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Category: Notícias
Entrevistas com os ex-presidentes da SBPMat: Fernando Lázaro Freire Junior (2006-2007 e 2008-2009).
Participante do processo de criação da SBPMat e membro da diretoria fundadora, Fernando Lázaro Freire Junior foi eleito presidente da nossa sociedade em duas eleições consecutivas, presidindo a diretoria da SBPMat de 2006 a 2007 e de 2008 a 2009. Durante todo o período, o professor Fernando Lázaro contou com o professor Osvaldo Novais de Oliveira Júnior como diretor administrativo. A diretoria financeira foi ocupada por Glória Dulce de Almeida Soares no primeiro mandato e por Sérgio de Souza Camargo Júnior no segundo. Aldo Felix Craievich e Paulo Fernando Papaleo Fichtner foram os diretores científicos nos dois mandatos, sendo que no segundo se somaram a essa diretoria Antonio Eduardo Martinelli e Margareth Spangler Andrade.
Pode ser dito que o professor Fernando Lázaro é um físico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), pois foi por essa instituição que ele obteve seu bacharelado em Física em 1978, o mestrado em 1981 e o doutorado em 1985. Já em 1979 começou a lecionar nessa universidade e, em 2012, tornou-se professor titular. Foi Diretor do Departamento de Física da PUC-Rio de 2003 a 2008. Na Europhysics Letters (publicação da European Physical Society), foi coeditor entre 2006 e 2010 e advisory editor de 2010 a 2013. Na Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), foi coordenador da Área de Física e Astronomia de 2008 a 2012 e atualmente é membro do Conselho Superior.
Desde 2011, o professor Fernando Lázaro é diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Em dezembro de 2013 foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Autor de mais de 170 artigos científicos com mais de 2.500 citações, é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1 A.
Segue uma entrevista com este ex-presidente da SBPMat sobre seus dois mandatos.
1. Relacione as principais ações realizadas durante seus mandatos como presidente da SBPMat.
Além da organização das reuniões anuais que tiveram um público sempre crescente no período, tivemos a organização da Internacional Conference on Advanced Materials (ICAM) no Rio de Janeiro, a estruturação da secretaria da SBPMat, além da colaboração com as coirmãs MRS e E-MRS, as sociedades americana e europeia de materiais, e também com a Internacional Union of Materials Research Society (IUMRS), quando a SBPMat participou do Second World Materials Summit on Advanced Materials in Energy Applications and Sustainable Society Development, em Lisboa. Do ponto de vista administrativo foi possível deixar a sociedade com recursos em caixa. Aliás, essa prática começou na gestão do prof. Longo, a de deixar a presidência sem problemas financeiros ou trabalhistas para a gestão seguinte, e isso tem sido seguido nas gestões que me sucederam.
2. Relacione as principais dificuldades enfrentadas no período na direção da SBPMat.
Inicialmente foi a falta de estrutura administrativa da sociedade que até então dependia totalmente do trabalho de seus diretores e dos pesquisadores organizadores dos encontros anuais. Eu tive mais sorte que a diretoria anterior e com os recursos disponíveis foi possível a contratação de uma secretária e estagiários para tocar a sociedade. Mais adiante contratamos uma segunda secretária e a administração passou a ser mais profissional. Outro problema foi o a organização do ICAM. Tinha sido contratada uma agência de eventos que não deu conta do recado, o que causou um desgaste muito grande por conta da dificuldade de se organizar uma reunião internacional com a participação de mais de 1.600 pesquisadores.
3. O que gostaria de ter feito, mas ficou pendente?
Aproximar mais a Sociedade de seus sócios. Isso foi tentado de modo muito precário com o mural eletrônico da SBPMat que divulgava notícias de interesse de seus associados. Hoje, o nosso Boletim é ordens de grandeza melhor. Esse é um processo que leva tempo, não podemos comparar uma sociedade como a nossa com pouco mais de 10 anos com outras que tem 40, 50 anos de existência. Ficou faltando também uma maior interação com o setor produtivo, que ainda está longe de atingir um patamar que represente a importância que a pesquisa em Materiais tem em diversos setores da nossa economia.
4. O que você destacaria dos encontros da SBPMat organizados e ocorridos durante sua gestão?
Em primeiro lugar, a crescente participação de estudantes e pesquisadores, mostrando que o Encontro Anual da SBPMat veio preencher uma lacuna no cenário brasileiro. Além disso, o caráter itinerante do Encontro. Realizamos nesses quatro anos encontros em Natal e Florianópolis, além do Rio de Janeiro e Guarujá. Como é uma reunião com significativa participação de pesquisadores de fora do país, esse aspecto é importante por levar a todas as regiões do país a possibilidade de nossos estudantes terem acesso aos eventos científicos. Outro ponto importante é o bom nível cientifico das contribuições que têm sido apresentadas e o caráter interdisciplinar dos simpósios, fazendo do Encontro Anual da SBPMat o mais importante evento no país na área de Materiais.
5. Gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores sobre o processo eleitoral da nossa SBPMat?
A participação é ainda muito pequena e acho que a participação efetiva de seus associados é fundamental para o fortalecimento da SBPMat. A atual diretoria e conselho representam uma importante renovação quando comparada com as anteriores e é bom que seja assim, que o pessoal mais novo participe da sociedade, de suas decisões e da gestão.
Gente da nossa comunidade: entrevista com Fernando Lázaro Freire Junior.

No dia 6 de maio, na Escola Naval do Rio de Janeiro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizou a cerimônia de posse de seus novos membros, eleitos em um processo de indicação e avaliação por pares realizado ao longo de 2013. Na oportunidade, 24 cientistas foram empossados como membros titulares da ABC. Entre eles, na área de Ciências Físicas, estava o professor Fernando Lázaro de Freire Junior, pesquisador da área de Materiais e ex-presidente da SBPMat.
Tendo em mente a ideia de ser pesquisador, Fernando Lázaro optou, na graduação, pelo Bacharelado em Física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), formando-se em 1978. Em 1979 começou a lecionar nessa universidade enquanto fazia, na mesma instituição, o mestrado (1979-1981) e o doutorado (1981-1985) em Física. Nesse período da pós-graduação, Fernando Lázaro fez suas primeiras intervenções científicas na área de Materiais por meio de um acelerador de íons, inicialmente utilizado por ele para trabalhos de Física Atômica. Em 1998 foi à Università degli Studi di Padova (Itália) para fazer pós-doutorado, trabalhando com superfícies e interfaces de materiais.
De 2003 a 2008 foi Diretor do Departamento de Física da PUC-Rio. De 2008 a 2012 coordenou a Área de Física e Astronomia da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Na Europhysics Letters (publicação da Sociedade Europeia de Física), foi coeditor entre 2006 e 2010 e advisory editor de 2010 a 2013. Na SBPMat, cumpriu dois mandatos consecutivos como presidente, dois como diretor científico e um como diretor financeiro.
Atualmente, Fernando Lázaro é professor titular da PUC-Rio e diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), além de membro do Conselho Superior da FAPERJ e coordenador do INCT de Engenharia de Superfícies. Autor de mais de 170 artigos científicos com mais de 2.500 citações, é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – nível 1 A. Entre seus trabalhos mais relevantes, constam vários estudos sobre materiais baseados em carbono: filmes de DLC (diamond-like carbon), nanotubos e, mais recentemente, grafeno.
Segue uma breve entrevista com o pesquisador.
Boletim da SBPMat: – Conte-nos um pouco sobre sua história: o que o levou a se tornar um cientista e a trabalhar na área de Materiais?
Fernando Lázaro Freire Jr.: – Eu sempre gostei de Física e Matemática quando estudante do ensino médio, mas não tinha ideia em 1974, quando fiz a inscrição para o vestibular, que era possível fazer pesquisa no Brasil. Por isso fiz vestibular para Engenharia Elétrica na PUC-Rio e lá tomei conhecimento de que era possível fazer pesquisa em Física no Brasil. Fiz minha transferência para o curso de bacharelado em Física, facilitado porque em 1975 a PUC-Rio já tinha um Ciclo Básico comum a todo o Centro Técnico Científico. Com isso eu não perdi tempo. Estava no segundo ano de graduação. Minha pós-graduação, também na PUC-Rio, foi em Física Atômica, utilizando um acelerador de íons como ferramenta de trabalho. Como esse acelerador é também uma excelente ferramenta para análise de materiais, foi por esse caminho que entrei na área de Materiais.
Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais?
Fernando Lázaro Freire Jr.: – A minha pesquisa sempre foi feita em colaboração com vários colegas e estudantes e acho que demos uma contribuição importante no estudo de filmes de carbono nanoestruturado (Diamond-like carbon films, DLC), como atestam as publicações com elevado número de citações e convites para palestras convidadas em vários congressos internacionais. Lógico que formar estudantes também tem sido importante, bem como a atuação na área de gestão, na PUC-Rio, CBPF e SBPMat.
Boletim da SBPMat: – Escolha algumas de suas publicações mais destacadas e, se possível, comente-as.
Fernando Lázaro Freire Jr.: – O meu trabalho mais citado é um artigo na Applied Physics Letters em 1992 em coautoria com o Carlos Achete da COPPE/UFRJ e o Dante Franceschini, hoje na UFF, sobre a incorporação de nitrogênio em filmes DLC [Franceschini, D. F. ; Achete, C. A. ; Freire Junior, F. L. Internal Stress Reduction By Nitrogen Incorporation In Hard a-C:H Thin Films. Applied Physics Letters, New York, v. 60, p. 3229-3231, 1992]. Foi publicado na hora certa e tinha um resultado relevante para as aplicações desse material que era a redução da tensão interna do filme (fator importante no descolamento dos filmes dos substratos) sem significativa mudança em sua dureza.
Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua opinião, os principais desafios da sua área de pesquisa atual para a Ciência e Engenharia de Materiais?
Fernando Lázaro Freire Jr.: – Eu tenho trabalhado com nanotubos de carbono e grafeno. Para ambos a produção de amostras de boa qualidade de modo controlado e economicamente viável ainda é um grande obstáculo para a utilização desses materiais de modo mais amplo do que o que é verificado até o momento.
Boletim da SBPMat: – Deixe uma mensagem para nossos leitores que estão iniciando suas carreiras de cientistas.
Fernando Lázaro Freire Jr.: – Uma mensagem de estímulo. As condições materiais de trabalho hoje estão muito melhores de quando eu comecei três décadas atrás, o mesmo vale para os salários na academia. Portanto as coisas melhoraram e tendem a continuar melhorando e eu acho viável fazer pesquisa de boa qualidade e de impacto internacional no Brasil.
Entrevistas com plenaristas do XIII Encontro da SBPMat: Alberto Salleo (Universidade de Stanford, EUA).

“Dispositivos Eletrônicos Orgânicos” é o tema da palestra plenária que será proferida pelo Professor Alberto Salleo no XIII Encontro Anual da SBPMat. O professor Salleo dirige um grupo de pesquisa na Universidade de Stanford (EUA), voltado para o desenvolvimento de novos materiais e técnicas de processamento para dispositivos eletrônicos / fotônicos de áreas amplas e flexíveis. Salleo se formou em Química, com láurea acadêmica, em 1994 pela Universidade La Sapienza, de Roma (Itália). Concluiu seu mestrado em 1998 e seu doutorado em 2001, em Ciência de Materiais, pela Universidade de California, Berkeley (EUA). Ele passou 4 anos no Centro de Pesquisa Palo Alto (EUA) antes de se juntar ao Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de Stantford em dezembro de 2005. Salleo é Editor Principal da MRS Communications, Editor Associado do Journal of Electronic Materials, e membro do Conselho Consultivo do Journal of Organic Electronics. Recebeu o Early Career Achievement Award da SPIE, a sociedade internacional de Óptica e Fotônica, e o 3M Untenured Faculty Award, entre outras honras. Ele é autor ou coautor de mais 140 trabalhos em periódicos com revisão por pares, bem como de 6 capítulos de livros, além de ser o coautor de um livro sobre eletrônica flexível.
Confira abaixo nossa entrevista com o palestrante.
Boletim da SBPMat: – Escolha algumas de suas publicações mais destacadas sobre eletrônica orgânica e compartilhe-as com nossos leitores.
Alberto Salleo: – Meu grupo tem se interessado, há bastante tempo, pelo papel que as imperfeições exercem no transporte nos semicondutores orgânicos. Combinamos a caracterização dos materiais para correlacionar estrutura e propriedades, realmente nos aprofundando na “Ciência de Materiais” dos semicondutores orgânicos. Em 2009, investigamos a função da estrutura das bordas de grão no transporte de cargas em semicondutores cristalinos [J. Rivnay, L. Jimison, J. Northrup, M. Toney, R. Noriega, T. Marks, A. Facchetti, A. Salleo, “Large Modulation of Carrier Transport by Grain Boundary Molecular Packing and Microstructure in Organic Semiconductor Thin Films. Implications for Organic Transistor Performance”, Nature Materials 8, 952-958 (2009)]. Depois, estendemos nosso trabalho para compreender como a microestrutura dos polímeros semicristalinos afeta a mobilidade do portador, e esboçamos algumas regras básicas para os materiais [R. Noriega, J. Rivnay, K. Vandewal, F.P.V. Koch, N. Stingelin, P. Smith, M.F. Toney, A. Salleo, “A general relationship between disorder, aggregation and charge transport in conjugated polymers“, Nature Materials, 12, 1037-1043 (2013)].
Nos últimos anos, temos nos interessado nos processos fundamentais da geração de cargas na fotovoltaica orgânica. Em colaboração com outros grupos, descobrimos o intermediário fundamental do processo de produção de cargas, que é o estado de transferência de carga termalizado. [K. Vandewal, S. Albrecht, E.T. Hoke, K.R. Graham, J. Widmer, J.D. Douglas, M. Schubert, W.R. Mateker, J.T. Bloking, G.F. Burkhard, A. Sellinger, J.M.J. Frechet, A. Amassian, M.K. Riede, M.D. McGehee, D. Neher, A. Salleo, “Efficient charge generation by relaxed charge-transfer states at organic interfaces”, Nature Materials 13, 63-68 (2014)].

Boletim da SBPMat: – Em sua opinião, quais são os principais desafios da eletrônica orgânica para a Ciência e Engenharia de Materiais? E quais serão as principais aplicações dos semicondutores orgânicos que veremos no cotidiano nas próximas décadas?
Alberto Salleo: – Como esses materiais apresentam ligações de van der Waals fracas, sua microestrutura é muito dependente dos processos. Esta é uma propriedade excelente para os estudos fundamentais, uma vez que ela nos permite produzir uma grande variedade de estruturas com relativa facilidade. Por outro lado, a maioria das aplicações exige que muitos (às vezes, milhares) de dispositivos sejam integrados, o que impõe restrições rigorosas sobre a reprodutibilidade das características elétricas. Alcançar o nível de reprodutibilidade necessário para construirmos circuitos minimamente complexos ainda é desafiador.
Quanto às aplicações, é importante pensar em um espaço que seja bem adaptado às propriedades únicas dos semicondutores orgânicos. Displays de OLED já estão no mercado, mas talvez no futuro possam ser acionados por transistores orgânicos para expandir ainda mais sua flexibilidade, além da sustentabilidade em sua fabricação. OLEDs também são promissores como fontes de iluminação com baixo consumo e custos reduzidos. Claro, há um progresso contínuo na fotovoltaica, e a possibilidade de os materiais orgânicos integrarem células tandem vem se tornando cada vez mais realista, enquanto descobertas fundamentais também podem torná-los competitivos como junções simples para aplicações às quais sua leveza e flexibilidade agreguem valor. Por fim, há diversas aplicações que não exigem grande velocidade, mas que se beneficiam das propriedades mecânicas dos orgânicos. Estou falando da bioeletrônica e dos eletrônicos vestíveis, os quais têm crescido significativamente nos últimos tempos. Dispositivos orgânicos têm sido usados para monitorar sinais cerebrais e entregar medicamentos em determinados pontos do organismo, além medir o batimento cardíaco ou a taxa de oxigênio sanguíneo.
Boletim da SBPMat: – Conte-nos um pouco a respeito da palestra plenária sobre dispositivos eletrônicos orgânicos que dará no XIII Encontro da SBPMat.
Alberto Salleo: – Meu interesse é compreender como a microestrutura e as imperfeições exercem uma função nas propriedades dos materiais. No fim das contas, essas relações são importantes para todos os dispositivos, portanto, considero que nosso trabalho é bastante fundamental, independentemente das aplicações. Meu objetivo na palestra é escolher um dispositivo (ainda tenho alguns meses para decidir qual!) e demonstrar exatamente como a estrutura do material, em todas as escalas, afeta o seu comportamento. Esse tipo de estudo estabelece um nexo entre os cientistas que produzem os materiais, aqueles que os processam, e aqueles que projetam os dispositivos.
Boletim SBPMat – edição 20 – abril 2014
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Gente da nossa comunidade: entrevista com o pesquisador Fernando Zawislak.

Fernando Claudio Zawislak nasceu em 1935 no município gaúcho de Santa Rosa, numa família de origem polonesa que morava no meio rural. Na década de 1940, os pais de Fernando o enviaram a Porto Alegre junto com um de seus irmãos para estudar como alunos internos. Em 1952, a família toda se mudou para a capital gaúcha, dando continuidade à decisão de priorizar a educação dos filhos.
Em 1958, Fernando Zawislak se formou em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). De 1960 a 1961 fez estágio no Laboratório Van de Graff da Universidade de São Paulo (USP) com os professores Oscar Sala e Ernst Hamburger. Ali teve os primeiros contatos com a pesquisa. Em seguida, retornou ao Instituto de Física da UFRGS e iniciou e coordenou um grupo de pesquisa experimental na área de Física Nuclear. Nesse campo, orientado pelo professor John D. Rogers, obteve o título de doutor, aprovado “com louvor” em 1967, transformando-se no primeiro doutor em Física formado pela UFRGS. De 1968 a 1970, fez pós-doutorado no California Institute of Technology (Caltech), nos Estados Unidos.
Em 1979 passou a trabalhar no campo da implantação iônica e uso de técnicas de feixes de íons para modificação e análise de materiais. Com este objetivo foi pesquisador visitante por um ano no Laboratório de Implantação Iônica de Orsay, da Universidade de Paris (França). Em 1981, fundou o Laboratório de Implantação Iônica na UFRGS mediante a aquisição de um acelerador de 400 kV. Em 1996 realizou a compra de um acelerador de 3 MV, o qual permitiu ampliar as atividades do laboratório para novos campos, como semicondutores, polímeros, metais e ligas metálicas, entre outros. Coordenou o Laboratório de Implantação Iônica desde a sua fundação até 2009. Hoje, o laboratório é o maior de seu tipo na América Latina, conta entre seus resultados com mais de 60 doutores formados e cerca de 1.000 artigos científicos publicados, além de trabalhos desenvolvidos em colaboração com grupos do Brasil, Alemanha, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França e Nova Zelândia. Durante a década de 1990, Zawislak participou no planejamento e na obtenção de recursos do Centro de Microscopia Eletrônica da UFRGS e da criação do de Programa de pós-graduação em Ciência dos Materiais (PGCIMAT) da UFRGS.
Aposentou-se da UFRGS em 2005. É Professor Emérito da federal gaúcha, pesquisador nível 1 A do CNPq, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e Comendador e Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Durante sua carreira formou 14 doutores e 16 mestres, publicou mais de 160 artigos científicos em revistas internacionais indexadas e foi chairman de, entre outras, duas das mais importantes conferências internacionais da área de implantação iônica, a Ion Beam Modification of Materials (Canela, RS, 2000) e a Radiation Effects in Insulators (Gramado, RS, 2003), ambas realizadas pela primeira vez em país latino-americano.
Segue uma breve entrevista com o pesquisador.
Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à Ciência e Engenharia de Materiais? Conte-nos também o que o levou a realizá-las.
Fernando Zawislak: – Eu iniciei minha carreira científica trabalhando na área de Física Nuclear Experimental. Inclusive, fiz doutorado nessa área. Em 1968 fui para Califórnia para fazer o pós-doutorado no California Institute of Technology. Lá, nesse instituto, estava se iniciando a área de Ciência de Materiais, e, mais precisamente, a área de implantação iônica e análise por feixe de íons. Os Estados Unidos tinham decidido investir fortemente na área de interdisciplinaridade, especialmente em Ciência dos Materiais. Lá no Caltech eu não trabalhei em Materiais, mas acompanhei os trabalhos. E eu disse: “Se eu tiver oportunidade, vou iniciar no Brasil essa área de implantação iônica e estudos de materiais por feixes de íons”.
A Califórnia era um dos três ou quatro lugares do mundo onde estava iniciando a área de implantação iônica e análise de materiais. E eu ia nos seminários, apesar de estar trabalhando em outra área. Então voltei ao Brasil em 1970, mas foi só em 1982 que consegui instalar o Laboratório de Implantação Iônica. Foi uma mudança radical na minha vida, mas acho que isto é importante: todo pesquisador deveria, se possível, mudar uma ou duas vezes de área durante sua carreira para ir sempre para uma área mais moderna. Eu estava trabalhando numa área mais antiga, onde estava difícil publicar, e a implantação iônica estava começando, e até agora é muito importante.
Nessa área de Ciência de Materiais, que iniciei em 1982 quando mudei de área, adquiri o primeiro implantador, e formei, nesses vinte e poucos anos, até a minha aposentadoria, muitos doutores e mestres, publiquei mais de cem trabalhos e desenvolvi estudos, basicamente na área de nanoestruturas de materiais e modificação de materiais por feixes de íons.
Na verdade, eu estava interessado na interdisciplinaridade, e a área de Ciência de Materiais é evidentemente interdisciplinar. Essa interdisciplinaridade é absolutamente necessária, como os Estados Unidos descobriram, fundando nessa época vinte centros interdisciplinares. Assim, no Brasil, quando eu voltei, comecei a lutar por essa interdisciplinaridade. Na verdade todo mundo era a favor, mas nem a universidade nem as agências de fomento apoiavam as áreas interdisciplinares. Existia um domínio das disciplinas clássicas. Cada departamento focava na sua área e, com o surgimento de novas áreas, as pessoas não queriam compartilhar, não queriam perder alunos, bolsas… Bom, mas lutamos bastante, e eu fui um dos que lutaram pela criação da pós-graduação em Ciência dos Materiais na UFRGS, junto com colegas da Física, da Química, da Engenharia. E conseguimos realizar.
Então, os frutos da minha atividade em Materiais foram, de um lado, o Laboratório de Implantação Iônica e, por outro lado, a criação da pós-graduação em Ciência dos Materiais. Também tive uma ação muito intensa tentando convencer nas reuniões científicas de que era absolutamente essencial entrar na área interdisciplinar porque todos os grandes avanços da pesquisa e da inovação são interdisciplinares.
Até hoje, o Laboratório de Implantação Iônica é o maior da América Latina e é similar em eficiência e equipamentos a muitos dos bons laboratórios do mundo todo. O laboratório tem 25 doutores, sendo que sempre tem 21 ou 22 permanentes e 3 ou 4 pós-doutores. Tem 30 alunos de pós-graduação, uma meia dúzia de técnicos, mais os alunos de iniciação científica… Temos um total de mais de 50 pessoas no laboratório. Eu dirigi o laboratório até 2010, quando fui substituído por um colega, um jovem, que é o Pedro Grande.
O curso de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais, eu acho que também está indo muito bem, mas ainda tem dificuldades. Eu cheguei a formar alunos do curso, mas agora estou aposentado.
Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua opinião, os principais desafios atuais da área de implantação iônica com relação à Ciência e Engenharia de Materiais?
Fernando Zawislak: – Eu acho que o importante da implantação iônica é que ela engloba várias áreas de pesquisa, começando pela Física, Química, várias Engenharias, Biologia, Genética, Geologia, todos são campos onde a implantação iônica e, principalmente, a análise de materiais no acelerador, são importantes. Nós conseguimos medir quantidades muito pequenas de impurezas, por exemplo. De uns cinco anos para cá nós introduzimos microfeixes, que são feixes focalizados para o tamanho de um mícron. Esse feixe tem condições de analisar microestruturas, incrustações da Geologia ou da Microeletrônica. Agora nós temos dois aceleradores no laboratório, um menor, que é o primeiro, e outro de 3 MV que foi adquirido no final de década de 1990. As técnicas, como RBS, MEIS etc. medem, inclusive, as formas e tamanhos das nanopartículas. A gente, por um lado, implanta uma impureza numa matriz e, de acordo com a energia da implantação e a temperatura, você faz nanopartículas desde 2 ou 3 nm até 100 nm. Então eu acho que o futuro e os desafios são muito grandes, e a técnica tem muita potencialidade em muitas áreas. Por exemplo, nós estamos analisando o vinho do Rio Grande do Sul. Eu acho que o laboratório está indo muito bem. Eu me aposentei, mas, graças a Deus, fui bem substituído. O laboratório está indo até melhor do que quando eu era coordenador…
Boletim da SBPMat: – Conte-nos quais são suas principais ocupações atuais e seus projetos para o futuro.
Fernando Zawislak: – Bom, no futuro eu não estou pensando muito. Eu estou aposentado faz dez anos, sou Professor Emérito. Ainda tenho bolsa do CNPq, pois continuo publicando, mas agora a minha produtividade propriamente de pesquisa está diminuindo. Eu estou usando o meu tempo para ajudar os colegas mais jovens, participando de algumas sociedades, de alguns conselhos… Em fim, atividades para uma pessoa que já está na aposentadoria. Meu último aluno se formou no ano passado, doutor, e já não estou aceitando mais alunos, mas continuo ajudando se me pedem alguma coisa.
Boletim da SBPMat: – Gostaria de deixar uma mensagem para nossos leitores que estão iniciando suas carreiras de cientistas?
Eu acho que o importante para o pesquisador é escolher a carreira numa área que ele goste. Como professor, muitos colegas me perguntam: “Que carreira deve meu filho seguir?”. Eu costumo responder: “Qualquer uma, desde que ele goste. Todas são boas”.
Eu também acho que os jovens agora não devem fazer um curso de graduação muito afunilado numa área só. Acho que devem ficar com a mente aberta para a interdisciplinaridade, colaborar com outros colegas, eventualmente cursar disciplinas em outras áreas. Para mim, isso é muito importante, porque ficar muito focalizado numa área tem um espectro muito restrito: vai acabar sendo professor na universidade. E acho que a expectativa do Brasil é que os jovens saiam da universidade e criem indústrias, inovação etc.
Penúltimo conselho: escolha um orientador atualizado em campo moderno de trabalho.
E o último é: tem que ser empreendedor. Isso é o que falta. No Brasil discute-se muito essa questão da interação da indústria com a universidade, mas não adianta, não se pode transformar um industrial “velho” que ficou rico fazendo parafusos, e convencê-lo de que tem que contratar doutores e fazer um laboratório de pesquisa. São os jovens os que têm que iniciar isso. Nos resultados das nossas universidades, alguns sucessos de inovação tecnológica foram feitos por alunos que saem do doutorado e até da graduação. Então, como se faz um jovem empreendedor? Tem que procurar fazer estágios, na indústria, se possível, e, eventualmente, ir para um país onde exista essa cultura do empreendedor, como, por exemplo, os Estados Unidos, a Alemanha, a Coreia, o Japão. Aqui no Brasil, os químicos são mais empreendedores do que os físicos, algumas áreas da Engenharia também, mas ainda falta, e isso é extremamente importante. Seria importante conscientizar o jovem de que ele pode sair da universidade e ir para um novo campo para inovar tecnologicamente.
Professor Victor Pandolfelli é eleito para o advisory board da Academia Mundial de Cerâmica.
O pesquisador da área de Materiais Victor C. Pandolfelli, professor do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (DEMa – UFSCar), foi eleito membro do advisory board da Academia Mundial de Cerâmica (World Academy of Ceramics – WAC) para o período de 2014 a 2018. Será, juntamente com um pesquisador dos Estados Unidos, o representante das Américas junto a essa entidade.
A World Academy of Ceramics foi fundada em 1987 e tem como finalidade o fortalecimento da ciência e tecnologia e reconhecimento dos pesquisadores que desenvolvem suas pesquisas nessa área de atividade. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos cujos membros passam por um rigoroso processo de seleção envolvendo a indicação por dois membros efetivos, a avaliação da candidatura por pares selecionados pela Academia e a aprovação final de pelo menos dez entre os quinze membros do advisory board. Como principais atividades do pesquisador eleito nesse comitê destacam-se: 1) revisar as regras de admissão na WAC, 2) definir os membros que participarão dos novos processos de seleção dos candidatos, 3) definir os palestrantes para apresentação técnica e premiação no fórum científico interno para os membros da Academia.
A posse de Pandolfelli e a primeira reunião do comité serão realizadas em junho próximo em Montecatini Termi, na Itália.
Professor Edgar Zanotto recebe o título de “Peão da Tecnologia” por suas ações em prol do desenvolvimento de São Carlos.

No dia 25 de abril, o pesquisador da área de Materiais Edgar Dutra Zanotto, um dos principais fundadores da nossa SBPMat, recebeu o título “Peão da Tecnologia” da Fundação Parque Tecnológico de São Carlos – ParqTec. Criado em 1993, o título é concedido a pessoas que tenham contribuído significativamente, através de inovação tecnológica, para aumentar a produção, qualidade e competitividade de produtos, processos e serviços nas empresas. A cerimônia, realizada no São Carlos Science Park – Parque Tecnológico de São Carlos, contou com a presença de pesquisadores, professores, empresários e autoridades locais e regionais. Na mesma cerimônia, o professor José Guilherme Sabe também recebeu o título.
Segundo o presidente do Conselho do ParqTec, Irineu Gualtieri, o prêmio foi outorgado aos professores devido a suas ações em prol do desenvolvimento da cidade. “Com pioneirismo e inovação, os agraciados têm contribuído de maneira significativa para a construção da Capital da Tecnologia desenvolvendo pesquisas, implantando projetos e estimulando o surgimento de novas empresas” afirmou Gualtieri. “Os homenageados possuem todas as características de um Peão da Tecnologia. São dinâmicos, estratégicos, inovadores, ativos, transparentes e humanos”, concluiu o presidente do ParqTec, Sylvio Goulart Rosa Jr.
Sobre o professor Edgar Dutra Zanotto
O professor Edgar Dutra Zanotto é engenheiro de Materiais pela UFSCar, mestre em Física pela IFSC – USP e PhD em Tecnologia de Vidros pela Universidade de Sheffield, na Inglaterra. Ele atuou como professor visitante no departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de Arizona em 1987 e no “college of Optics and Photonics” da Universidade da Florida Central em 2005, ambos nos EUA.
O pesquisador, professor titular do departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (DEMa – UFSCar) e membro do Conselho de Curadores do ParqTec, foi o vencedor do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia – edição 2012. Zanotto já foi agraciado com mais 25 prêmios, que incluem três dos mais importantes em ciência dos vidros (Zachariasen Award concedido pelo Journal of Non-Crystalline Solids, Vittorio Gottardi Prize pela International Commission on Glass e G. W. Morey Award pela American Ceramic Society).
As atividades de pesquisa do professor e seus colaboradores focam principalmente o tema “cristalização e propriedades de vidros”. O professor e seus colaboradores já publicaram mais de 200 artigos, no Brasil e no exterior, realizaram mais de vinte projetos em parceria com empresas. Zanotto possui ainda 12 patentes depositadas, duas delas premiadas pelo Ministério da Educação (MEC) e pela IBM, e no Concurso Nacional “Prêmio Governador do Estado” – Invento Brasileiro 1996.
Zanotto é pesquisador nível 1A do CNPq, membro da Sociedade de Tecnologia de Vidros do Reino Unido, da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), da Academia Mundial de Cerâmica (WAC) e da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS).
O professor Zanotto também atuou como Coordenador Adjunto da diretoria científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), entre 1995 e 2005, com participação ativa na concepção e implantação de diversos projetos de fomento à pesquisa e de divulgação científica. Atualmente ele acumula as seguintes funções administrativas e consultivas: diretor do CEPID-Fapesp (CeRTEV- Center for Research, Technology and Education in Vitreous Materials), supervisor do Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV)-DEMa/UFSCar, editor principal do Journal of Non-Crystalline Solids, secretário da divisão de vidros e materiais ópticos da ACerS (EUA), vice-chair do comitê técnico de cristalização de vidros da International Commission on Glass; membro dos conselhos do International Materials Institute (USA), da ACIESP e do IMPA; diretor da Associação Brasileira de Cerâmica e Curador do ParqTec desde 1984.
(Texto elaborado com base em informações da assessoria de imprensa do ParqTec)
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Artigo em destaque: cristais ultrapequenos com cascas de espessura controlada.
O artigo científico com participação de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é:
Anielle Christine A. Silva, Sebastião W. da Silva, Paulo C. Morais, and Noelio O. Dantas. Shell thickness modulation in ultrasmall CdSe/CdS(x)Se(1-x)/CdS core/shell quantum dots via 1-thioglycerol. ACS Nano, 2014 Feb 25; 8(2):1913-22. DOI: 10.1021/nn406478f.
Texto de divulgação:
Cristais ultrapequenos com cascas de espessura controlada.
Quando o professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Noelio Oliveira Dantas ideou uma nova metodologia para sintetizar pontos quânticos (cristais semicondutores de apenas alguns nanometros de tamanho), ele estava investigando rotas de fabricação dos minúsculos cristais visando aplicações biotecnológicas. Dessa maneira, o Laboratório de Novos Materiais Isolantes e Semicondutores que o professor Dantas coordena na UFU buscava atender demandas da Rede Nanobiotec- Brasil, programa da Capes destinado a promover a pesquisa em nanobiomateriais.

Entretanto, os resultados superaram as expectativas iniciais. Além de gerar pontos quânticos ultrapequenos, compostos, basicamente, por um núcleo de seleneto de cádmio (CdSe) e uma casca de sulfeto de cádmio (CdS), o novo método, barato e altamente reproduzível, surpreendeu pela sua capacidade de controlar a espessura da casca dos pontos quânticos, uma novidade com relação a outras rotas conhecidas.
O trabalho foi desenvolvido durante a pesquisa de doutorado direto (sem mestrado prévio) que Anielle Christine Almeida Silva desenvolve no Instituto de Física da UFU, com orientação do professor Dantas e bolsa da Capes – Rede Nanobiotec. Alguns resultados da pesquisa foram publicados neste ano pelo periódico ACS Nano, num artigo assinado pela doutoranda e o orientador, junto a dois colaboradores da Universidade de Brasília, os quais contribuíram com a caracterização dos pontos quânticos por espectroscopia Raman e participaram da discussão dos resultados.
O trabalho
“A principal contribuição científica deste artigo é a proposta de uma nova metodologia de síntese, via solução aquosa, que permitiu o controle da espessura da casca de CdS em pontos quânticos ultrapequenos de CdSe em função da concentração de 1-tioglicerol”, resume Anielle, que, neste dias, defende sua tese de doutorado. Mais detalhadamente, os pesquisadores descobriram que, enquanto menores concentrações de 1-tioglicerol limitam o crescimento do núcleo dos pontos quânticos, maiores quantidades do composto promovem o crescimento controlado da sua casca.
Os cristais ultrapequenos obtidos apresentaram medidas de menos de 2 nm no núcleo e de 0,50 a 1,25 nm na casca. Para calcular estas medidas a partir de espectros obtidos pela técnica Raman, os autores do artigo utilizaram um modelo de confinamento de fônons com modificações propostas por eles mesmos e mais um autor em outro artigo publicado em 2013 (Anielle Christine Almeida Silva; Ernesto Soares de Freitas Neto; Sebastião William da Silva; Paulo Cesar de Morais; Noelio Oliveira Dantas. Modified Phonon Confinement Model and its Application to CdSe/CdS Core-Shell Magic-Sized Quantum Dots Synthesized in Aqueous Solution by a New Route. Journal of Physical Chemistry. C, v. 117, p. 1904-1914, 2013.).
Quanto às aplicações biotecnológicas inicialmente visadas, os autores explicam que estes pontos quânticos obtidos pela nova rota são promissores devido a sua capacidade de se dispersar facilmente em meios aquosos. De acordo com os cientistas, a estrutura dos cristais ultrapequenos obtidos, semelhante à de um sanduíche com duas fatias de pão e um fino recheio, pode contribuir à maior eficiência quântica e estabilidade dos pontos quânticos em meios biológicos. Para mais informações sobre estas aplicações, os cientistas indicam outro artigo: Anielle Christine Almeida Silva; Samantha Luara Vieira de Deus; Marcelo José Barbosa Silva; Noelio Oliveira Dantas. Highly Stable Luminescence of CdSe Magic-Sized Quantum Dots in HeLa Cells. Sensors and Actuators. B, Chemical, v. 191, p. 108-114, 2014.
XIII Encontro SBPMat: submeta seu trabalho e participe do Prêmio Bernhard Gross.
Está aberta, até o dia 23 de maio, a submissão de resumos para o XIII Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat). O evento será realizado de 28 de setembro a 2 de outubro em João Pessoa, no Centro de Convenções da cidade, recém-inaugurado.
São aceitos trabalhos de pesquisadores e estudantes do Brasil e do exterior em qualquer uma das áreas dos 19 simpósios do evento, os quais cobrem os mais variados temas da pesquisa em Materiais e suas aplicações. Os simpósios foram selecionados pelo comitê organizador do evento a partir das propostas recebidas numa chamada lançada em outubro do ano passado e direcionada a toda a comunidade científica.
Os melhores trabalhos de cada simpósio (no máximo, um pôster e um oral) apresentados por estudantes de graduação ou pós-graduação serão destacados no final do evento com o Prêmio Bernhard Gross. Os trabalhos premiados poderão fazer parte de um volume especial, dedicado aos melhores trabalhos do XIII Encontro da SBPMat, do periódico de acesso aberto “IOP Conference Series: Materials Science and Engineering”.
Sobre os Encontros da SBPMat
O encontro anual da SBPMat é um tradicional fórum internacional dedicado aos recentes avanços e perspectivas em ciência e tecnologia de Materiais. Nas últimas edições, o evento tem reunido cerca de 1.500 participantes das cinco regiões do Brasil e de dezenas de outros países para apresentação e discussão de trabalhos de pesquisa científica e tecnológica na área de Materiais. O evento conta também com palestras plenárias de pesquisadores mundialmente destacados e com expositores do interesse da comunidade de Materiais.
Instruções para envio dos resumos e para participação no Prêmio Bernhard Gross: http://sbpmat.org.br/13encontro/authors/?lang=pt