente óxidos metálicos). Trata-se de materiais quânticos – aqueles cujas propriedades macroscópicas dependem das propriedades ou comportamento de seus elétrons. Keimer e seus colaboradores analisam esses materiais usando técnicas de espectroscopia avançadas, e assim conseguem não apenas entender, como também começar a controlar, as correlações entre entidades tão minúsculas e difíceis de estudar como spins e cargas.

Carlos Graeff
Carlos Graeff

A relação entre energia, materiais e sustentabilidade voltou às sessões plenárias na manhã da quarta-feira, na palestra do brasileiro Carlos Frederico Oliveira Graeff, Professor e Pró-Reitor de Pesquisa da UNESP (Brasil). A fala começou com um panorama do uso das diferentes fontes de energia. Se atualmente 2/3 da eletricidade que a humanidade consome provêm de combustíveis fósseis, responsáveis pelo efeito estufa, essa relação mudará progressivamente até 2040, devido ao significativo aumento da energia solar e eólica na matriz energética. De fato, essas são fontes de energia capazes de fornecer energia em quantidades muito superiores à demanda humana atual (mais de 3.000 vezes no caso da luz solar). Depois de explicar os fundamentos do efeito fotovoltaico, responsável pela conversão de luz solar em eletricidade, Graeff falou sobre dois tipos de células solares que podem concorrer com as de silício –estas últimas, já amplamente comercializadas. O cientista mostrou as vantagens e desvantagens das células solares baseadas em corantes e em perovskitas, e citou as contribuições que ele tem feito, junto a seu grupo de pesquisa e colaboradores, para o desenvolvimento desses dispositivos. O sucesso das células solares depende de se combinar adequadamente uma série de materiais que devem trabalhar em conjunto, disse Graeff, lançando o desafio para a comunidade de pesquisa presente na sala.

[Veja arquivo da plenária de Carlos Graeff em nosso Slideshare, aqui   https://www.slideshare.net/SBPMat/materials-for-the-optimization-of-solar-energy-harvesting ]
You-Lo Hsieh
You-Lo Hsieh

A sustentabilidade permeou também a plenária de You-Lo Hsieh, Distinguished Professor da UC Davis (EUA). A cientista situou o momento atual na segunda revolução industrial, iniciada por volta de 1850 e impulsionada pelo uso do petróleo para gerar energia e materiais plásticos, e pelos avanços da Ciência e Engenharia de Materiais. Se, por um lado, essa revolução trouxe produtos que tornam a vida humana mais confortável, ela também aumentou milhares de vezes as emissões de dióxido de carbono e a gerou bolsões de lixo nos oceanos, para citar apenas algumas das consequências. Hsieh desenvolve novos materiais, como nanofibras e aerogéis biopoliméricos, que poderiam compor uma economia de outro tipo, baseada em processos químicos de baixo impacto ambiental e no uso da biomassa (o conjunto de organismos vivos, desde bactérias até resíduos animais ou vegetais). Com a parceria de empresas, ela espera transformar esses materiais em produtos novos que gerem mercados novos. A professora relacionou os desafios da implementação de uma economia desse tipo, desde conectar o desenvolvimento de tecnologia com as demandas do mercado até conseguir a aceitação dos consumidores.

Pietro Matricardi
Pietro Matricardi

As aplicações biomédicas voltaram à cena na penúltima plenária do evento. Pietro Matricardi, Professor da Universidade de Roma “La Spienza”, falou sobre seus trabalhos com hidrogéis (géis com alto conteúdo de água) baseados em polissacarídeos (polímeros naturais constituídos por longas cadeias de açúcares simples, os monossacarídeos). O hidrogel combinado com o polissacarídeo, disse Matricardi, pode formar um material inteligente, capaz de aderir a tecidos vivos, cobrir sua superfície sem deixar interstícios e interagir positivamente com eles. O gel pode ainda ser carregado com algum fármaco ou composto, que será liberado aos poucos no tecido vivo. Em colaboração com um dentista, Matricardi testou os efeitos de seu hidrogel, carregado com um anti-inflamatório e com hidroxiapatita (usada para regeneração óssea) em pacientes com periodontite severa, com resultados muito positivos. Em sua versão nano, o hidrogel, quando adequadamente fabricado, pode transportar um ou mais fármacos dentro do organismo e entrega-los na medida certa e no local certo. Tal é o caso de uma droga para tratamento do câncer de próstata que é conveniente administrar junto com um anti-inflamatório. Nanohidrogéis, carregados ou não com fármacos, também podem funcionar para tratar infecções bacterianas da pele, como demonstraram bons resultados de estudos realizados com ratos por Matricardi.

[Veja arquivo da plenária de Pietro Matricardi em nosso Slideshare, aqui https://www.slideshare.net/SBPMat/polysaccharide-hydrogels-a-versatile-tool-for-biomedical-and-pharmaceutical-applications ]
Joan Morante
Joan Morante

A última plenária do evento começou com uma imagem tão conhecida quanto preocupante: emissões de dióxido de carbono em aumento e aquecimento global. “A economia circular de dióxido de carbono é desafio principal para a humanidade”, disse o palestrante, Joan Ramón Morante Lleonart (índice h=82), diretor do Instituto de Pesquisa em Energia da Catalunha (IREC), professor da Universidade de Barcelona e editor-chefe do Journal of Physics D. Esse conceito alude a retirar do ambiente o excesso de dióxido de carbono gerado pelas atividades humanas, captura-lo e transformar a molécula em compostos úteis, tais como metanol, metano ou ácido fórmico, capazes de gerar produtos e combustíveis. Para quebrar a molécula de CO2 em escala industrial, é necessário dispor de muita energia, a qual é desejável obter a partir de fontes renováveis. Ao longo desse processo de “reciclagem” do dióxido de carbono, os materiais cumprem, mais uma vez, papeis cruciais. Entretanto, os materiais existentes não dão conta, em muitos casos, de cumprir com eficiência, em condições reais, as funções necessárias para que essa reciclagem se torne realidade. O professor Morante pontuou uma série de desafios para a Ciência e Tecnologia de Materiais, relativos ao desenvolvimento ou aprimoramento de nanomateriais para captação e purificação de dióxido de carbono, materiais para cátodos e ânodos usados em processos fotoelétricos, materiais resistentes à corrosão para reatores e, principalmente, nanomateriais catalíticos para a redução do dióxido de carbono. A plenária encerrou a programação técnica do evento com uma imagem muito animadora: a de uma casa típica da economia circular do carbono. Essa casa não precisa de combustíveis fósseis para atender às necessidades de seus moradores; ela consome sol, vento, ar e água, produz toda a eletricidade e combustíveis que necessita, e devolve ao ambiente apenas ar puro.

[Veja arquivo da plenária de Joan Ramón Morante Lleonart em nosso Slideshare, aqui https://www.slideshare.net/SBPMat/catalyst-materials-for-solar-refineries-synthetic-fuels-and-procedures-for-a-circular-economy-of-the-co2 ]

 

 

 

XVII B-MRS Meeting: Highlights of the symposia.

Symposium K

The symposium on “Degradation of materials and solutions to increase its lifespan” was a success, for the second consecutive year. We had almost 100 abstract submitted, with 24 talks and 70 posters presented during the event. At the end of the symposium, we had a fruitful roundtable were we discussed challenges and solutions on studies and development of materials, collaboration versus productivity, innovation, applied research and the development of multi-user centers. In the end, all researchers agreed that it is necessary to improve the collaboration to reduce segregation and increase productivity.

Prof. Polyana Alves Radi Gonçalves (symposium organizer)

Symposium M

The highlights of symposium M were the oral presentations of all invited speakers: Dr. Elisabeth Dickey (University of North Carolina, USA), Prof. J. A. Eiras (Federal University of S. Carlos, Brazil), Dr. D. Gouvea (University of S. Paulo, S.P., Brazil), Dr. I. F. Machado (University of S. Paulo, S.P., Brazil), Dr. J.C. M`Peko (University of S. Paulo, S. Carlos, Brazil), Prof. E. N. S. Muccillo (Energy and Nuclear Research Institute, Brazil), Dr. A. L. G. Prette (Lucideon, UK), Prof. V. M. Sglavo (University of Trento, Italy). They presented the state of art of novel sintering techniques of materials (Spark Plasma Sintering and Electric Field-Assisted Flash Sintering), sintering mechanisms and modeling, with profitable discussions with the attendees.

Prof. Reginaldo Muccilo (symposium organizer)

Symposium P

The highlights of the symposium in our opinion were the amount of works submitted and the technical and scientific quality of them. We had 110 contribution, of which 14 were oral and the rest in poster form, plus four invited speakers. The students’ oral work showed excellent quality, and most of them were presented in English. The oral sessions were well attended by the participants of the event. Finally, we were extremely satisfied with the outcome of the symposium and the event as all in the scientific sphere and in the organization by the organizing committee.

Prof. Mary Cristina Ferreira Alves (symposium organizer)

Symposium R

Our symposium joined experimentalists and theoreticians to discuss several current problems in Materials Science with over 100 contributions. Three distinguished invited speakers participated in the event: Timmy Ramírez Cuesta (Oak Ridge National – USA); Ignacio Sainz Díaz (Consejo Superior de Investigaciones Científicas – Spain); and Juan Andres, (Universitat Jaume I – Spain). They highlighted the technical quality of the oral and poster presentations. We realize that this was a remarkable opportunity to meet experimentalists and theoreticians currently working on fruitful ongoing collaborations and also to devise new challenges.

Prof. Miguel A. San-Miguel, Julio Ricardo SambranoEdison Zacarias da SilvaElson Longo (symposium organizers)

Symposium S

The symposium on Nanofibers, Applications and Related Technology was organized by Prof. Cicero R. Cena (UFMS), Prof. Claudia Merlini (UFSC), Prof. Deuber L. S. Agostini (UNESP), Prof. Annelise K. Alves (UFRGS) and support of Prof. Roselena Faez (UFSCar). We received 81 abstracts, 7 oral presentations and 4 invited speakers. The invited speakers were Prof. You-Lo Hsieh (UD-Davis – USA), Prof. Abdellah Ajji (École Polytechnique-Canadá), Prof. Juan R. Rodriguez (Universidad Nacional de Ingeniería-Peru) and Prof. Florencia M. Ballarin (INTEMA-Argentina). The invited speakers, all experts and distinguished professors in the field of Nanofibers, have made important contributions to the scientific community that work in this field. The Symposium was financial supported by CAPES (edital PAEP) and CNPq (edital ARC). Interesting and highly quality works were presented in two days of the symposium. This was the first time that a Symposium devoted exclusively to Nanofibers and Applications was organized in the SBPMat Meeting, and the numbers of participants was expressive. Then we meet you at II Symposium Nanofibers, Applications and Related Technology on the XVIII SBPMat meeting to held in Camboriu in 2019.

Prof. Cicero Rafael Cena da Silva (symposium organizer)

Symposium T

This new edition of the Symposium in Surface Engineering covered topics of technological interest. 107 contributions were approved for oral and poster presentation. Two invited speakers came from high tech plasma-based industries. Also, a Technology Forum about Surface Engineering in Biomedical Applications and Diamond-like carbons was included in the technical program for the first time with a god enough number of attendees for the open debate. The interaction and networking between representatives of both academia and industry were a plus. Finally, one must notice that the works presented in our Symposium may be published in an special section of the Elsevier journal “Surface and Coatings Technology”.

Prof. Carlos A. Figueroa (symposium organizer)

 

Prêmios aos melhores trabalhos apresentados no XII B-MRS Meeting: lista dos vencedores.

 

Bernhard Gross Award

(Established by B-MRS in honor of the pioneer of Brazilian Materials Research, it distinguishes the best oral and poster contributions of all symposia)

  • Felipe Leon Nascimento Sousa (UFPE, Brazil). Ecofriendly aqueous electrosynthesis of AgInS2–ZnS quantum dots with high optical efficiency. Symposium
  • Lucas Fabrício Bahia Nogueira (USP Ribeirão Preto, Brazil). Bioactive biopolymeric membranes reinforced with hydroxyapatite for tissue engineering application.
  • João Saccoman (UNESP – Bauru, Brazil). Analysis of the optical emission lines from the plasma during the deposition of  TiO2 for sputtering.
  • Lukas Augusto de Lima Basilio (UFAM, Brazil). Hydrothermal synthesis of sodium titanate nanotubes for application in solid state electrolytes.
  • Filipe Rogerio de Souza Quirino (UFPE, Brazil). The temperature dependence of saturation magnetization for yttrium iron garnet doped with Zn, Ni and Co.

 


ACS Publications Prizes for students 

(Sponsored by the journals ACS Applied Materials & Interfaces, ACS Applied Energy Materials, ACS Applied Nano Materials, ACS Applied Bio Materials, Nano Letters, ACS Nano, Chemistry of Materials, JACS and ACS Energy Letters).

ACS Publications Best Oral Presentation Prize

  • João Batista Maia Rocha Neto (UNICAMP , Brazil). Chitosan/hyaluronan coatings tailored for tumor cell adhesion: influence of the topography and surface chemistry.
  • Daniel Alves Heinze (UFABC, Brazil). Influence of Nanoparticles on the Electrical and Mechanical Properties of SEBS Block Copolymers.
  • Samarah Vargas Harb (UNESP, Brazil). Self-healing PMMA-CeO2 coatings for anticorrosive protection of carbon steel.

ACS Publications Best Poster Prize

  • Fabrício Benedito Destro (UFSCAR, Brazil). Number of grain in polycrystalline hematite modified with Sn: Its influence on electrical properties.
  • Michele Duarte Tonet (UFSC, Brazil). Gold nanoparticles into a discotic liquid crystalline matrix.
  • Jean Felipe Oliveira da Silva (UFPE, Brazil). Magnetic configurations and switching processes in cobalt ferromagnetic hollow nanospheres.

E-MRS Best Oral Presentation Award

(For the best oral presentation of the symposium G “Structural, optical and electronic properties of the metal-oxide nanostructures”)

  • Everton Bonturim (Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brazil). Low-energy polarization switching in La-doped BiFeO3 thin films.

 


IUMRS Best Poster Award

Gold Prize

  • Nazir Monteiro dos Santos (INPE, Brazil). DLC film deposition as protective coating of titanium alloy tibe using PIII&D system.

Silver Prize

  • Aline Alves dos Reis Almeida (UFMG, Brazil). Preparation and Characterization of P3HT/TiO2 Nanocomposites.

Bronze Prize

  • Felipe Conceição dos Santos (Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brazil). Phase transition on chemically exfoliated MoS2 nanosheets: electrocatalytic properties for energy application.

 


 

Challenge “Aerospace Materials and Manufacturing for the Next Century”

Winning solution: Aerospace Structures and Systems Inspired by Nature – lotus leaf.

Winning team members:

  • Ana Paula Wünsh Boitt (UFSC, Brazil)
  • Angélica Belchior Vital (UFRN, Brazil)
  • Lázaro Aleixo dos Santos (UFRGS, Brazil)
  • Priscila da Costa Gonçalves (UFSC, Brazil)
  • Tahir Jankal (PUC-Rio, Brazil)

 


 

Boletim da SBPMat – 72ª edição.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 72. 31 de agosto de 2018.

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Mensagem do chair

Caros congressistas,

Aproveito a proximidade do 17° Encontro Anual da SBPMat para, em nome da Sociedade e da Comissão Organizadora do evento, desejar boas vindas a todos os participantes. No período de 16 a 20 de setembro, a cidade de Natal os receberá de braços abertos para uma jornada de divulgação técnica e científica e de troca de experiências e vivências.

Com ativa participação da comunidade, preparamos uma programação multidisciplinar, diversa e abrangente. Agradecemos aos 76 membros da comunidade que organizaram os 21 simpósios do encontro, divididos em 6 grandes áreas temáticas. Além deles, teremos ainda 1 workshop e 1 challenge proposto pela Boeing. A programação do encontro é composta de 1.666 submissões, resultado do trabalho de 4.617 autores, relatadas e aprovadas por 185 revisores. Aproximadamente 1.000 participantes já confirmaram presença. Essa é a dimensão e força de nossa comunidade, cuja resiliência permitiu que o 17º Encontro tomasse forma, ainda que em um período de grandes desafios quanto ao fomento para a pesquisa no país.

Durante o encontro, serão apresentadas 8 palestras plenárias. Serão duas palestras diárias, proferidas por pesquisadores de renome internacional, especialistas em temas de fronteira em Ciência e Engenharia de Materiais.

Para marcar a abertura do encontro, preparamos uma agradável programação cultural e social. Mas, o ponto alto da noite será, sem dúvida, a palestra memorial do Prof. Fernando Galembeck, que dispensa maiores apresentações. Na quarta-feira, à noite, uma atração à parte, com uma festa climatizada pela brisa do mar. A cerimônia de encerramento contará com a entrega dos prêmios da SBPMat e da ACS Publications para os melhores trabalhos de estudantes.

Por fim, não poderia deixar de agradecer imensamente a confiança da SBPMat na escolha de Natal como sede de seu 17° encontro, o apoio dos nossos patrocinadores e da administração da UFRN, o trabalho árduo, incessante, mas muito prazeroso, realizado pela comissão de apoio local, composta pelos estudantes da UFRN, e pela atuação incansável e competente da equipe da SBPMat.

Aguardo ansiosamente sua presença. Será um prazer recebe-los em Natal.

martinelli

Prof. A. E. Martinelli, chair

Informações úteis

Inscrições. Permanecem abertas até o último dia do evento. É possível se associar ou renovar a anuidade da SBPMat durante a inscrição ao evento e assim pagar a inscrição com valor especial para sócios. Atenção: o valor da inscrição ao evento + anuidade SBPMat é menor do que o valor da inscrição ao evento para não sócios. Veja aqui.

Programa resumido. Veja aqui.

Programa detalhado, por simpósio. Disponível aqui.

Serviço de impressão de pôsteres. É possível enviar o arquivo por e-mail e, durante o evento, retirar o pôster impresso no centro de convenções. Saiba mais.

Hospedagem, transfer e passeios. Veja opções da agência de turismo oficial do evento, a Harabello, aqui.

Centro de convenções. O evento será realizado no centro de convenções do Hotel Praiamar, localizado a metros da famosa praia de Ponta Negra. Veja endereço completo e localização no Google Maps, aqui.

Aplicativo do evento. Os usuários poderão acessar o programa do evento, criar uma agenda pessoal com as apresentações que lhes interessam, enviar perguntas para os palestrantes, acessar os resumos dos pôsteres exibidos capturando seu QR code e mais. A versão final do app do evento estará disponível em breve nas app stores da Apple e da Google. Também poderá ser baixado a partir de um link no site do evento.

Auxílio coletivo Fapesp. Para os participantes contemplados no auxílio coletivo Fapesp há algumas informações importantes, aqui.

Organizadores. Conheça a equipe do comitê organizador, aqui.

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Destaques da programação

Domingo, dia 16, das 13:00 às 17:00 hs. Workshop. O professor Valtencir Zucolotto (IFSC/USP, Brasil) conduzirá um tutorial sobre produção e publicação de artigos científicos de impacto. Depois de uma pausa, profissionais da Elsevier falarão sobre diversidade e inclusão de jovens cientistas, e sobre disseminação de artigos publicados. Os inscritos ao evento podem participar deste workshop sem custo adicional, mas devem reservar vaga previamente, no formulário usado para a inscrição ao encontro.

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Domingo, dia 16, das 19:30 às 21:00 hs. Abertura do evento e palestra memorial. A Palestra Memorial “Joaquim da Costa Ribeiro”, distinção outorgada pela SBPMat a pesquisadores de trajetória destacada, será proferida pelo professor Fernando Galembeck (Unicamp, Brasil), que falará sobre “Materiais para um futuro melhor”. Saiba mais sobre o Prof. Galembeck, aqui.

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Domingo, dia 16, das 21:00 às 22:00 hs. Coquetel de boas-vindas com apresentação musical.

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Segunda, dia 17, das 8:15 às 9:15 hs. Palestra plenária. Junbai Li, professor do Instituto de Química da Academia Chinesa de Ciências e editor-chefe da Colloids & Surfaces, falará sobre nanomateriais com aplicações biomédicas usando aminoácidos que se auto-organizam. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra em nossa entrevista com o Prof. Li, aqui.

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Segunda, dia 17, das 16:45 às 17:45 hs. Palestra plenária. Christian Polak, diretor do Departamento de Tecnologia de Solidificação Rápida da empresa Vacuumschmelze (Alemanha) falará sobre materiais magnéticos nanocristalinos e suas aplicações, principalmente no segmento dos dispositivos eletrônicos miniaturizados. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra, aqui.

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Terça, dia 18, das 8:15 às 9:15 hs. Palestra plenária. Heinz von Seggern, professor da Universidade Técnica de Darmstadt (Alemanha), ex-pesquisador principal da Bell Labs e do centro de pesquisa da Siemens, falará sobre aplicações de polímeros orgânicos, desde microfones de eletretos até coletores de energia.

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Terça, dia 18, das 16:45 às 17:45 hs. Palestra plenária. Bernhard Keimer, diretor do Instituto Max Planck de Pesquisa em Estado Sólido (Alemaha) falará sobre o estudo de comportamentos coletivos de elétrons a partir de análises espectroscópicas de estruturas nanométricas compostas por vários materiais. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra, aqui.

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Quarta, dia 19, das 8:15 às 9:15 hs. Palestra plenária. Carlos F. O. Graeff, pró-reitor de Pesquisa da UNESP (Brasil) e professor na Faculdade de Ciências dessa universidade, proferirá uma palestra abrangente sobre energia fotovoltaica – dos princípios de funcionamento às perspectivas de uso. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra, aqui.

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Quarta, dia 19, das 16:45 às 17:45 hs. Palestra plenária. You-Lo Hsieh, Distinguished Professor na UC Davis e UC Berkeley (Estados Unidos), falará sobre estratégias de processamento de biomassa para gerar novos nanomateriais com diversas aplicações. Saiba mais sobre a palestrante e a palestra, aqui.

hsieh

Quinta, dia 20, das 8:15 às 9:15 hs. Palestra plenária. Pietro Matricardi, professor da Universidade de Roma “La Sapienza” (Itália) falará sobre hidrogéis de polissacarídeos – sua preparação e suas aplicações em biomedicina, principalmente como sistemas de liberação controlada de fármacos. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra, aqui.

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Quinta, dia 20, das 11:30 às 12:30 hs. Palestra plenária. Joan Ramón Morante Lleonart, diretor do Instituto de Pesquisa em Energia da Catalunha (IREC), professor da Universidade de Barcelona e editor-chefe do Journal of Physics D falará sobre os esforços científicos para tornar real a “economia circular do carbono”. Particularmente, abordará o desenvolvimento de novos materiais catalíticos. Saiba mais sobre o palestrante e a palestra, aqui.

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Expositores. Estandes de 20 empresas e 1 instituição compõem a exibição desta edição do evento. Boeing, Bruker, Horiba, Tescan, Agilent Technologies, Altmann, Analítica, Anton Paar, Avaco, dp Union, Fischer, Jeol, MBraun, Metrohm, Netzsch, Quantum Design International, Renishaw, Tech Scientific, ThermoFisher, Zeiss e UFRN.

expositores

Terça, dia 18, e quarta, dia 19, no horário do almoço. Desafio Boeing “Materiais e fabricação aeroespacial para o próximo século”. Desafio tecnológico da empresa Boeing para estudantes. Saiba como será esta atividade e como participar, aqui.

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Quarta, dia 19, manhã e tarde. Palestras técnicas de expositores. Dez palestras técnicas, oferecidas por empresas de instrumentação científica, abordarão os avanços e as novas aplicações de diversas técnicas de caracterização, bem como inovações em equipamentos laboratoriais. Veja os dados das palestras, aqui.

palestras expositores

Quarta, dia 19, a partir das 21 hs. Conference Party. A festa do evento será à beira-mar, no Imirá Plaza Hotel & Convention e terá patrocínio de periódicos científicos da ACS Publications. Ingressos, limitados a 400 pessoas, serão vendidos na secretaria do evento a partir da segunda, dia 17. Valor: R$ 20. Saiba mais.

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Quinta, dia 20, das 12:30 Às 14:00 hs. Entrega de prêmios para estudantes e encerramento. Serão anunciados os trabalhos de estudantes selecionados para o Prêmios Bernhard Gross (da SBPMat) e os ACS Publication Prizes. Os prêmios só serão entregues aos vencedores que estiverem presentes na cerimônia. Saiba mais.

award

Novidades dos sócios

A professora Mônica A. Cotta (Unicamp), diretora da SBPMat, é editora associada do periódico ACS Applied Nano Materials, lançado no início deste ano. Saiba mais.

monica news

Os professores Edgar Dutra Zanotto (UFSCar) e Elson Longo da Silva (UFSCar e Unesp), sócios fundadores da SBPMat, constam na lista de novos agraciados da Ordem Nacional do Mérito Científico. Saiba mais.

condecorados

Siga-nos nas redes sociais também durante o evento. Hashtag #sbpmat2018.

Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
 

 

 

XVII B-MRS Meeting: Auxílio Coletivo Fapesp.

Os valores financiados pela Fapesp para participantes paulistas no  XVII Brazil MRS Meeting encontram-se no link:
https://www.sbpmat.org.br//17encontro/fapesp/valores-fapesp.pdf

Solicitamos sua atenção ao conjunto de regras para a prestação de  contas, disponibilizadas no link:
https://www.sbpmat.org.br/fapesp/p/xviisbpmat/form-model

Notem que o ressarcimento das despesas só será realizado após a  validação de todos os documentos (recibos Fapesp e documentos comprobatórios das despesas). Ao contrário de anos anteriores, o processo de validação ocorrerá através do próprio formulário utilizado  para a inscrição https://www.sbpmat.org.br/fapesp/login/xviisbpmat/.

Os documentos digitalizados, enviados eletronicamente, serão  conferidos pela organização. O envio dos documentos originais por
correio será solicitado apenas após esta validação.

Cientista em destaque: entrevista com Fernando Galembeck, que proferirá a palestra memorial no XVII Encontro da SBPMat (reedição atualizada de entrevista de maio de 2015).

Fernando Galembeck.
Fernando Galembeck.

Em Fernando Galembeck, o interesse por pesquisa começou a se manifestar na adolescência, quando percebeu o valor econômico do conhecimento científico enquanto trabalhava na empresa do segmento farmacêutico do pai. Hoje, com 75 anos, Fernando Galembeck pode olhar para sua própria trajetória científica e contar muitas histórias de geração e aplicação de conhecimento.

Sócio fundador da SBPMat, Galembeck foi escolhido neste ano para proferir a Palestra Memorial Joaquim da Costa Ribeiro – distinção outorgada anualmente pela SBPMat a um pesquisador de trajetória destacada na área de Materiais. A honraria é também uma homenagem a Joaquim da Costa Ribeiro, pioneiro da pesquisa experimental em Materiais no Brasil. A palestra, intitulada “Materiais para um futuro melhor”, ocorrerá na abertura do XVII Encontro da SBPMat, no dia 16 de setembro deste ano, e abordará temas como necessidades, escassez e promessas na área de Materiais.

Galembeck gradou-se em Química em 1964 pela Universidade de São Paulo (USP). Após a graduação, permaneceu na USP trabalhando como instrutor (1965-1980) e, simultaneamente, fazendo o doutorado em Química (1965-1970), no qual desenvolveu uma pesquisa sobre dissociação de uma ligação metal-metal. Depois do doutorado, realizou estágios de pós-doutorado nos Estados Unidos, nas universidades do Colorado na cidade de Denver (1972-3) e da Califórnia na cidade de Davis (1974), trabalhando na área de Físico-Química de sistemas biológicos. Em 1976, de volta à USP, teve a oportunidade de criar um laboratório de coloides e superfícies no Instituto de Química, dentro de um acordo que envolveu o Instituto, a Unilever, a Academia Brasileira de Ciências e a Royal Society. A partir desse momento, Galembeck foi se envolvendo cada vez mais com o desenvolvimento de novos materiais, especialmente os poliméricos, e seus processos de fabricação.

Em 1980, ingressou como docente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde se tornou professor titular em 1988, cargo no qual permaneceu até sua aposentadoria em 2011. Desde então, é professor colaborador da instituição. Na Unicamp, ocupou cargos de gestão, notadamente o de vice-reitor da universidade, além de diretor do Instituto de Química e coordenador do seu programa de pós-graduação. Em julho de 2011, assumiu a direção do recém-criado Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), no Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), permanecendo no cargo até 2015.

Ao longo de sua carreira, exerceu funções de direção ou coordenação na Academia Brasileira de Ciências (ABC), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM), entre outras entidades.

Bolsista de produtividade de nível 1A no CNPq, Galembeck é autor de cerca de 279 artigos científicos publicados em periódicos com revisão por pares, os quais contam com mais de 3.700 citações, além de 35 patentes depositadas e mais de 20 livros e capítulos de livros. Orientou quase 80 trabalhos de mestrado e doutorado.

Fernando Galembeck recebeu numerosos prêmios e distinções, entre eles o Prêmio Anísio Teixeira, da CAPES, em 2011; o Telesio-Galilei Gold Metal 2011, da Telesio-Galilei Academy of Science (TGAS); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2006, do CNPq e Fundação Conrado Wessel; o Troféu José Pelúcio Ferreira, da Finep, em 2006; a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2000, e a Comenda Nacional do Mérito Científico, em 1995, ambos da Presidência da República. Também recebeu uma série de reconhecimentos de empresas e associações científicas e empresariais, como a CPFL, Petrobrás, Union Carbide do Brasil, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, Associação Brasileira da Indústria Química, Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Polímeros, Sociedade Brasileira de Química (que criou o Prêmio Fernando Galembeck de Inovação Tecnológica), Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e da Electrostatic Society of America.

O cientista é fellow da TWAS (The World Academy of Sciences) desde 2010 e da Royal Society of Chemisty desde 2014.

Nesta entrevista, você poderá conhecer um pouco mais sobre este pesquisador brasileiro e o trabalho dele.

Boletim da SBPMat: – Conte-nos o que o levou a se tornar um cientista e a trabalhar em temas da área de Materiais.

Fernando Galembeck: – Meu interesse pela atividade de pesquisa começou na minha adolescência quando eu percebi a importância do conhecimento novo, da descoberta. Eu percebi isso quando trabalhava, depois das aulas, no laboratório farmacêutico do meu pai e eu via a importância que tinham os produtos mais novos, os mais recentes. Eu via também como pesava economicamente para o laboratório o fato de depender de matérias-primas importadas que não eram fabricadas no Brasil, e que no país não havia competência para produzir. Aí percebi o valor do conhecimento novo, a importância que tinha e o significado econômico e estratégico das descobertas.

Isso se incrementou quando eu fiz o curso de Química. Eu fui fazer o curso de Química porque um professor meu no colégio, Hermann Nabholz, sugeriu que eu procurasse uma carreira ligada à pesquisa. Ele deve ter percebido alguma inclinação, alguma tendência minha. E eu fiz o curso de Química na Faculdade de Filosofia, num ambiente em que a atividade de pesquisa era muito forte. Por causa disso eu resolvi fazer o doutorado na USP. Naquela época não havia ainda cursos de pós-graduação regulares no Brasil. O orientador com quem eu defendi a tese, o professor Pawel Krumholz, era um pesquisador muito bom e também tinha se destacado trabalhando em empresa. Ele foi diretor industrial da Orquima, uma empresa muito importante na época. Isso aumentou meu interesse por pesquisa.

Trabalhei em Química por alguns anos. Meu interesse por Materiais veio de uma situação curiosa. Eu estava praticamente me formando, nas férias do meu último ano da graduação. Estava num apartamento, depois do almoço, descansando. Lembro-me de ter olhado as paredes do apartamento e percebido que, com tudo que eu tinha aprendido no curso de Química, eu não tinha muito a dizer sobre as coisas que eu enxergava: a tinta, os revestimentos etc. Aquilo era Química, mas também eram Materiais, e naquela época não havia no curso de Química muito interesse por materiais. De fato, materiais se tornaram muito importantes em Química por causa dos plásticos e borrachas, principalmente, que nessa época ainda não tinham a importância que têm hoje. Estou falando de 1964, quando a petroquímica era praticamente inexistente, no Brasil

Bem, aí comecei a trabalhar em Físico-Química, depois trabalhei um pouco numa área mais voltada à Bioquímica, a Físico-Química Biológica, e, em 1976, recebi uma tarefa do Departamento na USP, que era a de instalar um laboratório de coloides e superfícies. Um dos primeiros projetos foi de modificação de superfície de plásticos, no caso, o teflon. E aí eu percebi que uma grande parte da Química de coloides e superfícies existia por causa de Materiais, porque ela se prestava para criar e desenvolver novos materiais. A partir daí eu fui me envolvendo cada vez mais com materiais, principalmente com polímeros, um pouco menos, com cerâmicos e, menos ainda, com metais.

Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais?

Fernando Galembeck: – Eu vou falar mais ou menos seguindo a história. Eu acho que o primeiro resultado importante na área de Materiais foi justamente uma técnica voltada à modificação de superfície de teflon, que é um material no qual é muito difícil alguma coisa grudar. Tanto que tem a expressão do “político teflon”, que é aquele em que nenhuma denúncia “gruda”. Só que, em determinadas situações, a gente quer conseguir adesão no teflon, para fazer algum equipamento. E por um caminho um pouco complicado, eu acabei percebendo que eu já sabia fazer uma modificação de teflon, mas que eu nunca tinha percebido que era importante. Eu conhecia o fenômeno; tinha observado ele durante meu trabalho de tese. Eu sabia que acontecia uma transformação do teflon. Mas foi quando estava visitando um laboratório da Unilever em 1976, conversando com um pesquisador, que eu percebi que havia gente se esforçando justamente para modificar a superfície do teflon e conseguir adesão. Aí, juntando o problema com a solução, logo que voltei ao Brasil tentei verificar se aquilo que eu tinha observado anteriormente realmente serviria, e deu certo. Isso deu origem à minha primeira publicação sozinho e a meu primeiro pedido de patente, numa época em que praticamente não se falava em patentes no Brasil, principalmente no ambiente universitário. Eu fiquei muito entusiasmado depois, quando fui procurado por empresas que tinham interesse em aproveitar aquilo que eu tinha feito; uma no próprio teflon, outra em outro polímero. Então eu me senti muito bem, porque tinha uma descoberta, tinha uma patente e tinha empresas que, pelo menos, queriam saber o que era para ver a possibilidade de utilizá-la. E mais uma coisa, logo depois da publicação do artigo eu recebi um convite para participar de um congresso nos Estados Unidos que abordava justamente a questão de modificação de superfícies. Superfícies de polímeros, de plásticos e borrachas passaram a ser um tema com o qual fiquei envolvido praticamente durante todo o resto da minha vida, até agora.

Eu vou mencionar um segundo fato, que até o momento não teve consequências do mesmo tipo. Eu descobri um método que permite fazer uma caracterização e uma separação de partículas muito pequenas. Foi um trabalho bastante interessante, que foi publicado, também gerou um depósito de patente, mas não teve uma consequência prática. Recentemente surgiram problemas ligados com nanopartículas, que é um assunto muito importante hoje em Materiais, e que representam uma possibilidade de aplicação daquilo que eu fiz há mais de 30 anos. O nome da técnica é osmossedimentação.

Em seguida veio um trabalho que fiz trabalhando em projetos junto com a Pirelli Cabos. Com essa história de superfícies e polímeros acho que eu tinha me tornado mais ou menos conhecido e fui procurado pela Pirelli, que me contratou como consultor em projetos que fiz na Unicamp. O resultado desses projetos que eu acho mais importante foi o desenvolvimento de um isolante para tensões elétricas muito altas. Esse não foi um trabalho só meu, mas sim de uma equipe bastante grande, da qual fiz parte. Tinha várias pessoas da Pirelli e várias na Unicamp. O resultado desse projeto foi que a Pirelli brasileira conseguiu ser contratada para fornecer os cabos de alta tensão do Eurotúnel, ainda nos anos 80. Eu acho que esse foi um caso bem importante que teve um produto e significou um resultado econômico importante. Aqui eu quero insistir que isso foi feito no Brasil, por uma equipe brasileira. A empresa não era brasileira, mas a equipe estava aqui.

Depois teve vários trabalhos feitos com nanopartículas, numa época em que a gente nem as chamava de nanopartículas; chamávamo-las de partículas finas ou simplesmente de partículas coloidais pequenas. O primeiro trabalho que eu publiquei sobre nanopartículas foi em 1978. Teve outras coisas feitas em seguida que, no fim, acabaram desaguando num trabalho sobre fosfato de alumínio, que deu origem a teses feitas no laboratório e publicações, e também foi licenciado por uma empresa do grupo Bunge, que explora, basicamente, fosfatos. O assunto começou em meu laboratório, ficou no laboratório por vários anos, depois uma empresa do grupo Bunge aqui no Brasil se interessou, passou a participar, nós colaboramos. Este se tornou um projeto bastante grande de desenvolvimento. A Bunge depois achou inviável tocar o projeto no Brasil e hoje está lá nos Estados Unidos. Eu acho uma pena que esteja lá, mas aí teve outras questões envolvidas, inclusive de desentendimento com a Unicamp, que é a titular das patentes. Recentemente, a empresa do grupo que trabalhava com esses fosfatos era a Amorphic Solutions, que oferecia o produto na Internet, para várias aplicações. Pelo que percebo, atualmente estão enfatizando o uso como material anticorrosivo para proteção de aço. Tenho informação recente de que a Bunge negociou os direitos sobre esses produtos com uma grande empresa do setor químico, mas não sei detalhes.

Mais ou menos na mesma época, num trabalho ligado também a nanopartículas, trabalhei no desenvolvimento de nanocompósitos de borracha natural com argilas. Isso foi licenciado por uma empresa brasileira chamada Orbys, que lançou um produto chamado Imbrik, que se mostrou vantajoso em rolos de borracha para fabricação de papel.

Outro caso de produto. Eu tinha feito um projeto com a Oxiteno, que fabrica matérias primas para látex, os tensoativos. Ela queria ter uma ideia de quanto se consegue mudar o látex mudando o tensoativo. Eu fiz um projeto com eles, que considero um dos mais interessantes daqueles em que estive envolvido. O resultado foi que percebemos que, mudando um pouco o tensoativo, nós mudávamos muito o látex. Esses látex são usados em tintas, adesivos, resinas. Então a gente via que tinham uma versatilidade enorme. Esse trabalho foi divulgado, foi publicado. Não deu patente porque foi um trabalho de entendimento. Entretanto, uma outra empresa, a Indústrias Químicas Taubaté (IQT) me procurou para fazer um látex catiônico, mas por um caminho novo. Látex catiônicos em geral são feitos com sais de amônio quaternários, os quais têm algumas restrições ambientais. A empresa queria uma alternativa que não tivesse essas restrições. No fim do projeto nós fizemos os látex catiônicos sem as restrições ambientais e a IQT colocou o produto no mercado.

Minha participação em um projeto da Marinha, de desenvolvimento de fibras de carbono, foi um grande desafio que me deu muita satisfação. Meu grupo participou sintetizando copolímeros de acrilonitrila, até a escala de dez litros. Os resultados foram transferidos para uma empresa que fez a produção em escala piloto, na antiga planta da Rhodia-Ster e Radicci, em São José dos Campos. O copolímero selecionado foi fiado e depois pirolisado, no Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo. Resultou uma fibra de carbono de alto desempenho, que foi usada na fabricação de centrífuga, usada em Aramar. O desafio era encontrar o copolímero que mostrasse bom desempenho nas etapas posteriores de produção da fibra, o que foi conseguido.

Teve outro caso, que também foi muito interessante, apesar de que acabou morrendo. Aqui no Brasil havia uma grande fabricante de polietileno tereftalato, o PET, que é usado para muitas coisas, inclusive para garrafas. Eles souberam do trabalho que eu tinha feito com nanocompósitos, aquele da Orbys que eu mencionei, e me procuraram querendo fazer nanocompósitos do PET. Nós tivemos que procurar escapar daquilo que já estava patenteado no exterior e conseguimos um caminho totalmente novo. A empresa chamava-se Rhodia-Ster, e foi vendida para uma outra empresa, italiana, chamada Mossi e Ghisolfi. A empresa se entusiasmou e acabou patenteando isso no Brasil, e, em seguida depois, no exterior. Numa certa altura, eles resolveram que iam tocar o trabalho internamente, e o fizeram durante alguns anos. Um dia o meu contato na empresa me telefonou para me dizer o seguinte: “Olha, nós estávamos trabalhando com duas tecnologias; uma era essa aí com a Unicamp e a outra, em outro país. As duas estão funcionando, mas agora a empresa chegou num ponto em que optou por completar o desenvolvimento de uma”. Quando se chega na fase final de um desenvolvimento de materiais, os custos dos projetos ficam muito altos. Tem que usar grandes quantidades de materiais, fazer muitos testes com clientes. Então, a empresa decidiu tocar uma das alternativas, que infelizmente não era aquela na qual eu tinha trabalhado. No fim das contas, foi um pouco frustrante, mas acho que foi interessante porque durante esse tempo todo, a empresa apostou bastante no caminho que a gente tinha iniciado aqui. Além disso, cada projeto desses significa recursos para o laboratório, significa dinheiro para contratar gente, empregos na Unicamp e na empresa, etc. Então, esses projetos acabam dando muitos benefícios, mesmo quando não chegam até o fim.

Agora, pulando alguns pedaços, vou chegar num resultado mais recente, do meu trabalho no CNPEM, onde estive até 2015. Um objetivo do CNPEM é o aproveitamento de materiais de fonte renovável para fazer materiais avançados. Tem toda uma filosofia por trás disso, relacionada ao esgotamento de recursos naturais, à sustentabilidade… Uma meta era fazer coisas novas com materiais derivados da biomassa, e o principal interesse está na celulose. Ela é o polímero mais abundante do mundo, mas é um polímero muito difícil de trabalhar. Você não consegue processar celulose como processa polietileno, por exemplo. Uma meta é plastificar a celulose; ou seja, trabalhar a celulose da forma mais parecida possível àquela que usamos para trabalhar com polímeros sintéticos. Um primeiro resultado dentro dessa ideia foi a criação de adesivos de celulose em que o único polímero é a própria celulose. Em seguida, já fora do CNPEM, obtivemos a esfoliação de grafite, o que gerou uma família de tintas, pastas e adesivos condutores, que são o objeto de um projeto PIPE recém-aprovado pela Fapesp.

Vários outros projetos foram feitos com empresas, em questões do interesse das empresas. Revestir uma coisa, colar outra, modificar um polímero para conseguir um certo resultado. Mas essas foram respostas a demandas das empresas, não foram pesquisas iniciadas no laboratório.

Boletim da SBPMat: – Deixe uma mensagem para nossos leitores que estão iniciando suas carreiras de cientistas.

Fernando Galembeck: – Em primeiro lugar, em qualquer carreira que a pessoa escolher, ela tem que ter uma dose de paixão. Não importa se a pessoa vai trabalhar no mercado financeiro, em saúde ou o que quer que ela vá fazer; antes de mais nada, o que manda é o gosto. A pessoa querer fazer uma carreira porque ela vai dar dinheiro, porque vai dar status… Eu acho que é ruim escolher assim. Se a pessoa fizer as coisas com gosto, com interesse, o dinheiro, o prestígio, o status virão, mas por outros caminhos. O objetivo é que a pessoa faça uma coisa que a deixe feliz, que se sinta bem fazendo o seu trabalho, que a deixe realizada. Isso vale não só para a carreira científica, mas para qualquer outra carreira também. Na científica, é fundamental.

Além disso, é preciso estar preparado para o trabalho duro. Não existe caminho fácil. Eu conheço pessoas jovens que procuram muito a grande sacada que vai lhes trazer sucesso com relativamente pouco trabalho. Bom, eu acho melhor não esperarem isso. Pode até acontecer, mas esperar isso é mais ou menos a mesma coisa do que esperar ganhar a Mega-Sena para ficar rico.

Eu já tenho 75 anos, conheci muita gente e vi muita coisa acontecer. Algo que me chama a atenção é o caso de jovens que pareciam muito promissores mas acabaram não dando muito certo. Francamente, eu penso que não é bom para um jovem dar muito certo muito cedo, porque eu tenho a impressão de que ele se acostuma com a ideia de que sempre vai dar certo. E o problema é que não tem nada, nem ninguém, nem nenhuma empresa que sempre dê muito certo. Sempre vai ter o momento do fracasso, o momento da frustação. Se a pessoa está preparada para isso, quando chega o momento, ela supera, enquanto outros são destruídos, não conseguem superar. Por isso tem que ter cuidado para não se iludir com o sucesso, achar que, porque deu certo uma vez, sempre dará certo. Tem que estar preparado para lutar.

Quando eu fiz faculdade, pensar em fazer pesquisa parecia uma coisa muito estranha, coisa de maluco. As pessoas não sabiam muito bem o que era isso nem por que uma pessoa iria fazer isso. Tinha gente que dizia que a pesquisa era como um sacerdócio. Eu trabalhei sempre com pesquisa, associada com ensino, associada com consultoria e, sem que eu nunca tenha procurado ficar rico, consegui ter uma situação econômica que eu acho muito confortável. Mas eu insisto, meu objetivo era fazer o desenvolvimento, fazer o material, não o dinheiro que eu iria ganhar. O dinheiro veio, ele vem. Então, eu sugiro que as pessoas focalizem o trabalho, os resultados e a contribuição que o trabalho delas pode dar para outras pessoas, para o ambiente, para a comunidade, para o país, para o conhecimento. O resto virá por acréscimo.

Resumindo, a minha mensagem é: trabalhem seriamente, dedicadamente e com paixão.

Finalmente, eu gostaria de dizer que acho que o trabalho de pesquisa, o trabalho de desenvolvimento ajuda muito a pessoa a crescer como pessoa. Ele afasta a pessoa de algumas ideias que não são muito proveitosas e a coloca dentro de atitudes que são importantes e realmente ajudam. Uma vez um estudante perguntou para Galileu: “Mestre, o que é o método? ”. A resposta de Galileu foi: “O método é a dúvida”. Eu acho que isso é muito importante em atividade de pesquisa, a qual, em Materiais, em particular, é especialmente interessante porque o resultado final é uma coisa que a gente pega na mão. Na atividade de pesquisa, a pessoa tem que estar o tempo todo se perguntando: “Eu estou pensando isto, mas será que estou pensando certo? ”, ou “Fulano escreveu aquilo, mas qual é a base do que ele escreveu? ”. Essa é uma atitude muito diferente da atitude dogmática, que é comum no domínio da política e da religião, e muito diferente da atitude da pessoa que tem que enganar, como o advogado do mafioso, do corrupto ou do traficante. O pesquisador tem que se comprometer com a verdade. Claro que também existem pessoas que se dizem pesquisadores e promovem a desinformação. Alguns anos atrás, falava-se de uma coisa chamada de “Bush science”, expressão que remete ao presidente Bush. “Bush science” eram os argumentos criados por pessoas que ganhavam dinheiro como cientistas e produziam argumentos para dar sustentação às políticas de Bush. Esse problema existe em ciência, e aí voltamos àquilo que falei no início. Uma pessoa não deve tornar-se cientista porque vai ganhar dinheiro, vai ter prestígio ou vai ser convidado para jantar com o presidente; ela tem que entrar nisto pelo interesse que ela tem pela própria ciência.


Para mais informações sobre este palestrante e a palestra plenária que ele proferirá no XVII Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting, clique na foto do palestrante e no título da palestra: https://www.sbpmat.org.br/17encontro/home/

Boletim da SBPMat – 68ª edição

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 68. 30 de abril de 2018.
Artigo em Destaque

Dois professores e dois estudantes da UFPE reportaram, na prestigiada Nature Physics, a primeira observação de um fônon com spin – algo similar a uma rede de átomos vibrando e rotando. A equipe conseguiu esse resultado surpreendente depois de superar uma série de dificuldades experimentais. Saiba mais sobre esta descoberta, seus possíveis impactos e sua história. Aqui.

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Da Ideia à Inovação

Para inaugurar esta seção do boletim, dedicada a contar a trajetória de invenções que viraram produtos de sucesso, propomos uma brincadeira com você, leitor: uma adivinha. Aqui vai a primeira pista. Trata-se de um produto biomimético, metonímico, adorado pelas crianças… e muito prático. Veja aqui.

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XVII Encontro da SBPMat/ B-MRS Meeting
(Natal, RN, 16 a 20 de setembro de 2018)

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Some-se a nós, junto à praia, e faça parte desta grande reunião, onde ciência e tecnologia se agregarão à natureza para uma experiência ideal de aprendizagem e intercâmbio!

Submissão de resumos. Encerra hoje (30 de abril) o prazo de submissão. Acesse o sistema para enviar seu resumo.

Aceitação de trabalhos. Até 25 de maio, os autores de trabalhos submetidos receberão notificação a respeito da aceitação, rejeição ou necessidade de modificação dos resumos.

Prêmios para estudantes. Até 18 de junho, está aberta a submissão de resumos estendidos para candidatar trabalhos de estudantes aos prêmios Bernhard Gross e ACS Publications. Saiba mais.

Inscrições. Aproveite os valores com desconto até 31 de julho, e o desconto especial para sócios SBPMat. Saiba mais.

Conference Party. A festa do evento será na noite de 19 de setembro, à beira-mar, no Imirá Plaza Hotel & Convention, e terá patrocínio de periódicos científicos da ACS Publications. Saiba mais.

Auxílio Fapesp. Em breve, haverá informações sobre o pedido de auxílio coletivo à Fapesp para pesquisadores do estado de São Paulo. Aqui.

Hospedagem, transfer e passeios. Veja opções da agência de turismo oficial do evento, a Harabello. Aqui.

Palestras plenárias. Saiba quem são os 8 cientistas de renome internacional que proferirão as plenárias do evento e quais são os temas das palestras. Veja aqui.

Palestra memorial. A Memorial Lecture “Joaquim da Costa Ribeiro” será proferida pelo professor Fernando Galembeck, na abertura do evento.

Simpósios. Veja a relação dos 21 simpósios que compõem o evento. Aqui.

Expositores e patrocinadores. 16 empresas já reservaram seus estandes e 13 marcas participam do evento com outras formas de divulgação. Empresas interessadas em participar do evento podem entrar em contato com Alexandre no e-mail comercial@sbpmat.org.br.

Organizadores. O coordenador do evento é o professor Antonio E. Martinelli (UFRN). Conheça a equipe do comitê organizador.

Centro de convenções. O evento será realizado no centro de convenções do Hotel Praiamar, localizado a metros da famosa praia de Ponta Negra. Saiba mais.

Natal. Destino turístico de visitantes do mundo todo, Natal também oferece um prazeroso ambiente para debates, interações e aprendizagem. O clima agradável (seco e com temperatura média de 25 °C em setembro), o povo acolhedor e a deliciosa culinária da cidade criam uma atmosfera de bem-estar que vai além das belezas naturais do seu litoral. Veja vídeo sobre Natal.

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Novidades dos Sócios SBPMat

Antonio Martinelli (diretor científico da SBPMat) e Fernando Lázaro Freire Jr (ex-presidente da SBPMat) foram escolhidos coordenadores das áreas de Materiais e Astronomia/Física na CAPES. Aqui.

novos coordenadores

Vídeo: em entrevista concedida a programa da Rádio UFSCar, Edgar Zanotto (cofundador da SBPMat) fala sobre a importância do vidro, desde seu papel no início da revolução científica até o uso de vidros bioativos na área de saúde. O cientista também comenta o lugar dos grupos brasileiros na pesquisa mundial sobre materiais vítreos. Veja.

zanotto

Vídeo: em entrevista à TV NBR, a professora da UnB María del Pilar Hidalgo Falla fala sobre seu trabalho com nanocatalisadores, nanofiltros, nanossensores e fontes de energia alternativa, e sobre o prêmio da International Association of Advanced Materials que recebeu em fevereiro em evento na Singapura. Veja.

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Seja Sócio SBPMat: anuidade 2018 e novos sócios

Se você, estudante ou profissional, ainda não é sócio SBPMat, está convidado a fazer parte. Sócios em dia se beneficiam com descontos nos eventos da SBPMat e de entidades parceiras, podem participar de prêmios da SBPMat e parceiros, divulgar suas novidades nos canais da SBPMat, e votar e ser votados nas eleições da sociedade, entre outras vantagens. Além disso, contribuem para que a SBPMat possa promover ações junto à comunidade de pesquisa em Materiais.

Se você já é sócio SBPMat, poderá encontrar seu boleto referente à anuidade 2018 na sua área de sócio, inserindo login e senha no cabeçalho do site da SBPMat.

Saiba mais.

Dicas de Leitura

  • Canais bidimensionais: pesquisa brasileira fornece descrição detalhada dos mecanismos pelos quais membranas de óxido de grafeno separam água de álcool (paper da Carbon). Saiba mais.

  • Método para desenvolvimento super rápido de materiais, baseado em inteligência artificial + “fábrica de experimentos”, leva à descoberta de novos vidros metálicos (paper da Science Advances). Saiba mais.

  • Cientistas propõem material que é quase cristal e superfluido ao mesmo tempo (paper da Physical Review Letters). Saiba mais.

Oportunidades

  • Chamada da rede M-ERA NET (União Europeia) e FAPESP para projetos transnacionais de pesquisa e inovação em Materiais. Saiba mais.

  • Edital para Professor Visitante na UFPEL. Saiba mais.

  • Pós-doc no LNNano-CNPEM: fabricação de dispositivos miniaturizados para aplicações em eletrônica. Saiba mais.

  • Pós-doutorado no CTNano (MG) em nanocompósitos poliméricos aditivados com nanomateriais. Saiba mais.

  • Pós-doutorado em Física da Matéria Condensada e outras sub-áreas da Física na UFSC. Saiba mais.

  • Vaga para pós-doc no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do IFSC/USP. Candidatos devem ter experiência em biossensores eletroquímicos. Saiba mais.

  • Processo seletivo para mestrado e doutorado em Física da UFSC. Saiba mais.

  • Processo seletivo para mestrado e doutorado em Materiais na USP São Carlos. Saiba mais.
  • Estágio e vagas no CNPEM. Saiba mais.

Eventos

  • Workshop Paranaense sobre Nanomateriais e Materiais Funcionais. Londrina, PR (Brasil). 2 a 4 de maio de 2018. Site.

  • Simpósio “Homenagem aos 90 anos do prof. Sérgio Mascarenhas”. São Carlos, SP (Brasil). 4 de maio de 2018. Site.

  • 6º Encontro Nacional de Engenharia Biomecânica (ENEBI 2018). Águas de Lindoia, SP (Brasil). 8 a 11 de maio de 2018. Site.

  • 2a Escola de Pesquisadores do campus USP São Carlos. São Carlos, SP (Brasil). 9 e 10 de maio de 2018. Site.

  • 8th International Symposium on Natural Polymers and Composites. São Pedro, SP (Brasil). 27 a 30 de maio de 2018. Site.

  • Photonic Colloidal Nanostructures: Synthesis, Properties, and Applications (PCNSPA 2018). São Petersburgo (Rússia). 4 a 6 de junho de 2018. Site.

  • 7th International Congress on Ceramics (ICC7). Foz do Iguaçu, PR (Brasil). 17 a 21 de junho de 2018. Site.

  • IX Método Rietveld. Fortaleza, CE (Brasil). 16 a 20 de julho de 2018. Site.

  • International Conference on Electronic Materials 2018 (IUMRS-ICEM). Daejeon (Coreia do Sul). 19 a 24 de agosto de 2018. Site.

  • Symposium “Nano-engineered coatings, surfaces and interfaces” no “XXVII International Materials Research Congress”. Cancun (México). 19 a 24 de agosto de 2018. Site.

  • 8th International Conference on Optical, Optoelectronic and Photonic Materials and Applications (ICOOPMA2018). Maresias, SP (Brasil). 26 a 31 de agosto de 2018. Site.

  • 16th International Conference on Molecule-based Magnets (ICMM2018). Rio de Janeiro, RJ (Brasil). 1 a 5 de setembro de 2018. Site.

  • XVII Encontro da SBPMat/ B-MRS Meeting. Natal, RN (Brasil). 16 a 20 de setembro de 2018. Site.

  • XXXIX Congresso Brasileiro de Aplicações de Vácuo na Indústria e na Ciência (CBrAVIC). Joinville, SC (Brasil). 8 a 11 de outubro de 2018. Site.

  • São Paulo School of Advanced Science on Colloids (SPSAS Colloids). Campinas, SP (Brasil). 28 de outubro a 7 novembro de 2018. Site.

  • International Conference of Young Researchers on Advanced Materials (ICYRAM 2018). Adelaide (Austrália). 4 a 8 de novembro de 2018. Site.

  • 6th Meeting on Self Assembly Structures In Solution and at Interfaces. São Pedro, SP (Brasil). 7 a 9 de novembro de 2018. Site.

  • 3rd International Brazilian Conference on Tribology (TriboBR 2018). Florianópolis, SC (Brasil). 3 a 5 de dezembro de 2018. Site.

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Cientista em destaque: entrevista com Carlos Frederico Oliveira Graeff.

Prof. Carlos Graeff
Prof. Carlos Graeff

Fascinado desde pequeno pela ciência, da qual tinha um representante dentro de casa (o pai, renomado neurocientista), o ribeirão-pretano Carlos Frederico Oliveira Graeff escolheu a área de Física para seus estudos universitários. Obteve os diplomas de bacharel (1989), mestre (1991) e doutor (1994) em Física pela Unicamp. No mestrado e no doutorado, orientado pelo professor Ivan Chambouleyron, deu os primeiros passos como pesquisador na área de Materiais, com estudos sobre materiais baseados em germânio e silício. Durante o doutorado, fez um estágio de pesquisa no Max Plank Institut für Festkörperforschung, na Alemanha.

De 1994 a 1996, voltou à Alemanha para fazer pós-doutorado em ressonância magnética eletrônica, semicondutores e dispositivos eletrônicos no Walter Schottky Institute da Technische Universität München (TUM), com bolsa da fundação alemã Alexander Von Humboldt.

Ao voltar ao Brasil, tornou-se professor do Departamento de Física e Matemática da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu durante 10 anos. Em 2006 ingressou como professor titular à Faculdade de Ciências de Bauru da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), onde ainda desenvolve seu trabalho de docência e pesquisa. Ao longo de sua carreira acadêmica, Graeff foi professor ou pesquisador visitante de instituições da França, China e Suíça.

De 2007 a 2009, Graeff foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais (POSMAT) da UNESP – campus de Bauru. Entre 2009 e 2014, foi coordenador da recém-criada Área de Materiais da CAPES, setor responsável pela avaliação dos programas brasileiros de pós-graduação em Materiais, entre outras funções. De 2011 a 2013, Graeff foi presidente do Clube Humboldt do Brasil e, em 2012 e 2013, diretor científico da SBPMat. O cientista também cumpriu ou cumpre funções de gestão ou conselho na FAPESP, CAPES e IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry).

Em 2017, depois de ter participado do corpo editorial de vários periódicos internacionais, foi nomeado editor associado na área de fotovoltaicos da revista Solar Energy (fator de impacto 4,018), da editora Elsevier. Também em 2017, tornou-se pró-reitor de Pesquisa na UNESP, cargo que desempenha até o presente.

Possuidor de um índice h é de 28, Graeff é autor de cerca de 200 trabalhos indexados que contam com mais de 2.500 citações, conforme o Google Scholar. Em três décadas de trabalho científico, junto à sua equipe do Laboratório de Novos Materiais e Dispositivos e a seus numerosos colaboradores nacionais e internacionais, Graeff tem feito contribuições à área de Materiais numa diversidade de assuntos. Entre seus artigos mais citados, encontram-se estudos sobre diamante sintético, heteroestruturas de silício e germânio, polímeros conjugados, látex e melanina (material biológico com propriedades semicondutoras, promissor para o desenvolvimento de dispositivos bioeletrônicos).

O pesquisador também tem trabalhado na área de energia fotovoltaica (conversão direta da radiação solar em eletricidade), fazendo uma série de contribuições ao desenvolvimento de células solares baseadas em diferentes materiais (corantes, perovskitas e semicondutores orgânicos). Sobre esse assunto, a energia fotovoltaica, Carlos Graeff oferecerá uma palestra plenária no XVII Encontro da SBPMat, que será realizado em Natal (RN) de 16 a 20 de setembro.

Segue uma entrevista com este destacado pesquisador da nossa comunidade.

Boletim da SBPMat: – Como ou por que você se tornou um cientista? Sempre quis ser cientista? Conte também, brevemente, o que o levou a atuar no campo dos materiais.

Carlos Graeff: – O meu pai, Frederico Graeff, é um pesquisador bastante conhecido e talvez tenha sido uma das influências mais importantes nesta minha decisão. Minhas tias também eram docentes e pesquisadoras, portanto tive acesso desde muito pequeno em casa ao mundo da ciência, que sempre me fascinou. A decisão de fazer Física veio em grande parte dos vários livros que li e da série Cosmos apresentada por Carl Sagan que passava na televisão. A decisão em trabalhar na área de Materiais veio tardiamente durante o meu bacharelado em Física após os primeiros cursos de Física da Matéria Condensada e Semicondutores. Trabalhei desde o início da pós-graduação em Materiais, e logo fui sendo atraído pelas interfaces da Física com a Química e Biologia em temas muito variados de Ciência e Engenharia dos Materiais.

Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais? Por favor, considere todos os aspectos da atividade científica.

Carlos Graeff: – Escolher as principais contribuições é sempre uma tarefa difícil. No meu caso em especial é fácil perceber, lendo o meu CV, que tenho uma trajetória bastante eclética em termos de materiais estudados e aplicações. Usando a originalidade como escolha, vou me deter em três temas; o primeiro, a produção de CoS (sulfeto de cobalto) a base de tintas ecológicas para a produção de eletrodos para células solares. Conseguimos um método simples, industrial e ecológico para substituir a platina em células solares a base de corante. No segundo tema, nós propusemos vários métodos alternativos para a síntese de melanina, o material responsável pelo bronzeado, e com isso conseguimos produzir materiais biocompatíveis com características muito especiais no que diz respeito por exemplo à solubilidade. Estamos identificando um defeito muito importante para esse material usando como ferramenta principal simulações computacionais combinadas com técnicas espectroscópicas. Estamos seguros que este material será importante na área emergente da bioeletrônica. No terceiro tema, descrevemos com detalhes todo o processo de degradação de semicondutores orgânicos identificando rotas para a produção de dosímetros de alta sensibilidade para aplicações em hospitais e clínicas que utilizam por exemplo raios gama para tratamentos e diagnóstico de câncer. Tivemos ainda contribuições muito originais na física da ressonância magnética detectada eletricamente, aumentando a sensibilidade e a compreensão geral dos fenômenos físicos envolvidos. Além destas contribuições de cunho fundamental, fui responsável com orgulho e satisfação pela implantação da área de materiais na CAPES. Outra fonte de satisfação são os bons alunos que tive a sorte de orientar, muitos deles cientistas brilhantes. Ajudei e coordenei a montagem de vários laboratórios tanto aqui no Brasil como no exterior, mais recentemente ajudei na montagem de um laboratório de ressonância magnética na China.

Boletim da SBPMat: – Agora convidamos você a deixar uma mensagem para os leitores que estão iniciando suas carreiras científicas.

Carlos Graeff: – Comecei o meu mestrado em 1989, numa época talvez tão conturbada como a atual, não desanimem! Com foco e um pouco de sorte sempre é possível gerar novas ideias, construir uma carreira sólida e contribuir para o nosso belo país. Estamos passando por uma grande revolução, com a emergência de novas tecnologias que vão alterar a sociedade de forma profunda. Cada vez mais a inteligência terá papel determinante nos rumos de nossa sociedade, estejam preparados para trabalhar neste novo mundo de grandes oportunidades. Busquem sempre o diálogo com especialistas das mais diversas áreas do conhecimento e dos mais diversos países. Muito possivelmente, nos próximos anos vamos desvendar os mistérios do funcionamento do cérebro, dominar formas de geração de energia ilimitadas e ecológicas, gerar inteligência artificial. Abram-se para o novo, sejam ousados, o Brasil precisa do espirito cidadão e empreendedor de vocês.

Boletim da SBPMat: – Você proferirá uma palestra plenária no XVII Encontro da SBPMat. Deixe um convite para nossa comunidade.

Carlos Graeff: – A energia fotovoltaica chega a sua maturidade comercial, estamos vivendo uma revolução energética sem precedentes. Na palestra procurarei mostrar alguns dados atualizados sobre as perspectivas do uso das células fotovoltaicas no Brasil e no mundo; seus princípios de funcionamento; os desafios para os cientistas e engenheiros de materiais nesta corrida incansável por materiais, processos e dispositivos cada vez mais eficientes, duráveis e ecológicos. Apresentarei resultados recentes de nosso grupo neste tema.