6th International Conference on Electroceramics – ICE2013.

6th International Conference on Electroceramics – ICE2013
João Pessoa, PB, Brazil, 9-13 November 2013
Chairs: R. Muccillo (IPEN), J. A. Varela (UNESP), J. A. Eiras (UFSCar)

The Brazilian MRS – SBPMat will organize the 6th International Conference on Electroceramics – ICE2013 to be held in João Pessoa, Brazil, 9-13 November 2013.

This conference is a forum for the exchange of ideas, advancement of the science, and discussions of the state-of-the-art in Electroceramics R&D, including Ferroelectrics, Piezoelectrics and Pyroelectrics, Thermoelectrics, Conductors (Ionic, Electronic and Mixed), Magnetic and Superconducting ceramics, Photonic and Electro-optical ceramics, Materials for Lithium Batteries and other Energy Storage Technologies, Applications to Solid Oxide Fuel Cells, Membrane Technology, Sensor and Actuator Devices, Solar Photovoltaic and Photoelectrochemical Cells, Interfacial Engineering and Superlattices, Magneto-electric coupling and Multiferroics, Modeling and Simulation.

Further information may be found in www.ice2013.net.

Prêmios para trabalhos em cerâmicas refratárias.

Pesquisas sobre cerâmicas refratárias realizadas no âmbito do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da UFSCar, no grupo coordenado pelo professor Victor C. Pandolfelli, foram contempladas com cinco prêmios durante 2012.

A mais recente das distinções foi outorgada em novembro de 2012 pela Associação Latino-americana de Fabricantes de Refratários (ALAFAR), no XXXVI ALAFAR Congress. Na ocasião, o artigo “High-performance nano-bonded refractories for a wide-temperature range” recebeu o prêmio de melhor trabalho na área de cerâmicas de altas temperaturas. São autores desse trabalho Mariana Braulio (doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSCar), Jorge B. Gallo (gerente da área de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Alcoa Alumínio S. A.), Jorivaldo Medeiros (pesquisador do CENPES-Petrobras) e Victor C. Pandolfelli.

“Embora os estudos envolvendo nanopartículas sejam hoje assuntos correntes, é raro o uso e domínio da técnica em larga escala e em produtos com preços compatíveis aos disponíveis no mercado”, explica o professor Pandolfelli. “Este estudo e desenvolvimento alia, portanto, o uso dos fundamentos científicos que possibilitam o uso de nanopartículas em materiais cerâmicos para alta temperatura (entre 800 e 1400°C) e o superior desempenho do produto obtido para uso na unidade de craqueamento catalítico de indústrias petroquímicas e calcinadores para a indústria de alumínio”, completa.

Outro trabalho premiado do grupo foi o artigo “Novel technological route to overcome the challenging magnesia hydration of cement-free alumina castables”, de autoria de Tiago M. Souza, que também é doutor em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSCar, Mariana A. L. Braulio e Victor C. Pandolfelli. O trabalho recebeu, em setembro deste ano, o Gustav Eirich Award 2012 – uma distinção outorgada pela empresa alemã Gustav Eirich Maschinenfabrik e o Centro Europeu de Refratários (ECRef) a trabalhos de pesquisa na área de materiais refratários. A avaliação dos trabalhos é realizada por um júri formado por profissionais europeus de indústrias, universidades e centros de pesquisas.

O artigos vencedores estão em processo de publicação em revistas internacionais.

Presidente e ex-presidentes da SBPMat são eleitos Membros Titulares da Academia Brasileira de Ciências.

A Assembleia Geral da Academia Brasileira de Ciências (ABC) elegeu 36 cientistas de excelência para integrar seus quadros como Membros Titulares e Membros Correspondentes. A cerimônia de posse ocorrerá no dia 7 de maio de 2013.

Entre os membros titulares eleitos, há três presidentes da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat): Roberto Mendonça Faria (USP), que é o presidente atual; José Arana Varela (Unesp), presidente de 2010 a 2011, e Elson Longo da Silva (Unesp), que presidiu a sociedade de 2004 a 2005. Os dois primeiros foram eleitos na área de Ciências Físicas e o terceiro, em Ciências Químicas.

Os novos membros da ABC foram eleitos em um processo de indicação e avaliação por pares que envolveu os membros titulares da academia.

Veja aqui notícia no site a ABC com a lista completa dos membros eleitos neste ano.

A partir da esquerda: Roberto Mendonça Faria, José Arana Varela e Elson Longo da Silva.

 

USP oferece novo programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais.

Estarão abertas, no período de 2 a 25 de janeiro de 2013, as inscrições para o curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Materiais na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), campus de Pirassununga.

Os cursos compreendem as linhas de pesquisa de “Tecnologia de Polímeros Naturais” e “Materiais Cerâmicos e Compósitos”.

Aos alunos classificados no exame de seleção, o programa oferece bolsas de estudos distribuídas de acordo com as cotas disponíveis.

Período de Seleção: 4 a 6 de fevereiro de 2013.

Início das aulas: 25 de fevereiro de 2013.

Inscrições na página: http://www.usp.br/fzea/selecao2013.php

Boletim SBPMat – edição 3 – novembro de 2012

 

Edição nº 3 – Novembro de 2012

Saudações, .

Novidades da SBPMat

Mais material das plenárias do XI Encontro.

Disponibilizamos o resumo e o arquivo da palestra de Orlando Auciello sobre ciência, tecnologia e engenharia de filmes de diamante ultrananocristalino (UNCD) e comercialização de produtos baseados nesses filmes. Aqui.

História da pesquisa em Materiais

Comemoramos um aniversário da Engenharia de Materiais brasileira com a reportagem sobre a criação, 40 anos atrás, do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar. Conheça os agentes, as colaborações e resistências e o contexto nacional e internacional desse episódio da nossa história.  Aqui.

Dicas de leitura

Novidades do Brasil

  • Prêmio Capes de Tese 2012 na área de Materiais para Cesar Aguzzoli, pela tese “Avaliação das propriedades físico-químicas, mecânicas e tribológicas de filmes finos de VC, Si3N4 e TiN/Ti”, orientada por Israel Baumvol no contexto do doutorado interinstitucional UFRGS-UCS. (Site da UCS) Aqui.
  • Materiais para energia solar: pesquisador brasileiro recebe prêmio Green Talents do governo alemão. (Site oficial do prêmio) Aqui.
  • INCT inicia projeto com a Vale sobre desempenho tribológico e reciclagem de materiais usados nas minas. (Site do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies) Aqui.
  • Empresa brasileira desenvolve técnica por sputtering para revestimento de ouro e a usa para colorir jóias. (Agência Fapesp) Aqui.
  • USP recebe doação de livros suecos do século XIX sobre tecnologia siderúrgica. As obras voltam ao território brasileiro 200 anos depois da primeira chegada, que ocorreu no contexto da construção de siderúrgicas por parte de João VI. (Site do IPT) Aqui.

Novidades do exterior

  • Material nanoestruturado com aplicações em proteção de impactos é fabricado e testado. Pesquisadores conseguem compreender como a microestrutura dissipa a energia de impacto.(MIT news) Aqui.
  • Rumo a polímeros mais fortes: método de equipe do MIT quantifica imperfeições tipo laço (loop) em redes poliméricas. (MIT news) Aqui.
  • A primeira célula solar totalmente feita de carbono foi desenvolvida. (Stanford news) Aqui.
  • Novo método para gerar feixes de elétrons em rotação (vórtices) abre possibilidades para a microscopia eletrônica (notícia, imagens e vídeo). (Vienna University of Technology) Aqui.
  • Método mais limpo e barato de produção de baterias de íon-lítio. (Aalto University) Aqui.
  • Usando ferrugem e água para armazenar energia solar como hidrogênio (notícia e vídeo). (École Polytechnique Fédérale de Lausanne) Aqui.
  • Grafeno: estudo com microscopia eletrônica consegue mostrar átomos individuais de impurezas e revelar suas ligações. (Oak Ridge National Laboratory) Aqui.
  • Método mais eficiente para produção de nanofibras (notícia e vídeo). (MIT news) Aqui.

Outras dicas de leitura

  • O cientista Patrick Soukiassian defende por que o grafeno pode ser “o material do século XXI”. (MRS Bulletin) Aqui.
  • A pesquisadora Mildred Dresselhaus revisa a história da nanociência do carbono e compartilha reflexões sobre a descoberta de novos materiais e suas aplicações. (MRS Bulletin) Aqui.

Artigos científicos em destaque

Pesquisadores brasileiros participam de artigo publicado na Science sobre músculos artificiais de nanotubos de carbono revestidos com parafina.

  • Texto de divulgação em português no site da Agência Fapesp. Aqui.
  • Texto de divulgação em português, acompanhado por vídeos explicativos, em blog de ciência do Estadão. Aqui.

Oportunidades para a comunidade de Materiais

  • Vaga para professor assistente no Departamento de Engenharia de Materiais da PUC-Rio. Aqui.
  • Sete vagas para professor adjunto no Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Aqui.
  • Três vagas para professor adjunto do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Aqui.
  • Seis vagas para professor adjunto do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Aqui.
  • Vaga para pós-doutorado em materiais poliméricos para OLEDs/Células Solares Orgânicas (POLI/USP). Aqui.
  • Vaga para pós-doutorado em colaboração com a Universidade de Aveiro, Portugal, na área de síntese e comportamento elétrico de membranas cerâmicas condutoras de íon oxigênio (IPEN). Aqui.

Proximos eventos da área

  • I Workshop Brasil-Canadá de Nanotecnologia. Aqui.
  • Seminário: Ion Implant – Beamline to Plasma Immersion, Surface Treatment to FinFETS. Aqui.
  • Treinamento online de aquisição de dados (DAQ) com LabVIEW. Aqui.
  • 2nd French-Brazilian Meeting on Nanoscience, Nanotechnology and Nanobiotechnology. Aqui.
  • Materials Today Virtual Conference: Nanotechnology. Aqui.
  • 22 International Congress on X-ray Optics and Microanalysis. Aqui.
  • Euromat 2013 – European Congress and Exhibition on Advanced Materials and Processes. Aqui.
  • 8th International Conference on High Temperature Ceramic Matrix Composites (HTCMC-8). Aqui.
  • International Polysaccharide Conference (EPNOE 2013). Aqui.
  • 6º Congresso Internacional de Electrocerâmica. Aqui.

Veja a agenda de eventos.

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Para divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.

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Um aniversário da Engenharia de Materiais no Brasil: 40 anos do DEMa da UFSCar.

Em 1970, na recém-fundada Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), era criado o primeiro curso de graduação em Engenharia dos Materiais da América Latina.

O principal mentor e propositor desse curso foi o físico e químico Sergio Mascarenhas de Oliveira, então professor do Departamento de Física e Ciência de Materiais (DFCM) da Universidade de São Paulo (USP), que estava participando da criação da UFSCar. “Nesse momento eu vi que o Brasil, para se desenvolver tecnologicamente na indústria, saúde, agronegócio etc. precisava aproveitar melhor os materiais”, diz Mascarenhas a respeito do surgimento da ideia.

Na época, já havia alguns grupos de pesquisa no Brasil que estavam trabalhando em materiais poliméricos, cristais fotônicos e dielétricos (tema introduzido por Joaquim da Costa Ribeiro), entre outros tópicos. Havia também um curso de pós-graduação em Ciência de Materiais no Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro. “Havia pesquisa em Ciência de Materiais, mas o que interessava era a Engenharia de Materiais, pois era ela quem iria agregar as noções tecnológicas que geram riqueza para o país, por meio da criação de empregos e da exportação. A Ciência de Materiais tinha que se transformar em Engenharia de Materiais para gerar produtos, processos e serviços”, completa Mascarenhas.

Apoios e resistências

Entre outros colaboradores, ajudaram a elaborar o projeto do curso os físicos estadunidenses David Welch, da Universidade de Princeton, e Richard Williams, que foi um dos pioneiros no desenvolvimento de telas LCD no laboratório da empresa de eletrônica RCA (Radio Corporation of America). Mascarenhas destaca também o papel dos deputados Ernesto Pereira Lopes e Lauro Cruz, que, no contexto do regime militar, apoiaram a implantação legal da UFSCar e do curso de Engenharia de Materiais. “Os deputados também apoiaram a minha indicação dos professores Warwick Kerr e Ernesto Hamburger como membros do conselho universitário da UFSCar apesar de terem sido presos no regime militar, sem o que eu me consideraria impedido de continuar na Presidência do conselho como Reitor pro tempore para a implantação da universidade”, completa Mascarenhas.

De acordo com ele, a implantação da graduação em Engenharia de Materiais encontrou bastante oposição no Brasil, principalmente entre acadêmicos da Engenharia Metalúrgica e da Química, que não compartilhavam a ideia da necessidade do curso. Um documento da coordenação da graduação em Engenharia de Materiais relata que a criação do curso e a realização do primeiro vestibular da UFSCar foram motivos de reações e de denúncias junto ao Conselho Federal de Educação, com instauração de inquérito, por considerar-se que “era precipitado criar no Brasil um curso de engenharia na área de Materiais e que deveria ser mais um dos vários cursos de Engenharia Metalúrgica existentes”. O documento também mostra as polêmicas e resistências surgidas em torno da estruturação do currículo do curso.

Mas o vestibular para “Engenharia de Ciência de Materiais”, como foi inicialmente chamado o curso, foi realizado e, em 1974, trinta e quatro estudantes se formavam nessa carreira. Oswaldo Baptista Duarte Filho, reitor da UFSCar de 2000 a 2008 e atual prefeito de São Carlos, foi um dos alunos da primeira turma do curso, que estava formada, principalmente, por jovens da região. “Eu queria estudar engenharia, e tinha que ser em uma instituição pública porque meus pais não tinham recursos para pagar uma escola particular”, relata. “O curso da UFSCar foi uma das poucas oportunidades de aumento, na época, de vagas públicas no país”, completa o ex-aluno, que diz que, quando prestou vestibular, enxergava a Engenharia de Materiais como uma coisa de futuro, uma oportunidade de contribuir com o desenvolvimento de novos materiais.

Na inserção da Engenharia de Materiais na realidade socioeconômica do país, Mascarenhas destaca o papel do professor Vanderlei Sverzut, que organizou o programa de estágios para os graduandos do curso. “Sverzut foi muito importante no processo de integração universidade – empresas, que permitiu garantir a empregabilidade e o prestígio dessa engenharia, nova no Brasil”, diz Mascarenhas. José Octávio Armani Paschoal, outro aluno da primeira turma, que hoje preside o Instituto Inova, destaca o pioneirismo do DEMa – UFSCar em incluir,  desde o início, na grade curricular do curso de graduação, a realização de estágios em empresas durante um semestre em tempo integral. Ele comenta que os estágios abriram inúmeras oportunidades de emprego aos jovens estudantes de Engenharia de Materiais e contribuíram para difundir ainda mais o curso junto às empresas. “Uma vez contratados, estes ex-alunos continuaram seus contatos com o DEMa e, em muitos casos, demandaram da UFSCar serviços especializados”, diz Paschoal. Ele acrescenta que a experiência dos estágios empresariais também influenciou o melhor direcionamento, com relação à inserção na indústria, dos temas de pesquisa de formados de Engenharia de Materiais que fizeram mestrados e doutorados no Brasil ou no exterior, e,  em alguns casos, chegou a  motivar a definição do tema em comum acordo com os representantes das empresas.

A criação do departamento

De acordo com as lembranças de Duarte Filho, os laboratórios começaram a chegar a partir do segundo ano do curso e os docentes da primeira turma eram professores-pesquisadores brasileiros da USP e Unicamp formados na área de Materiais em doutorados no exterior, e também professores estrangeiros de várias origens. “Lembro-me de docentes ingleses, indianos, chilenos e americanos”, diz Duarte Filho.

O ex-aluno Paschoal lembra da grande dificuldade, logo percebida pelos estudantes, de se instalar não apenas o novo curso de Engenharia de Materiais, mas também a universidade como um todo. “Foram necessários muitos anos de dedicação e exaustivos trabalhos, de toda comunidade acadêmica, para transformar uma linda fazenda numa das melhores universidades do país”, completa Paschoal.

Nesses primeiros anos, especialistas estrangeiros fizeram contribuições importantes a uma segunda fase de institucionalização da Engenharia de Materiais: a criação do departamento, que foi fundado em 1972 e nomeado como Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa). Ricardo Medrano e Egon Antonio Torres Berg foram os primeiros chefe e vice-chefe de departamento, respectivamente.

Na mesma época, em instituições de ensino superior da Europa e dos Estados Unidos, muitos nomes de departamentos de universidades estavam mudando de “Metalurgia” ou “Cerâmica” para “Ciência e Engenharia de Materiais”, incorporando a noção de que os materiais deveriam ser estudados pelos seus comportamentos e características, mais do que por suas classes (metais, cerâmicos).

Esse processo mundial de incorporação do conceito de Ciência e/ou Engenharia de Materiais ocorreu, de maneira pioneira, na Northwestern University, de Evanston (Illinois) nos Estados Unidos, que, em 1959, mudou o nome de seu departamento de “Metalurgia” para “Ciência dos Materiais”. Posteriormente, outras instituições consolidadas seguiram o mesmo caminho, como, em 1974, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Na UFSCar, os cientistas estrangeiros também assessoraram a equipe local na elaboração de projetos para obter financiamento, na criação de linhas de pesquisa, na formação doutoral e pós-doutoral de docentes do departamento no exterior a partir de 1973 e, finalmente, no estabelecimento de um programa de pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, que ocorreu em 1979, impulsionado pela inexistência no país de especialistas nessa nova área.

Um artigo do professor José Roberto Gonçalves da Silva, que participou desde os primeiros tempos da implantação da Engenharia de Materiais na UFSCar e foi chefe do departamento de 1978 a 1981, cita alguns desses cientistas que assessoraram a UFSCar em seus primórdios: Rubens Ramalho, da Universidade Laval do Canadá; Jorge Sábato, da Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina; Marshal Frederick Merrian, da Universidade da Califórnia dos EUA, e Franz Richard Brotzen, da Universidade Rice dos EUA.

    

Inauguração do prédio principal do DEMa, ocorrida em 06/11/1986, com a presença do Ministro de Ciência e Tecnologia Renato Archer. Antes disso, as atividades do departamento eram realizadas na área sul do campus, onde hoje funcionam alguns departamentos do Centro de Educação e Ciências Humanas. Fotografias cedidas pelo DEMa-UFSCar para esta matéria.

Disseminação da Engenharia de Materiais no Brasil

Na década de 1970, apenas mais um curso de graduação em Engenharia de Materiais foi implantado, na atual Universidade Federal de Campina Grande. Na década de 1980, surgiram mais dois cursos de graduação, no IME (1982) e na Universidade Estadual de Ponta Grossa (1989). Atualmente, há mais de 40 cursos de graduação em Engenharia de Materiais. Só a UFSCar já formou mais de 1.700 engenheiros de Materiais. A pós-graduação do DEMa, por sua vez, já formou cerca de mil mestres e doutores.

Hoje, Sergio Mascarenhas de Oliveira considera que a área de Materiais no Brasil já atingiu maturidade. “Temos ciência, engenharia e educação para formar lideranças. E o governo enxerga a área como estratégica”, diz.

Sobre o impacto da Engenharia de Materiais na economia regional, o prefeito de São Carlos comenta que a cidade detém o título oficial de capital nacional da tecnologia. “Isso se deve, principalmente, à presença da USP e UFSCar”, diz Duarte Filho. “Na engenharia, a área de Materiais teve grande influência, pois muitas pessoas formadas aqui acabaram sendo empreendedoras ou profissionais de empresas de tecnologia em materiais”. São Carlos possui a maior densidade de doutores do Brasil e uma proporção de patentes por habitantes cinco vezes maior do que a média nacional.

Paschoal afirma que a área de Materiais, com o apoio e liderança do DEMa – UFSCar, foi uma grande geradora de empresas de base tecnológica. “A área também vem contribuindo permanentemente para o fortalecimento de empresas, seja com foco em setores estratégicos, como aeronáutica, saúde, óptica e fotônica, como também em setores mais tradicionais, com permanente necessidade de inovação, como o automobilístico, siderúrgico, metal-mecânico, de cerâmica e polímeros, e o agronegócio, entre outros”, menciona o presidente do Instituto Inova. De acordo com ele, atualmente, existem cerca de 250 empresas de base tecnológica em São Carlos, que surgiram a partir dos laboratórios das universidades, muitas com influência do DEMa.

 

Para saber mais.

  • UFSCar. CCET. Coordenação do curso de graduação em Engenharia de Materiais. Projeto Pedagógico. Curso de graduação em engenharia de Materiais. São Carlos, setembro de 2004. Disponível aqui.
  • José Roberto Gonçalves da Silva. Influências sobre o curso de Engenharia de Materiais da UFSCar. Jornal da Ciência (SBPC), 9 de maio de 2007. Disponível aqui.

 

Se você participou deste ou outro episódio importante da história da pesquisa em Materiais no Brasil e deseja colaborar com nossas reportagens, entre em contato (comunicacao@sbpmat.org.br) ou deixe seu comentário na caixa abaixo.

Chamada de propostas de simpósios prorrogada até 23 de novembro.

Está aberta até o dia 23 de novembro a chamada de propostas de simpósios para o XII Encontro da SBPMat. O evento será realizado em Campos do Jordão, no Convention Center, de 29 de setembro a 3 de outubro de 2013.

As propostas de simpósios para o evento de 2013 podem ser apresentadas por qualquer pessoa com título de doutor ligada a uma instituição de ensino e/ou pesquisa do Brasil ou do exterior. Todos os temas da área de Ciência e Engenharia de Materiais podem ser objeto de uma proposta de simpósio. Cada simpósio deverá formar um comitê científico para avaliar os trabalhos submetidos.

Interessados em propor simpósios devem preencher o formulário disponível no site da SBPMat e enviá-lo, por correio eletrônico, para o e-mail secretaria@sbpmat.org.br até o dia 23 de novembro de 2012. As propostas apresentadas serão avaliadas pela Comissão de Eventos da SBPMat, juntamente com os organizadores do XII Encontro, e submetidas à diretoria da Sociedade.

Os simpósios temáticos são, tradicionalmente, um eixo importante da programação dos eventos anuais da SBPMat. O encontro realizado em setembro deste ano contou com 16 simpósios, que tiveram 1.817 trabalhos aceitos para apresentações orais e pôsteres.

Formulário de proposta de simpósio para download: http://www.sbpmat.org.br/12encontro/formulario_proposta_simp_sbpmat2013.docx

Boletim SBPMat – edição 2 – outubro de 2012

 

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Edição nº 2 – Outubro de 2012

Saudações, .

Notícias da SBPMat

XII Encontro da SBPMat.

Anunciamos local e data do evento e lançamos a chamada de propostas de simpósios para 2013.

Saiba mais.

Ilusta2

XI Encontro da SBPMat: presentes as cinco regiões do Brasil e mais 26 países.

Mais de 1.700 pessoas da comunidade de pesquisa em Materiais se reuniram a poucos metros da praia do Costão do Santinho de 23 a 27 de setembro para participar de uma intensa programação técnica. Houve 1.818 trabalhos aceitos.

Saiba mais.

Ilusta2

Plenárias do XI encontro: resumos, fotos e os arquivos cedidos pelos autores.

Compartilhamos com nossos leitores os arquivos das plenárias recebidos até o momento, acompanhados dos resumos das palestras. Saiba mais.

História da pesquisa em Materiais.

Preparamos uma reportagem sobre Joaquim da Costa Ribeiro, pioneiro da área de Materiais no Brasil, e o efeito termodielétrico. Um capítulo interessante da nossa história. Saiba mais.

Dicas de leitura

Novidades do Brasil. Noticias.

  • Novo equipamento para pesquisa em materiais no LNLS: estação experimental XTMS (Site da SBPMat)Saiba mais.
  • A empresa brasileira Flexsolar (Joinville) e o Instituto Fraunhofer iniciam projeto conjunto para desenvolver células solares orgânicas flexíveis no Brasil.  (Fraunhofer IAP)Saiba mais.
  • Novos tipos de lâmpadas e células fotovoltaicas orgânicas são desenvolvidos por centro de pesquisa mineiro. (Revista Pesquisa). Saiba mais.
  • Nova técnica para produzir nanofios de silício sob stress (usados em microprocessadores) de melhor desempenho. (Agência Fapesp). Saiba mais.
  • Brasileiros descobrem nova família de materiais capazes de conduzir eletricidade sem perda de energia. (Agência Fapesp). Saiba mais.

Vídeos

  • Curso de microscopia eletrônica de transmissão no YouTube (LNNano). Veja.
  • Entrevista sobre recobrimento de nanopartículas para multifuncionalidade: fotoluminescência, sensor e fotodegradação (INCTMN). Veja.

Livros

  • Lançamento de livro eletrônico com 17 artigos de divulgação sobre engenharia de superfícies (INCT de Engenharia de Superfícies). Veja.

Novidades do exterior

  • Nobel de Física 2012: material publicado sobre as pesquisas que ganharam o prêmio (SBPMat). Saiba mais.
  • Divulgação/ popularização de artigo sobre cristais fotônicos (recomendada pela Nature Materials). Saiba mais.
  • Berkeley Lab aplica a técnica HARPES para entender o ferromagnetismo em semicondutores magnéticos diluídos (Lawrence Berkeley National Laboratory). Saiba mais.
  • Novo método, simples e barato, de produção de grafeno, um dos materiais do futuro (LQES news). Saiba mais.
  • Método para evitar fissuras em filmes de nanopartículas de silício (University of Pennsylvania). Saiba mais.

Veja mais dicas de leitura.

Artigos científicos em destaque

  • Pesquisador da Unesp publica letter na Nature Materials sobre comportamento multiferróico em condutores moleculares. Saiba mais.

Oportunidades para a comunidade de Materiais

  • Chamada da Fapesp para projetos na área de Materiais em colaboração com instituições dos EUA. Saiba mais.
  • Inscrições abertas para bolsas de verão do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Saiba mais.

Próximos eventos da área

  • Conferência Luso-Brasileira de Adesão e Adesivos (CLBA 2012) – primeira edição. Saiba mais.
  • IV Encontro do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRGS. Saiba mais.
  • IV International Workshop on Layered Materials. Saiba mais.
  • XXXVIII Congress of Theoretical Chemists of Latin Expression (Quitel 2012). Saiba mais.
  • 2nd French-Brazilian Meeting on Nanoscience, Nanotechnology and Nanobiotechnology. Saiba mais.
  • Euromat 2013 – European Congress and Exhibition on Advanced Materials and Processes. Saiba mais.
  • 8th International Conference on High Temperature Ceramic Matrix Composites (HTCMC-8). Saiba mais.
  • International Polysaccharide Conference (EPNOE 2013). Saiba mais.

Veja a agenda de eventos.

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História da pesquisa em Materiais: Joaquim da Costa Ribeiro e o efeito termodielétrico.

Sergio Mascarenhas na “Memorial Lecture”, no XI Encontro da SBPMat.

Desde o ano passado, a SBPMat outorga, anualmente, uma distinção a um pesquisador de carreira destacada na área de Materiais, quem profere uma palestra durante o encontro anual da sociedade. O nome desse ato é “Memorial Lecture Joaquim Costa Ribeiro”, em homenagem a esse pioneiro da pesquisa experimental em Materiais no Brasil.

Neste ano, a distinção foi outorgada na noite da abertura do XI Encontro da SBPMat ao professor Sergio Mascarenhas, apresentado pelo presidente da SBPMat, professor Roberto Faria, como “uma pessoa que inspirou muitas gerações de jovens pesquisadores, principalmente na área de Materiais”.

Na sua palestra, sobre passado e futuro da pesquisa em Materiais no Brasil, Mascarenhas mostrou e comentou uma série de fotografias dos primórdios da pesquisa científica brasileira. Entre muitas imagens de físicos, brasileiros e estrangeiros, apareceu um engenheiro carioca, lembrado inicialmente pelo palestrante como seu primeiro professor de Física do Estado Sólido, “que era considerada pelos físicos uma disciplina para engenheiros”. Tratava-se, justamente, de Joaquim da Costa Ribeiro.

Formatura de Costa Ribeiro, 1928. Engenheiro Mecânico Eletricista. Fonte: Acervo Costa Ribeiro/ Arquivos Históricos em História da Ciência/CLE-Unicamp.

O efeito termodielétrico ou efeito Costa Ribeiro

Diplomado engenheiro civil e engenheiro mecânico-eletricista em 1928 pela Escola Nacional de Engenharia, Costa Ribeiro se tornou docente da recém-fundada Universidade do Brasil (atual UFRJ) e passou a formar parte do ambiente do Instituto Nacional de Tecnologia, que tinha um pouco mais de infraestrutura laboratorial que a universidade. Dessa maneira, Costa Ribeiro participou de duas das pouquíssimas instituições voltadas ao ensino e pesquisa de ciências que existiam no país na época.

Desde 1943, Costa Ribeiro trabalhou junto ao físico alemão Bernard Gross, que chegou ao Brasil em 1933 e organizou o primeiro curso de Física do Rio de Janeiro, dois anos depois. De acordo com o professor Mascarenhas, Costa Ribeiro e Gross, “gigantes da ciência brasileira”, podem ser considerados os pioneiros nacionais da Física da Matéria Condensada, disciplina que está entre os pilares da área de Materiais. Na época em que eles desenvolveram seus estudos, a pesquisa em Física no Brasil focava as áreas Nuclear e de Partículas, desenvolvidas por cientistas como Cesar Lattes, Mário Schenberg e Jayme Tiomno.

Inicialmente, Costa Ribeiro estudou novos métodos para medir radioatividade e aplicá-los a minerais brasileiros, conseguindo notáveis contribuições. Em seguida, passou a estudar materiais dielétricos (isolantes elétricos sólidos), como o naftaleno e a cera de carnaúba (palmeira típica da região nordeste do Brasil), e eletretos (sólidos com carga elétrica quase permanente).

Foi então que Costa Ribeiro observou pela primeira vez um efeito interessante, enquanto trabalhava com alguns materiais dielétricos. A fusão por aquecimento, sem aplicação de campos elétricos externos, fazia aparecer uma corrente elétrica no material isolante. Depois de solidificadas, as amostras permaneciam carregadas, constituindo eletretos. Em conclusão, para o eletreto se formar, bastava a natural solidificação do material dielétrico após ser derretido por aquecimento. Na lembrança de Bernard Gross, recuperada num artigo do professor Guilherme Leal Ferreira, essa primeira experiência foi realizada com cera de carnaúba.

A elucidação do fenômeno

Em entrevista dos Arquivos Históricos do CLE/Unicamp, realizada em 1988, os cientistas Jayme Tiomno e Elisa Frota Pessoa, que foram alunos de Costa Ribeiro e auxiliares dele na pesquisa do efeito termodielétrico, compartilharam suas lembranças sobre o processo que levou à elucidação do fenômeno. De acordo com eles, em 1943, Costa Ribeiro decidiu fazer o concurso de cátedra na Universidade do Brasil, para o qual tinha que preparar uma tese com uma pesquisa original. O professor seguiu então a sugestão de Bernand Gross de estudar eletretos orgânicos puros.

“Ele começou repetindo a preparação de eletreto usando naftaleno e observando suas propriedades. (…) Trabalhava intensamente, em geral à tarde e noitinha. Uma noite, após colocar o naftaleno fundido numa célula para solidificar  e aplicar  o  campo  elétrico, teve  de interromper e sair. No dia seguinte retirou o disco sólido de naftaleno para fundir e recomeçar, mas resolveu  examiná-lo  ao  eletrômetro.  Era  um  eletreto!”

Mas esse ainda não era o efeito termodielétrico, e sim um efeito estático, segundo Tiomno, que descreveu: “Depois de preparar vários eletretos sem aplicação de campo elétrico externo, ele percebeu que o efeito era mais intenso quando o resfriamento era mais rápido – era um efeito da velocidade de solidificação. Construiu então uma aparelhagem engenhosa e de acabamento muito bem feito em que podia observar o movimento da interface do naftaleno líquido com o solidificado por resfriamento, medindo simultaneamente a velocidade de solidificação (ou fusão) e a intensidade da corrente elétrica detectada num eletrômetro de Wulf. Verificada a correlação dessas grandezas, estava descoberto o fenômeno termodielétrico ou efeito Costa Ribeiro”.

Divulgação da pesquisa

A primeira publicação de Ribeiro descrevendo o efeito data de 1943. Intitulada “Sobre a eletrização da cera de carnaúba na ausência de campo elétrico exterior”, a comunicação foi feita na forma de uma apresentação à Academia Brasileira de Ciências e, em seguida, num artigo publicado nos anais da instituição.  Em 1945, o efeito termodielétrico foi objeto da tese apresentada por Costa Ribeiro à Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil no concurso para professor da cadeira de Física Geral e Experimental.  Em 1953, a Academia Brasileira de Ciências lhe outorgou o Prêmio  Einstein pelo efeito termodielétrico.

Costa Ribeiro em seu laboratório, 1952. Fonte: Acervo Costa Ribeiro/ Arquivos Históricos em História da Ciência/CLE-Unicamp.

Na entrevista do CLE/Unicamp, Jayme Tiomno e Elisa Pessoa falam também sobre a divulgação do efeito no exterior. Segundo eles, ela começou a ser feita por Costa Ribeiro na Argentina, em reuniões da Associação Física Argentina em 1945 e 1948. Também em 1948, a convite da Universidade de Paris, Costa Ribeiro realizou na Sorbonne uma série de três palestras. Em 1951, um resumo de seu trabalho, que tinha sido publicado em inglês nos Anais da Academia Brasileira de  Ciências, foi indexado no “Physics Abstracts”. Em 1954, o cientista realizou nos Estados  Unidos  quatro palestras sobre suas  pesquisas  no Massachussets  Institute  of  Technology, no Bureau of Standards (atual National Institute of Standards and Technology), na Yale University e na General Electric.

Em maio de 1950, os cientistas estadunidenses Everly J. Workman e Steve E. Reynolds publicaram um artigo no periódico Physical Review descrevendo o mesmo fenômeno, observado por eles na transição de fase entre a água e o gelo. Em consequência, o fenômeno da eletrificação de materiais isolantes na mudança de fase é citado na literatura com diversos nomes, ora “efeito Costa Ribeiro” ora “efeito Workman-Reynolds” ou, simplesmente, “efeito termodielétrico”.

O artigo do professor Leal Ferreira sobre o efeito Costa Ribeiro cita que hoje se sabe que o fenômeno da eletrização dos dielétricos gerada pela sua solidificação tinha sido mencionado no século XVIII por Stephen Gray, um dos pioneiros dos estudos experimentais em condução elétrica. Ferreira destaca nesse artigo que, muito além do mérito da prioridade da descoberta, existe o mérito da persistência de Joaquim Costa Ribeiro em estudar experimentalmente o efeito encontrado – mérito aumentado pelas precárias condições de trabalho existentes na época no Brasil.

Apesar de ter uma tendência a “se virar” sozinho, desde a construção de seus instrumentos laboratoriais até a interpretação dos resultados, Costa Ribeiro contou com colaboradores em seus estudos sobre o efeito termodielétrico. Tiomno, por exemplo, contribuiu bastante com a parte teórica, a ponto de merecer um agradecimento especial do professor na tese apresentada à Universidade do Brasil. Armando Dias Tavares e Sergio Mascarenhas também fizeram parte dos colaboradores e dos continuadores das pesquisas no tema.

Quanto às aplicações do efeito, Mascarenhas comenta que o fenômeno tem mais valor de ciência fundamental do que em aplicações tecnológicas, apesar de existir algumas aplicações, como a descrita em um artigo de 1968 sobre seu uso em radiômetros do setor aeronáutico (L.D. Russel and B.H. Beam, Journal of Spacecraft and rockets, vol. 5, pg. 1501, 1968). “Infelizmente, o efeito é pouco ensinado nos cursos tradicionais”, lamenta Mascarenhas.

Costa Ribeiro e esposa. Fonte: Acervo Costa Ribeiro/ Arquivos Históricos em História da Ciência/CLE-Unicamp.

Mais sobre Joaquim Costa Ribeiro

Casado com uma mulher francesa, a quem dedicou muitas de suas poesias, Costa Ribeiro foi pai de oito filhos. Para sustentar a família, numa época em que o professor universitário ganhava uns poucos salários mínimos, o cientista tinha vários empregos simultâneos. Dava aulas em diversas instituições e colégios.

Os colegas de trabalho e parentes o descrevem com adjetivos como estes: humanista, sereno, humilde, inventivo, autodidata, habilidoso com as mãos, intuitivo, inteligente e minucioso.

II Reunião Consultiva da ONU para aplicações pacíficas da Energia Atômica, maio 1955. Fonte: Acervo Costa Ribeiro/ Arquivos Históricos em História da Ciência/CLE-Unicamp.

Muito católico, questionado por alunos seus sobre como conseguir conciliar religião e ciência, respondeu: “É simples, eu separo  completamente.  Quando estou na religião, estou na religião; quando estou na ciência, estou na ciência”

Além de suas contribuições científicas, Costa Ribeiro desempenhou papeis importantes na criação do CBPF (1949) e do CNPq (1951) e participou de várias iniciativas nacionais e internacionais sobre o uso da energia nuclear.

Faleceu em 1960 no Rio de Janeiro.

Saiba mais.

  • G. F. Leal Ferreira. Ha 50 Anos: O Efeito Costa Ribeiro. Revista Brasileira de Ensino de Fsica, vol. 22, no. 3, Setembro, 2000. Disponível aqui.
  • Arquivos históricos em História da Ciência. CLE-Unicamp. Acervo Joaquim da Costa Ribeiro. Disponível aqui.
  • Arquivos históricos em História da Ciência. CLE-Unicamp. Depoimentos orais. Entrevista com Jayme Tiommo e Elisa Frota Pessoa. Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, 18 de maio de 1988. Disponível aqui.

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Plenárias do XI encontro: resumos, fotos e os arquivos cedidos pelos autores.

Compartilhamos com nossos visitantes os arquivos das palestras plenárias recebidos até o momento, acompanhados dos resumos das palestras.

Orlando Auciello na plenária sobre UNCD.

Science and technology of multifunctional oxide and ultrananocrystalline diamond (UNCD) films and applications to a new generation of multifunctional devices/systems. 

A primeira plenária do XI Encontro da SBPMat foi de Orlando Auciello, distinguished fellow do Laboratório Nacional de Argonne e, desde o dia 1 de outubro de 2012, endowed chair professor da Universidade de Texas em Dallas, nos Estados Unidos.

Na palestra, Auciello abordou, principalmente, a ciência, tecnologia e engenharia de filmes de diamante ultrananocristalino (UNCD). Esses materiais apresentam uma combinação única de propriedades, incluindo uma excelente biocompatibilidade e propriedades mecânicas e tribológicas superiores.

O palestrante também discorreu sobre a integração dos filmes UNCD em uma nova geração de dispositivos e sistemas voltados a diversos setores da indústria, principalmente o micro/nanoeletrônico e o biomédico. Segundo Auciello, existe um mercado pronto para receber esses produtos.

Entre os numerosos exemplos de aplicações apresentados na palestra, um dos mais impactantes foi o do revestimento de UNCD usado para viabilizar a implantação de um microchip na retina humana com o objetivo de recuperar a visão de pessoas cegas.

Em sintonia com a proposta desta edição do encontro da SBPMat de incluir o tema da transformação do conhecimento da área de Materiais em inovação, Auciello apresentou duas empresas, das quais ele foi co-fundador, que comercializam produtos baseados em filmes UNCD, a Advanced Diamond Technologies e a Original Biomedical Implants.

Saiba mais.

Veja o arquivo da palestra plenária, gentilmente cedido pelo autor:

Página do grupo de pesquisa do palestrante: http://nano.anl.gov/

Resumo do trabalho apresentado, em inglês: http://www.eventweb.com.br/xisbpmat/specific-files/manuscripts/index.php?file=xisbpmat/9292_1339166464.pdf

 

Adhesives accelerating innovation.

Bernd Mayer, do Instituto Fraunhofer, no XI Encontro da SBPMat.

Na palestra realizada no dia 24 de setembro no início da tarde, o IFAM (Instituto de Tecnologia de Manufatura e Materiais Avançados) do Instituto Fraunhofer (Alemanha)  foi apresentado por seu diretor, Bernd Mayer.

No início da palestra, Mayer lembrou  Josef von Fraunhofer (1787-1826) por seu empenho em transformar invenções em inovações. “É o que ainda tentamos fazer no IFAM”, disse.

Mayer compartilhou com o público experiências de pesquisa e desenvolvimento no IFAM, mais precisamente, na Divisão de Tecnologia de União Adesiva e Superfícies, à qual se referiu como um grupo especialista em interfaces. Em alguns casos, o palestrante relatou processos de desenvolvimento que se iniciaram com pesquisa básica e culminaram com produtos do interesse do mercado.

Entre outros casos, Mayer descreveu um tratamento a plasma usado para revestir moldes de aço. Com o revestimento, o processo de desmoldagem é facilmente realizado, eliminando a necessidade de utilizar produtos para soltar o conteúdo do molde, com uma série de vantagens na produção quanto a custos e qualidade.

Mayer também citou alguns exemplos de desenvolvimento de tecnologia inspirados na natureza, como um revestimento para uso na indústria aeroespacial usado para reduzir o arrasto, inspirado na pele do tubarão.

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Veja o arquivo da palestra plenária, gentilmente cedido pelo autor:

 

Jean Charles Guibert falou sobre inovação no campus Minatec.

Materials science, innovation and industry.

Na plenária vespertina do dia 25, o diretor do campus Minatec de inovação em micro e nanotecnologia, Jean Charles Guibert, apresentou o modelo de transferência de tecnologia que é praticado ali.

Localizado na cidade de Grenoble (França), o Minatec reúne, em um quilômetro quadrado, pesquisa, educação e indústria. Os recursos materiais para P&D (laboratórios e salas limpas) estão organizados na forma de plataformas “por atividade” (nanocaracterização, CMOS 200, design, nanobiotecnologia, entre outras). As plataformas são compartilhadas por pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação e profissionais de empresas.

Nesse ambiente que visa promover a colaboração, surgem os principais agentes de transferência de tecnologia do campus, as startups, empreendimentos criados por pesquisadores a partir de ideias que envolvem a aplicação de pesquisa.  Segundo Guibert, o mais importante para conseguir implementar o modelo de transferência por startups é criar uma cultura da transferência tecnológica, além de contar com pesquisadores de bom nível e dar apoio a eles em questões como estudos de mercado e propriedade intelectual. Para difundir essa cultura, Guibert promove apresentações abertas à comunidade do campus sobre casos de sucesso de pesquisadores que fundaram empresas de base tecnológica.

Outra atividade importante do Minatec é a dos contratos de P&D com empresas que chegam ao campus em busca de recursos materiais e humanos para viabilizar seus projetos de inovação. Esses contratos são responsáveis por mais de 60% da receita do Minatec. De acordo com o diretor, quando as startups se transformam em empresas consolidadas, os investimentos feitos nelas voltam ao campus por meio dos contratos que acabam fazendo com o Minatec.

No final da palestra, Guibert apresentou vários exemplos de startups do segmento de nanomateriais.

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Veja o arquivo da palestra plenária, gentilmente cedido pelo autor.

 

Mrityunjay Singh, do Instituto Aeroespacial de Ohio, ligado à NASA.

Integration science and technology of advanced ceramics for energy and environmental applications.

A palestra vespertina do dia 26 abordou o conceito de ciência e tecnologia de integração, que se refere, na visão do palestrante Mrityunjay Singh, ao conhecimento necessário para incorporar um material (no caso, cerâmicas avançadas) a sistemas e componentes. O conceito inclui as tecnologias para unir ou fixar mecanicamente, em diversas escalas, cerâmicas com cerâmicas ou compósitos, e cerâmicas com metais.

Cientista chefe do Instituto Aeroespacial de Ohio, ligado ao Centro de Pesquisa Glenn da NASA, Singh começou a palestra falando sobre o importante papel que as cerâmicas avançadas desempenham ou podem desempenhar no segmento de energia, tanto na geração da energia quanto na sua acumulação, distribuição, conservação e eficiência.

Durante a palestra, Singh mostrou que, para ter sucesso na incorporação de cerâmicas, criando sistemas robustos e de desempenho adequado, alguns fatores essenciais são a seleção dos melhores materiais e o encaminhamento adequado dos problemas dos sistemas, em especial, das interfaces.

O palestrante compartilhou alguns exemplos de integração de cerâmicas no segmento de energia, como o de componentes de turbinas a gás e o de injetores de gasolina que podem reduzir as emissões dos motores.

Nas conclusões, Singh reforçou que as tecnologias de integração são essenciais para avançar nas aplicações das cerâmicas avançadas no setor de energia. O cientista destacou que esse avanço ainda apresenta muitos desafios, não apenas na compreensão dos efeitos envolvidos na integração dos materiais, como também no desenvolvimento de modelos preditivos e na padronização de testes.

Saiba mais.

Veja o arquivo desta palestra plenária, gentilmente cedido pelo autor, que também disponibilizou o e-mail dele para pessoas interessadas em mais informações ou colaborações: m.singh@juno.com.

 

O francês Dubois falou sobre materiais intermetálicos.

How complexity can help: the case of Aluminum-based intermetallics.

Na última palestra plenária do XI Encontro da SBPMat, o pesquisador Jean Marie Dubois, que dirige o instituto de pesquisa Jean Lamour de Nancy (França) falou sobre um grupo de materiais intermetálicos compostos por ligas de alumínio e outros metais como ferro, cobre ou magnésio.

Esses compostos podem ter uma grande variedade de estruturas. Alguns deles são compostos por unidades (células unitárias) muito grandes, com milhares de átomos cada uma, que se repetem periodicamente, em padrões simétricos. Outros possuem unidades muito pequenas, com apenas alguns átomos. Finalmente, há um grupo de intermetálicos baseados em alumínio no qual não podem ser identificadas essas unidades nem há, portanto, periodicidade. Estes últimos são da família dos quasicristais, cuja descoberta deu o Prêmio Nobel a Dan Shechtman em 2011.

Do número de átomos por célula unitária depende a complexidade, que pode ser quantificada por meio de um índice que foi apresentado por Dubois. E da complexidade dependem algumas propriedades dos materiais intermetálicos, conforme mostrou o professor.

Finalmente, Dubois mostrou muitas aplicações desses materiais intermetálicos baseados em alumínio. Talvez o exemplo mais lembrado seja o da liga quasicristalina com propriedades antiaderentes. Desenvolvida pelo próprio Dubois, ela substitui o famoso Teflon em algumas frigideiras e panelas que estão no mercado.

Saiba mais.

Veja o arquivo da palestra plenária, gentilmente cedido pelo autor.

Resumo do trabalho em inglês: http://www.eventweb.com.br/xisbpmat/specific-files/manuscripts/index.php?file=xisbpmat/7991_1337891769.pdf