Obs.: Havendo bolsas disponíveis, a distribuição obedecerá aos critérios definidos pelo programa (Normas)
7. Divulgação do resultado final do processo seletivo e gabarito da prova: até 19/06/2019 (será disponibilizado somente no site);
Obs.: Havendo bolsas disponíveis, a distribuição obedecerá aos critérios definidos pelo programa (Normas)
7. Divulgação do resultado final do processo seletivo e gabarito da prova: até 19/06/2019 (será disponibilizado somente no site);
A Coordenadoria do Programa de Pós-graduação em Ciências Exatas e Tecnológicas, UFG- Catalão, vem tornar público aos interessados que estão abertas as inscrições para o Processo Seletivo para o nível Doutorado. As inscrições serão feitas pelo site www.ppgcm.catalao.ufg.br
Alunos interessados em Bolsas de Estudos para início imediato deverão contatar a coordenação do programa afim de concorrerem aos Editais FAPEG 005 e 007/2018.
O Doutorado em Ciências Exatas e Tecnológicas (Materiais) é um curso recém aprovado pela CAPES, com conceito 4. Este programa de pós-graduação tem caráter fortemente interdisciplinar e suas atividades acadêmicas e de pesquisa estão em duas linhas de Pesquisa:
(i) Caracterização e Desenvolvimento de Moléculas e Materiais;
(ii) Métodos Teórico-Computacionais em Ciência dos Materiais;
Poderão participar do processo seletivo do todos os portadores de Diplomas de cursos de Graduação (bacharelado e licenciatura) e de Mestrado, nas áreas de Ciências Exatas e Engenharias ou áreas afins.
Para maiores informações, acessar o site ppgcm.catalao.ufg.br e o edital do processo seletivo disponível no site do programa.
O Brasil, além de possuir uma das maiores reservas do mundo de minérios com elementos lantanídeos, também ocupa um lugar de destaque na pesquisa sobre esses elementos e seus compostos, que têm grande aplicabilidade em áreas estratégicas como energia, saúde e catálise, entre muitas outras.
Um dos cientistas brasileiros mais proeminentes nesse campo de pesquisa é o pernambucano Oscar Manoel Loureiro Malta, 63 anos, professor titular do Departamento de Química Fundamental da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ao longo de quatro décadas, Malta fez importantes contribuições à pesquisa em lantanídeos, tanto no entendimento de suas propriedades quanto no desenvolvimento de aplicações.
Nascido em Recife, Malta definiu seu interesse pela ciência durante o ensino secundário. Em 1974, iniciou o curso de Engenharia Química na UFPE e de licenciatura em Física na Universidade Católica de Pernambuco. Ao concluir a licenciatura, abandonou o curso de Química para ingressar no mestrado em Física da UFPE. Ali desenvolveu um trabalho de pesquisa sobre espectroscopia de compostos com lantanídeos, orientado pelo professor Gilberto Fernandes de Sá. Em dezembro de 1977, obteve o diploma de mestre. Continuou seus estudos em espectroscopia de lantanídeos no seu doutorado na Universidade de Paris VI (França), também conhecida como Université Pierre et Marie Curie, orientado pelo professor Yves Jeannin. Obteve o título de doutor em março de 1981. Retornou, então, a Recife, onde, no mesmo ano, tornou-se professor da UFPE. Em 1986, voltou à França por um ano como pesquisador visitante no grupo do Paul Caro, cientista mundialmente renomado na área de lantanídeos, ligado ao Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS).
Oscar Malta foi professor visitante em diversas instituições do mundo: Universidade de Wroclaw (Polônia) em 2015; Universidade de Aveiro (Portugal) em 2005; Universidade Industrial de Santander (Colômbia) no ano 2000; Universidade de São Paulo, USP, em 1995, 1996 e 1999, e Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Neto, UNESP, em 1994-95 e 1998.
Na UFPE, participou da criação e consolidação do Departamento de Química Fundamental, no qual atuou como chefe de departamento (1987-89) e coordenador de pós-graduação (1991-93 e 1999-2001). Além disso, o cientista foi coordenador de duas redes nacionais de pesquisa: a Rede Nacional de Nanotecnologia Molecular e de Interfaces, RENAMI (2001 – 2009), e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Marcadores Integrados, INAMI (2009-2015).
Malta tem sido distinguido com uma série de reconhecimentos à sua trajetória científica. Em 15 de novembro passado, recebeu o diploma de doctor honoris causa da Universidade de Wroctaw, importante instituição da Polônia da qual surgiram, por exemplo, nove laureados com o Prêmio Nobel. Em 2016, uma edição especial do Journal of Luminescence (editora Elsevier) sobre espectroscopia de lantanídeos foi dedicada ao pesquisador pernambucano (https://doi.org/10.1016/j.jlumin.2015.11.024). Em 2015, Malta recebeu o Prêmio Ricardo Ferreira ao Mérito Científico, recém-criado pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, Facepe. Em 2014, ganhou um reconhecimento ao mérito científico da Associação Brasileira de Química, a Medalha Professor Paulo José Duarte. Em 2003, foi nomeado membro titular da Academia Brasileira de Ciências, ABC.
Neste ano de 2017, Malta foi chairman da International Conference on Luminescence (ICL), a qual, depois de dezessete edições realizadas no hemisfério norte, foi sediada em João Pessoa.
Bolsista de produtividade em pesquisa 1A do CNPq, Oscar Malta é autor de cerca de 180 artigos publicados em periódicos internacionais, que contam com cerca de 7.000 citações na Web of Science. O cientista possui um índice H de 42.
Veja nossa entrevista com Oscar Manoel Loureiro Malta.
Boletim da SBPMat: – Na sua própria avaliação, quais são as suas principais contribuições à área de Materiais e por que as considera mais relevantes?
Oscar Malta: – Desde a época do mestrado, iniciado em 1977, meus trabalhos estão nas áreas da química teórica, teoria do campo ligante, intensidades espectrais 4f-4f, transferência de energia não radiativa, em particular, transferência de energia intramolecular em compostos de coordenação com íons lantanídeos cuja teoria desenvolvi entre 1996 e 1998 e continuo trabalhando com ela até hoje, assim como vários grupos no Brasil e no exterior. Ao longo dessas últimas três décadas, num trabalho envolvendo uma grande e extraordinária sinergia entre teoria e experimento, conseguimos construir um esquema muito bem-sucedido para a modelagem de compostos de coordenação com íons lantanídeos luminescentes altamente funcionais, com potencial para diversas aplicações tais como marcadores luminescentes em bioensaios. Muitos desses resultados foram obtidos nos períodos em que coordenei duas redes nacionais de nanotecnologia. A primeira, Rede Nacional de Nanotecnologia Molecular e de Interfaces (RENAMI), teve vigência de 2001 a 2009, a segunda, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Marcadores Integrados (inct-INAMI), teve vigência de 2009 a 2015. Acoplados a esses resultados foram também desenvolvidos dois importantes temas: o efeito de plásmons de nanopartículas metálicas sobre a luminescência de compostos com íons lantanídeos, um assunto hoje ligado à chamada plasmônica, e o conceito de polarizabilidade da região de recobrimento na ligação química como uma forma de quantificar covalência, introduzido por mim entre 2002 e 2005 com a finalidade de melhor compreender a ligação química envolvendo orbitais 4f. Tal conceito foi posteriormente generalizado para qualquer ligação química, de moléculas simples a materiais complexos. Em todos esses resultados vale salientar a participação dos estudantes, da iniciação científica ao doutorado.
Boletim da SBPMat: – Você começou a pesquisar no campo de espectroscopia de compostos com íons lantanídeos em seu mestrado, 40 anos atrás, e ainda continua trabalhando na área. O que mais lhe atrai nesse tema de pesquisa? Trata-se de uma área ainda promissora? O que mudou na pesquisa nessa área no Brasil desde a década de 1970 até agora?
Oscar Malta: – Os lantanídeos e seus compostos são fascinantes. Eles me levaram a mergulhar no mundo da química teórica, no mundo da álgebra de momento angular, no mundo da interação da radiação com a matéria e no mundo da espectroscopia. Quando terminei o mestrado estava tudo certo para que eu fosse realizar o doutorado na Inglaterra trabalhar em física atômica. Nessa época esteve em Recife, a convite de Gilberto Sá e Ricardo Ferreira, Paul Caro, um dos mais renomados pesquisadores em espectroscopia de lantanídeos. Fez um seminário que me deixou fascinado. Desisti de ir para a Inglaterra e fui trabalhar no grupo de Paul Caro no CNRS em Meudon-Bellevue na França. No início o plano era desenvolver uma tese experimental. Entretanto, eu queria trabalhar com a teoria. Paul Caro aceitou sem problemas, e surgiu uma interação teoria/experimento muito frutífera que se estendeu para outros grupos e continua até hoje, sempre com muito a se fazer tanto do ponto de vista fundamental como do ponto de vista de aplicações. O Brasil é um dos líderes mundiais nesse assunto, com grupos de pesquisa no país extremamente ativos e reconhecidos internacionalmente. Inclusive está retomando com muita propriedade a discussão sobre a produção de lantanídeos, pois é um país muito rico em minerais desses elementos, tão importantes para a tecnologia atual e, sem dúvida, a do futuro. Não podemos negligenciar isso.
Boletim da SBPMat: – Agora convidamos você a deixar uma mensagem para os leitores que estão iniciando suas carreiras científicas.
Oscar Malta: – Percebe-se hoje uma forte tendência dos jovens pesquisadores (refiro-me aqui à área científica ora em apreço) a valorizar exacerbadamente a ciência aplicada de modo imediatista. Com isso esquecem os fundamentos teóricos e até mesmo, muitas vezes, desconhecem a história do próprio assunto, inclusive experimentais, com que trabalham ou pretendem trabalhar. Canso (um fato) de notar isso em reuniões científicas e normalmente fico abismado. Isso é como um processo inflacionário linear em que se lança moeda no mercado sem ter um lastro. Mais cedo ou mais tarde termina-se caindo em problemas cujas soluções criativas (um pressuposto que deve acompanhar um cientista) poderiam ser encontradas caso tivesse havido um maior investimento na fundamentação teórica e uma maior preocupação com a história daquilo com que se está lidando. Portanto, com respeito a essa questão, a minha mensagem é: não negligencie uma boa formação teórica e o conhecimento da origem do assunto com que pretende trabalhar. Os países que hoje desenvolvem e exportam boa tecnologia percebem a importância disso.
Boletim da SBPMat: – Fique à vontade para compartilhar outros comentários com a nossa comunidade.
Oscar Malta: – A ciência e a tecnologia constituem mais do que nunca uma atividade social que requer criatividade (como sempre), formação, e, portanto, educação, dedicação e forte cooperação interdisciplinar. E requer investimentos. Sem esses ingredientes, somados a comitês de ética atuantes e sensatos, não seremos capazes de criar políticas inteligentes e sólidas de ciência e tecnologia que garantam a continuação da civilização humana. O grande astrônomo Carl Sagan dizia que sem esses ingredientes levados a sério e sem a noção de que daqui a cinco bilhões de anos o nosso sistema solar terá sido queimado (por nossa, então, gigante vermelha), não teremos chances de sair daqui. Isso parece ficção científica, mas não é. Tomara que as próximas gerações, principalmente de governantes, percebam isso. Neste aspecto sou otimista, assim como um grande neurocientista (Miguel Nicolelis) que escreveu “Muito Além do Nosso Eu”, que recomendo aos meus colegas da Ciência de Materiais. Sobretudo no que diz respeito a propriedades emergentes.
A Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP, torna público que, no período de 21/09/2017 a 20/10/2017, estão abertas as inscrições para o Processo Seletivo de candidatos a aluno regular, nos cursos de Mestrado e de Doutorado do Programa de Pós- Graduação em Ciência dos Materiais, para ingresso no 1º semestre de 2018.
Edital na integra disponível em: http://www.feis.unesp.br/Home/
MRS-Japan is honored to announce that it hosts IUMRS-ICAM 2017 at Kyoto, Japan during August 27 to September 1, 2017. Its website is www.iumrs-icam2017.org. The abstract submission is open.
Kyoto is ancient capital of Japan and has many temples and other places to visit. All of you are welcome to Kyoto. We have many attractive talks from Nobel laureates and leading scientists. They are listed below. We also have “Young Scientist Awards contest” during this conference. Please visit our website for more information and submit abstract hopefully before February 28, 2017.
I am looking forward to meeting you in Kyoto.
Best regards,
Yasuro Ikuma
MRS-Japan
List of Nobel laureates and plenary lecturers (in alphabetical order)
Professor Hiroshi Amano (Japan). He received Nobel Prize in Physics 2014 for his work on the invention of efficient blue light-emitting diodes which has enabled bright and energy-saving white light sources.
Professor Elvira Fortunato (Portuguese Republic). She pioneers European research on new transparent electronics, namely thin-film transistors based on oxide semiconductors, demonstrating that oxide materials can be used as true semiconductors.
Professor Axel Hoffmann (USA). He is outstanding scientist in the field of magnetism related subjects, including basic properties of magnetic heterostructures, spin-transport in novel geometries, and biomedical applications of magnetism.
Professor Andrew Holems (Australia). He is the president of Australia Academy of Science and is the best of the best in all Australian scientists. He has made extensive contributions in the area of light emitting and photovoltaic devices.
Professor Ado Jorio (Brazil). He is one of the scientists who received SOMIYA Award in 2009. Also, he is the authority in the field of Optical spectroscopy which provides information on the matter at the molecular level, with unlimited range of applications.
Professor George Malliaras (France). He made distinguished achievements in the field of Bioelectronics which deals with the coupling of the worlds of electronics and biology.
Professor Chintamani Nagesa Ramachandra Rao (C.N.R. Rao, India). He is head of the Scientific Advisory Council to the Prime Minister of India. On 16 November 2013, the Government of India announced his selection for Bharat Ratna which is the highest civilian award in India.
Professor Akira Suzuki (Japan). He received Nobel Prize in Chemistry 2010 for his work on cross couplings between carbon atoms, with the metal palladium as a catalyst.
Professor Eiji Yashima (Japan). He is a leading scientist in the field of design and synthesis of helical molecules, supramolecules, and polymers with novel structures and functions.
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João Alziro Herz da Jornada nasceu em 1º de junho de 1949 em São Borja (RS). Entre 1968 e 1971, realizou a graduação em Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Logo após receber o diploma de bacharel, iniciou o mestrado em Física, também na UFRGS, o qual concluiu em 1973. A dissertação de mestrado versou sobre um dos temas aos quais se dedicaria ao longo de sua carreira científica, o efeito das altas pressões nos materiais.
Em agosto de 1974, assumiu o cargo de professor adjunto do Instituto de Física da UFRGS. De 1977 a 1979 realizou o doutorado em Ciências da UFRGS, no qual desenvolveu um novo trabalho de pesquisa sobre efeitos das altas pressões em materiais, orientado pelo professor Fernando Claudio Zawislak. Sua tese de doutoramento recebeu uma distinção de louvor da UFRGS. Em 1983 e 1984, fez pós-doutorado no National Institute of Standards and Technology (NIST), instituto dedicado a promover a inovação e competitividade industrial por meio da metrologia, ciência e tecnologia nos Estados Unidos. Em abril de 1985, tornou-se professor titular do Instituto de Física da UFRGS, posição que manteve até a sua aposentadoria em fevereiro de 2016. Desde então, é colaborador convidado dessa instituição. Ao longo de sua carreira acadêmica na UFRGS, desempenhou vários cargos de administração, entre eles, o de presidente da Câmara de Pesquisa da universidade e o de coordenador de pós-graduação do Instituto de Física. O professor Jornada também criou e coordenou o Laboratório de Altas Pressões e Materiais Avançados do IF-UFRGS.
Desde 1993 até o ano 2000, Jornada foi coordenador do comitê executivo da Associação Rede de Metrologia e Ensaios do Rio Grande do Sul (Rede Metrológica RS), uma entidade criada em 1992, que atua como articuladora na prestação de serviços qualificados de metrologia e de qualidade por parte de seus laboratórios associados.
De 2000 a 2004, Jornada foi diretor de metrologia científica e industrial do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), autarquia federal vinculada ao Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços criada em 1973, cuja missão é fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços.
Em dezembro de 2004, o professor Jornada assumiu a presidência do Inmetro, permanecendo no cargo por 11 anos, até dezembro de 2015. Em seu mandato, Jornada promoveu mudanças na estratégia, capacitação, infraestrutura e gestão do Inmetro, que levaram a instituição a aumentar seu reconhecimento científico nacional e internacional e a desenvolver interações com a academia, empresas e governo.
Jornada recebeu uma série de distinções, como o Prêmio Pesquisador Destaque da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) na área de Física (1998); a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico da Presidência da República, na classe Comendador (2000) e Grã Cruz (2007), 2004 a Comenda da Ordem do Mérito Aeronáutico na Classe Comendador da Força Aérea Brasileira (2004), a Comenda da Ordem de Rio Branco no grau de Comendador do Ministério das Relações Exteriores (2008) e a Medalha Mérito Tamandaré da Marinha do Brasil (2015). É membro da Academia Brasileira de Ciências desde 2001, fellow da TWAS (The World Academy of Sciences for the advancement of science in developing countries) desde 2008. Desde 2016, é distinguished fellow da Global Federation of Competitiveness Councils, uma rede de pessoas e organizações envolvidas em estratégias de competitividade, sediada em Washington (EUA).
O cientista é autor de cerca de 100 artigos publicados em periódicos científicos, entre eles, os prestigiosos Science e Nature.
Boletim da SBPMat: – Conte-nos o que o levou a se tornar um cientista e, em particular, a atuar na área de Física da Matéria Condensada.
João A. Herz da Jornada: – Desde cedo tive grande interesse pela Ciência. O ambiente no final dos anos 50 e início dos anos 60, época de minha infância e adolescência, era especialmente estimulante para a carreira científica, especialmente a Física. Havia muito destaque na imprensa para assuntos que me fascinavam, como foguetes, sputnik, corrida espacial, energia nuclear, transistor, computadores… Era uma época em que o mundo via a Ciência com extremo otimismo e confiança, verdadeiramente a “fronteira sem fim”, nas palavras de Vannevar Bush. A Ciência representava certezas, fornecendo o caminho seguro para responder todas as questões, grandes e pequenas, uma visão de mundo verdadeira, completa e unificada- talvez o ápice do ideário iluminista. Tudo isto me fascinava. Sempre gostei muito de ler, aprender, fazer experimentos e construir coisas envolvendo Física, Química e Eletrônica, desfrutar o prazer da descoberta e da realização. Assim, seguir a carreira científica foi muito natural. Graduei-me em Física e fiz mestrado e doutorado em Física Experimental, aplicando técnicas de Física Nuclear a problemas de Física da Matéria Condensada, sob a orientação do Fernando Zawislak. Nessa época a Física da Matéria Condensada despontava com dinamismo, havia bastante problemas interessantes para atacar e também relevantes demandas para aplicações em várias áreas. Meu trabalho de doutorado envolveu projetar e construir câmaras de muito altas pressões, exigindo conhecimento mais profundo sobre algumas propriedades de materiais; assim comecei a me interessar para além da Física da Matéria Condensada, entrando em Ciência dos Materiais. Adicionalmente, fiquei entusiasmado com as potencialidades da técnica em Física da Matéria Condensada, por permitir variações consideráveis e controláveis de distâncias interatômicas, fatores determinantes das propriedades de sólidos, além de gerar transformações de fase. Como não havia expertise alguma em altas pressões no Brasil, decidi criar um Laboratório para desenvolver a técnica, implantar uma boa infraestrutura experimental e explorar suas possibilidades como um novo instrumental de pesquisa em nosso meio. Com efeito, montamos um bom laboratório, com diferentes tipos de sistemas para produção de altas pressões, projetados e construídos aqui mesmo, viabilizando processamentos em altas temperaturas e medidas in-situ usando várias técnicas de sondagem, como espectroscopia ótica e difração de raios-x. Assim, pudemos desenvolver várias linhas de pesquisa em Física da Matéria Condensada. Estou usando o plural para enfatizar o trabalho em equipe, com um fantástico time de estudantes e colaboradores. O domínio desta técnica aumentou mais ainda meu interesse por Ciência dos Materiais por oferecer uma nova janela de oportunidades para produção de novos materiais, em especial os materiais chamados superduros, como o diamante e seus compósitos. A produção de diamantes sintéticos em nosso Laboratório nos introduziu definitivamente dentro da Ciência dos Materiais, com algumas linhas de pesquisa bem representativas, como síntese de diamante, por altas pressões e por CVD, produção de compactos e compósitos de materiais de alta dureza, produção de ferramentas de corte com diamante e cBN etc. Posteriormente iniciamos trabalhos em materiais cerâmicos, envolvendo tanto pesquisa básica como pesquisa aplicada, em conexão com empresas, para produção de cerâmicas estruturais.
Mas há um também um fator que creio ter influído bastante na escolha de minha carreira: tanto a Física da Matéria Condensada como a Ciência dos Materiais oferecem tremendas possibilidades para inovações e geração de riqueza para a sociedade, esta mesma sociedade que com dificuldades apoia e custeia nosso trabalho. Tenho um sentimento de dever, compartilhado por muitos de minha geração, no sentido de ajudar efetivamente o desenvolvimento do País.
Boletim da SBPMat: – Quais são, na sua própria avaliação, as suas principais contribuições à área de Materiais? Gostaríamos de pedir que você vá além da enumeração de resultados e descreva brevemente as contribuições que considera de mais impacto ou mais destacadas. Ao refletir sobre sua resposta, sugerimos que considere todos os aspectos da atividade científica.
João A. Herz da Jornada: – A resposta não é fácil, frente às múltiplas dimensões da pergunta e à natural dificuldade de falar dos próprios feitos. Vou comentar alguns aspectos resumidamente. Em primeiro lugar, a formação de pessoas, num variado espectro de níveis, dentro da área de Materiais: Doutores, Mestres, estudantes de graduação e bolsistas de iniciação científica. Aliás, a formação de recursos humanos de qualidade é para mim a maior contribuição da pesquisa básica num país ainda em desenvolvimento como o Brasil. Tenho muito orgulho de ter contribuído para o desenvolvimento científico de muitas pessoas, em particular os vários doutores que formei e que agora estão em importantes posições de liderança. Outro aspecto que considero relevante é a construção, junto com dedicados estudantes e colaboradores, de uma infraestrutura laboratorial única, na área de altas pressões e técnicas associadas, possibilitando muitos trabalhos de investigação e também alguns de apoio à Indústria. Implantamos a técnica de altas pressões no Brasil, construindo vários tipos de equipamentos, e aplicamos numa ampla gama de trabalhos científicos e tecnológicos, inclusive sintetizando pela primeira vez no País diamante e outros materiais avançados.
Como todo pesquisador brasileiro, minhas contribuições científicas, especialmente publicações, estão detalhadas no Currículo Lattes, mas do ponto de vista pessoal tenho muita satisfação com algumas publicações em revistas de grande impacto, como Science, Nature, PRL e PR, que foram resultados de trabalhos inteiramente realizados em nosso Laboratório, com ideias próprias e com equipamentos em grande parte construídos por nós, muitas vezes utilizando sucata de equipamentos velhos. Outra contribuição à Ciência dos Materiais foi a criação do Laboratório de Materiais no Inmetro, ao longo de meu período como presidente da instituição. Além de um programa científico interessante e de equipe de muito bom nível, foi implantada a maior infraestrutura de microscopia eletrônica do hemisfério sul, acessível a toda a comunidade científica e tecnológica do País. Dentro da UFRGS fui um dos fundadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais e do Centro de Microscopia e Microanálise. Destaco também a construção de uma rede de parcerias internacionais envolvendo estudo de materiais e altas pressões.
Boletim da SBPMat: – Você será homenageado no XVI Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting com a Palestra Memorial “Joaquim da Costa Ribeiro”. Comente brevemente o que você abordará nessa palestra e/ou deixe um convite para nossos leitores.
João A. Herz da Jornada: – Sinto-me honrado pela distinção e convido os leitores para a palestra; terei muito gosto em contar com a participação expressiva de nossa comunidade. O tema será a conexão entre Ciência dos Materiais e Inovação, sob uma perspectiva pouco discutida no Brasil, mais especificamente os complexos mecanismos que geram impacto econômico e social a partir da pesquisa básica. Creio que o tema é bem relevante neste momento de graves restrições orçamentárias para a Ciência no Brasil. É importante termos um entendimento aprofundado do assunto, usando a mesma abordagem científica com que trabalhamos, baseada em evidências, boa lógica, rigor, espírito crítico, mente aberta e ampla discussão. Discutiremos a necessidade de se trabalhar com novos conceitos, como capacidade de absorção, capacidade de apropriação de conhecimentos e conectividade, para melhor entender o problema. Veremos que a Ciência dos Materiais constitui-se numa área particularmente importante, não só pelos conhecimentos específicos associados estarem muito próximos de aplicações, mas também pelo seu caráter multidisciplinar envolver necessariamente um amplo leque de conexões – um dos importantes fatores de um “ecossistema” inovativo.
Boletim da SBPMat: – Deixe uma mensagem para os leitores que estão iniciando suas carreiras científicas.
João A. Herz da Jornada: – Como mensagem aos que estão iniciando a carreira gostaria de sugerir uma reflexão sobre uma famosa ideia do grande filósofo do Iluminismo, David Hume, que pode ser resumida mais ou menos assim: a razão é uma serva das paixões. Qual seu significado no presente contexto? A Ciência é um empreendimento essencialmente racional do espírito humano. Exige lógica, inteligência, trabalho disciplinado e rigoroso. Mas também exige criatividade, imaginação, conexão com pessoas, sonho, e muita vontade – fundamentalmente paixão. A paixão nos inspira e nos mobiliza para o trabalho, mas por outro lado é também nutrida pelos desafios e pelos resultados de um belo trabalho, e nutrida também pela natureza altamente social e estimulante do ambiente científico. Estas duas dimensões têm de ser igualmente reconhecidas e devidamente cuidadas. A Ciência dos Materiais nos propicia uma enorme gama de belos desafios, constantemente renovados pela sua própria dinâmica e pelas demandas por aplicações, que estão sempre a nos conectar com a sociedade. Ela propicia boas chances de resultados gratificantes, tanto científicos como tecnológicos. Seu caráter multidisciplinar, exigindo sempre muita interação, nos propicia rica e estimulante experiência humana.
O Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais (PGCIMAT) da UFRGS realizará o primeiro encontro regional multidisciplinar em Ciência dos Materiais no Rio Grande do Sul. O propósito deste evento é congregar discentes, docentes e profissionais das indústrias do setor a uma ampla discussão e divulgação de pesquisa e desenvolvimento de novos materiais.
O encontro será estruturado de modo a divulgar as atividades desenvolvidas pelos estudantes de pós-graduação da área de materiais através de apresentações orais e pôsteres. As sessões serão precedidas por palestras de importantes pesquisadores da área de Ciência dos Materiais.
Site do evento: http://www.multimateriaisufrgs2016.com/