Concurso para professor substituto na UFSCar/Sorocaba na área de Química Geral/Inorgânica.

092/17 – Professor Substituto

Campus: Sorocaba
Setor: Departamento de Física, Química e Matemática
Regime: 40H
Área: Química
Sub-área: Química Geral Teórica e Experimental e Química Inorgânica
Vagas: 1
Requisitos:
1)Licenciatura Plena em Química ou Bacharelado em Química;
2)Título de Mestre em Química ou Ciência dos Materiais ou Nanociência ou Nanotecnologia.

Edital nº 092/17 # 10-05-2017

Mais informações: http://www.concursos.ufscar.br (fase de inscrição).

Victor C. Pandolfelli (DEMa-UFSCar) recebe pela terceira vez prêmio da ACerS (Estados Unidos) ao melhor paper sobre cerâmicas refratárias.

Professor Victor Carlos Pandolfelli (UFSCar).
Professor Victor Carlos Pandolfelli (UFSCar).

Desde a década de 1980, The American Ceramic Society (ACerS) seleciona e premia as publicações sobre cerâmicas para alta temperatura que mais contribuíram para o conhecimento no setor e as distingue com o prêmio Alfred Allen. Não há inscrição para tal prêmio, visto que a escolha se baseia em consultas às revistas indexadas na Web of Science, que são analisadas por uma equipe de especialistas.

Neste ano, em sua 18ª edição, o prêmio foi outorgado a um artigo publicado no periódico Ceramics International, assinado por três pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o professor Victor Carlos Pandolfelli e as doutoras Ana Paula da Luz e Mariana Braulio,  e uma pesquisadora do Instituto de Investigaciones en Ciencia y Tecnología de Materiales (INTEMA), da Argentina, Analía Tomba Martinez. Victor C. Pandolfelli e Mariana Braulio já tinham recebido esse prêmio em duas edições anteriores, sendo, até o momento, os únicos pesquisadores que foram distinguidos três vezes com o prêmio Alfred Allen da ACerS desde que a honraria é outorgada.

O prêmio foi recebido pelos autores durante o 53rd Annual Symposium on Ceramic Refractories, realizado no final de março na cidade de St Louis (Estados Unidos). Na ocasião, o professor Pandolfelli apresentou uma palestra convidada sobre cerâmicas para alta temperatura inspiradas na natureza.

  • Veja a lista de trabalhos premiados em todas as edições do Alfred Allen Award, aqui.
  • Veja o artigo premiado na edição de 2017, aqui.
  • Veja matéria no site da ACerS sobre o simpósio, com relato da palestra do professor Pandolfelli, aqui.

História da pesquisa em Materiais no Brasil: 40 anos do primeiro laboratório de pesquisa em vidros do Brasil.

box-lamavO primeiro laboratório do Brasil dedicado ao estudo dos materiais vítreos completa 40 anos neste mês de dezembro de 2016. Esse laboratório, que iniciou suas atividades com apenas um forninho tipo mufla de até 1.100 °C, hoje possui 18 fornos, 4 dois quais chegam aos 1.750 °C, e mais três dezenas de equipamentos de fabricação e caracterização de vidros distribuídos em 500 m2. O aniversariante em questão é o LaMaV (Laboratório de Materiais Vítreos), do DEMa (Departamento de Engenharia de Materiais) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

No 40º aniversário do LaMaV, a equipe se manifesta plenamente satisfeita com suas realizações [veja box ao lado]. O trabalho pioneiro do laboratório foi essencial na geração, disseminação e aplicação no país do conhecimento científico sobre vidros, tanto no meio acadêmico quanto na indústria. “Formamos aproximadamente uma centena de mestres, doutores e pós-docs, que hoje trabalham como professores e pesquisadores em instituições importantes como a USP, UFSCar, ITA, UEPG, UEMa, UFBa, PUC, IPT, CEFET, UFF, UNESP, UFLavras, UFABC, CTA, UNIOESTE e outras no Brasil e exterior, e em inúmeras empresas. Este é um legado importantíssimo! ”, destaca Edgar Dutra Zanotto, um dos fundadores da SBPMat e da revista Materials Research, que fundou o LaMaV e o lidera até o presente.

Mas os esforços e resultados do LaMaV vão além das fronteiras nacionais e se caracterizam por sua internacionalidade. O laboratório já recebeu estudantes e professores visitantes de dezenas de países. Sua equipe trouxe ao Brasil os mais importantes congressos internacionais sobre vidros, participa dos conselhos editoriais de quase todas as principais revistas científicas especializadas em materiais vítreos e recebeu 7 dos mais prestigiosos prêmios e honrarias internacionais da área – além de mais de 20 prêmios nacionais, incluindo o prêmio Almirante Álvaro Alberto*. As pesquisas do grupo, principalmente aquelas sobre nucleação e cristalização de vidros e vitrocerâmicas, são mundialmente reconhecidas. “Significativa fração dos pesquisadores ativos desta área já ouviu falar, assistiu uma palestra ou leu um artigo ou patente resultante das nossas pesquisas. Certamente colocamos a cidade de São Carlos e o Brasil no mapa mundial da pesquisa em vidros! ”, diz Zanotto.

Atualmente, o LaMaV atua intensamente nos temas de cristalização de vidros, processos de relaxação estrutural e de tensões residuais, vitrocerâmicas, biomateriais, além de propriedades mecânicas, reológicas, elétricas e bioquímicas dos materiais vítreos. “Hoje temos um ótimo laboratório e um excelente financiamento, principalmente da FAPESP, mas também da Capes, CNPq e algumas empresas. Entretanto, a enorme burocracia das agências de fomento relativa à aquisição de materiais e equipamentos e na prestação de contas, as incertezas relativas ao futuro das universidades (por exemplo, PEC 55 e outras), aliadas à escassez de secretárias, técnicos e engenheiros (lab managers) que auxiliem na organização e manutenção dos laboratórios, sempre foram e continuam sendo empecilhos formidáveis”, pondera Zanotto.

A história

Tudo começou em 15 de dezembro de 1976, quando Zanotto foi contratado como professor auxiliar pelo DEMa-UFSCar com o intuito principal de iniciar o trabalho de pesquisa sobre vidros no departamento.  Em 1970, tinha sido lançado o primeiro curso do Brasil (e da América Latina) de graduação em Engenharia de Materiais e, dois anos depois, o DEMa tinha sido criado. Em 1976, o departamento já contava com grupos de pesquisa em metais, polímeros e cerâmicas, mas ninguém trabalhava ainda com vidros, lembra Zanotto, atualmente professor titular do DEMa-UFSCar. “A criação do LaMaV foi uma consequência natural do estabelecimento do curso de graduação em Engenharia de Materiais na UFSCar”, diz o professor.

Nesse fim de 1976, Edgar Zanotto era um engenheiro de materiais recém-formado (pela própria UFSCar), que acabara de concluir um trabalho de iniciação científica sob a orientação do professor visitante Osgood James Whittemore, da Universidade de Washington (EUA), pesquisador da área de materiais cerâmicos. “Minha pesquisa de IC, realizada naquele ano, focalizou a durabilidade química (lixiviação) de vidros candidatos ao encapsulamento de resíduos radioativos”, relata Zanotto. “E, pasme, este assunto ainda é “quente”! ”, completa.

Assim que foi contratado, Zanotto criou o LaMaV. Os primeiros experimentos, realizados pelo próprio Zanotto, consistiam em fundir vidros de baixo ponto de fusão, usando o forno tipo mufla e um cadinho (recipiente que pode ser usado em altas temperaturas) de platina, emprestado do laboratório de análises químicas da universidade.

Em 1977, o fundador do LaMaV iniciou o mestrado em Física no Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC) da USP, sob a orientação do professor Aldo Craievich, que era, provavelmente, o único cientista atuante na área de vidros antes de 1976. De fato, ele é o autor dos dois primeiros artigos científicos sobre vidros assinados por pesquisadores de instituições brasileiras, ambos publicados em 1975. Durante o mestrado, Zanotto produzia vidros e os tratava termicamente (para gerar cristalização) no LaMaV, fazia averiguação por microscopia no laboratório de metalurgia do DEMa, e caracterizava os vidros por DRX e SAXS no IFQSC da USP. Em um ano e meio de mestrado, Zanotto terminou seu trabalho de pesquisa e defendeu a dissertação. No mesmo ano, ele iniciou o doutorado, também na área de vidros, na Universidade de Sheffield (Reino Unido), com orientação do famoso professor Peter James. Em 1982, Zanotto voltava ao LaMaV com doutorado defendido.

“Nos 10-15 anos iniciais, o trabalho isolado, a inexperiência e as incertezas e dificuldades associadas ao financiamento inconstante das pesquisas, mais o reduzido espaço físico e pouca infra laboratorial atrapalharam as nossas atividades”, relata Zanotto. Cerca de uma década depois da criação do laboratório, foi contratado o segundo professor do grupo, Oscar Peitl Filho, ex-orientado de mestrado e doutorado de Zanotto. Alguns anos depois, Ana Candida Martins Rodrigues se tornou a terceira professora da equipe do LaMaV. Finalmente, em 2013, Marcello Andreeta foi contratado. “Hoje somos 4 professores, 1 técnico, 1 assistente administrativa e cerca de 30 alunos de pesquisa e post-docs, 7 de outros países”, diz Zanotto.

O ano de 2013 foi um marco na história do LaMaV, devido à aprovação e início de atividades do CeRTEV (Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials), um CEPID da FAPESP. Dirigido por Zanotto, o CeRTEV reúne o LaMaV (sede do centro) e outros laboratórios da UFSCar, USP e UNESP, para realizar pesquisa, desenvolvimento e atividades de educação na área de materiais vítreos, contando com financiamento da FAPESP até 2024. “Com o CeRTEV, estabelecemos um dos maiores grupos de pesquisa acadêmicos deste planeta sobre vidros, com infraestrutura de nível internacional, 14 professores e cerca de 60 alunos de pesquisa! “, comemora Zanotto.

“Apenas divagando, se eu pudesse retornar a dezembro de 1976, com a experiência acumulada nesses 40 anos, acho que faria tudo novamente, mas mais eficientemente! ”, expressa o fundador do LaMaV.

Estudantes de doutorado de 28 países participam da "Glass and glass-ceramics school" no LaMaV em agosto de 2015.
Estudantes de doutorado de 28 países participam da “Glass and glass-ceramics school” no LaMaV em agosto de 2015.

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*Veja também nossa entrevista com o professor Edgar Dutra Zanotto, realizada em abril de 2013, na ocasião do Prêmio Almirante Álvaro Alberto, aqui.

Concurso para professor do DEMa-UFSCar.

CONCURSO PÚBLICO PARA PROFESSOR ADJUNTO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS (DEMa – UFSCar).

Edital de Concurso Público para o magistério superior na UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, com uma vaga de Professor Adjunto A 40h-DE (Doutorado) para a ÁREA DE MATERIAIS CERÂMICOS.

As inscrições ESTÃO ABERTAS no período de 01/08/16 a 20/09/16.

Página do concurso (edital – código 08416.01): http://www.concursos.ufscar.br/home.php

(fase de inscrição/professor efetivo/são carlos/código 08416.01)

Oportunidade para mestrado em Engenharia de Materiais na (DEMa/UFSCar) – área de materiais cerâmicos

“PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE MATERIAIS PREPARADOS FUSÃO A LASER.”

Informações para inscrição no programa http://www.ppgcem.ufscar.br/

Inscrições ATÉ 20/05.

Contatos:

Secretaria de Pós Graduação:

Telefone: +55-16-3351-8254 – Email: ppgcem@ufscar.br

Orientador:

Prof. Dr. Marcello R. B. Andreeta
andreeta@ufscar.br

Distinção da American Ceramic Society (ACerS) para o brasileiro Edgar Zanotto: eleito “fellow” da sociedade.

O professor Edgar Dutra Zanotto. Crédito: Enzo Kuratomi/ UFSCar.

O professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Edgar Dutra Zanotto, um dos fundadores da SBPMat e pesquisador na área de Materiais há cerca de 40 anos, foi eleito fellow da American Ceramic Society (ACerS) – uma distinção outorgada anualmente a alguns poucos sócios.

O status de fellow é um reconhecimento dado a um sócio por seus pares da ACerS. De fato, os fellows da ACerS são escolhidos entre os quase 10.000 sócios da sociedade, localizados em cerca de 70 países, num processo de indicação e eleição do qual participam sócios, fellows e, na aprovação final, diretores da ACerS. Para ser eleito fellow, o sócio deve ter feito contribuições notáveis à ciência ou arte da cerâmica. No caso dos cientistas que atuam no meio acadêmico, a produção científica e tecnológica é um dos principais pontos considerados na eleição.

O professor Zanotto conta atualmente com mais de 5.500 citações e um índice H de 40, segundo o Google Scholar. Entre outras posições que ocupa, é diretor do Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials (CeRTEV) e editor do Journal of Non-Crystalline Solids.

A eleição dos novos fellows da ACerS será comemorada no banquete de prêmios e distinções do 118 º encontro anual da sociedade, no dia 24 de outubro deste ano em Salt Lake City, Utah, nos Estados Unidos.

Entrevistas com palestrantes de plenárias do XIV Encontro: Edgar Zanotto.

Prof. Edgar Dutra Zanotto.

As vitrocerâmicas, descobertas na década de 1950, são materiais produzidos pela cristalização interna catalisada de certos vidros contendo elementos nucleantes, e submetidos a temperaturas de 500 a 1.100 °C. Elas podem apresentar diversas propriedades, que as tornam materiais interessantes para diversas aplicações nos campos da medicina, odontologia e arquitetura, entre outros.

No XIV Encontro da SBPMat, as vitrocerâmicas serão abordadas em uma palestra plenária intitulada “60 years of glass-ceramics R&D: a glorious past and bright future”. O palestrante será Edgar Dutra Zanotto, professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor do Centro de Pesquisa, Educação e Inovação em Vidros (CeRTEV) um dos 17 CEPIDS da Fapesp.

Zanotto se encantou pelas vitrocerâmicas em 1977, quando acabava de se formar em Engenharia de Materiais pela UFSCar, ao ler o livro Glass Ceramics, de Peter McMillan, da Warwick University (Reino Unido). A partir desse momento, esses materiais e o processo de cristalização necessário para produzi-los passaram a ser foco de seus estudos, tanto em seu mestrado em Física (USP São Carlos), quanto em seu doutorado em Tecnologia de Vidros (Universidade de Sheffield, Reino Unido) e, até o presente, nos projetos de pesquisa e desenvolvimento que realiza junto a seu grupo no Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV), na UFSCar.

“Orquídea”. Imagem de microscopia óptica de cristalização em vidro eutético. Crédito: Vladimir Fokin e Edgar Zanotto (LaMaV-UFSCar).

Edgar Zanotto é autor de uma importante produção em ciência e tecnologia de vidros. São mais de 200 artigos científicos, com aproximadamente 3.500 citações na Web of Science e 5.000 no Google Scholar; 20 capítulos de livros; 17 pedidos de patente; 2 livros e 4 prefácios de livros internacionais. Seu índice H é 34 segundo a Web of Science e 39 segundo o Google Scholar. Zanotto já recebeu 28 prêmios ou distinções de diversas entidades, como International Commission on Glass, American Ceramic Society, Elsevier Publishing Company, The World Academy of Sciences e CNPq. É Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico. Foi chairman de seis dos mais importantes congressos internacionais da área de vidros. Proferiu mais de 110 palestras convidadas e uma dúzia de palestras plenárias em congressos. É editor do Journal of Non-Crystalline Solids.

Segue uma mini entrevista com este plenarista do XIV Encontro da SBPMat.

Boletim da SBPMat: – Quais são suas contribuições mais significativas ou de maior impacto social no tema das vitrocerâmicas? Explique-as muito brevemente e comente o que foi gerado a partir delas (papers, livros, patentes, produtos etc.).

Edgar Zanotto: – Acredito que as contribuições mais significativas do meu grupo de pesquisa refiram-se a testes e melhorias de modelos de nucleação, crescimento de cristais e cristalização total de vidros. Alem disso desenvolvemos e testamos, com sucesso, modelos que descrevem a sinterização com cristalização concorrente de vidros, e várias técnicas de medidas e teorias de processos dinâmicos (fluxo viscoso, relaxação estrutural, difusão e cristalização) em vidros. Os números de papers, patentes e livros gerados a partir dessas pesquisas estão descritos acima.

Imagem de microscopia óptica de autotrincamento de cristais em um vidro isoquímico. Crédito: Valmor Mastelaro e Edgar Zanotto (LaMaV – UFSCar).

Boletim da SBPMat: – Cite alguns produtos feitos com vitrocerâmicas que estejam no mercado e algumas possíveis aplicações que considere promissoras.

Edgar Zanotto: – Ao longo dos últimos 39 anos desenvolvemos vitrocerâmicos de escórias de siderurgia e aciaria, e de vidros reciclados – para aplicação em construção civil e arquitetura – e também materiais mais sofisticados para uso odontológico e médico. Estes serão apresentados na palestra.

Boletim da SBPMat: – Se desejar, deixe uma mensagem ou convite para sua palestra para os leitores que participarão do XIV Encontro da SBPMat.

Edgar Zanotto: – Na palestra pretendo revisar os principais modelos de nucleação e crescimento de cristais em vidros e discutir a aplicabilidade deles ao desenvolvimento de novos vitrocerâmicos. Tudo será ilustrado com figuras coloridas de inúmeros novos produtos. Espero que ela seja interessante e motivadora a estudantes e pesquisadores (teóricos e experimentais) das áreas de Engenharia e Ciência dos Materiais, Física e Química da Matéria Condensada.

Saiba mais:


Oportunidade: pós-doutorado no Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials (CeRTEV), em São Carlos.

Estamos selecionando candidatos a duas bolsas de pós-doutorado para a realização de pesquisa fundamental ou aplicada no Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials (CeRTEV) em São Carlos, Brasil. O período das bolsas é de dois anos, com início em janeiro de 2015, renovável por mais dois anos, mediante consentimento mútuo.

O CeRTEV resultou de esforço conjunto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade de São Paulo (USP) e da UNESP, visando a realização de investigação fundamental e aplicada na área de vidros funcionais e vitrocerâmicas. O centro é composto por 14 docentes / pesquisadores, incluindo especialistas em materiais vítreos e técnicas de caracterização estrutural. A investigação focalizará em novos vidros e vitrocerâmicas e estudos da estrutura / cristalização / propriedades (mecânicas, ópticas, elétricas, catalíticas ou biológicas) para aplicações tecnológicas.

Os candidatos devem ter recebido o grau de doutor em Física, Química, Ciência dos Materiais e Engenharia há menos de 5 anos, e ter um interesse genuíno na condução de pesquisa interdisciplinar em um ambiente internacional. Experiência anterior em ciência do vidro, física do estado sólido ou química é vantajosa. As bolsas mensais (não tributáveis) incluem aproximadamente R$ 6.000 mais de 15% de reserva técnica. Por favor, envie a sua candidatura incluindo CV, lista de publicações, uma proposta de pesquisa de 2-3 páginas, e os nomes e endereços de e-mail de duas pessoas capacitadas a dar referências até o dia 15 de Outubro de 2014 ao  Prof. Edgar D. Zanotto (dedz@ufscar.br).

Gente da nossa comunidade: Entrevista com Victor Carlos Pandolfelli.

Victor Carlos Pandolfelli, professor titular do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (DEMa – UFSCar), foi empossado como membro do advisory board  da World Academy of Ceramics (WAC) em cerimônia realizada no dia 11 de junho em Montecatini Termi (Itália), durante a International Conference on Modern Materials and Technologies (CIMTEC). Na ocasião também foi realizada a primeira reunião do advisory board. Eleito para o mandato 2014 – 2018, Pandolfelli é um dos dois representantes das Américas no período, junto a um pesquisador dos Estados Unidos.

Graduado em Engenharia de Materiais pelo DEMa – UFSCar (1979), Victor Carlos Pandolfelli vem pesquisando temas da área de materiais cerâmicos desde os tempos de seu mestrado, defendido em 1984 no DEMa-UFSCar. Foi também nessa área a pesquisa de seu doutorado na University of Leeds (Reino Unido), concluído em 1989, e do estágio de pós-doutorado realizado de 1996 a 1997 na École Polytechnique de Montreal, no Canadá.

Pandolfelli é membro titular da Academia Brasileira de Ciências e fellow da American Ceramic Society, além de membro da WAC. Participa ou participou do comitê editorial das revistas Interceram, Refractories Manual e Refractories World Forum (Alemanha), Materials Research, Revista Cerâmica e Journal of Materials Research and Technology (Brasil), China’s Refractories (China), Cerámica y Vidrio (Espanha), Refractory Applications, Refractories Applications Transactions e American Ceramic Society Bulletin (EUA), e Ceramics International (Itália).

É professor visitante da Wuhan University of Science and Technology (China) e coordenador latino-americano da Federation for International Refractories Research and Education (FIRE) uma organização que envolve universidades em diferentes países e empresas líderes na área de refratários. Desde 1993, coordena o Laboratório ALCOA (Aluminum Company of America) na UFSCar.

Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – nível 1 A, é coautor de mais de 400 trabalhos publicados em revistas com árbitro, um livro e oito patentes depositadas. Orientou 50 mestrados e 16 doutorados. Muitos trabalhos desenvolvidos por ele ou com sua orientação foram distinguidos em premiações promovidas por entidades como a German Ceramic Society (Alemanha), Technical Association of Refractories of Japan, American Ceramic Society, Petrobras, Confederação Nacional das Indústrias, Associação Brasileira de Alumínio, Associação Brasileira de Cerâmica, Alcoa Aluminio S.A., Magnesita S.A. e ABM, entre outras. Em suas atividades profissionais, interagiu com 380 colaboradores em coautorias de trabalhos científicos.

Segue nossa entrevista com o pesquisador.

Conte-nos um pouco sobre sua história: o que o levou a se tornar um cientista e a trabalhar na área de materiais cerâmicos?

O primeiro aspecto que gostaria de ressaltar é que a vida é feita por escolhas que muitas vezes não são bem lógicas nem planejadas. Na verdade eu fiz Engenharia de Materiais e, a princípio, pensava em trabalhar na área de metais, mas durante meu estágio curricular em uma empresa durante a graduação, tive que atender uma demanda em materiais cerâmicos. Sendo assim, me formei tanto com especialidade em metais quanto em materiais cerâmicos. Em uma época em que a indústria oferecia mais empregos e melhores salários, desconsiderei este cenário e resolvi fazer mestrado em cerâmica no recém-criado programa de Engenharia de Materiais da UFSCar. Logo depois que eu entrei no mestrado, surgiu um concurso de professor na UFSCar. Eu prestei, fui aprovado e aí a minha vida se tornou realmente dedicada a materiais cerâmicos.

O ponto de virada profissional em termos de avanços aconteceu com o doutorado e pós-doutorado no exterior, quando a rede de contatos aumentou tremendamente, assim como a visibilidade do trabalho que estava coordenando. Outro aspecto que colaborou muito é que, desde o início, eu me empenhei em fazer projetos com empresas, os quais me ensinaram a fazer uma pesquisa que eu considero “pesquisa básica inspirada no uso”. Com isso, pude conciliar muito bem os fundamentos aprendidos e desenvolvidos na universidade com as necessidades da indústria, e também criar oportunidades para que os alunos pudessem realizar estágios e a gerar empregos.

Essa “pesquisa básica inspirada no uso” é uma via de duas mãos que estão continuamente interagindo entre si para criar uma ponte sólida entre a universidade e  a indústria. Nós, pesquisadores, precisamos entender as necessidades da indústria e usar as ferramentas que temos na universidade em pesquisa e fundamentação para podermos auxiliar a empresa a resolver problemas reais. Muitas vezes, é através de um problema real que nós somos motivados a entender os fundamentos, e a partir desses,  visualizarmos novas oportunidades de aplicação e geração de tecnologia.

Esse caminho que escolhi possibilitou que hoje eu participe da Federação Internacional de Materiais Cerâmicos para Alta Temperatura, a FIRE, que é uma organização sem fins lucrativos que reúne onze universidades ao redor do mundo e dezessete empresas do setor. O objetivo da FIRE é investir na formação de alunos em nível de mestrado e doutorado, dando suporte financeiro para que eles passem de seis meses a um ano em universidades ou empresas filiadas e, dessa maneira, tenham uma vivência internacional e possam aplicar ou complementar seus conhecimentos na área.

Sendo assim, a minha vida como pesquisador de materiais cerâmicos começou mais acidentalmente, e hoje, na verdade, ela é em engenharia de sistemas complexos, visto que, atualmente, nenhum material é apenas definido por uma única área de atuação.

Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais?

Desde que me tornei professor universitário, meu projeto na área profissional sempre foi estabelecer três pilares, os quais se retroalimentam e são os fundamentos de tudo que eu faço: o ensino, a pesquisa e a parceria industrial. Esse ciclo é vital para que, através do ensino, eu tenha contato com os bons alunos, tenha oportunidade de convida-los para realizar pesquisas e que possam posteriormente servir a indústria nacional e internacional ou a academia. Só através de uma boa parceria que nós detectamos as necessidades da indústria e podemos ilustrar nosso ensino por meio da aplicação dos fundamentos, de forma que não fiquem áridos e possam ser recheados com as necessidades da indústria.

Na parte de ensino, com certeza a formação de pessoas que estão na área acadêmica e industrial desenvolvendo ótimos trabalhos seria o ponto fundamental da minha contribuição na educação. Como diz a tradição, um bom professor é avaliado pelo número de pessoas que formou e são melhores que ele. Felizmente, hoje tenho alunos que estão muito bem empregados, tanto na área de pesquisa, quanto na de ensino, quanto nas empresas – o que mostra que a contribuição gerou frutos.

Na parte de pesquisa, o aspecto principal na minha auto-avaliação foi a seleção de uma área complexa para ser desenvolvida, com grande oportunidade de aprofundar e testar os conhecimentos. Quando eu fiz meu doutorado em cerâmicas avançadas senti, ao voltar ao Brasil, muita dificuldade em tornar esse assunto uma área de pesquisa. No entanto, os conhecimentos embutidos poderiam ser facilmente transportados para outras necessidades do país. Foi ali que eu visualizei que o que eu tinha aprendido poderia ser muito útil para a indústria de aço, metalurgia, alumínio e materiais para alta temperatura. Então, eu  adaptei os conhecimentos para a realidade local em vez de tentar trazer o estudo internacional para uma aplicação direta no Brasil em cerâmicas avançadas, a qual até hoje tem um mercado incipiente. Dentro desse cenário, a minha pesquisa procurou entender as etapas do ciclo produtivo dos materiais para alta temperatura. Eu defini uma estratégia de, a cada quatro ou cinco anos, me dedicar a um dos tópicos que envolve o ciclo produtivo e de entendimento desses materiais. Isso fez que, ao longo de mais de 20 anos trabalhando na área, tivesse conhecimento de todo o ciclo, e não apenas de informações coletadas da literatura. Como resultado, estamos escrevendo um livro que será publicado até o final do ano em inglês por uma editora alemã, recheado com os resultados das pesquisas que nós realizamos envolvendo desde as matérias primas, processamento, até as propriedades e as simulações, dando uma visão muito clara e profunda da engenharia de microestruturas em materiais cerâmicos para alta temperatura.

Na área de parcerias industriais, que é o terceiro pilar, diria que não tem forma de se fazer engenharia só no laboratório. Precisamos saber como o mercado atua, precisamos aprender a colocar prazos, a expor o conhecimento ao teste industrial, entender que o material é apenas um item do todo. Isso, eu devo muito às minhas parcerias industriais que sempre me acompanharam, desde que eu terminei o doutorado. Nós temos parcerias que já duram 24 anos contínuos, como é o caso da Alcoa alumínio, na qual várias pessoas foram formadas em nível de mestrado e doutorado, sendo alguns  funcionários da empresa. Várias outras indústrias nacionais e internacionais também contribuíram para gerar este ambiente de pesquisa básica inspirada no uso. Temos fortes parcerias com a Petrobras, com a Magnesita, que é uma empresa para cerâmicas para alta temperatura, com a FIRE, etc. Dessa forma, grande parte dos recursos  e oportunidades do grupo hoje são provenientes de parcerias industriais ou de federações que trabalham nessa ponte empresa-universidade.

Quais são, na sua opinião, os principais desafios atuais para a Ciência e Engenharia de Materiais?

Eu ressaltaria dois grandes desafios. Um seria o projeto  “genoma dos materiais”. Com a necessidade de reduzir os tempos e custos de pesquisa, cada vez mais é necessário criar uma base de conhecimento que possa por meio de simulações minimizar o tempo de experimentação laboratorial e chegar o mais rápido possível ao resultado desejado.  Esse “genoma dos materiais” consistiria em detectar o seu DNA e tentar,  associando ferramentas computacionais, chegar cada vez mais rápido ao conceito de novos materiais ainda não imaginados pela tecnologia atual. Então eu visualizo que o laboratório de materiais do futuro terá menos equipamentos, equipes multidisciplinares e mais computadores de alta velocidade de processamento, os quais darão uma ideia mais objetiva do que fazer no laboratório para se chegar aos novos materiais.

Outro grande desafio é a impressão 3D, que compõe a classe conhecida como additive manufacturing, a qual tem despontado com uma força tremenda, visto que as empresas têm percebido que o custo da mão de obra nos países em desenvolvimento já está muito caro. Numa primeira instância, as indústrias em países desenvolvidos começaram a perceber que os produtos manufaturados ficariam não competitivos se fabricados em outros locais. Então, numa primeira onda, levaram a produção para países em desenvolvimento. Mas ao longo do tempo o ambiente mudou, e em países como a China e o Brasil a mão de obra está começando a ficar muito cara. Associado a isto a legislação que rege a exportação e as suas respectivas taxas só agravam este cenário. Então, países como Alemanha e Estados Unidos estão voltando a produzir em casa utilizando um processo totalmente automatizado por meio da impressão 3D, que se assemelha a uma impressora comum, só que, ao invés de imprimir X Y, imprime X Y Z e, ao invés de usar tinta, usa materiais. Esta impressão 3D está simplesmente revolucionando todo o mercado visto que hoje já é possível se ter uma impressora de materiais em casa e fazer o build yourself de joias, brinquedos, etc . Adicionalmente, já se está fazendo a parte de implantes, utilizando as próprias células-tronco como elemento para criação dos órgãos em impressão 3D.

Com essa técnica, associada ao primeiro item que citei, a simulação, teremos novos materiais, incapazes de serem produzidos pelo processamento tradicional. Essa ideia que estou colocando para você foi a que eu levei para a minha primeira reunião do advisory board da WAC. Ela foi tão bem recebida pelo comitê que se tornou o tema do fórum fechado aos membros da academia daqui a dois anos, que congregará os melhores pesquisadores e empresas do mundo que estão se dedicando a essa área.

Outro ponto interessante para complementar é que nós estamos vivenciando o momento da Engenharia de Sistemas Complexos. Não se fala mais em área de especialização. O que nós precisamos mais do que nunca é a soma do conhecimento das diversas áreas. Por exemplo, nessa área de materiais impressos tridimensionalmente, não basta apenas ter o equipamento. Nós precisamos ter programadores de computação, engenheiros mecânicos, de produção, de materiais, químicos, físicos, biólogos, gestores, todos trabalhando em sintonia, pois não estamos mais falando de conhecimentos que uma única pessoa seja capaz de deter.

Na sua avaliação, de que maneira você construiu o reconhecimento da comunidade internacional de pesquisa em cerâmica explicitado, por exemplo, na sua eleição como membro do advisory board da WAC?

Eu acrescentaria ao que já foi dito que toda conquista é um trabalho em equipe. São 34 anos de trabalho intenso em parcerias nacionais e internacionais, com indústrias e agências de fomento. Acredito que a formula padrão para se conseguir alguma coisa é: trabalho em equipe, persistência, se associar ao que há de melhor e se expor nacional e internacionalmente.

Deixe uma mensagem para nossos leitores que estão iniciando suas carreiras de cientistas.

Minha resposta terá componentes tradicionais e outros não tão convencionais. A sugestão tradicional é amplamente conhecida: energia e dedicação, trabalho e suor. A parte não tradicional é não confundir as oportunidades que se tem hoje com as facilidades da vida. A vida não é fácil. A vida profissional é cheia de desafios e as oportunidades atuais vêm tornar a competição ainda mais acirrada. Agora a competição é global. Em qualquer lugar do mundo pode se fazer o que eu estou desenvolvendo no meu laboratório. Adicionalmente, todo jovem deve ficar muito atento que as empresas e as agências de financiamento vão buscar quem possa fazer melhor, da forma mais rápida e barata trazendo maior retorno para a sociedade.

Um ponto que eu gostaria de enfatizar é que o mundo real não é o Facebook, e que as conquistas são obtidas por muitas batalhas e muitas derrotas. Não existe esse universo virtual em que estamos sempre com pessoas famosas, desfrutando de vitórias e participando de festas.

Outro aspecto é que, devido às muitas oportunidades que se tem hoje, o jovem pega uma já olhando para outra, e não faz bem nenhuma delas. Em vez de se prender a um galho, está sempre pensando em pular para outro. Tem que tomar muito cuidado. Faça ao menos uma atividade bem feita de cada vez. Se estiver fazendo o mestrado, tenha uma boa produtividade, gere uma cadeia de relacionamentos e depois mude de assunto, se for o caso. As comunidades científicas não são tão grandes como a gente pensa.  Precisamos fazer, desde o princípio, um trabalho muito bom, de muita qualidade e com muito respeito ao grupo no qual se participa. O mundo dá volta muito rápido e, num futuro não distante, essas mesmas pessoas vão lhe abrir ou fechar as portas. Na vida profissional, até certo degrau, nós podemos subir pelas próprias competências, mas depois precisamos fortemente da inserção da comunidade nacional e internacional. Aí pode ser que eu precise das pessoas que eu deixei uma má impressão.

Gente da nossa comunidade: prof. Pandolfelli (UFSCar) é “guest professor” em universidade da China.

Victor Pandolfelli junto a equipe da WUST.

O  professor Victor. C. Pandolfelli, do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi eleito guest professor da Wuhan University of Science and Technology (WUST), da China.

De acordo com Pandolfelli, a WUST é a instituição que possui o maior curso de materiais cerâmicos para alta temperatura, formando cerca de 500 alunos por ano nessa área de especialização. Esses materiais são principalmente usados na indústria siderúrgica, de alumínio, petroquímica e para produção de cimento para a construção civil. Como referência, Pandolfelli comenta que a produção de aço na China é de aproximadamente 700 milhões de toneladas por ano enquanto que no Brasil é 20 vezes inferior (35 milhões por ano).

Entre as atividades a serem desenvolvidas em conjunto após esta eleição, será estabelecido um acordo formal de cooperação entre as instituições, intercâmbio de estudantes de pós-graduação, cursos técnicos, projetos conjuntos, publicações e visitas técnicas. Um dos professores da WUST já esta desenvolvendo pesquisas no laboratório coordenado pelo professor Pandolfelli na UFSCar, onde permanecerá por um ano.

Pandolfelli é membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da World Academy of Ceramics.