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Apesar de todo o conhecimento sobre nanotecnologia gerado nas últimas décadas, aplicar nanomateriais em produtos comerciais ainda pode ser uma tarefa difícil. No XVI Encontro da SBPMat, o professor Pulickel Ajayan, uma das referências mundiais em nanomateriais e nanoestruturas, vai lançar luz sobre esse problema.
Na palestra plenária que proferirá em Gramado na manhã de 14 de setembro, Ajayan discorrerá sobre alguns desafios inerentes à aplicação de nanomateriais (particularmente, os de duas dimensões) em sistemas e dispositivos, abordando questões relativas à síntese, caracterização e modificação desses materiais.
De fato, desde o início de sua carreira científica, Ajayan tem se destacado no desenvolvimento de nanomateriais com diversas funcionalidades, aplicáveis a segmentos como, por exemplo, o de armazenamento e conversão de energia, catálise, eletrônica de baixo consumo, nanomedicina e preservação do meio ambiente. Entre suas contribuições mais famosas, desenvolvidas junto à sua equipe e colaboradores, estão os nanotubos de carbono recheados com material fundido que funcionam como moldes de nanofios (1993); a nanoescova de nanotubos de carbono, destacada pelo Guinness World Records como a menor do mundo (2005); a bateria de papel, feita de celulose e nanotubos (2007); o tapete de nanotubos ultra escuro, que reflete apenas 0,045% de luz (2008); a esponja de nanotubos reutilizável capaz de absorver óleo disperso em águas (2012).
Professor e diretor do Departamento de Ciência de Materiais e Nanoengenharia da Rice University (EUA), Pulickel Madhavapanicker Ajayan é dono de excepcionais indicadores de produção científica (índice h de 144 e mais de 95 mil citações segundo o Google Scholar), construídos ao longo de 30 anos de pesquisa.
Pulickel Ajayan nasceu em 1962 na Índia, numa pequena cidade do estado de Kerala, localizado ao sul do país. Ali cursou o ensino primário. Realizou os estudos secundários na capital do estado, numa escola que despertou seu entusiasmo por aprender, sua curiosidade e seu interesse em ciência.
Em 1985, Ajayan formou-se em Engenharia Metalúrgica na Banaras Hindu University (BHU), localizada no nordeste da Índia e, em seguida, foi fazer um doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais na Northwestern University (EUA). Nesse momento, começou a incursionar na nanotecnologia. Em 1989, defendeu sua tese sobre partículas de ouro muito pequenas que, alguns anos mais tarde, começariam a ser chamadas de “nanopartículas”.
Em 1990, mudou-se para o Japão para fazer um estágio de pós-doutorado no Laboratório de Pesquisa Fundamental da NEC Corporation, onde permaneceu até 1993 no grupo responsável por uma série de estudos seminais sobre os nanotubos de carbono – inclusive a própria “descoberta” desses nanomateriais, atribuída a Sumio Iijima em 1991. Durante seu pós-doc, Ajayan obteve importantes resultados sobre a síntese de nanotubos em grande escala e sobre o enchimento de nanotubos com outros materiais.
Do Japão, foi para a França, onde atuou como pesquisador do Laboratório de Física dos Sólidos da Université Paris-Sud durante dois anos e, em seguida, para a Alemanha, onde trabalhou durante um ano e meio no Max-Planck-Institut für Metallforschung. Em 1997, mudou-se aos Estados Unidos ao se tornar professor assistente do Rensselaer Polytechnic Institute (RPI), a mais antiga universidade de pesquisa tecnológica do país, localizada no estado de Nova Yorque. No RPI, ocupou a cadeira Henri Burlage de Engenharia e trabalhou no grupo de pesquisa em nanotecnologia.
Em 2007, saiu do RPI e uniu-se ao corpo docente do Departamento de Engenharia Mecânica e Ciência de Materiais da Rice University, ocupando a cadeira Benjamin M. and Mary Greenwood Anderson de Engenharia. Em 2014, assumiu também a coordenação do recém-criado Departamento de Ciência de Materiais e Nanoengenharia.
Atualmente, além de lecionar e liderar um grupo de pesquisa de cerca de 40 membros na Rice University, Ajayan viaja muito, seja para dividir seus conhecimentos sobre nanotecnologia (já proferiu mais de 350 palestras a convite e é professor convidado em universidades da China, Índia e Japão), quer para cuidar de suas colaborações científicas. Além disso, Ajayan tem atuado em conselhos de diversos periódicos de Materiais e Nanotecnologia, de startups e de conferências internacionais.
O cientista recebeu importantes prêmios de diversas entidades como a Royal Society of Chemistry (Reino Unido), Alexander von Humboldt Foundation (Alemanha), Materials Research Society (EUA), Microscopic Society of America (EUA) e a famosa revista de divulgação científica Scientific American, bem como distinções de numerosas universidades do mundo, inclusive o doutorado honoris causa pela Université Catholique de Louvain (Bélgica). É membro eleito da Royal Society of Chemistry (Reino Unido), American Association for the Advancement of Science (AAAS), as academias nacionais de ciências da Índia e México, entre outras sociedades científicas.
Segue uma breve entrevista com o cientista
Boletim da SBPMat: – Gostaríamos que você escolhesse algumas de suas contribuições à nanotecnologia, a descrevesse brevemente e compartilhasse a referência do artigo em que foi publicada. Por favor, escolha aquela que você considera que causou ou causará mais impacto na sociedade e aquela que lhe deu mais satisfação pessoal.
Pulickel Ajayan: – Várias de nossas descobertas têm impacto comercial e social. Nas últimas duas décadas, alguns dos destaques da pesquisa do nosso laboratório foram arranjos de nanotubos de carbono como absorventes de luz extremos (para termofotovoltaica), arranjos de nanotubos como fitas de gecko, fibras de nanotubos de carbono de alta condutividade, membranas de óxido de grafeno para filtração de água, nanomateriais de carbono para armazenamento de energia, nanocompósitos de polímeros leves, desenvolvimento de materiais bidimensionais para eletrônicos e sensores, pontos quânticos baseados em carbono para catálise, por exemplo, redução de CO2 etc.
Um dos trabalhos mais emocionantes para mim foi relacionado à conversão de cebolas de carbono em nanopartículas de diamante por irradiação de elétrons. Este trabalho foi feito em colaboração com o Prof. Florian Banhart, quando visitei como pós-doc o Max Planck Intitute for Metallforschung, em Stuttgart, em meados da década de 90. Este trabalho publicado na revista Nature mostrou a observação direta da transição do grafite à fase de diamante sem aplicação de nenhuma pressão externa.
Boletim da SBPMat: – Alguma de suas contribuições já foi transferida a um produto comercial? Comente brevemente.
Pulickel Ajayan: – Duas empresas startup (Paper Battery Co. e Big Delta Systems) saíram do nosso trabalho; ambas envolvem tecnologias não convencionais de armazenamento de energia.
Boletim da SBPMat: – Deixe um convite para sua palestra plenária.
Pulickel Ajayan: – A nanotecnologia é uma abordagem de mudança de paradigma sobre como vamos construir materiais do futuro. Está no cerne da fabricação de baixo para cima (bottom-up) e afetará várias áreas das tecnologias futuras. Nosso trabalho nas últimas duas décadas tem se concentrado na criação de materiais nanoestruturados com vários tipos de blocos de construção em nanoescala.
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No site da reunião do XVI B-MRS, clique na foto de Pulickel Ajayan e veja seu mini CV e o resumo de sua palestra plenária:http://sbpmat.org.br/16encontro/home/
No grupo de pesquisa do professor Kirk Schanze, os polieletrólitos conjugados (CPEs, na sigla em inglês) têm sido objeto de estudos fundamentais e também protagonistas de aplicações. O grupo já explorou CPEs como sensores fluorescentes, em células solares e como materiais bactericidas, por exemplo.
No dia 13 de setembro, em Gramado, Kirk Schanze abrirá um espaço na sua apertada agenda de professor da Universidade de Texas em San Antonio (UTSA) e editor-chefe da ACS Applied Materials & Interfaces para proferir uma palestra plenária sobre CPEs no XVI Encontro da SBPMat.
Schanze formou-se em Química pela Universidade do Estado da Flórida (FSU) em 1979. Quatro anos mais tarde, obteve seu diploma de doutorado, também em Química, pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill. Logo depois, ganhou uma das concorridas bolsas do Instituto Miller para fazer um estágio de pós-doutorado na Universidade de Califórnia, Berkeley. Depois de dois anos como pós-doc, tornou-se professor da Universidade da Florida (UF), onde permaneceu até 2016. Ali foi professor de Química, ocupando a cadeira Prominski, e coordenador da divisão de Química Orgânica. Além disso, fundou o Schanze Group, que hoje continua suas atividades de pesquisa na UTSA.
Entre 2000 e 2008, Schanze desempenhou-se como editor sênior do prestigiado periódico Langmuir, da American Chemical Society (ACS). Logo depois, assumiu o cargo de primeiro editor-chefe do periódico ACS Applied Materials & Interfaces, que acabava de ser lançado.
Em 2016, Schanze deixou a UF para ocupar a cadeira de Química “Robert A. Welch Distinguished University Chair” na UTSA.
É autor de cerca de 300 papers e 20 patentes. Conforme o Google Scholar, sua produção científica conta com mais de 16.000 citações e seu índice h é de 71. É fellow da American Chemical Society. Foi professor visitante no Harbin Institute of Technology (China) e na Tokyo Metropolitan University (Japão) em 2011, da Ecole Normale Supérieure Cachan (França) em 2008 e no Chemical Research Promotion Center (Taiwan) em 2007. Recebeu distinções da Japan Society for Promotion of Science, American Chemical Society, Japanese Photochemical Association, National Science Foundation e University of Florida, entre outras entidades.
Segue uma breve entrevista com o cientista.
Boletim da SBPMat: – Na sua opinião, quais são suas principais contribuições científicas e / ou tecnológicas para o campo dos polieleletrólitos conjugados? Descreva-as brevemente e sinta-se livre para compartilhar algumas referências de seus artigos, patentes ou livros.
Kirk Schanze: – Estamos entre os primeiros grupos a estudar polielectrolitos conjugados, que são polímeros conjugados solúveis em água. Seguem algumas das principais contribuições do nosso grupo para este campo:
a)Nosso laboratório foi o primeiro a reportar a síntese de um poli (fenil etinileno) sulfonato (PPE-SO3) fluorescente e solúvel em água e descrever a aplicação para a detecção fluorescente de íons na água a uma concentração ultrabaixa. [1]
b)Nós fomos os primeiros a reportar o uso de um polieletrólito conjugado fluorescente como sensor para a atividade enzimática, que é uma importante aplicação em biossensoriamento. [2]
c)Nosso laboratório desenvolveu as aplicações de polieletrólitos catiônicos conjugados para detectar a atividade enzimática da fosfatase. Essas enzimas são importantes em vários processos biologicamente significativos. [3,4]
d)Trabalhando em colaboração com o Prof. David Whitten, da Universidade do Novo México, desenvolvemos polieletrólitos catiônicos conjugados como uma nova classe de agentes antibacterianos. [5,6]
Referências:
[1] C. Tan, M. R. Pinto and K. S. Schanze, “Photophysics, Aggregation and Amplified Quenching of a Water-Soluble poly(Phenylene ethynylene)”, Chem. Commun. 2002, 446-447, 10.1039/B109630C.
[2] M. R. Pinto and K. S. Schanze, “Amplified Fluorescence Sensing of Protease Activity with Conjugated Polyelectrolytes”, Proc. Nat. Acad. Sci. USA, 2004, 101, 7505, 10.1073/pnas.0402280101.
[3] Zhao, X.; Liu, Y.; Schanze, K. S., “A Conjugated Polyelectrolyte Based Fluorescence Sensor for Pyrophosphate”, Chem. Commun. 2007, 2914-2916, 10.1039/b706629e.
[4] Zhao, X. Y.; Schanze, K. S., “Fluorescent Ratiometric Sensing of Pyrophosphate via Induced Aggregation of a Conjugated Polyelectrolyte”, Chem. Commun. 2010, 46, 6075-6077, 10.1039/c0cc01332c.
[5] Ji, E.; Corbitt, T. S.; Parthasarathy, A.; Schanze, K. S.; Whitten, D. G., “Light and Dark-Activated Biocidal Activity of Conjugated Polyelectrolytes”, ACS Appl. Mater. Interfaces 2011, 3, 2820-2829, 10.1021/am200644g.
[6] 299. Huang, Y.; Pappas, H. C.; Zhang, L.; Wang, S.; Cai, R.; Tan, W.; Wang, S.; Whitten, D. G.; Schanze, K. S., “Selective Imaging and Inactivation of Bacteria over Mammalian Cells by Imidazolium Substituted Polythiophene”, Chem. Mater. 2017, 2017, 29, 6389–6395, 10.1021/acs.chemmater.7b01796.
Boletim da SBPMat: – Você é editor-chefe da ACS Applied Materials & Interfaces desde sua criação, em 2008-2009. Em menos de 10 anos, o periódico atingiu um fator de impacto de 7,504. A que fatores você atribui este bom resultado?
Kirk Schanze: – A ACS Applied Materials & Interfaces (AMI) publica artigos que provêm de uma área de pesquisa de materiais atualmente muito ativa, especificamente materiais / interfaces aplicadas. Há uma grande comunidade de cientistas e engenheiros de todo o mundo que estão trabalhando neste campo. A AMI possui uma comunidade global de editores e membros do conselho editorial que representam suas regiões. Na verdade, o editor mais novo que se juntou ao nosso conselho editorial é o Prof. Osvaldo Oliveira Jr. da Universidade de São Paulo!
Boletim da SBPMat: – Frequentemente vemos artigos da comunidade brasileira de Materiais no ACS Applied Materials & Interfaces. Você poderia compartilhar com nossos leitores alguns números sobre a participação de autores do Brasil no periódico?
Kirk Schanze: – A ACS Applied Materials & Interfaces publicou mais de 100 trabalhos com autores ou co-autores do Brasil. Muitos desses trabalhos foram altamente citados no campo da ciência dos materiais. Exemplos de trabalhos altamente citados são:
-K. Poznyak†, J. Tedim†, L. M. Rodrigues†‡, A. N. Salak†, M. L. Zheludkevich*†, L. F. P. Dick‡ and M. G. S. Ferreira†§ Novel Inorganic Host Layered Double Hydroxides Intercalated with Guest Organic Inhibitors for Anticorrosion Applications, ACS Appl. Mater. Interfaces, 2009, 1 (10), pp 2353–2362, DOI: 10.1021/am900495r (co-author from Rio Grande do Sul Federal University in Porto Alegre)
-Heberton Wender*†, Adriano F. Feil†, Leonardo B. Diaz†, Camila S. Ribeiro‡, Guilherme J. Machado†, Pedro Migowski§, Daniel E. Weibel‡, Jairton Dupont§, and Sérgio R. Teixeira*† Self-Organized TiO2 Nanotube Arrays: Synthesis by Anodization in an Ionic Liquid and Assessment of Photocatalytic Properties, ACS Appl. Mater. Interfaces, 2011, 3 (4), pp 1359–1365, DOI: 10.1021/am200156d
Boletim da SBPMat: – Deixe um convite para sua palestra plenária.
Kirk Schanze: – Todos são convidados a participar da minha palestra, que irá destacar o nosso trabalho com polieletrólitos conjugados aplicado no campo da química de energia e de biomateriais.
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No site da reunião do XVI B-MRS, clique na foto de Kirk Schanze e veja seu mini CV e o resumo de sua palestra plenária:http://sbpmat.org.br/16encontro/home/
Na corrida por desenvolver chips cada vez menores e de melhor desempenho, várias limitações tecnológicas precisam ser superadas. Hoje, os gargalos para continuar nessa tendência se encontram, principalmente, nas técnicas para fabricar circuitos eletrônicos de menos de 10 nm. Dentre as técnicas que estão sendo aprimoradas para fabricar a próxima geração de chips, uma das mais promissoras é a litografia por luz ultravioleta extrema, conhecida pela sigla em inglês EUVL (extreme ultraviolet lithography), que aproveita o curtíssimo comprimento de onda desse tipo de radiação para gravar circuitos nanométricos em cima dos “resistes” – finas camadas de material sensível à radiação que cobrem o substrato do chip durante sua fabricação.
No XVI Encontro da SBPMat, a palestra plenária da tarde 12 de setembro discutirá uma importante contribuição que a área de materiais pode fazer à fabricação da próxima geração de chips: o desenvolvimento de resistes adequados à fabricação de circuitos eletrônicos de menos de 10 nm por EUVL.
O assunto será apresentado por Kenneth E. Gonsalves, Distinguished Professor do Indian Institute of Technology Mandi (IIT Mandi), instituição indiana de ensino e pesquisa científica e tecnológica criada em 2009, aonde Gonsalves chegou em 2012 como professor visitante.
Gonsalves formou-se em Química pela University of Delhi (India). Depois, fez mestrado, também em Química, no Boston College (EUA) e doutorado na University of Massachusetts at Amherst(EUA), com uma tese sobre síntese de polímeros. Posteriormente, especializou-se em cerâmica polimérica (polymer ceramics) no MIT (EUA). De 2001 a 2014, ele ocupou a cadeira Celanese Acetate de materiais poliméricos na University of North Carolina at Charlotte (EUA).
Junto a seu grupo de pesquisa no instituto indiano e a seus colaboradores dos Estados Unidos, Índia, Brasil e Europa, Gonsalves tem realizado projetos de desenvolvimento de resistes para técnicas de nanofabricação avançadas, contando com financiamento grandes empresas do segmento da eletrônica.
Aqui segue uma breve entrevista com o pesquisador.
Boletim da SBPMat: – Conte-nos um pouco sobre suas principais contribuições científicas / tecnológicas.
Kenneth Gonsalves: – Minha pesquisa centrou-se em polímeros com ênfase na síntese de novos materiais. Nos últimos 20 anos, concentrei-me na tecnologia de resistes para a fabricação de CI (circuitos integrados). Esta é uma área fascinante, pois possui importantes aplicações tecnológicas no desenvolvimento de circuitos integrados, dispositivos de estado sólido. Além disso, também pode ser usada com sucesso em engenharia de células e tecidos para arcabouços (scaffolds) para biotecnologias.
Boletim da SBPMat: – Sobre os resistes nos quais você está trabalhando, quais habilidades são necessárias para desenvolvê-los, na sua opinião? E quando essa próxima geração de chips deverá estar disponível?
Kenneth Gonsalves: – A P&D de resistes é multifacetada e extremamente complexa. Exige colaborações extensas entre químicos orgânicos, inorgânicos e de polímeros. Além disso, a interação com físicos e engenheiros elétricos / eletrônicos é essencial. A próxima geração de chips no nodo de 14 nm está atualmente disponível. A tecnologia de nodos sub 7 nm está prevista para 2018.
Boletim da SBPMat: – Descreva da maneira mais simples e breve possível o processo de EUVL, sem esquecer de mencionar o papel dos resistes.
Kenneth Gonsalves: – Os fótons EUV são gerados por uma fonte de plasma ou síncrotron que opera a um comprimento de onda de 13,5 nm. Através de uma série de espelhos especiais e uma máscara, o modelo pré-designado para a fabricação do circuito integrado é projetado em materiais fotossensíveis, como polímeros e inorgânicos. Tudo isso é conduzido no vácuo, um desafio para a indústria de fabricação de circuitos integrados, uma vez que é uma mudança drástica com relação à atual tecnologia de fotolitografia, que funciona em condições ambientais. O comprimento de onda EUV extremamente curto é um pré-requisito para padrões da escala sub 20 nm. Os desafios para resistes que podem atender aos requisitos de nodo sub 7 nm são enormes. Um novo paradigma é primordial – os resistes híbridos, que são parcialmente inorgânicos, podem fornecer soluções para modelagem nessas escalas. As máscaras rígidas inorgânicas são outra alternativa. A sensibilidade desses fotorresistes deve ser aumentada drasticamente para atender a produção em massa de chips. Existem vários outros parâmetros críticos que devem ser atendidos para um sistema de resistes bem-sucedido. Mais uma vez, isso exige uma colaboração multidisciplinar, multi-institucional e industrial em escala global.
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No site da reunião do XVI B-MRS, clique na foto de Kenneth Gonsalves e veja seu mini CV e o resumo de sua palestra plenária: http://sbpmat.org.br/16encontro/home/
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Na Universidade de Illinois em Chicago, o professor Alexander Yarin e sua equipe usam materiais derivados de resíduos agropecuários para formar nanofibras que possuem propriedades importantes para várias aplicações. O grupo demonstrou que o método que emprega, a fiação por sopro em solução, pode ser implementado na escala industrial usando equipamentos comercialmente disponíveis.
No XVI Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting (10 a 14 de setembro, Gramado), Yarin proferirá uma palestra plenária sobre a fabricação e as propriedades dessas nanofibras e mostrará os resultados de sua aplicação como material biomédico e como adsorvente usado na remoção de íons de metais pesados de águas poluídas. Ele também discutirá possíveis aplicações em membranas nanotexturizadas biodegradáveis e biocompatíveis para proteger plantas podadas do fungo da esca e proteger madeiras do mofo.
Alexander Yarin diplomou-se mestre em Física Aplicada pelo Instituto Politécnico de São Petersburgo (Rússia) em 1977. Mudou-se então para Moscou, onde permaneceu até 1990 atuando como pesquisador do Instituto de Problemas de Mecânica da Academia de Ciências da Rússia, enquanto dava continuidade à sua formação acadêmica. Ali, em 1980, obteve o título de doutor em Física e Matemática e, em 1989, um título equivalente à habilitation que em alguns países da Europa ocidental é requisito para obter um cargo de professor universitário. Em paralelo, Yarin foi professor adjunto Instituto Técnico-Físico e no Instituto de Tecnologia de Aviação.
De 1990 a 2006, foi professor da renomada universidade israelita Technion (também conhecida como Instituto de Tecnologia de Israel), onde ocupou, a partir de 1999, a cadeira Eduard Pestel de Engenharia Mecânica. Durante suas licenças sabáticas, foi professor visitante de duas instituições estadunidenses, a Universidade de Wisconsin-Madison (1996 – 1997) e a Universidade de Illinois em Chicago (2003 – 2004).
Desde 2006, Alexander Yarin é Distinguished Professor do Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial da Universidade de Illinois em Chicago. Nessa universidade, Yarin coordena o Laboratório de Nanotecnologia e Mecânica em Multiescala, um espaço de mais de 200 m2 dedicado à investigação experimental e teórica da mecânica de fluídos e sólidos, principalmente na escala que vai desde poucos milímetros até os nanômetros.
Yarin é membro (fellow) da Sociedade Americana de Física (APS). É editor associado do periódico “Experiments in Fluids” e membro dos conselhos editoriais dos periódicos “Archives of Mechanics” e “Electrospinning”, bem como do boletim da Academia Polonesa de Ciências.
Já recebeu distinções da Academia de Ciências e Humanidades de Israel, Technion, Sociedade Estadunidense Technion, Sociedade Estadunidense de Física, Universidade Técnica Darmstadt (Alemanha), Sociedade de Mecânica de Taiwan e editora Elsevier, entre outras entidades.
Dono de um índice h de 54, o professor Yarin é autor de 4 livros, 12 capítulos de livros, 6 patentes e cerca de 300 artigos científicos. É co-editor do “Springer Handbook of Experimental Fluid Mechanics”, publicado em 2008. Sua produção acadêmica conta com mais de 21.500 citações, conforme o Google Scholar.
Segue uma breve entrevista com o cientista
SBPMat: – Na sua palestra plenária, você falará sobre materiais obtidos pelo processo de fiação por sopro em solução. Descreva em poucas palavras em que consiste este processo e se já é usado em escala industrial.
Alexander Yarin: – A fiação por sopro em solução é um processo relativamente novo, projetado para formar nanofibras monolíticas e de tipo “core-shell” de derivados de petróleo e de biopolímeros derivados de agro-resíduos (os últimos serão discutidos em detalhe na palestra). Neste processo, um jato de solução de polímero que se move lentamente é jogado para um jato de ar coaxial de alta velocidade (subsônica). Como resultado, o jato de solução de polímero é esticado e, em seguida, curva-se devido à instabilidade de flexão aerodinâmica que causa um dramático alongamento e afinamento. Em paralelo, o solvente evapora-se e as nanofibras secas precipitadas são depositadas sobre uma superfície alvo na forma de um “tapete” não tecido (um emaranhado de fibras). Recentemente, o processo de fiação por sopro em solução foi demonstrado usando um equipamento disponível industrialmente e formaram-se “tapetes” de nanofibra contendo proteína de soja.
SBPMat: – Quais são, na sua opinião, as suas principais contribuições científicas ou tecnológicas ao campo das nanofibras e temas afins? Fique à vontade para compartilhar algumas (poucas) referências se desejar.
Alexander Yarin: – A explicação e descrição teórica dos mecanismos físicos envolvidos na fiação por sopro em solução e na eletrofiação, novos métodos e abordagens experimentais, um amplo uso de biopolímeros (em particular, derivados de subprodutos da produção de biocombustíveis), desenvolvimento de novas aplicações. Duas publicações abrangentes recentes descrevem muitos dos resultados acima mencionados:
– A.L. Yarin, B. Pourdeyhimi, S. Ramakrishna. Fundamentals and Applications of Micro- and Nanofibers. Cambridge University Press, Cambridge, 2014.
– A.L. Yarin, I.V. Roisman, C. Tropea. Collision Phenomena in Liquids and Solids. Cambridge University Press, Cambridge, 2017.
SBPMat: – Deixe um convite para a sua palestra plenária.
Alexander Yarin: – Os materiais “verdes” nanotexturizados podem se tornar goleadores tão grandes quanto o Pelé! Venha e veja como.
Mais informações
No site do XVI Encontro da SBPMat, clique na foto de Alexander Yarin e o mini CV dele e o resumo da palestra que proferirá no evento: http://sbpmat.org.br/16encontro/home/
Cento e noventa e seis pesquisadores de instituições do estado de São Paulo receberão apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para participarem do próximo encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), o XVI B-MRS Meeting, que será realizado de 10 a 14 de setembro em Gramado (RS).
A fundação paulista pagará diárias e despesas de transporte a pesquisadores que participaram da solicitação de auxílio coletivo, amplamente divulgada pela SBPMat e os organizadores do evento em abril deste ano. O pagamento será realizado em forma de reembolso, depois da finalização do evento.
Os beneficiados serão contatados até o final deste mês por e-mail com mais informações e instruções. Mais informações: http://sbpmat.org.br/16encontro/fapesp/
A FAPESP é uma das instituições patrocinadoras do XVI B-MRS Meeting. Além disso, apoiam o encontro a CAPES, CNPq, FAPEMIG, UFRGS, periódicos da editora da American Chemical Society (ACS), o Convention & Visitors Bureau da Região das Hortênsias, e vinte e três empresas patrocinadoras, as quais terão estandes na exibição industrial do evento.
Estão abertas até 14 de agosto as inscrições para concorrer aos prêmios para estudantes de graduação e pós-graduação que apresentarão trabalhos no XVI Encontro da SBPMat/B-MRS Meeting. Além do tradicional “Bernhard Gross Award”, da SBPMat/B-MRS, esta edição do evento contará com prêmios da editora da American Chemical Society (ACS), responsável por uma série de periódicos muito prestigiados na comunidade de pesquisa em Materiais.
O Bernhard Gross Award, prêmio instaurado pela SBPMat em homenagem ao pioneiro da pesquisa em Materiais Bernhard Gross, distinguirá os melhores trabalhos – até 1 oral e 1 pôster – de cada simpósio.
Dentre os trabalhos vencedores do Bernhard Gross Award, serão selecionados os três melhores pôsteres e os três melhores orais para receberem o “ACS Publications Best Poster Prize” e o “ACS Publications Best Oral Presentation Prize”, respectivamente. Os prêmios consistirão em U$S 500 para cada trabalho vencedor, além do certificado. O prêmio da ACS será patrocinado por alguns renomados periódicos da editora: ACS Applied Materials & Interfaces, ACS Nano, Nano Letters, Chemistry of Materials, JACS e ACS Omega.
Para concorrer aos prêmios para estudantes, basta submeter, por meio do sistema de submissões do evento, um resumo estendido, elaborado conforme template disponível nas instruções para autores. Os trabalhos serão avaliados pela qualidade dos resumos estendidos e das apresentações, bem como por sua contribuição à ciência e/ou tecnologia.
O anúncio dos vencedores e a entrega dos prêmios ocorrerão no encerramento do XVI B-MRS Meeting, no dia 14 de setembro. Os prêmios só serão outorgados se os estudantes autores dos trabalhos ganhadores estiverem presentes na cerimônia.