XV Encontro da SBPMat será em Campinas em setembro de 2016.

Informações iniciais sobre o próximo encontro anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat).

Onde: Campinas (SP).

Quando: de 25 a 29 de setembro de 2016.

Datas importantes:

  • Submissão de propostas de simpósio: janeiro de 2016.
  • Submissão de resumos: até 30 de maio de 2016.
  • Notificação de aceitação de trabalhos para apresentação: até 10 de julho de 2016.

Chairs:

  • Ana Flávia Nogueira (IQ/UNICAMP)
  • Mônica Alonso Cotta (IFGW/UNICAMP)

Comissão Local:

  • Antonio Riul Jr (IFGW/UNICAMP)
  • Carlos Cesar Bof Bufon (LNNano/CNPEM)
  • Christoph Deneke (LNNano/CNPEM)
  • Fernando Sigoli (IQ /UNICAMP)
  • Francisco das Chagas Marques (IFGW/UNICAMP)
  • Jillian Nei Freitas (CTI Renato Archer)
  • Luiz Fernando Zagonel (IFGW/UNICAMP)
  • Talita Mazon (CTI Renato Archer)

Site: http://sbpmat.org.br/15encontro/home/

Boletim da SBPMat – edição 37 – especial XIV Encontro da SBPMat.

Saudações %primeiro_nome%!

Edição nº 37

Especial XIV Encontro da SBPMat

XIV Encontro - Rio de Janeiro, 27/09 a 01/10 de 2015: anúncios

Inscrições: Você pode fazer sua inscrição online, aqui. Durante o evento, a secretaria estará aberta para inscrições no dia 27 das 17h00 às 19h00 e, nos demais dias, das 7h00 às 8h30. 

Mensagem dos coordenadores do evento: Veja as palavras dos professores Marco Cremona e Fernando Lázaro Freire Jr., com informações sobre o evento. Aqui.

Abertura do evento: Será realizada no dia 27 (domingo) às 19h00. Além da cerimônia de abertura, contará com a Palestra Memorial “Joaquim da Costa Ribeiro”, que homenageará Eloisa Biasotto Mano, professora emérita da UFRJ, quem proferirá uma palestra sobre a importância dos materiais macromoleculares. Depois da cerimônia, haverá um coquetel de boas-vindas. Saiba mais sobre Eloisa Biasotto Mano.

Apresentação de trabalhos e plenárias: Foram aceitos para apresentação nos 27 simpósios cerca de 2.500 trabalhos (1.892 pôsteres, 368 orais e 189 palestras convidadas), além das 7 plenárias de palestrantes de renome internacional. Confira os dias e horários das sessões orais e de pôsteres no programa resumido e no programa completo (simpósio por simpósio).

Impressão de pôsteres: Veja opções para mandar imprimir seu pôster e retirá-lo no local do evento. Aqui.

Palestras técnicas de expositores: No dia 30 a sala C albergará apresentações de empresas expositoras, que falarão sobre técnicas de caracterização e fabricação de materiais. Saiba mais.

Estandes: Você poderá visitar 32 estandes de empresas e instituições no segundo andar, junto às mesas dos coffee breaks.

Encerramento do evento: Ocorrerá no dia 1º de outubro às 12h30 e incluirá a cerimônia de premiação de trabalhos, na qual serão entregues o Prêmio Bernhard Gross (melhor oral e melhor pôster de estudantes de graduação ou pós-graduação de cada simpósio), o Prêmio da IUMRS (3 melhores pôsteres dentre os agraciados com o Bernhard Gross), o Prêmio Horiba (melhor oral e melhor pôster de todo o evento) e o Prêmio da E-MRS (melhor oral e 2 melhores pôsteres do simpósio C).

Informação turística: Reservas de hotéis e passagens aéreas, passeios, transfers, mapas e muitas informações úteis no site da agência Follow Up.

Festa: A festa de confraternização do evento será realizada na quarta-feira dia 30 às 20h30 no Espaço Rampa. O valor dos ingressos será de R$ 15,00.

Publicação de trabalhos: Trabalhos apresentados no encontro poderão ser submetidos a avaliação por pares para publicação em periódicos científicos do Institute of Physics (IOP). Os trabalhos do XIV Encontro da SBPMat aceitos para publicação em algum dos 5 periódicos propostos serão destacados numa coleção online dedicada ao evento. As submissões estão abertas até 15 de outubro. Saiba mais.

Veja o site do evento.

Plenárias do evento: saiba mais sobre os temas e os palestrantes

Na interação com materiais avançados, a luz e outras ondas podem se comportar de modo realmente inusitado. No XIV Encontro da SBPMat, Nader Engheta, um especialista mundial nos materiais criados pelo ser humano conhecidos como metamateriais, falará de fenômenos extraordinários que ocorrem quando os materiais fabricados em seu grupo interagem com a luz. Entre outras significativas contribuições, Engheta e seus colaboradores têm criado circuitos ópticos nanométricos usando arranjos de metamateriais. Em entrevista a nosso boletim, o professor da Universidade de Pennsylvania (EUA) falou sobre essa e outras contribuições, que foram publicadas em alguns dos periódicos científicos mais renomados. Em mensagem aos leitores, mencionou as emoções da vida de cientista. Veja a entrevista.

Também entrevistamos o professor Edgar Zanotto, da UFSCar (Brasil), que dará uma plenária sobre vitrocerâmicas – materiais formados a partir da cristalização interna de alguns vidros. Desde os inícios de sua carreira científica, Zanotto vem estudando os mecanismos de formação das vitrocerâmicas e desenvolvendo aplicações para elas. Na plenária, o cientista promete falar sobre passado e futuro, inclusive sobre o desenvolvimento de novas vitrocerâmicas e seu uso em novos produtos. Veja a entrevista.

Falamos também com o professor Paul Ducheyne, da University of Pennsylvania (EUA). Ducheyne dedica-se, há umas 4 décadas, ao estudo de biomateriais, campo no qual é autor de centenas de artigos que totalizam mais de 10.000 citações, 40 patentes e livros. Na entrevista, Ducheyne enumerou algumas de suas principais contribuições à área, como, por exemplo, a explicação de como materiais sintéticos levam à formação de tecidos. Na palestra plenária do XIV Encontro da SBPMat, Ducheyne falará, obviamente, sobre biomateriais; em particular, sobre cerâmicas bioativas com funcionalização in situ e materiais sol-gel usados na liberação de fármacos e fatores de crescimento. Veja a entrevista.
A professora Ulrike Diebold, da UT Wien (Áustria), falará em nosso encontro sobre superfícies de óxidos metálicos – materiais usados em monitoramento de gases, catálise, anti-corrosão, conversão de energia, pigmentação e muitas outras aplicações. Usando seus microscópios de tunelamento (STM), Diebold consegue investigar, em escala atômica, os defeitos da rede desses materiais. Em entrevista a nosso boletim, ela falou sobre suas principais contribuições no campo dos óxidos metálicos e sobre o poder da técnica de STM para o estudo de superfícies. E deixou um convite tentador para assistir à palestra dela. Veja a entrevista.
A eletrônica orgânica aplicada ao estudo do cérebro e ao diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas será abordada em uma das palestras plenárias do encontro da SBPMat, a cargo do professor George Malliaras, diretor do departamento de Bioeletrônica da  École Nationale Supérieure des Mines de Saint-Étienne (França). Dispositivos baseados em materiais orgânicos usados para gravar e estimular a atividade cerebral são exemplos dessas aplicações. Em entrevista a nosso boletim, Malliaras falou sobre a importância da colaboração interdisciplinar para gerar pesquisa com impacto social na sua área de pesquisa. O cientista também citou algumas de suas principais contribuições na eletrônica orgânica e na bioletrônica orgânica.  Veja a entrevista.
O professor Ichiro Takeuchi, da University of Maryland (EUA), falará no encontro da SBPMat sobre a abordagem combinatória na área de Materiais. Essa metodologia, que permite acelerar significativamente diversos processos de pesquisa, tem ajudado Takeuchi a descobrir uma série de compostos e estabelecer estratégias para determinar rapidamente a relação composição-estrutura-propriedade de diversos materiais. Em entrevista a nosso boletim, o cientista explicou como funciona na prática a pesquisa combinatorial e enumerou algumas de suas principais contribuições nesse campo. Ele também falou sobre um tema que abordará na plenária: a “integrated materials engine”, que une teoria e experimentos rápidos para descobrir novos materiais. Veja a entrevista.
Em tempos de “big data”, a professora Claudia Draxl, da Humboldt University (Alemanha), discorrerá sobre como aproveitar a rica informação contida em enormes quantidades de dados sobre materiais, de modo a propiciar avanços científicos sem precedentes.

Veja o currículo resumido da palestrante. Aqui.

Veja o resumo da palestra. Aqui.

      
Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
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Boletim da SBPMat – edição 36.

 

Saudações !

Edição nº 36 – 4 de setembro de 2015 

Notícias da SBPMat: XIV Encontro - Rio de Janeiro, 27/09 a 01/10 de 2015 

Inscrições: Você pode fazer sua inscrição online, aqui. Durante o evento, a secretaria estará aberta para inscrições no dia 27 das 17h00 às 19h00 e, nos demais dias, das 7h00 às 8h30. 

Programa: Veja aqui o programa completo do evento, simpósio por simpósio. Veja aqui o programa resumido do evento.

Publicação de trabalhos: Trabalhos apresentados no encontro poderão ser submetidos a avaliação por pares para publicação em periódicos científicos do Institute of Physics (IOP). Os trabalhos do XIV Encontro da SBPMat aceitos para publicação em algum dos 5 periódicos propostos serão destacados numa coleção online dedicada ao evento. As submissões estão abertas até 15 de outubro. Saiba mais.

Prêmios: Neste ano o evento conta com 4 prêmios. O Prêmio Bernhard Gross para o melhor oral e melhor pôster de estudantes de graduação ou pós-graduação de cada simpósio, o Prêmio da IUMRS (International Union of Materials Research Societies) para os 3 melhores pôsteres dentre os agraciados com o Bernhard Gross, o Prêmio Horiba para o melhor oral e o melhor pôster de todo o evento, e o Prêmio da E-MRS (European Materials Research Society) para o melhor oral e os 2 melhores pôsteres do simpósio C.

Hospedagem: Está disponível uma lista de hotéis com condições especiais para participantes do XIV Encontro da SBPMat. Aqui.

Patrocinadores e expositores: 29 empresas já reservaram seu lugar no XIV Encontro da SBPMat. Contato para expositores e demais patrocinadores: rose@metallum.com.br.

Veja o site do evento.

XIV Encontro: palestra memorial será para Eloisa Biasotto Mano
A “Palestra Memorial Joaquim da Costa Ribeiro”, honraria da SBPMat para pesquisadores de trajetória destacada, será outorgada a Eloisa Biasotto Mano durante a abertura do XIV Encontro da SBPMat. A professora Eloisa, que correu atrás de uma formação científica internacional numa época em que a maioria das mulheres era analfabeta no Brasil, fundou na UFRJ o primeiro grupo de pesquisa em polímeros do país. Esse grupo mais tarde se transformou no Instituto de Macromoléculas (IMA), o qual foi dirigido por Eloisa até a aposentadoria dela. Na noite de 27 de setembro, esta professora emérita da UFRJ, que tem 90 anos de idade, será homenageada pela SBPMat e falará sobre a importância dos materiais macromoleculares. Veja nossa matéria sobre Eloisa Biasotto Mano. 
XIV Encontro: entrevistas com palestrantes de plenárias

Na interação com materiais avançados, a luz e outras ondas podem se comportar de modo realmente inusitado. No XIV Encontro da SBPMat, Nader Engheta, um especialista mundial nos materiais criados pelo ser humano conhecidos como metamateriais, falará de fenômenos extraordinários que ocorrem quando os materiais fabricados em seu grupo interagem com a luz. Entre outras significativas contribuições, Engheta e seus colaboradores têm criado circuitos ópticos nanométricos usando arranjos de metamateriais. Em entrevista a nosso boletim, o professor da Universidade de Pennsylvania (Estados Unidos) falou sobre essa e outras contribuições, que foram publicadas em alguns dos periódicos científicos mais renomados. Em mensagem aos leitores, mencionou as emoções da vida de cientista. Veja a entrevista.

Artigo em destaque 

Uma equipe de cientistas de instituições do Brasil (UCS, Unicamp e UFRGS) lançou um olhar químico sobre um problema tradicionalmente abordado com a Física e conseguiu avançar no entendimento da adesão e delaminação de filmes finos de DLC depositados em superfícies de aço. Os resultados da pesquisa, que foram publicados num periódico da ACS dedicado a interfaces e materiais aplicados, podem ajudar a otimizar a deposição desses filmes, ampliando seu uso na indústria em aplicações de impacto, como o aumento da eficiência energética de motores de automóveis.  Veja nossa matéria de divulgação.

Gente da nossa comunidade 

Entrevistamos Sergio Neves Monteiro, atualmente professor colaborador do IME, que atuou na introdução da pesquisa em Materiais na COPPE e na UERJ.  Ao longo de sua carreira, Neves Monteiro foi pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da UFRJ, secretário de ensino superior no MEC, subsecretário de ciência e tecnologia do Estado do Rio de Janeiro e presidente do conselho superior da FAPERJ, entre outras funções. Em entrevista a nosso boletim, falou um pouco sobre sua trajetória profissional e deixou uma mensagem para nossos leitores que iniciam suas carreiras de pesquisadores: “Lembro que muito mais do que uma carreira profissional, com estabilidade e adequada remuneração em instituições de ensino e pesquisa, ser pesquisador pode trazer grande satisfação pessoal e a certeza de contribuir diretamente para o crescimento do país”.  Veja a entrevista.

Victor Pandolfelli, professor do DEMa – UFSCar, recebeu o “Theodore J. Planje – St. Louis Refractories Award – 2015″. Pandolfelli foi o primeiro ganhador do hemisfério sul desse prêmio de materiais cerâmicos para altas temperaturas da American Ceramic Society, instituído em 1967. Saiba mais.
Dicas de leitura
Divulgação científica internacional.

  • Equipe científica interdisciplinar formula marco teórico para observações de cristais que se organizam em estruturas complexas ao incorporar partículas, com impacto na biologia, geologia, materiais e outras áreas (divulgação de paper da Science). Aqui.
  • Cientistas desenvolvem tinta que bate recorde de condutividade entre materiais esticados mais de 150% (divulgação de paper da Nature Communications). Aqui.

Notícias dos INCTs e CePIDs.

  • Em São Carlos, escola de vidros e vitrocerâmicos reuniu 100 doutorandos do mundo por 8 dias para educação e networking (breve relatório dos organizadores). Aqui.
  • Vídeo de entrevista a Elson Longo e Edgar Zanotto, coordenadores de CEPIDs de Materiais, realizada durante a 67ª Reunião Anual da SBPC. Aqui.
Oportunidades
  • Pós-doutorado em diversas instituições dos Estados Unidos em nanotecnologia e energia, entre outras áreas. Aqui.
  • Oportunidades para pesquisadores no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. Aqui.
  • Pós-doutorado no INPE em DLC e diamante CVD. Aqui.
  • O que é luz? O que é cor? Exposição no museu de ciências da Unicamp responde de modo interativo e divertido. Aqui.
Próximos eventos da área
  • Primeira Conferência de Materiais Celulares (MATCEL 2015). Aveiro (Portugal). 7 e 8 de setembro de 2015. Site.
  • XXII Reunião da Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr) e I Reunião da Latin America Crystallographic Association (LACA). São Paulo e Campinas, SP (Brasil). 9 a 11 de setembro de 2015. Site.
  • I Workshop Universidade-Indústria em Materiais Vítreos. São Carlos, SP (Brasil). 11 de setembro de 2015. Programação.
  • 2015 IUCr High-Pressure Workshop. Campinas, SP (Brasil). 12 a 15 de setembro de 2015. Site.
  • Workshop em Ciências dos Materiais. São Carlos, SP (Brasil). 21 a 25 de setembro de 2015. Site.
  • XIV Encontro da SBPMat. Rio de Janeiro, RJ (Brasil). 27 de setembro a 1º de outubro de 2015. Site.
  • 8th International Summit on Organic and Hybrid Solar Cells Stability (ISOS-8). Rio de Janeiro, RJ (Brasil). 29 de setembro a 1º de outubro. Site.
  • 13th International Conference on Plasma Based Ion Implantation & Deposition (PBII&D 2015). Buenos Aires (Argentina). 5 a 9 de outubro de 2015. Site.
  • Nanomercosur 2015. Buenos Aires (Argentina). 6 a 8 de outubro de 2015. Site.
  • 4th EPNOE International Polysaccharide Conference. Varsóvia (Polônia). 18 a 22 de outubro de 2015. Site.
  • 10th Ibero-American Workshop on Complex Fluids 2015. Florianópolis, SC (Brasil). 25 a 29 de outubro de 2015. Site.
  • Polymers and Self-Assembly: from Biology to Nanomaterials. Rio de Janeiro, RJ (Brasil). 25 a 30 de outubro de 2015. Site.
  • 14th International Union of Materials Research Societies – International Conference on Advanced Materials (IUMRS-ICAM 2015). Jeju (Coreia). 25 a 29 de outubro de 2015. Site.
  • III Método Rietveld de Refinamento de Estrutura. Belém, PA (Brasil). 26 a 30 de outubro de 2015. Aqui.
  • 16th International Feofilov Symposium on spectroscopy of crystals doped with rare earth and transition metal ions. São Petersburgo (Rússia). 9 a 13 de novembro de 2015. Site.
  • 6th Transmission Electron Microscopy (TEM) Summer School. Campinas, SP (Brasil). 11 a 29 de janeiro de 2016. Aqui.
  • 43rd International Conference on Metallurgical Coatings and Thin Films (ICMCTF). San Diego (EUA). 25 a 29 de abril de 2016. Site.
      
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Gente da nossa comunidade: entrevista com o pesquisador Fernando Galembeck.

Em Fernando Galembeck, professor colaborador na Unicamp e diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) de 2011 a 2015, o interesse por pesquisa começou a se manifestar na adolescência, quando, trabalhando no laboratório farmacêutico do pai, percebeu a importância econômica que os novos produtos, resultantes de esforços de pesquisa científica, tinham na empresa. Hoje com 72 anos, Fernando Galembeck, olhando para sua própria trajetória científica, pode contar várias histórias nas quais o conhecimento gerado por ele junto a seus colaboradores, além de ser comunicado por meio de artigos científicos, teses e livros, plasmou-se em patentes licenciadas e produtos criados ou aprimorados.

Galembeck gradou-se em Química em 1964 pela Universidade de São Paulo (USP). Após a graduação, permaneceu na USP trabalhando como professor (1965-1980) e, simultaneamente, fazendo o doutorado em Química (1965-1970) com um trabalho de pesquisa sobre dissociação de uma ligação metal-metal. Depois do doutorado, realizou estágios de pós-doutorado nos Estados Unidos, nas universidades do Colorado na cidade de Denver (1972-3) e da Califórnia na cidade de Davis (1974), trabalhando na área de Físico-Química de sistemas biológicos. Em 1976, de volta à USP, teve a oportunidade de criar um laboratório de coloides e superfícies no Instituto de Química. A partir desse momento, Galembeck foi se envolvendo cada vez mais com o desenvolvimento de novos materiais, especialmente os poliméricos, e seus processos de fabricação.  

Em 1980, ingressou como docente na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde se tornou professor titular em 1988, cargo no qual permaneceu até sua aposentadoria em 2011. Na UNICAMP ocupou cargos de gestão, notadamente o de vice-reitor da universidade, além de diretor do Instituto de Química e coordenador do seu programa de pós-graduação. Em julho de 2011 assumiu a direção do recém-criado LNNano, no Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM).

Ao longo de sua carreira, exerceu funções dirigentes na Academia Brasileira de Ciências (ABC), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Sociedade Brasileira de Química (SBQ), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM), entre outras entidades.

Bolsista de produtividade de nível 1A no CNPq, Galembeck é autor de cerca de 250 artigos científicos publicados em periódicos internacionais com revisão por pares, os quais contam com mais de 2.300 citações, além de 29 patentes depositadas e mais de 20 livros e capítulos de livros. Orientou quase 80 trabalhos de mestrado e doutorado

Recebeu numerosos prêmios e distinções, entre eles o Prêmio Anísio Teixeira, da CAPES, em 2011; o Telesio-Galilei Gold Metal 2011, da Telesio-Galilei Academy of Science (TGAS); o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2006, do CNPq e Fundação Conrado Wessel; o Troféu José Pelúcio Ferreira, da Finep, em 2006; a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2000, e a Comenda Nacional do Mérito Científico, em 1995, ambos da Presidência da República. Também recebeu uma série de reconhecimentos de empresas e associações científicas e empresariais, como a CPFL, Petrobrás, Union Carbide do Brasil, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, Associação Brasileira da Indústria Química, Sindicato da Indústria de Produtos Químicos para fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Polímeros, Sociedade Brasileira de Química (que criou o Prêmio Fernando Galembeck de Inovação Tecnológica), Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e da Electrostatic Society of America.

Segue uma entrevista com o cientista.

Boletim da SBPMat: – Conte-nos o que o levou a se tornar um cientista e a trabalhar em temas da área de Materiais.

Fernando Galembeck: – Meu interesse por atividade de pesquisa começou na minha adolescência quando eu percebi a importância do conhecimento novo, da descoberta. Eu percebi isso porque trabalhava, depois das aulas, no laboratório farmacêutico do meu pai e eu via a importância que tinham os produtos mais novos, os mais recentes. Eu via também como pesava economicamente para o laboratório o fato de depender de produtos importados que não eram fabricados no Brasil e que no país não havia competência para faze-los. Aí percebi o valor do conhecimento novo, a importância que tinha e o significado econômico e estratégico das descobertas.

Isso se incrementou quando eu fiz o curso de Química. Eu fui fazer o curso de Química porque um professor meu no colégio sugeriu que eu procurasse uma carreira ligada à pesquisa. Ele deve ter percebido alguma inclinação, alguma tendência minha. E eu fiz o curso de Química na Faculdade de Filosofia, num ambiente em que a atividade de pesquisa era muito forte. Por causa disso eu resolvi fazer o doutorado na USP. Naquela época não havia ainda cursos de pós-graduação regulares no Brasil. O orientador com quem eu defendi a tese, que foi o professor Pawel Krumholz, era um pesquisador muito bom e também tinha feito uma carreira muito importante trabalhando em empresa. Ele foi diretor industrial da Orquima, uma empresa muito importante na época. Isso aumentou meu interesse por pesquisa.

Trabalhei em Química por alguns anos e meu interesse por materiais veio de uma situação curiosa. Eu estava praticamente me formando, nas férias do meu último ano da graduação. Estava num apartamento, depois do almoço, descansando. Lembro-me de ter olhado as paredes do apartamento e percebido que, com tudo que eu tinha aprendido no curso de Química, eu não tinha muito a dizer sobre as coisas que eu enxergava: a tinta, os revestimentos etc. Aquilo era Química, mas também era Materiais, e naquela época não havia no curso de Química muito interesse por materiais. De fato, materiais se tornaram muito importantes em Química por causa dos plásticos e borrachas, principalmente, que nessa época ainda não tinham a importância que têm hoje. Estou falando de 1964, aproximadamente.

Bem, aí comecei a trabalhar em Físico-Química, depois trabalhei um pouco numa área mais voltada à Bioquímica, a Físico-Química Biológica, e, em 1976, recebi uma tarefa do Departamento na USP, que era a de instalar um laboratório de coloides e superfícies. Um dos primeiros projetos foi de modificação de superfície de plásticos, no caso, o teflon. E aí eu percebi que uma grande parte da Química de coloides e superfícies existia por causa de Materiais, porque ela se prestava para criar e desenvolver novos materiais. A partir daí eu fui me envolvendo cada vez mais com materiais, principalmente com polímeros, um pouco menos, com cerâmicos e, menos ainda, com metais.

Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais? Considere na sua resposta todos os aspectos da sua atividade profissional, inclusive os casos de transferência de conhecimento à indústria.

Fernando Galembeck: – Eu vou falar mais ou menos seguindo a história. Eu acho que o primeiro resultado importante na área de Materiais foi justamente uma técnica voltada à modificação de superfície de teflon, que é um material no qual é muito difícil alguma coisa grudar. Tanto que tem a expressão do “político teflon”, que é aquele em que nada que se joga gruda. Só que, em determinadas situações, a gente quer conseguir adesão no teflon, que determinada coisa grude. E por um caminho um pouco complicado, eu acabei percebendo que eu já sabia fazer uma modificação de teflon, mas que eu nunca tinha percebido que era importante. Eu conhecia o fenômeno; tinha observado ele durante minha defesa de tese. Eu sabia que acontecia uma transformação do teflon. Mas foi quando estava visitando um laboratório da Unilever em 1976, conversando com um pesquisador, que eu percebi que havia gente se esforçando para modificar a superfície do teflon e conseguir adesão. Aí, juntando o problema com a solução, logo que voltei ao Brasil tentei verificar se aquilo que eu tinha observado anteriormente realmente serviria, e deu certo. Isso deu origem à minha primeira publicação sozinho e a meu primeiro pedido de patente, numa época em que praticamente não se falava em patentes no Brasil, principalmente no ambiente universitário. Eu fiquei muito entusiasmado com o seguinte: fui procurado por empresas que tinham interesse em aproveitar aquilo que eu tinha feito; uma no próprio teflon, outra em outro polímero. Então eu me senti muito bem, porque tinha uma descoberta, tinha uma patente e tinha empresas que, pelo menos, queriam saber o que era para ver a possibilidade de utilizá-la. E mais uma coisa, logo depois da publicação do artigo eu recebi um convite para participar de um congresso nos Estados Unidos que abordava justamente a questão de modificação de superfícies. Superfícies de polímeros, de plásticos e borrachas, foi um assunto com o qual fiquei envolvido praticamente durante todo o resto da minha vida, até agora.

Eu vou mencionar um segundo fato, que até o momento não teve consequências do mesmo tipo. Eu descobri um método que permite fazer uma caracterização e uma separação de partículas muito pequenas. Foi um trabalho bastante interessante. Isso foi publicado, também gerou um depósito de patente, mas não teve uma consequência prática. Recentemente surgiram problemas ligados com nanopartículas, que é um assunto muito importante hoje em Materiais, e que representam uma possibilidade de aplicação daquilo que eu fiz há mais de 30 anos. O nome da técnica é osmossedimentação.

Em seguida veio um trabalho que fiz trabalhando em projetos junto com a Pirelli cabos. Com essa história de superfícies e polímeros acho que eu tinha me tornado mais ou menos conhecido e fui procurado pela Pirelli, que me contratou como consultor e também contratou projetos que fiz na Unicamp. Um resultado desses projetos, que eu acho mais importante, foi o desenvolvimento de um isolante para tensões elétricas muito altas. Esse não foi um trabalho só meu, mas sim de uma equipe bastante grande, da qual fiz parte. Tinha várias pessoas da Pirelli e várias na Unicamp. O resultado desse projeto foi que a Pirelli brasileira conseguiu ser contratada para fornecer os cabos de alta tensão do Eurotúnel, ainda nos anos 80. Eu acho que esse foi um caso bem importante que teve um produto e significou um resultado econômico importante. Aqui eu quero insistir que isso foi feito no Brasil, por uma equipe brasileira. A empresa não era brasileira, mas a equipe estava aqui.

Depois teve vários trabalhos feitos com nanopartículas, numa época em que a gente nem as chamava de nanopartículas; chamávamo-las de partículas finas ou simplesmente de partículas coloidais pequenas. O primeiro trabalho que eu publiquei sobre nanopartículas foi em 1978. Teve outras coisas feitas em seguida que, no fim, acabaram desaguando num trabalho sobre fosfato de alumínio, que deu origem a teses feitas no laboratório e publicações, e também foi licenciado por uma empresa chamada Amorphic Solutions, do grupo Bunge, que explora, basicamente, fosfato de alumínio. O assunto começou em meu laboratório, ficou no laboratório por vários anos, depois uma empresa do grupo Bunge aqui no Brasil se interessou, passou a participar, nós colaboramos. Isso se tornou um projeto bastante grande de desenvolvimento. A Bunge depois achou inviável tocar o projeto no Brasil e hoje está lá nos Estados Unidos. Eu acho uma pena que esteja lá, mas aí teve outras questões envolvidas, inclusive de desentendimento com a Unicamp, que é a titular das patentes. Se olhar a página da Amorphic Solutions na Internet você poderá ver várias aplicações do produto. Pelo que percebo, atualmente estão enfatizando o uso como material anticorrosivo para proteção de aço.

Mais ou menos na mesma época, num trabalho ligado também a nanopartículas, teve o desenvolvimento de nanocompósitos de borracha natural com argilas. Isso foi licenciado por uma empresa brasileira chamada Orbys, que lançou um produto chamado Imbrik, que é um produto que a empresa fornece, por exemplo, para fazer rolos de borracha para fabricação de papel.

Outro caso de produto. Eu tinha feito um projeto com a Oxiteno, que fabrica matérias primas para látex, os tensoativos. Ela queria ter uma ideia de quanto se consegue mudar o látex mudando o tensoativo. Eu fiz um projeto com eles, que considero um dos mais interessantes daqueles em que estive envolvido. O resultado foi que percebemos que, mudando um pouco o tensoativo, nós mudávamos muito o látex. Esses látex são usados em tintas, adesivos, resinas. Então a gente via que tinham uma variabilidade enorme. Esse trabalho foi divulgado, foi publicado. Não deu patente porque foi um trabalho de entendimento. Então, uma outra empresa, a Indústrias Químicas Taubaté (IQT) me procurou para fazer um látex catiônico, mas por um caminho novo. Látex catiônicos em geral são feitos com sais de amônio quaternários, os quais têm algumas restrições ambientais. A empresa queria uma alternativa que não tivesse essas restrições. No fim do projeto nós fizemos os látex catiônicos sem as restrições ambientais e a IQT colocou o produto no mercado.

Teve outro caso, que também foi muito interessante, apesar de que acabou morrendo. Aqui no Brasil havia uma grande fabricante de polietileno tereftalato, o PET, que é usado para muitas coisas, inclusive para garrafas. Eles souberam do trabalho que eu tinha feito com nanocompósitos, aquele da Orbys que eu mencionei, e me procuraram querendo fazer nanocompósitos do PET. Nós tivemos que procurar escapar daquilo que já estava patenteado no exterior e conseguimos um caminho totalmente novo. A empresa chamava-se Rhodia-Ster, e hoje ela faz parte de uma outra empresa, italiana, chamada Mossi e Ghisolfi. A empresa se entusiasmou e acabou patenteando isso no Brasil, e, em seguida depois, no exterior. Numa certa altura, eles resolveram que iam tocar o trabalho internamente, e o fizeram durante alguns anos. Um dia o meu contato na empresa me telefonou para me dizer o seguinte: “Olha, nós estávamos trabalhando com duas tecnologias; uma era essa aí com a Unicamp e a outra, em outro país. As duas estão funcionando, mas agora a empresa chegou num ponto em que optou por completar o desenvolvimento de uma”. Quando chegam na fase final de um desenvolvimento de materiais, os custos dos projetos ficam muito altos. Tem que usar grandes quantidades de materiais, fazer muitos testes com clientes. Então, a empresa decidiu tocar uma, que infelizmente não era aquela na qual eu tinha trabalhado. No fim das contas, foi um pouco frustrante, mas acho que foi interessante porque durante esse tempo todo, a empresa apostou bastante no caminho que a gente tinha iniciado aqui. Além disso, cada projeto desses significa recursos para o laboratório, significa dinheiro para contratar gente, empregos etc. Então, esses projetos acaba dando muitos benefícios, mesmo quando não chegam até o fim.

Agora, pulando alguns pedaços, vou chegar no último resultado, que é bem recente, de depois que eu sai da Unicamp e vim para o CNPEM. Um objetivo do CNPEM é o aproveitamento de materiais de fonte renovável para fazer materiais avançados. Tem toda uma filosofia por trás disso, relacionada ao esgotamento de recursos naturais, à sustentabilidade… Nós temos trabalhado bastante para conseguir fazer coisas novas com materiais derivados da biomassa, e o principal interesse está na celulose. Ela é o polímero mais abundante do mundo, mas é um polímero muito difícil de trabalhar. Você não consegue processar celulose como processa polietileno, por exemplo. Uma de nossas metas tem sido procurar formas de plastificar a celulose; ou seja, trabalhar a celulose da forma mais parecida possível àquela que usamos para trabalhar com polímeros sintéticos. Um resultado recente dentro dessa ideia é que nós conseguimos fazer adesivos de celulose em que o único polímero é a própria celulose, o que é uma coisa nova. Foi depositado um pedido de patente no começo do ano, nós estamos submetendo isso agora para publicação e pretendemos trabalhar com empresas interessadas no assunto. Já estamos discutindo um projeto para uma aplicação específica dessa celulose modificada, com uma empresa.

Esse é o caso mais recente. No meio do caminho, vários outros projetos foram feitos com empresas, em questões do interesse das empresas. Revestir uma coisa, colar outra, modificar um polímero para conseguir um certo resultado. Mas essas foram respostas a demandas das empresas, não foram pesquisas iniciadas no laboratório.

Boletim da SBPMat: – Deixe uma mensagem para nossos leitores que estão iniciando suas carreiras de cientistas.

Fernando Galembeck: – Em primeiro lugar, em qualquer carreira que a pessoa escolher, ela tem que ter uma dose de paixão. Não importa se a pessoa vai trabalhar no mercado financeiro, em saúde ou o que quer que ela vá fazer; antes de mais nada, o que manda é o gosto. A pessoa querer fazer uma carreira porque ela vai dar dinheiro, porque vai dar status… Eu acho que é ruim escolher assim. Se a pessoa fizer as coisas com gosto, com interesse, o dinheiro, o prestígio, o status virão por outros caminhos. O objetivo é que a pessoa faça uma coisa que a deixe feliz, que se sinta bem fazendo-a, que a deixe realizada. Isso vale não só para a carreira científica, mas para qualquer outra carreira também. Na científica, é fundamental.

Outra coisa é que tem que estar preparado para o trabalho duro. Não existe caminho fácil. Eu conheço pessoas jovens que procuram muito a grande sacada que vai lhes trazer sucesso com relativamente pouco trabalho. Bom, eu acho melhor não esperarem isso. Pode até acontecer, mas esperar isso é mais ou menos a mesma coisa do que esperar ganhar a Mega-Sena para ficar rico.

Eu já tenho mais de 70 anos, então já vi muita gente e muita coisa acontecer. Algo que me chama a atenção é como jovens que pareciam muito promissores acabam não dando muito certo. Francamente, eu penso que uma coisa que não é boa é um jovem dar certo muito cedo, porque eu tenho a impressão de que ele acostuma com a ideia de que sempre vai dar certo. E o problema é que não tem nada, nem ninguém, nem nenhuma empresa que sempre dê muito certo. Sempre vai ter o momento do fracasso, o momento da frustação. Se a pessoa está preparada para isso, quando chega o momento, ela supera, enquanto outros são destruídos – não conseguem superar. Por isso tem que ter cuidado para não se iludir com o sucesso, achar que, porque deu certo uma vez, sempre dará certo. Tem que estar preparado para lutar.

Quando eu fiz faculdade, pensar em fazer pesquisa parecia uma coisa muito estranha, coisa de maluco. As pessoas não sabiam muito bem o que era isso nem por que uma pessoa iria fazer isso. Tinha gente que dizia que a pesquisa era como um sacerdócio. Eu trabalhei sempre com pesquisa, associada com ensino, associada com consultoria e, sem que eu nunca tenha procurado ficar rico, consegui ter uma situação econômica que eu acho que é muito confortável. Mas eu insisto, meu objetivo era fazer o desenvolvimento, fazer o material, não o dinheiro que eu iria ganhar. O dinheiro veio, ele vem. Então, eu sugiro que as pessoas focalizem o trabalho, os resultados e a contribuição que o trabalho delas pode dar para outras pessoas, para o ambiente, para a comunidade, para o país, para o conhecimento. O resto virá por acréscimo.

Resumindo, a minha mensagem é: trabalhem seriamente, dedicadamente e com paixão.

Finalmente, eu gostaria de dizer que acho que o trabalho de pesquisa, o trabalho de desenvolvimento ajuda muito a pessoa a crescer como pessoa. Ele afasta a pessoa de algumas ideias que não são muito proveitosas e bota a pessoa dentro de atitudes que são importantes e realmente ajudam. Uma vez um estudante perguntou para Galileu: “Mestre, o que é o método?”. A resposta de Galileu foi: “O método é a dúvida”. Eu acho que isso é muito importante em atividade de pesquisa, a qual, em Materiais, em particular, é especialmente interessante porque o resultado final é uma coisa que a gente pega na mão. Na atividade de pesquisa a pessoa tem que estar o tempo todo se perguntando: “Eu estou pensando isto, mas será que estou pensando certo?”, ou “Fulano escreveu aquilo, mas qual é a base do que ele escreveu?”. Essa é uma atitude muito diferente da atitude dogmática, que é comum no domínio da política e da religião, e muito diferente da atitude da pessoa que tem que enganar, como o advogado do mafioso ou do traficante. O pesquisador tem que se comprometer com a verdade. Claro que também existem pessoas que se dizem pesquisadores e promovem a desinformação. Alguns anos atrás, falava-se de uma coisa chamada de “Bush science”, expressão que remete ao presidente Bush. A “Bush science” eram os argumentos criados por pessoas que ganhavam dinheiro como cientistas, mas que produziam argumentos para dar sustentação às políticas de Bush. Ou seja, o problema existe em ciência também, mas aí voltamos àquilo que falei no início. A pessoa não pode entrar nisto porque vai ganhar dinheiro, vai ter prestígio ou vai ser convidado para jantar com o presidente; ela tem que entrar nisto pelo interesse que ela tem pelo próprio assunto.

Boletim SBPMat – edição 30.

 

Saudações !

Edição nº 30 – 6 de março de 2015 

Notícias da SBPMat: XIV Encontro - Rio de Janeiro, 27/09 a 01/10 de 2015 

Simpósios aprovados e submissão de resumos: 27 simpósios e 2 workshops (número recorde na história dos encontros da SBPMat) compõem esta edição do nosso evento anual.

Até 30 de maio, você pode submeter resumos para apresentar seu trabalho nos simpósios ou workshops do evento. 

Saiba mais.

Patrocinadores e expositores: 16 empresas já reservaram seu lugar no XIV Encontro da SBPMat. Contato para expositores e demais patrocinadores: rose@metallum.com.br.

Veja o site do evento.

Notícias da SBPMat: programa University Chapters

Mais dois pontos no mapa dos university chapters da SBPMat: na UNESP de Presidente Prudente (o University Chapter Nanomaterials) e na UNESP de Ilha Solteira. Já vão 8 unidades criadas nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil desde o lançamento do programa, no início do ano passado. Saiba mais sobre os novos university chapters.

Artigo em destaque 

Uma equipe da UFPE, em colaboração com um grupo da UFS, desenvolveu um laser randômico emissor de luz ultravioleta usando pó de óxido de zinco, cujas partículas funcionaram como centros espalhadores de luz. Os cientistas provaram que a emissão foi induzida pelo mecanismo de “absorção de 3 fótons”.  O trabalho, cujos resultados foram recentemente publicados na Nanoscale, abre possibilidades para aplicações em diversas áreas, principalmente medicina.  Veja nossa matéria de divulgação.

Gente da nossa comunidade

Em 30 anos de carreira científica, Helio Chacham fez relevantes contribuições à área de Materiais. Inicialmente, dedicou-se à investigação teórica de materiais sob ultra-alta pressão. Desde meados de 1990, colaborando frequentemente com grupos experimentais, ele vem estudando nanomateriais, em particular materiais bidimensionais. Em entrevista ao Boletim da SBPMat, o professor Chacham falou sobre suas principais contribuições nesses temas, além de contar um pouco sobre sua infância e adolescência em Belo Horizonte, entre outros assuntos. Veja nossa entrevista com o cientista.

História da pesquisa em Materiais no Brasil 

Apresentamos a segunda parte da reportagem sobre a história do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Entre 1986 e 1997, em Campinas (SP), uma equipe de cientistas e outros colaboradores projetou, construiu e testou a fonte de luz síncrotron e os instrumentos das estações experimentais do laboratório. Para isso, o time trabalhou, sucessivamente, em uma sala da Unicamp, uma casa e um galpão industrial, antes de se instalar no campus definitivo do LNLS. Reportamos uma breve cronologia dessa epopeia e compartilhamos depoimentos de alguns de seus líderes. Veja.

Dicas de leitura
Divulgação científica internacional de papers destacados.

  • Nova estratégia de engenharia de materiais para obter baterias de íons lítio mais leves, seguras e duráveis (divulgação de paper da Advanced Functional Materials). Aqui.
  • Filmes finos de óxidos complexos integrados a cristais ferroelétricos: potencial para armazenar informação (divulgação de paper da Advanced Functional Materials). Aqui.
  • Cientistas conseguem dispor moléculas orgânicas dentro de nanotubos e, a partir disso, demonstram aplicação para Internet mais rápida (divulgação de paper da Nature Nanotechnology). Aqui.
  • Novo método permite crescer flocos de dissulfeto de molibdênio, com precisão, em locais determinados (divulgação de paper da Nature Communications). Aqui.

Notícias de INCTs e CEPIDs.

  • No marco de uma colaboração entre o CeRTEV (CEPID da FAPESP em materiais vítreos) e o International Materials Institute for New Functionality in Glass, o professor Edgar Zanotto ministrará uma aula a distância sobre vitrocerâmicos para um grupo internacional. Aqui.
Oportunidades
  • Pós-doutorado PNPD institucional em Astrofísica na UFSC. Aqui.
Próximos eventos da área
  • 4th School of SAXS Data Analysis. Campinas, SP (Brasil). 11 a 15 de maio de 2015. Site.
  • São Paulo School of Advanced Sciences (ESPCA) on Recent Developments in Synchrotron Radiation. Campinas, SP (Brasil). 13 a 24 de julho de 2015. Site.
  • Advanced School on Glasses and Glass-Ceramics (G&GC São Carlos). São Carlos, SP (Brasil). 1 a 9 de agosto de 2015. Site.
  • Primeira Conferência de Materiais Celulares (MATCEL 2015). Aveiro (Portugal). 7 e 8 de setembro de 2015. Site.
  • XIV Encontro da SBPMat. Rio de Janeiro. 27 de setembro a 1º de outubro de 2015. Site.
  • 13th International Conference on Plasma Based Ion Implantation & Deposition (PBII&D 2015). Buenos Aires (Argentina). 5 a 9 de outubro de 2015. Site.
  • 10th Ibero-American Workshop on Complex Fluids 2015. Florianópolis, SC (Brasil). 25 a 29 de outubro de 2015. Site.
  
Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
Descadastre-se caso não queira receber mais e-mails.

 

Aberta a submissão de resumos para apresentar trabalhos nos 27 simpósios e 2 workshops do XIV Encontro da SBPMat.

Está aberta, até 30 de maio, a submissão de resumos do XIV Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat). O evento será realizado de 27 de setembro a 1º de outubro no Rio de Janeiro, no Centro de Convenções SulAmérica.

São aceitos para avaliação trabalhos de pesquisadores e estudantes do Brasil e do exterior nas áreas dos simpósios do evento. Nesta edição do encontro anual da SBPMat, o número de simpósios superou todas as anteriores: são 27 simpósios e 2 workshops.

Os simpósios foram selecionados pelo comitê organizador do evento a partir das propostas recebidas numa chamada lançada em novembro do ano passado e direcionada à comunidade científica. De acordo com os coordenadores do evento, Marco Cremona e Fernando Lázaro Freire Junior, para esta edição houve mais de 50 propostas de simpósios e foi impossível acomodar todos por conta das limitações de tempo e espaço físico do Centro de Convenções SulAmérica. Para escolher os simpósios, levou-se em conta que contemplassem temas de fronteira em Ciência dos Materiais e que tivessem uma comunidade atuante no país.

Além de um variado leque de temas (nanomateriais, eletrônica e fotônica, biomateriais, modelagem, materiais para energia, entre outros), a lista de simpósios inclui um simpósio organizado pelos University Chapters da SBPMat, coordenado por estudantes, e dois workshops organizados em colaboração com indústrias. A relação de coordenadores de simpósios também é variada, incluindo pesquisadores de universidades e outras instituições de pesquisa das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, e do exterior (Alemanha, Argentina, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão, Portugal e Suíça).

Sobre os Encontros da SBPMat

O encontro anual da SBPMat é um tradicional fórum internacional dedicado aos recentes avanços e perspectivas em ciência e tecnologia de Materiais. Além da apresentação de trabalhos que ocorre nos simpósios, o programa científico do evento conta com palestras plenárias de pesquisadores mundialmente destacados. Na edição de 2014, realizada na cidade de João Pessoa (PB), cerca de 2.000 trabalhos foram apresentados em 19 simpósios.

Relação de simpósios e workshops: http://sbpmat.org.br/14encontro/symposia/?lang=en

Instruções para elaboração e envio dos resumos: http://www.sbpmat.org.br/14encontro/authors/?lang=en

História do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron – parte 1. O sonho de uma grande máquina de pesquisa no Brasil e os passos prévios à construção do laboratório.

Fotografia do LNLS mostrando tanto o acelerador principal quanto as linhas de luz. Créditos: Julio Fujikawa / Divulgação LNLS.

Desde 1997, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), na cidade de Campinas (SP), elétrons acelerados até uma velocidade muito próxima à da luz e comprimidos num feixe da espessura de um fio de cabelo percorrem um polígono de 93 metros de comprimento, chamado “anel de armazenamento”, gerando um tipo de radiação de brilho ímpar com importantes aplicações no estudo da matéria orgânica e inorgânica, a luz síncrotron.

Em diversos pontos em volta do anel, cientistas, principalmente do meio acadêmico e também da indústria, trabalham simultaneamente em diversos pequenos laboratórios, conhecidos como “estações experimentais” ou “linhas de luz”, cujos instrumentos científicos utilizam os feixes gerados pela fonte de luz síncrotron depois de ser filtrados por monocromadores. Graças a esses filtros, cada experimento recebe o tipo de radiação do espectro eletromagnético que necessita, do infravermelho até os raios X.

Ainda hoje, a fonte de luz síncrotron do LNLS é a única da América Latina. Desde a inauguração do laboratório, o uso das estações experimentais é gratuito e aberto à comunidade científica internacional. Os interessados submetem seus projetos de pesquisa a um comitê composto por membros da comunidade científica, que os encaminha à revisão por pares. As propostas aceitas conseguem um espaço na lotada agenda do LNLS, durante o dia ou à noite. Nos últimos tempos, o laboratório tem beneficiado cerca de 1.500 pesquisadores por ano, originários do Brasil (a maioria), da Argentina (cerca de 17%) e, em menores proporções, de outros países.

As possibilidades de pesquisa experimental disponíveis no LNLS são aproveitadas em trabalhos das mais variadas áreas do conhecimento, como Química, Física, Biologia, Ciências do Meio Ambiente, Geociências e, principalmente, Ciência e Engenharia de Materiais. “Para um número expressivo de pesquisadores dessa área no Brasil, as linhas de luz do LNLS são alguns dos principais instrumentos de medição nos seus programas de pesquisa”, diz Harry Westfahl Jr., diretor científico do LNLS desde março de 2013.

De acordo com Aldo Felix Craievich, cientista que teve uma importante participação ao longo de todo o processo de criação do LNLS e foi seu primeiro diretor científico, um dos objetivos do laboratório, desde o início, foi oferecer aos pesquisadores de Ciência e Engenharia de Materiais uma infraestrutura experimental única e de boa qualidade para suas pesquisas. “O funcionamento do LNLS durante 17 anos já permitiu a muitos cientistas e engenheiros de Materiais utilizarem as diversas linhas de luz, que lhes permitiram realizar pesquisas em condições muito favoráveis, a maior parte das quais seriam impossíveis em laboratórios clássicos”, completa.  De fato, a alta intensidade e outras características singulares da luz síncrotron permitem estudar os materiais com maior detalhe do que a radiação que pode ser produzida por fontes encontradas nos laboratórios das universidades. “Hoje, muitos materiais são nanomateriais e, neste contexto, os melhores tubos de raios X não conseguem concorrer com a radiação síncrotron”, afirma Yves Petroff, físico francês que dirigiu centros de luz síncrotron na Europa e foi diretor científico do LNLS de novembro de 2009 a março de 2013.

Contando com técnicas experimentais como difração de raios X (XRD), espalhamento de raios X a baixos ângulos (SAXS), absorção de raios X (EXAFS, XANES), foto-emissão de elétrons (PES), espectroscopia VUV e microtomografia, as linhas de luz síncrotron permitem um amplo e profundo estudo da estrutura e propriedades dos materiais. “Os pesquisadores trazem ao LNLS os materiais criados em seus laboratórios, como, por exemplo, plásticos mais resistentes, catalisadores mais eficientes ou metais com propriedades eletrônicas e magnéticas inusitadas, para compreender em nível microscópico a manifestação dessas propriedades inovadoras descobertas, ou mesmo para guiar novas rotas de síntese”, exemplifica Harry Westfahl Jr.

De acordo com Aldo Craievich, a contribuição do LNLS ao desenvolvimento da Ciência de Materiais é atestada pela quantidade e qualidade de artigos publicados em revistas de alto impacto a partir de pesquisas experimentais realizadas no laboratório. A título de exemplo, Craievich comenta que, no triênio 2006 – 2008, de um total de 547 publicações em revistas indexadas geradas a partir de trabalhos desenvolvidos no LNLS (as quais podem ser acessadas nos relatórios anuais do LNLS), 211 foram publicadas em periódicos da área de Ciência de Materiais, número que aumenta ao se adicionar as publicações de Química e Física que tratam de aspectos básicos das propriedades de materiais sólidos.

Entretanto, a contribuição do LNLS ao desenvolvimento científico-tecnológico do país começou antes que o laboratório abrisse suas portas à comunidade científica da academia e da indústria. O processo de criação e implantação do LNLS como Laboratório Nacional foi uma rica experiência para seus protagonistas e uma história interessante de se conhecer, principalmente devido ao fato de que a maior parte da fonte de luz síncrotron e das linhas de luz foi projetada e fabricada no país.

Gênese do LNLS: os primórdios

O desejo de possuir no Brasil um grande acelerador de partículas é quase tão antigo como a comunidade de físicos do país. Uma das primeiras tentativas de instalar um equipamento desse tipo ocorreu no início da década de 1950 e se caracterizou por ser uma proposta de construção, em vez da compra, de uma dessas grandes máquinas. O militar e cientista Almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, que tinha liderado a recente criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e presidia a instituição, viu na Universidade de Chicago um acelerador de partículas tipo sincrocíclotron e voltou ao Brasil com a proposta de fabricar um pequeno equipamento desse tipo no Rio de Janeiro, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), para treinar técnicos e cientistas do país que depois pudessem fabricar uma máquina maior. O projeto foi iniciado em 1952. Em 1960, o sincrocíclotron pequeno funcionou pela primeira vez, mas, por diversos motivos, nunca chegou a ficar totalmente operacional.

Passado o período mais duro da ditadura militar brasileira, no qual muitos cientistas saíram do país, o assunto dos grandes equipamentos científicos foi retomado e, em 1981, o presidente do CNPq, Lynaldo C. Albuquerque, chamou a comunidade científica a elaborar propostas de grandes máquinas de pesquisa para implantar no Brasil. Em resposta, ocorreram no CBPF as primeiras discussões sobre a construção de uma fonte de luz síncrotron. No final do ano, uma proposta foi apresentada por Roberto Lobo, diretor do CBPF, ao presidente do CNPq. Em 1982, ambos os cientistas visitaram o laboratório nacional de luz síncrotron francês LURE, da Université Paris-Sud, onde Aldo Craievich estava realizando um estágio de pós-doutorado e adquirindo valiosa experiência em aplicações dessa radiação.

“Desde o início, o pequeno grupo de pessoas que participávamos dessas discussões percebemos que, para levar adiante esse projeto de grande porte, alta complexidade e elevado custo, era necessário conseguir um consenso da comunidade científica brasileira e atrair um razoável número de potenciais usuários interessados”, comenta Craievich. Nas lembranças do cientista, a primeira apresentação pública das ideias preliminares ocorreu no Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada realizado em Cambuquira, em abril de 1982. “Na ocasião observou-se certa resistência da comunidade científica ao ser informada do elevado custo do projeto, pelo temor de que isso pudesse afetar o financiamento de outros em andamento”, conta Craievich.

Mesmo assim, Lobo, Craievich e mais alguns pesquisadores do CBPF elaboraram um primeiro documento formal visando à implantação de uma fonte de luz síncrotron no Brasil (“Proposta preliminar do estudo de viabilidade para a implantação de um laboratório nacional de radiação de síncrotron”), o qual, em 1983, foi aprovado pelo CNPq. O CNPq criou então o Projeto Radiação Sincrotrónica (PRS), coordenado por Roberto Lobo, e se dispôs a alocar verbas para formar recursos humanos para desenvolver o projeto e treinar futuros usuários. Ainda em 1983, no mês de outubro, o CNPq instaurou o comitê executivo do PRS, o qual era coordenado por Aldo Craievich (CBPF) e contava com mais sete participantes ligados ao CBPF, UFRJ, UNICAMP e USP. Entre eles, constava Ricardo Rodrigues, que, alguns anos depois, seria nomeado diretor técnico na fase de construção do laboratório. Para promover uma maior divulgação e discussão do projeto e a formação de futuros usuários foi realizado, em agosto de 1983, no CBPF, o Encontro sobre Técnicas e Aplicações da Radiação Síncrotron, do qual participaram 220 cientistas. Também com o objetivo de formar novos recursos humanos no início de 1984, o PRS lançou uma chamada oferecendo bolsas do CNPq de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e pesquisa, em temas relacionados à construção da fonte e linhas de luz e suas aplicações.

Mais duas novidades marcaram o ano de 1984 na história do LNLS. O PRS passou a contar com um comitê técnico-científico (CTC), presidido por Roberto Lobo (USP) e formado por uma dúzia de cientistas ligados ao CBPF, IPT, PUC-Rio, UNICAMP e USP, inclusive Cylon Gonçalves da Silva, que se tornaria o primeiro diretor do laboratório em 1986 e lideraria sua efetiva implantação. Além disso, em dezembro de 1984, o CNPq deu mais um passo rumo à construção da fonte de luz síncrotron ao criar a figura do Laboratório Nacional de Radiação Síncrotron (LNRS), com Roberto Lobo como diretor pro tempore, e ainda sem lugar designado para sua sede.

Logo depois da criação do LNRS, o CNPq fez uma chamada à comunidade científica para que fossem submetidas propostas para a sua futura sede. Das quatro propostas de locais – Rio de Janeiro, Niteroi, Campinas e São Carlos -, o presidente do CNPq, numa das últimas resoluções de sua gestão pouco antes do fim do governo militar, em fevereiro de 1985, escolheu Campinas como futura sede do LNRS.

Na próxima edição do Boletim da SBPMat, não perca a reportagem sobre a segunda parte desta história – a fase da construção do laboratório.

Artigo em destaque: Fônons acoplados à ordem magnética na origem da ferroeletricidade.

O artigo científico com participação de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é: Spin-phonon and magnetostriction phenomena in CaMn7O12 helimagnet probed by Raman spectroscopy. Nonato, A.; Araujo, B.S.; Ayala, AP; Maciel, AP; Yanez-Vilar, S.; Sanchez-Andujar, M.; Senaris-Rodriguez, MA; Paschoal, CWA. Applied Physics Letters 105, 222902 (2014); DOI: 10.1063/1.4902234.

Matéria de divulgação: Fônons acoplados à ordem magnética na origem da ferroeletricidade.

Por meio de um estudo baseado, principalmente, na técnica de espectroscopia Raman, pesquisadores do Brasil, em colaboração com cientistas da Espanha, avançaram na compreensão dos mecanismos envolvidos na geração de ferroeletricidade magneticamente induzida (polarização elétrica que ocorre em alguns materiais com ordenamento magnético espiral, mesmo quando não estão sob a ação de campos elétricos) no composto CMO.

O CMO, cuja fórmula é CaMn7O12, é um óxido cerâmico de estrutura perovskita, que apresenta, simultaneamente, a baixas temperaturas, ferroeletricidade e antiferromagnetismo.

Além de contribuir ao avanço da pesquisa fundamental, o trabalho, cujos resultados foram recentemente publicados na revista Applied Physics Letters (APL), abre possibilidades para a criação de novos materiais cuja polarização possa ser controlada por meio de campos magnéticos. Tais materiais poderiam ser aplicados, por exemplo, em novos dispositivos spintrônicos para armazenamento de dados, mais rápidos e que consumam menos energia.

O estudo foi realizado durante o doutorado de Ariel Nonato Almeida de Abreu Silva, orientado por Carlos William de Araujo Paschoal, professor do departamento de Física da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde lidera um grupo de pesquisa em propriedades dielétricas e vibracionais. “A idéia surgiu da busca por materiais multiferroicos e magnetoelétricos que permitam um controle da polarização elétrica mediante substituições”, diz o professor Araujo Paschoal, que assina o artigo junto a outros sete pesquisadores. De acordo com ele, o CMO foi escolhido por apresentar um rico diagrama de fases (magnética, estrutural e de ordenamento de carga) e por ser único nos mecanismos que geram ferroeletricidade a partir de suas propriedades magnéticas.

Entre as particularidades do CMO, existe uma transição magnética, que ocorre a 90 K (cerca de -180° C), na qual o composto passa da fase paramagnética à antiferromagnética, induzindo uma ferroeletricidade gigante.

No estudo que gerou o paper da APL, Ariel e seu orientador analisaram detalhadamente os espectros Raman das amostras de CMO em diversas temperaturas (de 300 K, cerca de 26°C, até 10 K, cerca de -263°C) para investigar as vibrações coletivas dos átomos da rede cristalina (fônons) e sua relação com a ordem magnética. Entre outros resultados, conseguiram provar que, a 90 K, os fônons exibiam um comportamento não usual devido ao acoplamento com a ordem magnética.

“A principal contribuição deste trabalho foi ajudar na compreensão de como os fônons acoplam com o ordenamento magnético no CaMn7O12(CMO). Isso sem dúvida é um grande passo que nos permite avançar na compreensão da origem da polarização elétrica induzida no CMO, a qual ainda é motivo de grande discussão na literatura”, afirma Paschoal.

Espectro Raman do CMO observado a 10 K. O inset mostra o acoplamento ferroaxial da hélice magnética com a rotação global da estrutura descrita pelo vetor axial A.

O trabalho experimental deste estudo começou com a síntese das amostras, que foi realizada na Universidad de A Coruña (Espanha), onde Ariel estava realizando um “período sanduíche” sob supervisão da professora Maria Antonia Señaris Rodriguez. Na sequência, na Universidad de Santiago de Compostela, foi realizada uma série de medidas magnéticas. Por fim, as medidas de espectroscopia Raman foram realizadas no Laboratório de Espalhamento de Luz da Universidade Federal do Ceará (UFC), em colaboração com o professor Alejandro Pedro Ayala, e no próprio departamento de Física da UFMA, no Laboratório de Espectroscopia Vibracional e Impedância (LEVI).

A pesquisa contou com financiamento de agências brasileiras federais (CNPq e CAPES) e estaduais (FUNCAP e FAPEMA, do Ceará e do Maranhão, respectivamente) e de entidades da Europa.

Primeiro University Chapter da SBPMat na região Norte do país.

A equipe do University Chapter de Belém do Pará.

O Programa University Chapters (UCs) da SBPMat conta agora com uma unidade na região Norte do Brasil, mais precisamente na cidade de Belém (PA), na Universidade Federal do Pará (UFPA). Participam desse UC dezessete estudantes de graduação e pós-graduação envolvidos em trabalhos de pesquisa relacionados à Ciência dos Materiais, além de dois professores tutores.

“Ao tomarmos conhecimento do que é o programa University Chapter vimos que a nossa participação seria uma oportunidade singular de termos contato com outros estudantes da área e com isso aumentarmos nossa troca de experiências com alunos de outras instituições que, assim como nós, atuam na área de Materiais”, diz o presidente do UC, o doutorando Gregório Barbosa Corrêa Júnior. De acordo com ele, a partir deste ano, o UC vai organizar eventos como workshops e escolas. “Esperamos também obter uma visão global do que vem a ser nosso ramo de atuação científica e com isso ter uma ideia sólida das oportunidades e das perspectivas profissionais oferecidas pela área”, completa.

Conheça o Programa University Chapters da SBPMat  e as seis unidades que possui até o momento nos estados de Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul e São Paulo: http://sbpmat.org.br/university-chapters/