O pesquisador, inventor, professor e empresário Carlos Paz de Araujo nasceu no Brasil, na cidade de Natal (RN). Realizou seus estudos superiores em Engenharia Elétrica na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. Ao concluir seu doutorado em 1982, ainda na Universidade de Notre Dame, iniciou sua carreira de professor na Universidade de Colorado – Colorado Springs (UCCS), onde permanece até hoje.
Em 1984 foi um dos fundadores da empresa Ramtron – atualmente líder em semicondutores ferroelétricos para diversas aplicações. Em 1986 cofundou a empresa Symetrix Corporation, dedicada à pesquisa em materiais avançados e processos para a indústria de semicondutores. Hoje, Paz de Araujo é chairman executivo da companhia.
O palestrante é detentor de centenas de patentes concedidas nos Estados Unidos e outros países, sendo cerca de 200 delas sobre materiais para FRAM (ferroelectric random access memory).
Paz de Araujo participou de 25 projetos de licenciamento e colaboração com entidades da indústria e do governo, como, por exemplo, Panasonic, Delphi, Harris, Hughes Aircraft, Siemens, Sony, Epson, Ramtron Corporation, STMicroelectronics, IMEC, Micron, Raytheon, NASA e Hynix.
Em 2006 foi distinguido com o prêmio Daniel E. Noble da IEEE, por meio do qual a maior associação profissional do mundo, a IEEE, destaca contribuições notáveis em tecnologias emergentes. Paz de Araujo foi selecionado por suas contribuições fundamentais à área de memórias FRAM e à sua comercialização.
O seu constante trabalho de desenvolvimento de tecnologias e transferência ao mercado resultou em 1,5 bilhão de dispositivos comercializados em diversos países e utilizados em telefones celulares, leitores de DVD, computadores e cartões inteligentes, entre outros produtos.
No XII Encontro da SBPMat, Carlos Paz de Araujo proferirá uma palestra plenária na qual revisará o estado da arte em memórias não voláteis – memórias que conservam a informação armazenada mesmo estando desligadas da fonte de energia, como, por exemplo, as ROM, FLASH e as próprias FRAM. Memórias de tipo FRAM têm significativas vantagens com relação aos outros tipos de memórias não voláteis no que diz respeito a sua alta durabilidade, capacidade de ser regravadas, baixo consumo de energia e velocidade de gravação, entre outras características.
As memórias não voláteis constituem um dos temas mais estudados desde final dos anos 1960 e são atualmente objeto de vigorosa pesquisa e desenvolvimento. O tema ainda apresenta muitos desafios à área de Materiais.
Na palestra, Paz de Araujo também comentará oportunidades de pesquisa, desenvolvimento e comercialização desses dispositivos.
Elson Longo é professor da pós-graduação na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e Professor Emérito da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Coordena o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).
Químico formado pela Unesp em 1969, com mestrado e doutorado em Físico-Química pela Universidade de São Paulo (USP), Longo conta com mais de 780 artigos publicados em revistas internacionais, que totalizam mais de 11.180 citações. O professor já foi orientador de mais de 50 mestres e mais de 60 doutores enquanto professor da UFSCar (1989-2005) e da Unesp (a partir de 2005).
Da sua carreira como pesquisador da área de Materiais, Longo destaca uma série de contribuições realizadas nos últimos vinte anos: varistores a base de óxido de zinco, óxido de estanho e titanato de cálcio e cobre; sensores; materiais fotoluminescentes a base de titanatos e tungstato; filmes finos ferroelétricos para utilização em memórias, e materiais fotodegradadores (materiais semicondutores). Também na área de Materiais, Longo participou, junto a empresas da indústria de refratários e siderúrgica, do desenvolvimento de novos tipos de refratários, pisos e azulejos e de cerâmica artística.
É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, empossado neste ano, membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e membro da Academia Internacional de Cerâmica (World Academy of Ceramics).
Atualmente é membro do Conselho da SBPMat. Foi presidente da sociedade de 2004 a 2005.
No XII Encontro da SBPMat, Longo será honrado com a Palestra Memorial “Joaquim Costa Ribeiro”, na qual falará sobre a evolução da pesquisa em Materiais no Brasil.
Segue uma breve entrevista com o palestrante.
Boletim da SBPMat (B.SBPMat): – O senhor tem vasta experiência em projetos realizados junto a empresas. O que teria a comentar sobre a relação da área de Materiais e a indústria no Brasil nesses 40 anos de Engenharia de Materiais? A inserção de engenheiros de Materiais na indústria tem ajudado a melhorar a qualidade, variedade e valor agregado dos produtos brasileiros?
Elson Longo(E.L.): – A área de Materiais evoluiu sobremaneira após a fundação e consolidação da primeira turma de Engenharia de Materiais da UFSCar. Este curso criou no país novas perspectivas para a indústria de um modo geral, pois contemplava três áreas extremamente carentes de especialistas: cerâmica, polímeros e compósitos. Na área de metais já existiam os engenheiros especializados formados em diferentes universidades do país. Vamos tomar somente dois exemplos: a indústria de refratários prosperou e tornou-se competitiva internacionalmente, o mesmo ocorrendo para a indústria de polímeros. Os produtos brasileiros são competitivos no mercado nacional e internacional em função do trabalho dos engenheiros de Materiais e demais categorias de engenharia que trabalham em consonância.
B.SBPMat: – Na sua visão, quais os principais resultados da evolução da formação de recursos humanos na área de Materiais nesses 40 anos no Brasil?
E.L.: – Mais importante que a formação de recursos humanos foi a estruturação de cursos de Engenharia de Materiais em nível de graduação e pós-graduação. Estes cursos hoje estão homogeneamente distribuídos pelo país beneficiando sobremaneira a nossa indústria.
B.SBPMat: – Como você consegue manter uma produtividade científica tão alta e com tantas citações?
E.L.: – A nossa produtividade é fruto de um trabalho em equipe que envolve pesquisadores de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Brasília, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Pará. Devo destacar também as interações internacionais que proporcionam grandes oportunidades ao grupo de mostrar o nosso trabalho para a comunidade internacional.
B.SBPMat: – Enquanto participante ativo da história da SBPMat, o que você destacaria dos onze anos de existência da sociedade?
E.L.: – O principal ponto da SBPMat é a harmonia que existe entre os pesquisadores de todos os níveis e a saudável troca de informação entre os mesmos. Por outro lado, a SBPMat desde sua origem tem uma forte participação dos pesquisadores do exterior, o que a coloca na vanguarda do conhecimento.
Informações sobre a palestra de Elson Longo no XII Encontro da SBPMat Título: “Evolução da pesquisa em Materiais no Brasil” Resumo: Desde a fundação do curso de Ciência dos Materiais na UFSCar, São Carlos (SP), o país vem evoluindo de modo constante nesta área de conhecimento. É importante ressaltar que esse curso catalisou pesquisadores de Engenharia, Química e Física para o desenvolvimento de materiais cerâmicos, poliméricos e compósitos. Por outro lado, houve também uma ampliação dos cursos de Materiais a nível de graduação e pós graduação, o que contribuiu enormemente para o desenvolvimento da área. Com essa nova estrutura, houve a necessidade da criação da Sociedade Brasileira de Materiais, que vem evoluindo de modo positivo ao longo dos últimos 10 anos. Quando: 29 de setembro (domingo) das 20h00 às 21h00, após a abertura do evento e antes do coquetel.
No próximo dia 20 encerra o prazo para submissão de trabalhos. Não deixe de participar com seu trabalho em algum dos 16 simpósios do evento.Faça sua submissão.
Programação. Estão disponíveis no site do evento os horários das inscrições, palestras, simpósios, comemorações, mesa redonda etc. Veja aqui.
Programação. Veja o resumo da palestra memorial sobre evolução da pesquisa em Materiais no Brasil, que será proferida pelo professor Elson Longo. Veja aqui.
Outras novidades. O Humboldt Kolleg, evento satélite do nosso XII Encontro, vai apresentar oportunidades de pesquisa na Alemanha e aceita trabalhos em todas as áreas do conhecimento. Veja aqui.
Artigos científicos em destaque
Uma equipe multinacional e multidisciplinar que incluiu pesquisadores da Ufal e da UFC estudou nanopartículas de fluoreto de lantânio dopadas com neodímio e avançou em suas aplicações no campo da saúde. Em paper da ACS Nano, os cientistas demonstraram uma série de propriedades ópticas surpreendentemente adequadas para o uso das nanopartículas como nanotermômetros dentro de tecidos biológicosno tratamento do câncer por hipertermia.
O professor Edgar Dutra Zanotto, pesquisador da área de Materiais há 36 anos e um dos fundadores da SBPMat, foi honrado com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia. Conversamos com ele sobre sua trajetória acadêmica, suas pesquisas em vidros e vitrocerâmicas e suas dicas para manter um grupo de pesquisa de excelência.
Falamos com alguns cientistas que participaram do processo de criação da SBPMat, prévio à fundação,ocorrido entre 1998 e 2001. Com base em documentos e nas lembranças dos professores Aldo Craievich, Edgar Zanotto, Elson Longo e Sergio Rezende, elaboramos uma matéria que procura resgatar esses primórdios da nossa sociedade.
Cientistas brasileiros aprimoram técnica de análise por ultrassom para obter detalhes da microestrutura de materiais (com base em paper da Physical Review E). Aqui.
Brasileiros descobrem um novo material fotoluminescente e bactericida e acompanham seu crescimento por meio de microscópios eletrônicos (matéria da revista Exame). Aqui.
Novo programa de pós-graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais, na USP. Linhas de pesquisa: tecnologias de polímeros naturais e materiais cerâmicos e compósitos. Aqui.
A engenharia de Materiais é uma das áreas mais valorizadas pelas empresas no Brasil na interação com universidades (matéria do site Inovação Unicamp). Aqui.
Novo centro de P&D da Boeing será no Brasil. Metais e biomateriais avançados estão entre os focos do centro (matéria do site Inovação Unicamp). Aqui.
Trabalho de mestrado em Materiais sobre uso de bagaço de uva para remover fármacos das águas ganha prêmio Vale-Capes (matéria do site da UCS). Aqui.
História e desafios da empresa brasileira Nanox na exportação de antimicrobianos para embalagens de alimentos (matéria da Agência Fapesp). Aqui.
Fungos são usados por cientistas brasileiros para produzir nanopartículas de prata com propriedades antibacterianas (matéria da revista Pesquisa Fapesp). Aqui.
Novidades do exterior
Cientistas sintetizam germanano, material feito de germânio de um átomo de espessura, promissor para uso em chips (com base em paper da ACS Nano). Aqui.
IBM inventa o transistor líquido, inspirado no funcionamento do cérebro humano (matéria do site do LQES). Aqui.
Compatível com o silício, germânio é modificado para emitir mais fótons e ser usado em lasers da computação óptica (com base em paper da Nature Photonics). Aqui.
Avanços em células fototermossolares, que convertem luz e calor do sol em eletricidade (com base em paper da Nature Communications). Aqui.
Potencial eletrodo de carga e descarga ultrarrápida de baterias de íon-lítio: óxido de vanádio recoberto com grafeno (com base em paper da NanoLetters). Aqui.
A biomimética, em franco crescimento tanto na academia quanto na indústria (matéria da Agência Fapesp). Aqui.
Próximos eventos da área
Seminário “Materiais para a Eletrônica, ensino e pesquisa”. Aqui.
XXXIX Congresso Internacional de Químicos Teóricos de Expressão Latina (QUITEL 2013). Aqui.
22 International Congress on X-ray Optics and Microanalysis. Aqui.
Euromat 2013 – European Congress and Exhibition on Advanced Materials and Processes. Aqui.
8º Brazilian-German Workshop on Applied Surface Science. Aqui.
8th International Conference on High Temperature Ceramic Matrix Composites (HTCMC-8). Aqui.
Humboldt Kolleg 2013 – Sciences and technology in contemporary life: impacts and horizons. Aqui.
Agradecimentos ao professor Zanotto, coordenador do workshop junto ao professor Solórzano. (Arquivo pessoal de Edgar Zanotto).
Nas lembranças do professor Edgar Dutra Zanotto, um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), um marco importante no processo de criação da SBPMat foi o evento “Frontiers in Materials Research, Technology and Education. A Workshop to Advance Pan-American Collaboration”, ocorrido entre 7 e 10 de junho de 1998 no Rio de Janeiro. O evento foi organizado pela National Science Foundation (NSF) dos Estados Unidos, conjuntamente com instituições ligadas à ciência e tecnologia da Argentina, Brasil (CNPq, FINEP, MCT e PUC-Rio) e Chile, visando impulsionar o progresso na área de Materiais por meio de colaborações, não apenas entre diversas áreas do conhecimento, mas também entre os países do continente americano e entre a academia e a indústria. Os chairmen brasileiros do evento foram o próprio Zanotto (professor da UFSCar, formado em Engenharia de Materiais com mestrado em Física e doutorado em Tecnologia de Vidros) e o professor Guillermo Solórzano (professor da PUC-Rio com formação voltada à Engenharia de Materiais-Metalurgia).
O workshop foi uma oportunidade para discussões sobre temas já presentes no cenário brasileiro de pesquisa em Materiais: a fraca interação com pesquisadores latino e norte-americanos, a necessidade de interdisciplinaridade, a pouca interação existente entre empresas e universidades, a inexistência de uma revista científica forte e de uma sociedade científica interdisciplinar sobre Materiais.
Participantes do workshop panamericano, que foi um marco no processo que levou à fundação da SBPMat. (Foto do arquivo pessoal de Guillermo Solórzano)
De acordo com um documento de novembro de 2000 assinado por Zanotto e Solórzano, no workshop panamericano ficou evidente que a comunidade brasileira de Materiais necessitava uma sociedade científica organizada e que a representasse. “A própria comunidade internacional da área tem manifestado surpresa com a inexistência deste tipo de sociedade no Brasil”, diz o documento. De fato, a Materials Research Society dos Estados Unidos (MRS), que serviu como modelo à SBPMat para dar os primeiros passos, tinha sido fundada em 1973. Outro exemplo era a Asociación Argentina de Materiales, fundada em 1993.
Esse mesmo documento afirma que “tem crescido progressivamente na comunidade brasileira o contingente de pesquisadores de Materiais”. Nas lembranças do professor Elson Longo, na época “as publicações em Materiais dos grupos principais já eram relevantes e ligadas a revistas internacionais especializadas de alto nível, mas a criação da SBPMat incrementou ainda mais esse tipo de publicação ”. Longo, químico com mestrado e doutorado em Físico-Química e então professor da UFSCar, participou da gênese da SBPMat dando apoio e fazendo ampla propaganda da importância da criação da sociedade para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Num segundo momento, assumiu a direção da sociedade junto ao professor Roberto Mendonça Faria, e presidiu a SBPMat de 2004 a 2005.
O segundo a partir da esquerda na fila da frente é o professor Solórzano, um dos coordenadores do evento. (Foto do arquivo pessoal de Guillermo Solórzano)
O físico Aldo Craievich (USP) comenta que, no ano 2000, já havia um importante número de grupos de pesquisa em Materiais, o qual foi aumentando durante a última década. “Os pesquisadores que realizavam pesquisas básicas no início deste século já publicavam principalmente em revistas internacionais, enquanto os pesquisadores em áreas tecnológicas/industriais publicavam uma fração importante de seus trabalhos em revistas nacionais, tais como a Revista da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) e os Anais do Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais (CBECiMat), em muitos casos em português”, diz o professor Craievich.
O professor Sergio Machado Rezende (UFPE), engenheiro eletrônico com mestrado e doutorado em Física, que também apoiou desde o início a iniciativa de fundação da SBPMat, recorda que “até a criação da sociedade, na engenharia, a área de Materiais ficava no departamento de Metalurgia das universidades, porque as engenharias tradicionais (civil, mecânica, eletrônica) não tinham muita pesquisa em Materiais”.
Em outubro do mesmo ano do workshop pan-americano (1998), foi publicada a primeira edição da revista científica Materials Research – Revista Ibero-Americana de Materiais (ISSN 1516-1439). “É interessante notar que esse periódico de natureza interdisciplinar também surgiu de discussões realizadas mais ou menos na mesma época, na década de 1990, nas assembleias do CBECiMat”, comenta o professor Zanotto, que foi o primeiro editor-chefe desse periódico e permaneceu nesse cargo durante treze anos, até outubro de 2010. O CBECiMat vinha sendo organizado desde 1974 com o apoio da ABM, da Associação Brasileira de Cerâmica (ABC) e da Associação Brasileira de Polímeros (ABPol), associações das quais participavam pesquisadores, principalmente engenheiros, e entidades de classe ligadas à indústria. Essas três associações foram as fundadoras da revista Materials Research, que aos poucos passou a congregar também quatro sociedades parceiras: a Sociedade Brasileira de Crescimento de Cristais (SBCC), a Sociedade Brasileira de Cristalografia (SBCr), a Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM) e a própria SBPMat.
Outros eventos que reuniam uma parte dos pesquisadores de Materiais brasileiros eram as reuniões que a MRS organizava duas vezes por ano nos Estados Unidos. “Muitos físicos já participavam naquela época desses encontros da MRS”, lembra o professor Rezende.
Apresentação da proposta à comunidade brasileira
No início do ano 2000, após um estágio nos Estados Unidos, no qual participara de um encontro da MRS, Guillermo Solórzano deu início aos esforços realizados para fundar uma sociedade brasileira de pesquisa em Materiais. “Nesse momento ele iniciou conversas com pesquisadores brasileiros que poderiam se interessar por essa empreitada”, diz Edgar Zanotto. O professor Solórzano é, de fato, lembrado por Zanotto como “nucleador da SBPMat” e por Rezende como “principal articulador da ideia da criação da SBPMat”. Aldo Craievich diz ainda que Solórzano foi “o pesquisador que fez a primeira proposta pública e mais batalhou durante a fase que conduziu, desde as conversas preliminares à fundação da SBPMat”.
Edgar Zanotto foi um dos pesquisadores procurados por Solórzano. “Quando retornou dos EUA com essa ideia, Guillermo me consultou; eu imediatamente concordei com a proposta e então ele solicitou que eu convidasse pesquisadores renomados da área de Materiais, de São Paulo e São Carlos, para reuniões presenciais sobre a proposta. Ele também pediu que eu realizasse diligências junto à diretoria e a comunidade da Associação Brasileira de Cerâmica”, relata Zanotto.
Sergio Rezende foi outro dos pesquisadores procurados por Solórzano. “Eu me lembro que o Guillermo me disse que ele iria apresentar a proposta da SBPMat numa reunião de Física da Matéria Condensada, mas que precisava do apoio de físicos”. Imediatamente, Rezende disse que via a iniciativa com bons olhos e que considerava importante haver participação de físicos nela, porque a área de Materiais nos países mais desenvolvidos era interdisciplinar já naquela época, envolvendo engenheiros, físicos, químicos e outros cientistas.
Zanotto comenta que o envolvimento de físicos e químicos renomados era um claro objetivo dos pesquisadores que participaram da gestação da SBPMat. “O apoio e incentivo desses físicos e químicos, que gostaram da idéia, viabilizou a efetiva criação da SBPMat”, conclui Zanotto.
Além da apresentação no Encontro de Física da Matéria Condensada lembrada pelo professor Rezende, houve, pelo menos, mais dez reuniões realizadas ao longo do ano 2000 em cidades das regiões Sul, Sudeste e Nordeste (veja Anexo 1). De acordo com o professor Zanotto, “as cidades foram escolhidas com base no número de pesquisadores locais da área de Materiais e, várias vezes, aproveitado a realização de congressos científicos relacionados a Materiais”.
Nas recordações do professor Longo, nesse ano de 2000 houve uma participação muito forte do Instituto de Física da USP e dos Departamentos de Química, Física e Engenharia de Materiais da UFSCar. “Mobilizados, eles deram uma consistência maior para a sociedade que estava nascendo. A partir daí houve uma participação da nossa comunidade como um todo, para viabilizar a nova sociedade”, lembra.
A respeito do conteúdo das reuniões realizadas, Zanotto comenta: “Se recordo bem, uma das principais conclusões foi que havia pouca interação no Brasil entre engenheiros, físicos e químicos e que urgia fomentar a interdisciplinaridade – característica necessária para o desenvolvimento da pesquisa em materiais!”.
Aldo Craievich, que participou de várias dessas reuniões e eventos e no intercâmbio de mensagens eletrônicas, sempre apoiando a criação da SBPMat, acrescenta que, nessa fase de gestação da sociedade, a ideia era criar uma entidade de características similares às da MRS dos Estados Unidos. “A principal função da nova associação seria a de organizar encontros anuais compostos de simpósios temáticos, como os da MRS. Ponderou-se que esses encontros deveriam ter um forte caráter internacional, com ampla participação de pesquisadores estrangeiros, e utilizando preferentemente o idioma inglês nas apresentações e no livro de resumos”, comenta. O professor Craievich acrescenta ainda que, na época, definiu-se que a SBPMat seria uma sociedade de forte vocação interdisciplinar (incluindo físicos, químicos e engenheiros de Materiais), com importante inserção na comunidade internacional de Materiais e que abrangeria tanto as pesquisas básicas quanto as aplicadas e as de interesse tecnológico.
Dificuldades e resistências
Em decorrência dessas reuniões, houve centenas de adesões à iniciativa de fundar a SBPMat, feitas pelo correio eletrônico. O documento de novembro de 2000 registra mais de 300 e-mails de pré-afiliação à sociedade em gestação ou de apoio à iniciativa, e apenas dois ou três apresentando críticas.
Entretanto, resistências à criação de uma sociedade brasileira interdisciplinar de pesquisa em Materiais existiram. Edgar Zanotto se lembra de uma acirrada oposição por parte de pesquisadores que consideravam que não haveria espaço para mais uma associação voltada a Materiais. “Muitos colegas que participaram das reuniões de apresentação da proposta eram membros ou haviam passado pela diretoria das associações brasileiras de cerâmica (ABC), metalurgia (ABM) e polímeros (ABPol), as quais, por sua vez, já realizavam seus respectivos congressos anuais; nem sempre com audiência significativa”. Alem disso, acrescenta o professor, ao menos um congresso de caráter interdisciplinar já vinha sendo organizado bienalmente pelo mesmo pessoal daquelas três sociedades, o acima citado CBECiMat.
Conforme menciona o professor Craievich, a coexistência de congressos relacionados com Materiais acontece também nos Estados Unidos, onde, além dos eventos da MRS, existem os organizados pela TMS (The Minerals, Metals & Materials Society). “Essas duas séries de reuniões congregam anualmente vários milhares de participantes e não parece que haja uma superposição ou conflito entre elas”, diz o professor. “Me parece que esse mesmo comentário se aplica ao que acontece no Brasil, onde coexistem as reuniões periódicas da SBPMat, da ABM e o CBECiMat, além das reuniões mais específicas, por exemplo, sobre materiais cerâmicos e polímeros”, completa.
O professor Rezende lembra-se da oposição enfrentada entre os físicos. “Infelizmente, sempre que vem uma coisa nova tem certas resistências. Alguns físicos diziam que haveria uma dispersão da área de Física, a qual já tinha a Matéria Condensada”, comenta. Resumindo, Rezende conclui que uma minoria dos físicos era resistente à criação da sociedade e uma boa parte não se envolveu muito no início, mas que um envolvimento maior foi surgindo gradualmente, principalmente por parte dos pesquisadores da área de Matéria Condensada e os físicos experimentais. “Hoje os físicos têm uma participação grande na SBPMat. E essa participação com a engenharia é muito importante”, afirma o professor.
Para o professor Longo, o maior desafio para criação da sociedade foi a falta de financiamento para o deslocamento dos organizadores. “Via de regra, eles utilizaram verba pessoal para estruturar a sociedade”, diz.
Rumo aos estatutos
Apesar dessas dificuldades e resistências, no final do ano 2000 a criação da SBPMat contava com adesão e força motriz suficientes para avançar mais um passo, registrado no documento de novembro desse ano: a formação de uma comissão interdisciplinar de Materiais, constituída por pesquisadores “de liderança e expressão”, “representativa das diversas regiões do país e das diferentes áreas de pesquisa em Materiais, incorporando engenheiros, físicos e químicos” dispostos a colaborar na empreitada (veja Anexo 2). O documento deixava aberta a possibilidade de participação a outros pesquisadores.
Essa comissão elaboraria os estatutos da futura SBPMat, que seria finalmente instituída numa reunião de junho de 2001 e formalmente constituída em janeiro de 2002.
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Anexo 1. As reuniões de apresentação da proposta.
Por iniciativa do professor Guillermo Solórzano, a proposta de criação da SBPMat foi apresentada numa série de reuniões e eventos ao longo de 2000. As apresentações ocorreram graças a ajuda de muitos pesquisadores que permitiram articulá-las e contaram com a presença de Solórzano e seus colaboradores. Segue a relação das reuniões das quais se tem registro em documentos da SBPMat e na lembrança de seus criadores:
em São Lourenço (MG), durante o Encontro de Física da Matéria Condensada, no mês de maio;
na PUC-Rio (Rio de Janeiro, RJ) no dia 28 de agosto;
na UFPE (Recife, PE), também em 28 de agosto;
no IPEN (São Paulo, SP) no dia 30 ou 31 de agosto;
na UFMG (Belo Horizonte, MG) no dia 1º de setembro;
em Canela (RS), em 7 de setembro, durante o congresso Ion Beam Modification of Materials;
na UFSC (Florianópolis, SC) no dia 11 de setembro;
em Joinville (SC), no dia 12 ou 13 de setembro, durante o SULMAT (Congresso em Ciência de Materiais da região Sul);
na UFSCar (São Carlos, SP) em 22 de setembro;
na UFPR (Curitiba, PR) em 26 de novembro;
em Águas de São Pedro (SP), em 4 de dezembro, durante o CBECiMat.
Anexo 2. Participantes da Comissão Interdisciplinar de Materiais, de acordo com documento de novembro de 2000. Essa comissão elaborou os estatutos da futura SBPMat.
Aldo Felix Craievich (USP)
Aloísio Nelmo Klein (UFSC)
Angelo Fernando Padilha (USP)
Edgar Dutra Zanotto (UFSCar)
Elisa Maria Baggio Saitovitch (CBPF)
Elson Longo da Silva (UFSCar)
Evando Mirra de Paula e Silva (CNPq)
Fernanda Margarida Barbosa Coutinho (IMA – UFRJ)
Fernando Galembeck (UNICAMP)
Fernando Lázaro Freire Junior (PUC-Rio)
Ivan Guillermo Solórzano-Naranjo (PUC-Rio)
José Antonio Eiras (UFSCar)
José Arana Varela (UNESP)
Luiz Henrique de Almeida (UFRJ)
Moni Behar (UFRGS)
Renato Figueiredo Jardim (USP)
Roberto Villas Bôas (CETEM)
Sergio Machado Rezende (UFPE)
Wander Luiz Vasconcelos (UFMG)
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Nota do Boletim da SBPMat. Por questões de agenda, Guillermo Solórzano, que no momento da reportagem exerce o cargo de Ministro Coordinador del Conocimiento y Talento Humano no Equador, não pôde participar diretamente desta matéria.
Você tem mais alguma informação ou fotografias desta história? Deixe seu comentário abaixo ou entre em contato pelo e-mail comunicacao@sbpmat.org.br.
O artigo científico de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é:
Uéslen Rocha, Carlos Jacinto da Silva, Wagner Ferreira Silva, Ilde Guedes, Antonio Benayas, Laura Martínez Maestro, Mónica Acosta Elias, Enrico Bovero, Frank C. J. M. van Veggel, José Antonio García Solé, and Daniel Jaque. Subtissue Thermal Sensing Based on Neodymium-Doped LaF3 Nanoparticles. ACS Nano, 2013, 7 (2), PP. 1188-1199. DOI: 10.1021/nn304373q.
Texto de divulgação: Feitos um para o outro.
Uma equipe de pesquisadores de instituições do Brasil, Canadá, Espanha e México reuniu as competências necessárias para realizar um trabalho de nanobiofotônica e avançar em suas aplicações biológicas, no campo da saúde. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição de fevereiro do periódico ACS Nano.
Os cientistas analisaram diversas propriedades de nanopartículas de fluoreto de lantânio dopadas com neodímio (Nd3+:LaF3), provando que elas são sumamente adequadas para uma série de aplicações, principalmente para usá-las como nanotermômetros que atuam dentro de tecidos biológicos.
Realizar o monitoramento da temperatura dentro dos tecidos é essencial, por exemplo, em tratamentos contra o câncer que se baseiam no aquecimento (hipertermia) das células cancerígenas com o objetivo de matá-las ou enfraquecê-las. Nesses tratamentos por hipertermia, a temperatura local deve ser controlada de maneira precisa para minimizar os danos colaterais que podem se produzir nos tecidos saudáveis próximos ao alvo do tratamento.
O conhecimento da temperatura local dos tecidos também é uma ferramenta importante no diagnóstico precoce do câncer, desde que os tumores apresentam temperaturas singulares que, se detectadas, permitem localizá-los em estágios iniciais de desenvolvimento.
As nanopartículas
As nanopartículas de fluoreto de lantânio são sintetizadas de uma forma bastante simples e rápida e possuem um conjunto de propriedades interessantes. “É importante salientar que essas nanopartículas foram desenvolvidas e estudadas por nós buscando uma potencial aplicação biológica devido às suas propriedades ópticas”, destaca um dos autores do artigo, o professor Carlos Jacinto, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
As nanopartículas em questão têm íons luminescentes (emitem fótons quando absorvem radiação), sendo os íons emissores os Nd3+ (neodímio). Quando estão em interação com sistemas biológicos, as emissões desse íon têm um desempenho notável em termos de luminescência, já que os fótons emitidos apresentam reduzidos efeitos de absorção por tecidos, água e sangue e sofrem pouco espalhamento dentro do tecido. Naturalmente, essas emissões dependem da matriz onde o íon está. Neste caso, o fluoreto de lantâneo (LaF3) apresenta certas propriedades que favorecem as emissões. Essas propriedades ópticas do íon podem ser ainda mais otimizadas acrescentando ao núcleo (core) dopado com terras raras (no caso, o neodímio) uma casca (shell) não dopada, sistema cientificamente conhecido como core-shell (sendo Nd3+:LaF3 o core, e LaF3 o shell).
Outra vantagem do sistema estudado é que ele não exige muita potência da fonte de radiação para ser excitado. “Os níveis de potências exigidos são mínimos e podemos usar lasers de diodo CW, que são baratos e comerciais”, afirma o professor Jacinto.
Além de terem bom desempenho luminescente em tecidos biológicos, as nanopartículas pesquisadas apresentam uma destacada capacidade como sensores térmicos, ou nanotermômetros. O princípio de funcionamento desses nanotermômetros se baseia na modificação de seu espectro de luminescência devido às variações térmicas. Assim, a análise do espectro gerado pela nanopartícula fornece informação sobre a temperatura local do sistema biológico na qual está incorporada, como ilustra esta figura:
Espectros de fotoluminescência em torno de 864 nm, das nanopartículas de LaF3 dopadas com Nd3+ nas temperaturas de 10 e 60 °C. Nota-se o deslocamento espectral relacionado à temperatura. Figura extraída do artigo científico em questão (Rocha et al. ACS Nano, 2013, 7, 1188).
Feitos um para o outro
Uma das descobertas mais positivamente surpreendentes veio quando a equipe de cientistas verificou experimentalmente que existia uma coincidência entre os comprimentos de onda bem aceitos pelo tecido biológico e os que possibilitavam uma boa excitação (cerca de 800 nm) e emissão de luminescência (cerca de 870 nm) por parte das nanopartículas. Essa característica permitiu que os pesquisadores obtivessem uma excitação e uma captação da emissão a uns 2 mm de profundidade dentro do tecido, o que pode ser considerado uma boa penetração.
Mais uma feliz coincidência foi apontada durante a pesquisa quando os cientistas observaram uma boa sensibilidade térmica das nanopartículas com relação às temperaturas da chamada “região biológica” (de 20 a 45 °C). Outros materiais apresentam essa sensibilidade (deslocamento espectral) com temperaturas muito altas ou muito baixas, não compatíveis com sistemas biológicos.
A partir dessa série de compatibilidades das nanopartículas de fluoreto de lantânio com tecidos biológicos, a equipe continuou avançando em seu uso em tratamentos por hipertermia.
Os cientistas montaram um aparato experimental composto por nanobastões de ouro agindo como aquecedores de tecidos e as nanopartículas em questão atuando como termômetros para monitorar a temperatura da hipertermia gerada. Nos experimentos foi usado, no lugar do tecido biológico, um material produzido artificialmente para imitar as propriedades ópticas de um tecido humano – um tecido fantoma.
O sistema apresentou mais uma característica muito positiva: tanto os nanotermômetros quanto os nanoaquecedores foram excitados de maneira eficiente e simultânea pela mesma radiação (de 808 nm de comprimento de onda) proveniente de um laser que foi direcionado para eles usando uma objetiva de microscópio. A luminescência gerada pelos nanotermômetros foi coletada com a mesma objetiva do microscópio, contribuindo com o caráter compacto do aparato experimental.
Representação esquemática do aparato experimental de hipertermia controlada. Um feixe de luz laser em 808 nm é focalizado numa solução aquosa contendo os nanobastões de ouro e as nanopartículas de Nd3+:LaF3. A solução é colocada debaixo de um tecido fantoma de 1 mm. Figura extraída do artigo científico em questão (Rocha et al. ACS Nano, 2013, 7, 1188).
Dessa maneira, os cientistas conseguiram provar a viabilidade de um sistema simples e, em princípio, econômico para hipertermia de tecidos biológicos com acompanhamento da temperatura em tempo real.
A equipe de trabalho
“Este é um trabalho científico bem completo na área de nanobiofotônica, ou seja, requer conhecimentos de fotônica, nanomateriais, sínteses, espectroscopia, biomedicina etc.”, afirma o professor Carlos Jacinto. Para a publicação do artigo na ACS Nano, a rede de cooperação científica montada para atender esses requerimentos incluiu grupos das seguintes instituições: a Universidade Federal de Alagoas (Brasil), que contribuiu com as medidas fototérmicas e espectroscópicas; a Universidade de Victoria (Canadá), na síntese dos nanomateriais; a Universidade Autônoma de Madrid (Espanha), com medidas espectroscópicas nos tecidos fantoma; a Universidade Federal do Ceará (Brasil), com algumas medidas espectroscópicas em aparelhos de alta sensibilidade, e a Universidade de Sonora (México), por meio da participação de uma pesquisadora na síntese dos tecidos fantoma.
O primeiro autor, Uéslen Rocha, é estudante de doutorado do professor Carlos Jacinto e foi o principal executor das medidas, muitas delas realizadas no marco de seu doutorado sanduíche na Universidade Autônoma de Madrid (UAM), instituição com a qual o professor Jacinto colabora desde 2005. “A UAM com seu quadro excelente e completo de pesquisadores em várias áreas tem possibilitado fazermos trabalhos bem mais completos”, comenta o professor.
Com o grupo da Universidade de Victoria, as colaborações iniciaram com o interesse do professor van Veggel, especialista em síntese de nanopartículas de fluoreto de lantânio dopadas com terras raras, nos trabalhos do professor Jacinto em medidas quantitativas de eficiência quântica de fluorescência usando técnica fototérmica. Atualmente, a síntese dos nanomateriais é feita na UFAL.
Continuidade da pesquisa
O professor Carlos Jacinto relata que a equipe chegou a investigar o nível de toxicidade do material das nanopartículas. “Vimos que ele é desprezível, sugerindo sua biocompatibilidade”, diz. “Também já fizemos experimentos in vivo e in vitro em outro trabalho, que está submetido para publicação e que contou com a participação de pesquisadores da área biomédica”, comenta. Porém, de acordo com o professor da UFAL, para se chegar à introdução das nanopartículas e nanobastões em seres humanos “muito precisa ser feito ainda, pois existem várias etapas, inclusive burocráticas, para serem vencidas”.
De 28 a 30 de setembro, o hotel Serra da Estrela de Campos do Jordão (SP) sediará um evento satélite do XII Encontro da SBPMat, o Humboldt Kolleg 2013. O evento é organizado pelo Clube Humboldt do Brasil e visa divulgar oportunidades de pesquisa na Alemanha e reunir os “humboldtianos” (pessoas que se beneficiaram com bolsas da Fundação Alexander Von Humboldt, que concede auxílios a doutores para estudar ou pesquisar na Alemanha).
O encontro aceita trabalhos em todas as áreas do conhecimento para apresentações orais e pôsteres.
O Clube Humboldt do Brasil foi criado em 1996 para assegurar a comunicação constante com a Fundação Alexander Von Humboldt, fomentar a cooperação acadêmica, científica e cultural com a Alemanha e reunir os beneficiários das bolsas, que já são mais de 230 no Brasil.
Neste mês de abril foi anunciado o vencedor da edição 2012 do Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, honraria concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a Fundação Conrado Wessel (FCW) e a Marinha do Brasil, para pesquisadores que tenham se destacado pela realização de obra científica e tecnológica de reconhecido valor para o progresso de sua área.
O professor Edgar Dutra Zanotto. Crédito: Enzo Kuratomi/ UFSCar.
O laureado nesta oportunidade é o professor Edgar Dutra Zanotto, um dos fundadores da nossa SBPMat.
Há 36 anos, Zanotto vem desenvolvendo pesquisas na área de Materiais, mais precisamente em temas relacionados a vidros e vitrocerâmicas. As vitrocerâmicas são materiais policristalinos produzidos pela cristalização interna catalisada de certos vidros, cujas propriedades físico-químicas podem ser concebidas pelo controle da composição química do vidro progenitor, do tipo e quantidade de agentes de nucleação e por tratamentos térmicos adequados, que conduzem a nano e microestruturas projetadas. Elas têm múltiplos usos; podem substituir pedras caras e escassas, como mármore e granito, ser usadas em armaduras balísticas e, até mesmo, como dentes e ossos artificiais.
O cientista premiado é autor de 160 artigos publicados em periódicos internacionais indexados, os quais contam com mais de 2.500 citações. Orientou quarenta mestres e doutores e mais de vinte projetos de pós-doutorado. Realizou projetos em parceria com 22 empresas e tem 12 patentes depositadas no Brasil e no exterior.
Zanotto graduou-se em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 1976. É mestre em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Tecnologia de Vidros pela Universidade de Sheffield (Reino Unido). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de São Carlos, onde coordena o Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV), criado por ele em 1977. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 1998 e Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico desde 2006. O prêmio Almirante Álvaro Alberto é o mais recente dentre os 25 prêmios que recebeu ao longo de sua carreira.
Segue uma entrevista com o laureado.
Boletim da SBPMat (B. SBPMat): – Conte-nos um pouco sobre sua história: o que o levou a se tornar um pesquisador da área de Materiais?
Edgar Dutra Zanotto (E.D.Z.): – Desde criança sonhava em me tornar um “inventor”. Ingressei por acaso no curso de Engenharia de Materiais na UFSCar em 1972. Em 1976, já no quinto ano do curso, após realizar um estágio de seis meses numa empresa ceramista, decidi seguir a carreira acadêmica e já procurei uma bolsa de iniciação científica.
Minha carreira foi nucleada logo na graduação. Um ponto determinante foi o ingresso na UFSCar, na terceira turma do curso de Engenharia de Materiais, o primeiro na América do Sul. As condições não eram as melhores naquela época e nós tivemos que participar da construção do curso. Mas isso foi muito bom porque nos envolvemos bastante na elaboração e aprimoramento da grade curricular, com inúmeras discussões e críticas construtivas; a situação cobrou uma atitude pró-ativa dos estudantes.
O Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV) da UFSCar começou com a aprovação pelo chefe do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa), Dionísio Pinatti, para que eu iniciasse estudos com materiais vítreos. Cursei o mestrado no Instituto de Física e Química da USP em São Carlos (IFQSC-USP), já pensando no doutorado no exterior. Fui aceito pela Universidade de Sheffield na Inglaterra e procurei aproveitar o doutorado ao máximo, pois já tinha a ideia de montar um grupo de pesquisas na UFSCar. Tudo foi se desenvolvendo aos poucos, com muito esforço.
Atualmente os cursos de graduação e pós-graduação do DEMa são reconhecidos por sua qualidade, tanto no Brasil quanto no exterior. A reputação do LaMaV do DEMa e seus pesquisadores é fruto de trabalho contínuo e muita dedicação. Atualmente, o LaMaV também conta com a ativa participação dos professores Ana Cândida Martins Rodrigues e Oscar Peitl, e do visitante russo Vladimir Fokin. Obrigado colegas!
B.SBPMat:– Na sua própria avaliação, quais são as suas principais contribuições à Ciência e Engenharia de Materiais?
E.D.Z.: – Com o inestimável auxílio de dezenas de coautores, nossa pesquisa tem-se concentrado no estudo e entendimento da cinética de cristalização e propriedades de vidros e vitrocerâmicas.
Os trabalhos de pesquisa fundamental incluem: os efeitos da separação de fases líquidas na nucleação de cristais; testes e desenvolvimento de modelos de nucleação de cristais, crescimento e cristalização; formação de fases metaestáveis; cristalização em superfícies; estabilidade frente à devitrificação espontânea; capacidade de vitrificação de líquidos; correlações entre a estrutura molecular e o mecanismo de nucleação; sinterização com cristalização simultânea, e processos de difusão que controlam a cristalização. Estes foram revistos recentemente na parte I de uma edição especial do International Journal of Applied Glass Science [1]. Alguns desses trabalhos levaram a avanços significativos no desvendamento dos mecanismos de cristalização de vidros óxidos.
Especial impacto na mídia nacional e internacional tiveram dois artigos publicados no American Journal of Physics, no período 1998-1999 [2-3]. Esses artigos desmascararam a lenda urbana de que as vidraças de antigas catedrais são mais espessas no fundo porque o vidro fluiu lentamente ao longo de séculos!
Nossos estudos de natureza tecnológica sobre o desenvolvimento e caracterização de vitrocerâmicas são revistos na parte II da edição especial do International Journal of Applied Glass Science [4].
Nesses artigos, concluímos que, apesar do significativo avanço no conhecimento sobre vários aspectos de transformações de fases – que resultaram de nossas próprias pesquisas e de outros grupos – a cristalização de vidros continua a ser um campo riquíssimo, aberto para ser explorado.
Referências
[1] ZANOTTO, E.D. “ Glass Crystallization Research – A 36-Year Retrospective. Part I, Fundamental Studies”. International Journal of Applied Glass Science – Part I, 2013, in press.
[2] ZANOTTO, E.D. “Do Cathedral Glasses Flow?“. Am. J. Physics 66 (5), 1998, pp. 392-95.
[3] ZANOTTO, E. D. and GUPTA, P. K. “Do Cathedral Glasses Flow? Additional Remarks“. Am. J. Physics 67 (3), 1999, pp. 260-262.
[4] ZANOTTO, E.D. “Glass Crystallization Research – A 36-Year Retrospective. Part II, Glass-ceramics”. International Journal of Applied Glass Science – Part II, 2013, in press.
B.SBPMat: – Quais foram os principais fatores que o ajudaram a construir sua trajetória como pesquisador, agora destacada com o Prêmio Álvaro Alberto?
E.D.Z.: – Estenderei aqui o que já relatei em recente entrevista ao CNPq. Após retornar de um estágio industrial, já no último ano do curso de Engenharia de Materiais, fui agraciado com uma bolsa de iniciação científica (IC) sob a tutela do experiente professor visitante Osgood J. Wittemore, da Universidade de Washington. Esse outro ensaio foi fundamental para a minha contratação como professor auxiliar de ensino pela UFSCar, no próprio curso de Engenharia de Materiais, em dezembro de 1976. Naquela época eu era recém-formado, mas devido à carência de pessoal qualificado em Ciência e Engenharia de Materiais, fui contratado.
Então percebi que, para ter êxito na carreira acadêmica, era absolutamente necessário aprofundar-me em ciência, sem, entretanto, mudar-me de São Carlos (meu contrato com a UFSCar obrigava-me a ministrar aulas). Resolvi essa equação matriculando-me no curso de mestrado do então IFQSC, na USP de São Carlos, sob a orientação do competente professor Aldo Craievich. Concomitantemente com minhas atividades docentes na UFSCar, com muito esforço concluí e defendi a dissertação de mestrado no IFQSC-USP em um ano e meio. Por indicação de Aldo, fui aceito em 1979 por meu orientador de doutorado na Universidade de Sheffield, no Reino Unido, o famoso professor Peter James. Defendi a tese em 1982. Muito obrigado pela confiança, Aldo e Peter!
Nas duas décadas seguintes, com o auxílio de alguns colegas, continuamos a construção e o aparelhamento do LaMaV e do próprio DEMa-UFSCar com recursos da Fapesp, CNPq, Pronex, Capes e empresas. Foi também extrema sorte ter realizado educativos estágios sabáticos na Universidade do Arizona em 1987, na Universidade de Ferrara (Itália) em 1992, e na Universidade da Flórida Central em 2005, sob o competente comando de Michael Weinberg, Annamaria Celli e Leonid Glebov, respectivamente, com os quais mantive profícua colaboração durante vários anos. Os lugares não foram tão importantes; as pessoas, sim. Grazie mille, Anna. Thanks a lot, guys!
Nesse período realizamos vários projetos de pesquisa básica e tecnológica com auxílio de agências públicas e empresas.
Riquíssima e inesquecível foi a experiência de participar ativamente da Diretoria Científica da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) durante a criativa e eficiente gestão do comendador José Fernando Perez, entre 1995 e 2005. Nesse período concebemos, implantamos e administramos, com sucesso, novos e paradigmáticos programas de fomento à pesquisa, que mudaram radicalmente o vigor e a visibilidade da ciência e tecnologia. Por exemplo, os programas Genoma, PIPE, Consitec, Nuplitec, CEPID, Scielo, a revista Pesquisa Fapesp e outros. Nessa educativa década tive a sorte de reunir-me semanalmente com o próprio Perez, e os competentes e espirituosos Coordenadores Adjuntos da Diretoria Científica: Antonio C. Paiva, Luiz Nunes de Oliveira, Francisco Coutinho, Rogério Meneghini, Walter Colli, Luis Eugenio Mello, Luiz Henrique Lopes dos Santos e Paula Montero (grupo carinhosamente batizado por Perez como a “Incrível Armada”!). Sou imensamente grato a vocês, meus caros, pela agradável convivência e os valiosos ensinamentos!
Finalmente, devo enfatizar que tive a ventura de selecionar e conviver com excelentes alunos e colaboradores do Brasil e do exterior, ao longo destes 36 anos. E sempre fico extremamente satisfeito quando encontro um aluno talentoso ou motivado, elemento fundamental para a evolução do sistema!
Portanto, minha carreira resultou da soma de todas essas atividades.
B.SBPMat: – Você coordena há mais de três décadas o Laboratório de Materiais Vítreos, que atrai cientistas do mundo todo. Comente como consegue manter um padrão internacional de excelência em seu grupo.
E.D.Z.: – A receita é simples, sua implementação nem tanto. Segue parte da estratégia que temos utilizado no LaMaV:
– Escolha um ou dois assuntos relevantes e desafiadores e aprofunde-se; permaneça um bom tempo com ele(s), não mude de tema frequentemente à busca de modismos;
– Ao pesquisador experimental (maioria): para otimizar o caro e trabalhoso processo de experimentação, estude a literatura, planeje, calcule ou simule antes de imergir no laboratório;
– Cerque-se de alunos e colaboradores competentes e motivados e, preferivelmente, bem-humorados!;
– Cuide e dê atenção aos seus alunos, pós-docs e colaboradores. A pesquisa experimental é quase sempre realizada por equipes;
– Participe dos melhores congressos internacionais sobre o seu tema favorito;
– Realize estágios periódicos em outros grupos/instituições comandados por pesquisadores experientes;
– Convide ao seu laboratório e conviva com colaboradores estrangeiros, eles trazem culturas distintas e quase sempre relevantes;
– Procure sempre uma retaguarda teórica, uma explicação para os seus resultados experimentais;
– Tenha muito cuidado com a redação de seus artigos científicos. Estude a literatura, escreva, reflita, releia e peça a opinião crítica de colegas competentes antes de publicá-los;
– Privilegie a qualidade (não a quantidade)!
Ah, também recomendo comemorar as bolsas e prêmios recebidos, defesas de tese, aniversários, e realizar um happy hour nas sextas-feiras…
B.SBPMat: – Gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores que estão construindo suas carreiras de pesquisadores em Materiais, seja na academia ou na indústria?
E.D.Z.: – Se vocês não gostarem muito de pesquisa e ensino, e não estiverem dispostos a dedicar longas jornadas ao trabalho, recomendo procurar outra atividade!
Sejam fluentes em português e inglês, estudem e atualizem-se em Matemática, Física e Química. Sejam objetivos e econômicos. Cuidem desde cedo da saúde física e mental e, finalmente, sigam os conselhos do item anterior!
E basta, senão estes conselhos poderão causar um contraefeito…
No Convention Center de Campos do Jordão, logo após a cerimônia de abertura do XII Encontro da SBPMat e antes do coquetel, os participantes do evento poderão assistir à terceira edição da palestra memorial “Joaquim Costa Ribeiro”, na qual o professor Elson Longo falará sobre a evolução da pesquisa em Materiais no Brasil.
Sobre a palestra
Quando: 29 de setembro (domingo), das 20h00 às 21h00.
Título: “Evolução da pesquisa em Materiais no Brasil”
Resumo: Desde a fundação do curso de Ciência dos Materiais na UFSCar, São Carlos (SP), o país vem evoluindo de modo constante nesta área de conhecimento. É importante ressaltar que esse curso catalisou pesquisadores de Engenharia, Química e Física para o desenvolvimento de materiais cerâmicos, poliméricos e compósitos. Por outro lado, houve também uma ampliação dos cursos de Materiais a nível de graduação e pós graduação, o que contribuiu enormemente para o desenvolvimento da área. Com essa nova estrutura, houve a necessidade da criação da Sociedade Brasileira de Materiais, que vem evoluindo de modo positivo ao longo dos últimos 10 anos.
16 temas para submeter seu trabalho até o dia 20 de maio. Abordamos brevemente os temas e organizadores dos 16 simpósios do evento, nos quais você poderá apresentar seu trabalho. A submissão de resumos já está aberta. Veja aqui.
Novidades no site do evento: material de divulgação para baixar, reservas de hotéis, expositores confirmados. Veja aqui.
Programação: a primeira palestra do evento será proferida pelo professor Elson Longo, honrado com a palestra memorial Joaquim Costa Ribeiro deste ano. Veja aqui.
Artigos científicos em destaque
Pesquisadores do ITA e do IEAv (São José dos Campos) participaram de um artigo que foi destacado na capa da Nature Materials de fevereiro. A equipe realizou a primeira demonstração experimental do efeito de invisibilidade unidirecional, mediante a fabricação de um dispositivo que reflete a luz em apenas um sentido. A pesquisa faz uma contribuição importante à computação puramente óptica em plataforma de silício.
Fotônica em materiais desordenados: avanços de pesquisadores do Brasil em lasers aleatórios (divulgação do INCT de Fotônica). Aqui.
Para presidente da SBPC, destino de royalties do petróleo deve ser 70% no ensino básico, 20% no superior e 10% em C&T (matéria do Jornal da Ciência). Aqui.
Novidades do exterior
Uma aplicação de OLEDs, dispositivos orgânicos emissores de luz, em lanternas de automóveis (divulgação da fabricante de veículos Audi). Aqui.
Para capturar e separar CO2, um material organometálico com ótimo desempenho (com base em paper da Nature). Aqui.
Energia osmótica, gerada na região de contato entre águas doces e salgadas por meio de membranas semipermeáveis: ótima performance denanotubos de nitreto de boro (com base em paper da Nature). Aqui.
Energia fotovoltaica: melhorias no desempenho de células solares de nanofios (com base em papers da Science e da Nature Photonics). Aqui.
Pela primeira vez, encontram na natureza um isolante topológico, ou seja, condutor na superfície e isolante no interior (com base em paper da Nano Letters). Aqui.
Em poucos minutos, nanopartículas de silício em água liberam hidrogênio, podendo carregar pilhas a combustível (com base em paper da Nano Letters). Aqui.
Energia fotovoltaica: ajustes nas propriedades de nanomateriais permitem melhorar a captação de energia solar (com base em paper da Nano Letters). Aqui.
Redes de nanotubos de carbono superdensas com mais de 500 tubos/ mícron: eletrônica sobre carbono fica mais concreta (com base em paper da Nature Nanotechnology). Aqui.
Dispositivos que captam e convertem energia solar, rectennas, podem popularizar essa fonte de energia (divulgação da University of Connecticut sobre patente). Aqui.
Metais nanoestruturados para conversão de energia solar: nova alternativa ao uso de semicondutores (com base em paper da Nature Nanotechnology). Aqui.
Para vidros embaçados por condensação e congelação, um filme fino polimérico hidrofílico e hidrofóbico; veja texto e vídeo (com base em paper da ACS Nano). Aqui.
Método econômico e ecológico de fabricação de aerogel de carbono, bom para absorver contaminantes, entre outros usos (com base em paper do Angewandte Chemie). Aqui.
Vidros não são necessariamente quebradiços. Fabricar vidros dúcteis depende da “temperatura crítica fictícia” (com base em paper da Nature Communications). Aqui.
O melhor dos testes de detecção de câncer de pâncreas foi criado por um garoto de 15 anos apaixonado pela ciência (matéria do jornal Estadão). Aqui.
Artigos de revisão
A 50 anos do Prêmio Nobel para Ziegler e Natta, artigo sobre as descobertas que popularizaram a produção de plásticos. Aqui.
Oportunidades para a comunidade de Materiais
Concurso para técnico de nível superior na Unesp – Bauru, na área de Materiais. Aqui.
Concurso para professor da USP na área de Cristalografia. Aqui.
Abertas as inscrições do prêmio LÓréal para mulheres na ciência, destinado a pesquisadoras doutoras com projetos de alto mérito. Aqui.
Universidade de Pequim convida estudantes brasileiros a seu evento global de 2013, que abordará temas de Materiais. Aqui.