Reportagem do XX B-MRS Meeting: a alegria do encontro presencial.

É tradição na SBPMat. No final de cada B-MRS Meeting, anuncia-se o evento do ano seguinte: a data, os coordenadores e, o mais esperado, o local. Entretanto, com Foz do Iguaçu, um dos destinos mais belos do mundo, as coisas ocorreram diferentemente. O anúncio foi realizado em setembro de 2019, mas o evento só ocorreu três anos depois. A culpa do atraso foi, é claro, da pandemia. Em 2020, o encontro foi adiado. Em 2021, foi realizado em formato online, sempre sob a coordenação do professor Gustavo Dalpian (UFABC), que lidou com habilidade com os desafios de um período difícil. Finalmente, em setembro de 2021, no final do encontro online, as professoras Lucimara Stolz Roman (UFPR) e Marcela Mohallem Oliveira (UTFPR), coordenadoras do XX B-MRS Meeting, anunciaram o que muitos esperavam: o evento seria realizado em Foz do Iguaçu, no ano seguinte.

cataratas

Foi assim que, depois de três anos sem encontros presenciais, cerca de 1.100 pessoas dos cinco continentes do planeta e das cinco regiões do Brasil se reuniram em Foz do Iguaçu de 25 a 29 de setembro de 2022. “O vigésimo encontro da SBPMat foi importantíssimo para a comunidade de materiais se reencontrar pessoalmente depois da pandemia de Covid-19”, disse a professora Lucimara. “A alegria das pessoas, dos estudantes, principalmente aqueles que estavam participando de uma conferência presencial pela primeira vez, foi contagiante”, expressou a chairlady.

O calor humano compensou o frio meteorológico dessa semana, atípico para a estação. E o local do evento, o centro de convenções do hotel Rafain, albergou perfeitamente os participantes ao permitir que passassem o dia inteiro ali sem se exporem à chuva, e propiciou interações, não apenas nas salas das apresentações, como também no grande espaço que virou restaurante exclusivo para participantes do evento e no amplo corredor com mesas e cadeiras quase sempre ocupadas por grupos de pesquisadores e estudantes. Contíguo ao jardim do hotel, o corredor recebia os participantes todas as manhãs ao som do canto de diversas aves da Mata Atlântica. Outro ambiente de muitas trocas foi o espaço que conteve, com conforto, a secretaria, os estandes dos 22 expositores, as mesas dos coffee breaks e os pôsteres. Ali, os participantes circulavam à vontade, matando a curiosidade sobre os produtos e serviços para a pesquisa em materiais que foram expostos ou demonstrados nos estandes e trocando ideias científicas com os apresentadores dos pôsteres.

expositor-corredor

“Esta volta emocionante a um encontro presencial com muitos participantes foi possível não só pelo fato de a ciência ter vencido a batalha da Covid, mas também pela força e resiliência da nossa comunidade interdisciplinar, que veio ao evento apesar de todas as dificuldades que encontramos no momento atual do país”, disse a professora Mônica Cotta (Unicamp), presidente da SBPMat.

E vale ressaltar: as abundantes trocas presenciais conviveram ao longo do evento com as virtuais. Centenas de stories e posts dos participantes borbulharam nas redes sociais, estendendo o alcance dos momentos presenciais.

Emoções na sessão de abertura

No domingo 25 de setembro, por volta das 19h30, cerca de 900 pessoas ocuparam a sala Amazônia do centro de convenções do Rafain. Número acima das expectativas: vários acabaram ficando de pé no fundo da sala. A vontade de participar estava grande! “Poder olhar para aquela sala de eventos com centenas de pessoas na plateia foi emocionante para mim, tive uma sensação de felicidade única de ter participado dessa organização após a pandemia e ver que conseguimos nos estruturar, voltar para nosso normal”, contou a chairlady Lucimara.
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Estávamos na vigésima edição do evento anual da SBPMat, mas foi a primeira vez em que se viu paridade de gênero na mesa de abertura. Foram três as mulheres à mesa, e na liderança: as duas coordenadoras do evento e a presidente da SBPMat. Além delas, compuseram a mesa os professores Rodrigo Martins (NOVA, Portugal) enquanto presidente da União Internacional de Sociedades de Pesquisa em Materiais (IUMRS); Guillermo Solórzano (PUC-Rio) como líder da criação da SBPMat e primeiro presidente da sociedade, e Roberto Faria (IFSC-USP), homenageado com a Palestra Memorial Joaquim da Costa Ribeiro – uma distinção da SBPMat para pesquisadores da comunidade com longa trajetória e sólidas contribuições.

Na sua fala, a presidente da SBPMat contou um fato acontecido nos anos 1990 que reforça a importância da representatividade nos ambientes de trabalho. A chairlady Lucimara, que na época era estudante, estava na Unicamp participando de um evento quando visitou o laboratório de Mônica, que iniciava a sua carreira de professora pesquisadora no IFGW. A jovem Lucimara se surpreendeu ao ver, pela primeira vez, uma mulher coordenando um laboratório de Física experimental, o que a fez pensar que uma carreira nessa área seria possível. Hoje, Lucimara coordena um produtivo grupo de pesquisa de Física de Materiais na UFPR, e Mônica é diretora do IFGW. No final da sua fala, a presidente aproveitou a ocasião para apresentar e lançar a nova identidade visual da SBPMat, desenvolvida para comemorar os 21 anos da sociedade transmitindo a força, excelência, entusiasmo, coesão e diversidade da comunidade brasileira de pesquisa em materiais.

chairs abertura

 

Na sua apresentação, a professora Lucimara chamou a atenção para os nomes das salas onde ocorreriam os simpósios nos próximos dias: Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Recife, Florianópolis, Natal, Guarujá, Ouro Preto, Gramado, Campos do Jordão, João Pessoa, Campinas e Balneário Camboriú. Para quem ainda não tinha descoberto o critério por trás da escolha, ela revelou que esses eram os nomes das cidades nas quais já foram realizados encontros da SBPMat ao longo das 20 edições. E “Amazônia”, nome da sala das plenárias e da própria cerimônia de abertura? “O nome desta sala remete à preocupação com a sustentabilidade que a nossa comunidade científica tem e deve ter”, explicou ela.

Na sequência, em uma apresentação ilustrada com muitos documentos, o professor Solórzano contou a história das origens da SBPMat, enfatizando que a sociedade nasceu com uma proposta de interdisciplinaridade e de integração com a comunidade científica internacional. “No primeiro encontro da SBPMat tivemos 400 participantes de 18 países”, destacou o sócio fundador.

Veja a apresentação de Guillermo Solórzano:

Finalmente, subiu ao palco o professor Gregório Faria (IFSC-USP) para introduzir nada menos que o pai dele, o professor Roberto Mendonça Faria, principal homenageado da noite, que foi presidente da SBPMat de 2012 a 2015. “Não é fácil para mim falar sobre o professor, o pai, o avô”, disse Gregório, emocionado, no ano em que o professor Roberto completou 70 anos. “Algo que me deixa muito orgulhoso é a forma como os pares o tratam, que tem a ver com o fato de ele pensar sempre primeiro na comunidade”, disse o filho.

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Na sua apresentação, seguindo a abordagem característica das palestras memoriais, de recuperação da memória da pesquisa em materiais no Brasil, o homenageado falou sobre grupos que participaram dos primórdios da pesquisa em polímeros no Brasil: o Grupo de Polímeros Bernhard Gross (IFSC-USP), do qual ele faz parte desde a década de 1970 quando se chamava Grupo de Eletretos, e duas redes nacionais de grande porte na área de materiais poliméricos e orgânicos, das quais ele foi coordenador, o Instituto Multidisciplinar de Materiais Poliméricos do Milênio a partir de 2002 e o Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica desde 2009.

Ao longo da palestra, Faria explicou com entusiasmo os principais resultados conseguidos por esses grupos, os quais refletiram a evolução da área, desde o estudo de polímeros isolantes e sua aplicação no microfone de eletretos, até as pesquisas em polímeros eletrônicos e seu uso em dispositivos como OLEDs e células solares.

Veja a apresentação de Roberto Faria:

A partir das 20h00, os participantes confraternizaram em um grande coquetel de abertura, servido no próprio centro de convenções do Rafain, onde não faltaram abraços, risadas, conversa… enfim, a alegria do reencontro presencial!

Ciência de alto impacto acadêmico e social nas sessões plenárias

IMG_2190A programação técnica começou, mais uma vez, antes da abertura, no domingo à tarde, com cerca de 120 participantes na tradicional “Young Researchers’ School”, um tutorial para jovens pesquisadores sobre como fazer ciência de alto impacto, da ideia inicial (sempre ousada) até a divulgação do artigo nas redes sociais, sem esquecer a escrita do paper e as idas e voltas do processo de publicação. Esta edição contou ainda com a novidade dos conselhos para pós-docs sobre como dar continuidade à carreira científica. O tutorial foi proferido pelo criador do site de cursos online ZucoEscrita, o professor Valtencir Zucolotto (IFSC-USP), que é editor da Nanomedicine and Nanotoxicology Book Series (Springer-Nature) e do periódico Frontiers in Sensors/Biosensors (Frontiers), e por Daniel Staemmler, editor executivo na Elsevier na área de Engenharia de Materiais. O tutorial é baseado em dicas práticas e exemplos sobre aspectos técnicos e comportamentais da prática científica.

Mais exemplos de ciência de alto (ou altíssimo) impacto vieram ao longo da semana nas palestras plenárias do evento, proferidas por cientistas de renome mundial, que levaram os participantes a imaginar um futuro, mais ou menos próximo, protagonizado por técnicas, materiais e dispositivos cada vez mais inteligentes, eficientes e sustentáveis. Realizadas na sala Amazônia, as plenárias contaram com 400 a 600 pessoas na plateia. “Nosso programa científico foi, mais uma vez, forte e diverso, trazendo especialistas de todo o mundo para cobrir a ciência de fronteira e nos motivar a perseguir ciência de qualidade no Brasil, além de buscar o uso destes resultados para melhorar a qualidade de vida de nossa população”, disse Mônica Cotta.

IMG_3821Na segunda-feira à tarde, a professora Christine Kranz mostrou o fantástico trabalho do seu grupo na universidade alemã de Ulm (cidade natal de Einstein). O grupo integra diferentes técnicas de varredura por sonda e adapta os instrumentos para poder estudar processos eletroquímicos enquanto eles estão acontecendo. A cientista, que é editora associada do periódico Bioelectrochemistry (Elsevier), mostrou interessantes resultados obtidos com essa instrumentação no estudo de biofilmes e materiais antibacterianos, catalisadores para a produção de hidrogênio e novas baterias.

IMG_4239Na manhã da terça-feira, o professor Daniel Ugarte (Unicamp) recebeu o Prêmio José Arana Varela da SBPMat. A distinção é concedida anualmente, desde o ano passado, a um(a) pesquisador(a) destacado da comunidade brasileira de pesquisa em materiais, que profere uma das palestras plenárias no B-MRS Meeting. Especialista em microscopia eletrônica de renome mundial, Ugarte tem se destacado no estudo das propriedades de nanossistemas desde o início da sua carreira, quando ocupou a capa da revista Nature como único autor de um artigo sobre nanocebolas de fulereno. Esse foi o marco inicial para uma série de publicações nesse e em outros periódicos de altíssimo impacto, como Science, Nature Nanotechnology, Nano Letters e Physical Review Letters.  “Ele nunca desiste de seus ideais de excelência em pesquisa e integridade acadêmica”, disse Mônica Cotta, que introduziu a plenária de Ugarte e lhe entregou o prêmio. Mas a sua contribuição do professor Ugarte à comunidade de materiais foi além dos papers. Na década de 1990, ele idealizou e montou um laboratório de microscopia eletrônica aberto e multiusuário dentro do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. “A ideia maluca do Daniel funcionou extremamente bem, fornecendo excelentes microscopistas para o mundo e formando a base do que hoje é conhecido como Laboratório Nacional de Nanotecnologia no CNPEM”, destacou Cotta.

Na palestra, Ugarte falou com paixão sobre a evolução histórica da microscopia eletrônica de transmissão, que hoje fornece, além de imagens, muitas informações quantitativas, e o seu impacto no estudo de nanomateriais e nanossistemas. Na apresentação não faltaram momentos de grande emoção quando o cientista compartilhou o seu carinho e admiração por pessoas da comunidade, como Ricardo Rodrigues, um dos desenvolvedores do LNLS, falecido em 2020.

Veja a apresentação de Daniel Ugarte:

“Por meio dos prêmios aos professores Faria e Ugarte, a comunidade pôde expressar mais uma vez sua gratidão aos pesquisadores que dedicam a vida à ciência de materiais no Brasil”, destacou a professora Lucimara. “Temos que saber dar valor aos nossos cientistas para fortalecer nossa comunidade”, completou.

IMG_4781_1Na terça-feira à tarde, a plenária mostrou a ciência de materiais atuando bem perto da indústria, na fabricação e processamento de materiais. O palestrante foi o professor Sanjay Sampath, da State University of New York at Stony Brook (EUA), que ALI dirige um centro de pesquisa em pulverização térmica da National Science Foundation (NSF), com grande participação de empresas. Com muito entusiasmo, ele apresentou os esforços para aprimorar essa técnica, a qual pode ser usada para depositar revestimentos, principalmente cerâmicas refratárias, sobre grandes superfícies de diversos materiais, com impacto em indústrias como a automotiva, aeroespacial, de energia, da construção e de próteses, entre outras. O cientista, que realiza tanto pesquisa fundamental quanto aplicada, mostrou que aparentes limitações da técnica podem ser transformadas, por meio da pesquisa científica, em possibilidades de novas aplicações.

IMG_5008 Na quarta-feira de manhã, o plenarista foi um conhecido membro da comunidade, o ex-presidente da SBPMat Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC-USP), o famoso Professor “Chu”. O palestrante colocou uma pergunta instigante: máquinas podem gerar conhecimento? E mostrou que, se os computadores ainda não podem transformar informação em conhecimento, eles já ajudam muito, inclusive na área de pesquisa em materiais. O cientista apresentou vários trabalhos que utilizam ferramentas de inteligência artificial, principalmente aprendizado de máquina (machine learning), para analisar grandes volumes de dados com o objetivo de descobrir materiais com determinadas propriedades ou, ainda, encontrar papers que interessam. Em outros casos, ferramentas de machine learning, associadas a bons sensores construídos com ajuda da tecnologia de materiais, permitem diagnosticar doenças usando dispositivos baratos e portáteis. De acordo com o palestrante, o próximo desafio para que as máquinas possam de fato gerar conhecimento é compreender a linguagem humana. Físico com doutorado em Engenharia Eletrônica e com uma produtiva trajetória na área de materiais, o professor Osvaldo se iniciou na pesquisa em processamento de línguas naturais na década de 1990 a partir do seu interesse em ferramentas de auxílio à escrita científica. Com o tempo, o cientista foi conectando cada vez mais essa linha de pesquisa à Física e aos materiais, principalmente no desenvolvimento de sensores para a área de saúde. “Ensinar linguagens naturais às máquinas é um interessantíssimo tema de pesquisa de fronteira”, disse o pesquisador, estimulando os jovens a atuarem na área.

Veja a apresentação de Osvaldo Novais de Oliveira Junior:

IMG_5420A plenária da quarta-feira à tarde foi proferida por Natalie Stingelin, professora e diretora da Escola de Ciência e Engenharia de Materiais do Georgia Institute of Technology (EUA). A cientista mostrou que os plásticos, que atualmente têm forte impacto negativo no meio ambiente, podem ser os nossos aliados para construir um mundo mais sustentável. Para isso, disse ela, é preciso desenvolver mais e melhores plásticos eletrônicos inteligentes, que reúnam, por um lado, a flexibilidade, leveza e fácil processamento dos polímeros e, por outro, propriedades que garantam eficiência nas aplicações desejadas. Na sua encantadora palestra, a professora Natalie, que dirige o Centro de Fotônica e Eletrônica Orgânica do Georgia Tech, apresentou um material desse tipo desenvolvido no seu laboratório a partir de um processo químico muito simples para aplicações em que é importante controlar a passagem de luz. O material, que é um híbrido orgânico – inorgânico, pode ser usado, por exemplo, em janelas inteligentes que mantêm os ambientes em temperaturas amenas, evitando gastos de energia com climatização. Além das aplicações, o material oferece interessantes possibilidades para realizar experimentos que podem fazer avançar ainda mais a Fotônica.

festa 2Depois de três dias de intensa programação científica, das 8h30 às 19h30, chegou a hora da tradicional Conference Party, que neste ano teve como mote o vigésimo aniversário do B-MRS Meeting. A festa, exclusiva para participantes do evento, foi realizada no Dreams Motor Park, um espaço que é bar, restaurante, casa de shows e museu de motos. Participantes de todas as idades e diversas origens geográficas lotaram a casa e fizeram uma festa super inesquecível. Enquanto no palco uma banda de rock agradou muito com clássicos de todos os tempos, na pista e nas mesas a animação e a vontade de festejar só aumentavam. “Que festa animada tivemos! Foi um momento de descontração e celebração da vida”, expressou a professora Lucimara. Um ponto alto foi a participação no palco de uma pesquisadora da comunidade, Raphaela de Oliveira, que interpretou “Mercedes Benz”, de Janis Joplin. No final do evento, a doutoranda voltaria a ser destaque ao receber um dos prêmios aos melhores trabalhos de estudantes.

IMG_6317No dia seguinte, às 10h30 começou a última plenária do evento. O professor Pulickel M. Ajayan (Rice University, EUA) falou sobre os desafios de se fazer engenharia na escala nano, principalmente pensando em levar os processos à escala industrial para produzir dispositivos cada vez menores e mais eficientes em verdadeiras fábricas de sistemas bidimensionais. Cofundador e diretor do Departamento de Ciência de Materiais e NanoEngenharia da Rice, Ajayan tem uma produção de altíssimo impacto na área, com índice h= 209 no Google Scholar. O cientista enfatizou a dificuldade de se lidar com as interfaces dos nanoblocos. “Não se trata apenas de montar um Lego”, disse.

IMG_3032 Além dessas plenárias de conteúdo técnico-científico, o evento ofereceu, logo na manhã do primeiro dia, uma palestra sobre financiamento à pesquisa, desenvolvimento e inovação. O palestrante foi Marcelo Bortolini, diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da FINEP, mestre e doutor em Ciências dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) com experiência como docente e pesquisador na área. Bortolini mostrou os instrumentos que a FINEP tem para apoiar toda a cadeia geradora de inovação tecnológica, desde a pesquisa básica até o lançamento de um produto no mercado. O palestrante apresentou as possibilidades de financiamento, tanto reembolsável (empréstimo) quanto não-reembolsável (subvenção) que a FINEP oferece a universidades, institutos de pesquisa, empreendedores, startups e empresas.

Veja a apresentação de Marcelo Bortolini: 

 

Comunidade pulsante, competente e participativa

Cerca de 1.200 trabalhos foram apresentados, nas sessões orais e de pôsteres, dentro dos 22 simpósios temáticos que compuseram o XX B-MRS Meeting. Organizados por equipes de pesquisadores do Brasil e do exterior, os simpósios abrangeram uma diversidade de materiais (vítreos, ferroicos, magnéticos, supercondutores, polímeros eletrônicos, materiais bidimensionais, filmes finos) e as suas aplicações em áreas como saúde, energia, fotônica e eletrônica e meio ambiente. O evento também contou com 3 palestras técnicas sobre técnicas avançadas de caracterização de materiais, oferecidas por empresas de instrumentação científica.

No elenco de temas de simpósios, apareceram velhos conhecidos, como a décima terceira edição dos simpósios brasileiros de vidros e de eletrocerâmicas, e também novidades, como o simpósio dedicado a novos materiais e nanotecnologia para o agronegócio. “Por ser a primeira vez que um simpósio abordou este tema no evento, os organizadores fomos positivamente surpreendidos, tanto pelo interesse demonstrado pelo público, quanto pela qualidade dos trabalhos científicos”, disse o professor Valtencir Zucolotto (IFSC-USP), que foi um dos organizadores.

IMG_3175Mais uma vez, os simpósios funcionaram como fóruns temáticos para a apresentação de avanços na síntese, caracterização e aplicação de materiais, bem como nas técnicas experimentais e computacionais que possibilitam esses avanços. Não menos importante, a discussão dos resultados a partir de perguntas aos apresentadores foi sempre estimulada. “Em todas as apresentações, o público fez perguntas interessantes aos palestrantes, elevando o nível científico do evento”, comentou João Coelho, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), um dos organizadores do simpósio P, que abordou materiais sustentáveis e tecnologias de processamento para sensores e aplicações eletrônicas. “As apresentações orais promoveram, como esperado, interessantes discussões técnico-científicas entre o público e os apresentadores”, destacou o professor José Antonio Eiras (UFSCar), coorganizador do simpósio I sobre materiais ferroicos e multiferroicos.

Pesquisadores de todos os níveis de formação, desde estudantes de graduação até professores, realizaram as apresentações dos simpósios temáticos. No total, foram mais de 340 apresentações orais e mais de 750 pôsteres. Além disso, houve quase 100 palestras convidadas de destacados especialistas do Brasil e do exterior.

IMG_3985 Enquanto as apresentações ocorriam, era realizada a avaliação dos trabalhos que tinham se candidatado aos prêmios para estudantes por meio do envio de um resumo estendido. Comissões montadas pelos organizadores de cada simpósio classificaram os trabalhos seguindo os critérios definidos pela comissão de premiação da SBPMat para, no final do evento, definir a lista de vencedores do Prêmio Bernhard Gross – uma distinção outorgada pela SBPMat aos estudantes de graduação, mestrado ou doutorado que apresentam o melhor oral e o melhor pôster de cada simpósio. A premiação envolveu também o trabalho dos professores Ieda Garcia dos Santos (UFPB), diretora científica da SBPMat, Ivan Bechtold (UFSC), diretor financeiro da sociedade, e Maria Luiza Rocco Duarte Pereira (UFRJ). O trio se encarregou de comparar as avaliações de todos os finalistas e eleger os melhores trabalhos de todo o evento para receberem os prêmios patrocinados por periódicos da American Chemical Society (ACS) e da Royal Society of Chemistry (RSC), os quais consistiram, respectivamente, em R$ 2.000 e vouchers de £200 para cada trabalho vencedor, além dos certificados.

Fruto desse processo, a entrega dos prêmios ocorreu no encerramento do evento, pouco antes do meio-dia de quinta-feira. Frente a um público de algumas centenas de pessoas, a professora Ieda chamou ao palco, um por um, os finalistas dos Prêmios Bernhard Gross: 27 estudantes de todos os níveis de formação, do IFSP, UFSC, UFMT, USP, UTFPR, UFSM, UFPR, UFSCar, Unesp, UFRGS, CNPEM, Unicamp, UFMG, Universidade Nova de Lisboa e UFRJ. Na sequência, foram anunciados os vencedores dos nove ACS Publications Prizes, cujos certificados foram entregues na cerimônia pelo vice-editor da revista Applied Nano Materials, T. Randall Lee, e dos cinco RSC Prizes, entregues por Natalie Stingelin, que é editora-chefe dos periódicos Journal of Materials Chemistry C e Materials Advances.
premiação

Ainda no encerramento, a chairlady Lucimara fez os agradecimentos: aos participantes, aos patrocinadores dos prêmios, às comissões de avaliação, aos patrocinadores (empresas, agências de fomento, ICTs), à equipe da SBPMat.

equipe

E neste ciclo que sempre recomeça, chegou, mais uma vez, o esperado momento do anúncio do próximo evento da SBPMat, que será realizado pela primeira vez em Maceió, capital do estado de Alagoas, e pela quinta vez na região Nordeste, de 1º a 5 de outubro de 2023. O professor Carlos Jacinto da Silva (UFAL), que coordena o XXI B-MRS Meeting junto ao professor Mário Roberto Meneghetti (UFAL), tomou então a palavra para apresentar o local do evento, o Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, localizado numa área central de Maceió, próxima à praia e a muitos hotéis, restaurantes e locais de lazer.

Veja a apresentação do XXI B-MRS Meeting:

No fim da cerimônia de encerramento, houve novamente longos e fortes abraços. Aos poucos, os participantes foram deixando a sala Amazônia, provavelmente com a satisfação de ter participado de um evento científico muito produtivo e a vontade de repetir a experiência em Maceió. “No evento vimos uma sociedade viva, pulsante, com uma nova geração de pesquisadores competentes e comprometidos com o desenvolvimento da ciência”, destacou a chairlady Lucimara. “Estou desde já animada para o próximo encontro em Maceió!!!”, concluiu a coordenadora.

XX B-MRS Meeting: Student Awards and Prizes.

Photos: the album of the Student Awards and Prizes Ceremony is available here.

Bernhard Gross Award

(Established by B-MRS in honor of Bernhard Gross, a pioneer of Brazilian materials research. It distinguishes the best oral and poster contributions presented by students in each symposium) 

bernhard gross

Symposium A – Poster. Gustavo Venâncio Bellucci. Development of curcumin-anchored hydroxyapatites.

Symposium A – Oral. Leonardo Francisco Gonçalves Dias. Evaluation of bisphosphonates adsorption on TiO2, HA and composite surfaces.

Symposium C – Poster. Caroline Eloisa Apolinário Botteon. Assessment of cytotoxicity of gold nanoparticles functionalized with Brazilian red propolis in 2D and 3D models of urological cancers.

Symposium C – Oral. Paulo Henrique Olivieri Jr. Cell-Surface Glycosaminoglycans Regulate the Cellular Uptake of Charged Polystyrene Nanoparticles.

Symposium E – Oral. Raphael F. Moral. Probing the Stacking Properties of Cesium Lead Halide Perovskite Nanoplates with SAXS.

Symposium F – Oral. Matheus F. F. das Neves. Aqueous conductive ink based on PEDOT nanoparticles without organic solvents, passivant agents or metallic residues.

Symposium G – Poster. Murillo Henrique de Matos Rodrigues. The Influence of the Magnetic Field and Nanoparticle Concentration on the Thin Film Colloidal Deposition Process of Magnetic Nanoparticles: The Search for High-Efficiency Hematite Photoanodes.

Symposium G – Oral. Rafael Lavagnolli Germscheidt. Water oxidation performance enhanced by electrochemically designed vacancies on Prussian blue catalyst.

Symposium H – Poster. Matheus Cavalcanti dos Santos Nunes. Thermoluminescence properties of Al2O3:C laser sintered ceramic under X-rays and beta irradiation.

Symposium H – Oral. Alexia Oliveira Silva. Thermoluminescence properties of alexandrite under beta, ultraviolet and X-ray irradiation.

Symposium J – Poster. Lucas Felipe Santos de Azeredo. Ferromagnets with minor magnetization loops that lie entirely and way outside the major hysteresis loop.

Symposium J – Oral. Allan Marciel Döring. The diffusion process of La, Fe and Si through the La(Fe,Si)13 phase – A Fick’s 1st law-based approach.

Symposium N – Oral. Mayara Carla Uvida. PMMA-silica coatings modified with calcium phosphates for bioactive corrosion protection of Ti6Al4V alloy.

Symposium P – Poster. Eduardo Fonseca Maia. Gold/Cooper and Silver/Cooper Mixed Nanoparticles Films on Silica Substrate: Materials With Potential Use in Optical Sensors.

Symposium P – Oral. Tomás Pinheiro. Paper-based, Green Laser-Induced Graphene for bioelectronic applications and electrochemical sensor production.

Symposium Q – Poster. Ana Carolina Cunha Serafim. Carbon dots obtained from two different agricultural residues.

Symposium R – Poster. Juliany Louise Hurbano Carvalho. Study of Self-Assembly Structures Based on Carbon Quantum Dots.

Symposium R – Oral. Ana Carolina Dalila Steil. PLA/PPy composite nanofibers by solution electrospinning for the development of electrochemical sensors.

Symposium S – Poster. Nicolli de Freitas. Simple, fast, and efficient electrochemical thinning of ultra-large MoS2 on gold surfaces.

Symposium S – Oral. Raphaela de Oliveira. Chlinoclore: probing water in an emergent naturally abundant 2D material.

Symposium T – Poster. Ezequiel Lorenzett. Electrostatic Charged Functional 3D Printed Materials.

Symposium T – Oral. Funsho Olaitan Kolawole. Nano-scratch and micro-scratch properties of CrN/DLC and DLC-W coatings.

Symposium U – Poster. Yan Araujo Santos da Campo. Elastomers and Chaos: an alternative approach to electromechanical coupling and its correlation with failure prediction.

Symposium U – Oral. Gustavo Scheid Prass. Processing and characterization of AISI 316L coating reinforced with Cu and CuO nanoparticles.

Symposium V – Poster. Thissiana da Cunha Fernandes. Determination of thermodynamic parameters for growth of lead-free piezoelectric single crystals from the melt.

Symposium V – Oral. Isabela Reis Lavagnini. In situ synchrotron X-ray diffraction of hydroxyapatite-zirconia composite during Conventional Sintering and Flash Sintering.

Symposium X – Oral. Yuri Ferreira da Silva. Effect of submerged liquid plasma treatment on the hygroscopicity of vegetable ivory microparticles.

ACS Publications PrizesACS 3

(Sponsored by journals of ACS Publications, a division of the American Chemical Society. Prizes for the best student contributions of all the event)

Symposium A – Poster. Gustavo Venâncio Bellucci. Development of curcumin-anchored hydroxyapatites.

Symposium G – Poster. Murillo Henrique de Matos Rodrigues. The Influence of the Magnetic Field and Nanoparticle Concentration on the Thin Film Colloidal Deposition Process of Magnetic Nanoparticles: The Search for High-Efficiency Hematite Photoanodes.

Symposium T – Poster. Ezequiel Lorenzett. Electrostatic Charged Functional 3D Printed Materials.

Symposium U – Poster. Yan Araujo Santos da Campo. Elastomers and Chaos: an alternative approach to electromechanical coupling and its correlation with failure prediction.

Symposium E – Oral. Raphael F. Moral. Probing the Stacking Properties of Cesium Lead Halide Perovskite Nanoplates with SAXS.

Symposium N – Oral. Mayara Carla Uvida. PMMA-silica coatings modified with calcium phosphates for bioactive corrosion protection of Ti6Al4V alloy.

Symposium P – Oral. Tomás Pinheiro. Paper-based, Green Laser-Induced Graphene for bioelectronic applications and electrochemical sensor production.

Symposium R – Oral. Ana Carolina Dalila Steil. PLA/PPy composite nanofibers by solution electrospinning for the development of electrochemical sensors.

Symposium S – Oral. Raphaela de Oliveira. Chlinoclore: probing water in an emergent naturally abundant 2D material.

RSC PrizesRSC

(Sponsored by journals of the Royal Society of Chemistry. Prizes for the best student contributions of all the event)

Symposium H – Poster. Matheus Cavalcanti dos Santos Nunes. Thermoluminescence properties of Al2O3:C laser sintered ceramic under X-rays and beta irradiation.

Symposium S – Poster. Nicolli de Freitas. Simple, fast, and efficient electrochemical thinning of ultra-large MoS2 on gold surfaces.

Symposium C – Oral. Paulo Henrique Olivieri Jr. Cell-Surface Glycosaminoglycans Regulate the Cellular Uptake of Charged Polystyrene Nanoparticles.

Symposium F – Oral. Matheus F. F. das Neves. Aqueous conductive ink based on PEDOT nanoparticles without organic solvents, passivant agents or metallic residues.

Symposium G – Oral. Rafael Lavagnolli Germscheidt. Water oxidation performance enhanced by electrochemically designed vacancies on Prussian blue catalyst.

Boletim da SBPMat. Edição 119ª.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 119. 31 de agosto de 2022.

Artigo em destaque

Pesquisadores da USP São Carlos desenvolveram um imunossensor fotoeletroquímico portátil que demonstrou alta eficiência para detectar um biomarcador de câncer de próstata em amostras de sangue. A principal novidade do trabalho é a miniaturização da tecnologia, a qual foi viabilizada pelo desenvolvimento de um fotocatalisador. O dispositivo é promissor para o diagnóstico de doenças dentro da abordagem point-of care. (Paper de capa da ACS Applied Materials & Interfaces). Saiba mais.

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XX B-MRS Meeting

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  • Programa. Veja no site o programa resumido do evento para organizar a sua viagem.
  • Hospedagem. A aba “venue” do site do evento contém informações sobre reservas no hotel Rafain e em outros dos arredores.
  • Young Researchers School. Uma nova edição do tutorial do Prof. Valtencir Zucolotto (IFSC-USP) sobre escrita e publicação científica de artigos de alto impacto será realizada no domingo 25, antes da abertura do evento. Para participar, é necessário estar inscrito no XX B-MRS Meeting e se inscrever (sem custo extra) no tutorial, acessando o sistema de inscrições e clicando no botão “Adicionar/Editar atividades”.
  • Playroom para crianças. O hotel do evento terá uma sala de jogos infantis com monitores durante a semana do evento, com atividades para crianças de 4 a 12 anos. Interessados devem entrar em contato com secretaria@sbpmat.org.br.
  • Conference party. A tradicional festa do B-MRS Meeting, que neste ano comemora as 20 edições do evento, será realizada na noite da quarta-feira, dia 28, no espaço Dreams Motor Show com a banda Scope, especializada em rock/ pop dos anos 80.
  • Prêmios para estudantes. Os prêmios só serão entregues aos vencedores que estiverem presentes na cerimônia, no último dia do evento.
  • Inscrições. Descontos especiais para sócios com anuidade 2022 paga. As inscrições online permanecerão abertas até o final do evento. Durante o evento, também será possível se inscrever na secretaria.
  • Palestra memorial. Será proferida pelo Prof Roberto Mendonça Faria (IFSC-USP).
  • Plenaristas: Christine Kranz (Ulm University), Daniel Mario Ugarte (UNICAMP), Gustavo Rivas (Univ. Córdoba), Natalie Stingelin (Georgia Tech Univ.), Sanjay Sampath (State Univ. of New York at Stony Brook), Pulickel Ajayan (Rice Univ.).
  • Apoio e patrocínio. 22 empresas e startups já confirmaram patrocínio e participação na exposição desta edição do evento, que tem também 42 apoiadores institucionais entre periódicos científicos, empresas e outras organizações.

Para mais informações, visite o site do evento.

Dicas de leitura

– Usando materiais bidimensionais para prender um líquido, cientistas criam uma forma de estudar interfaces sólido – líquido no microscópio eletrônico e, dessa maneira, eles obtêm as primeiras imagens de átomos “nadando”. Técnica abre possibilidades no estudo de processos químicos essenciais ao desenvolvimento de dispositivos como baterias e células a combustível. (Nature) Saiba mais.

– Cientistas criam o primeiro substituto de cartilagem baseado em hidrogel. Mais resistente e durável do que a cartilagem natural, o material, que é inserido numa base de titânio, poderia ser implantado em joelhos com cartilagem desgastada. (Advanced Functional Materials) Saiba mais.

– Combinando perovskitas e outros materiais, cientistas fabricam dispositivos fotoeletroquímicos flutuantes que produzem combustíveis a partir de água, CO2 e luz do sol. Por serem leves e não se degradarem com a umidade, essas “folhas artificiais” poderiam ser instaladas em hidrovias poluídas ou oceanos. (Nature) Saiba mais.

– Pesquisadores da UFMG e UEMG desenvolvem tecido capaz de manter a temperatura do corpo ao absorver ou liberar calor. Objeto de patente, o material ganhou prêmio da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual. Saiba mais.

– No Ano Internacional do Vidro (IYOG2022), matéria e vídeo da revista Physcis World abordam a história do vidro, iniciada há cerca de 3.500 anos, e a importância desse material transparente na nossa sociedade. Saiba mais.

Comunidade

yvone

Simpósio em celebração aos 91 anos de vida da Profa. Yvonne Primerano Mascarenhas, cientista da comunidade e pioneira no Brasil da cristalografia estrutural e molecular por raios X, será realizado no dia 16 de setembro no IFSC-USP com transmissão no YouTube. Informações e inscrições, aqui.

Manifestos

– SBPMat apoia nota da SBPC contra a MP 1136/22, que mutila orçamento do FNDCT por vários anos. Nota denuncia que a MP desrespeita a independência dos poderes constitucionais. Leia a nota.

– SBPMat apoia manifesto da SBPC que alerta para a ameaça sem precedentes à Educação e à Ciência no Brasil e conclama a votar com consciência e defender eleições livres e respeito aos resultados do pleito. href=”https://sbplink.sbpmat.org.br/cl/POFYc/A/4bd2/0/BLdP/HkqyuIUEXcv/1/”>Leia o manifesto.

– Carta da SBPMat à presidente da CAPES expressa preocupação com a perda de acesso às revistas da Royal Society of Chemistry no Portal da CAPES. Leia a carta.

Oportunidades

– Chamada pública de apoio à ciência do Serrapilheira para cientistas em início de carreira. Inscrições de 28 de outubro a 28 de novembro. Saiba mais.

– Chamada do CNPq para projetos de PDI e aplicação de soluções tecnológicas e empresariais usando grafeno e materiais 2D à base de carbono. Submissões até 19/09. Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 22/2022 – Programa MCTI de Inovação em Grafeno, InovaGrafeno-MCTI. Veja aqui.

– Chamada do CNPq para apoio a projetos de PDI na cadeia produtiva de nióbio estimulando a cooperação empresas – ICTs. Submissões até 19/09. Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 23/2022 – Implementação do programa de PD em nióbio (Inovanióbio). Veja aqui.

– Concurso para Professor de Física na UNILA. Inscrições até 11/09. Saiba mais.

– Oportunidade na IBM Research Brazil para pesquisador com experiência em ciência computacional de materiais. Atuação será na descoberta acelerada de materiais para captura, separação e armazenamento de carbono. Saiba mais.

– Pós-doutorado em nanomateriais e compostos bioativos da flora brasileira na #UFRJ. Inscrições até 09/09 no email nal.ufrjadm@gmail.com.

– Seleção para mestrado em Ciência e Tecnologia de Materiais no IPRJ (UERJ). Inscrições até 14/11. Saiba mais.

– Vaga de estágio na área de P&D da multinacional Ecolab para estudantes de graduação. Saiba mais.

Para acompanhar as oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

– Machine Learning School for Materials @Ilum. Evento híbrido. 5 a 7 de setembro de 2022. Site.

– XVIII International Small Angle Scattering Conference. Online + Campinas, SP (Brasil). 11 a 16 setembro de 2022. Site.

– 18th International Conference on Plasma Surface Engineering (PSE 2022). Trade Fair Erfurt (Alemanha). 12 a 15 de setembro de 2022. Site.

– Webinar: Strategies for Increasing the Efficiency of Organic Solar Cells. Online. 15 de setembro de 2022. Site.

– Minicourse: Caracterization of nanostructures and organized systems. Online. 22 a 23 de setembro de 2022. Site.

XX B-MRS Meeting. Foz do Iguaçu (Brasil). 25 a 29 de setembro de 2022. Site.

– 22nd International Magnetic Measurement Workshop (IMMW22). Online. 26 a 30 de setembro de 2022. Site.

– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces (AUTOORG 2022). Bento Gonçalves (RS). 2 a 4 de novembro de 2022. Site.

– V Workshop de Química Inorgânica. Manaus (AM) + online. 9 a 11 de novembro de 2022. Site.

– 11th International Conference of the African Materials Research Society (AMRS2022 ). Dakar (Senegal). 12 a 15 de dezembro de 2022. Site.

41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

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Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
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Artigo em destaque: Biossensor fotoeletroquímico para o diagnóstico “point-of-care” de doenças.

Capa da ACS Applied Materials & Interfaces destacou o trabalho da equipe da USP São Carlos.
Capa da ACS Applied Materials & Interfaces destacou o trabalho da equipe da USP São Carlos.

Utilizando um conjunto de materiais cuidadosamente preparados e combinados, pesquisadores da USP de São Carlos desenvolveram um imunossensor fotoeletroquímico portátil com potencial para uso no diagnóstico precoce de doenças. O dispositivo permite a detecção rápida e precisa de doenças como o câncer, inclusive em estágio inicial. O imunossensor foi testado, com resultados muito bons, na detecção do antígeno prostático específico (PSA na sigla em inglês), que é o marcador mais utilizado para diagnosticar e acompanhar casos de câncer de próstata a partir de amostras de sangue.

Em um sistema compacto, que cabe em uma mão, o dispositivo reúne todos os elementos necessários para realizar o diagnóstico, prescindindo de laboratórios e profissionais especializados. Dessa forma, torna-se atrativo, por exemplo, para uso em locais afastados de centros de saúde e se insere dentro do paradigma de point-of-care testing, uma expressão que designa, na área de saúde, a possibilidade de se fazer exames clínicos no mesmo local do atendimento médico.

“A tecnologia desenvolvida tem potencial para facilitar e tornar mais rápidos e precisos os diagnósticos de câncer, principalmente no estágio inicial. O método permite a detecção de biomarcadores em baixos níveis de concentração e no próprio consultório médico”, diz Thiago Serafim Martins, um dos autores correspondentes do artigo que reporta esta pesquisa e foi capa no periódico ACS Applied Materials & Interfaces. Martins participou deste trabalho durante o seu doutorado, cuja tese foi defendida neste ano no Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP).

Graphitic Carbon Nitride and Electrodeposited Aryl Diazonium autores
Os autores do paper. A partir da esquerda: José L. Bott-Neto, Thiago S. Martins, Lorenzo A. Buscaglia, Sergio A. S. Machado e Osvaldo N. Oliveira Jr.

O desafio

Imunossensores formam uma classe de dispositivos de detecção cujo funcionamento se baseia na interação entre anticorpos e os seus antígenos. Nesses biossensores, anticorpos são imobilizados na superfície da plataforma de detecção de modo que, ao entrarem em contato com seus respectivos antígenos, e apenas com eles, ocorra a reação química que, no organismo, permite que nos defendamos dos patógenos.

Nesse momento, entra em cena outro componente do imunossensor, o transdutor, o qual traduz essa informação imunoquímica em outro tipo de sinal que possa ser facilmente interpretado (geralmente uma corrente elétrica). Quando essa tradução se baseia em reações eletroquímicas, o dispositivo é chamado de imunossensor eletroquímico. E quando a geração de corrente elétrica é incentivada pela ação da luz sobre um material sensível, se diz que o imunossensor é fotoeletroquímico, “Os biossensores fotoeletroquímicos pertencem a uma abordagem analítica sensível e de baixo custo para detectar moléculas de interesse clínico e ambiental”, diz José Luiz Bott-Neto, pós-doutorando no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) e coautor correspondente do paper. Entretanto, explica ele, antes deste trabalho, essa tecnologia exigia o uso de fontes de luz de grandes dimensões e alta potência, o que inviabilizava o seu uso em dispositivos portáteis.

Frente a essa limitação, a equipe da USP São Carlos se propôs a desenvolver um fotocatalisador (um nanomaterial capaz de aumentar a capacidade do sistema de absorver luz e transformá-la em corrente elétrica) que permitisse usar fontes de luz menores. Os pesquisadores partiram de dois materiais que, além de apresentar propriedades fotocatalisadoras, são atóxicos, de baixo custo e fácil preparo: o dióxido de titânio (TiO2) e o nitreto de carbono grafítico (gC3N4). Então, eles inseriram átomos de níquel na estrutura do nitreto de carbono grafítico, formando o composto Ni-gC3N4, e combinaram esse material com nanopartículas de dióxido de titânio, resultando na formação do compósito Ni-gC3N4/TiO2. Finalmente, trataram a superfície do compósito com sal de aril diazônio. “Este último atuou como amplificador de sinal ao mesmo tempo que possibilitou a imobilização dos anticorpos nas nanopartículas”, diz Bott-Neto. O fotocatalisador foi usado para revestir os eletrodos de carbono do sistema fotoeletroquímico.

O resultado

Sempre buscando simplicidade e miniaturização, os autores montaram um protótipo do dispositivo com os fotocatalisadores, os anticorpos anti-PSA imobilizados neles, um sistema elétrico e, como fonte de luz, um LED de 3 watts, além de peças produzidas por meio de impressão 3D. Nos testes de desempenho, o immunosensor fotoeletroquímico foi capaz de detectar o PSA em diversas concentrações em amostras de soro humano, e apresentou o menor limite de detecção já relatado na literatura para dispositivos desse tipo, segundo os autores do artigo. “A alta sensibilidade e seletividade do imunossensor pode ser atribuída à heterojunção entre Ni-gC3N4 e TiO2”, explica Bott-Neto.

O trabalho traz uma contribuição fundamental para levar a tecnologia de detecção fotoeletroquímica, que se caracteriza pelo baixo custo e altos níveis de sensibilidade e seletividade, a aplicações que requerem portabilidade, como os testes point-of-care.

 

A partir da esquerda: foto do sistema portátil de detecção fotoeletroquímica operando com um LED; ilustração do imunossensor fotoeletroquímico para a detecção de PSA: fotocatalisador (Ni-gC3N4/TiO2), bloqueador (BSA), anticorpo (anti-PSA), antígeno específico de próstata (PSA); imagem de microscopia eletrônica de transmissão do fotocatalisador Ni-gC3N4/TiO2.
A partir da esquerda: foto do sistema portátil de detecção fotoeletroquímica operando com um LED; ilustração do imunossensor fotoeletroquímico para a detecção de PSA: fotocatalisador (Ni-gC3N4/TiO2), bloqueador (BSA), anticorpo (anti-PSA), antígeno específico de próstata (PSA); imagem de microscopia eletrônica de transmissão do fotocatalisador Ni-gC3N4/TiO2.

Referência do artigo científico: Photocatalysis of TiO2 Sensitized with Graphitic Carbon Nitride and Electrodeposited Aryl Diazonium on Screen-Printed Electrodes to Detect Prostate Specific Antigen under Visible Light. José L Bott-Neto, Thiago S Martins, Lorenzo A Buscaglia, Sergio A S Machado, and Osvaldo N Oliveira Jr. ACS Applied Materials & Interfaces 2022, 14, 19, 22114–22121.  https://doi.org/10.1021/acsami.2c03106

Contato de autor correspondente: joseluiz.bott@gmail.com

Carta da SBPMat à presidente da CAPES sobre o acesso às revistas da RSC.

Ilma. Profa. Cláudia Mansani Queda de Toledo
M.D. Presidente da CAPES
Assunto: Acesso às revistas da Royal Society of Chemistry – RSC – no Portal de Periódicos da CAPES
Rio de Janeiro, 02 de agosto de 2022.

Ilustríssima Senhora Presidente,

A Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) expressa sua grande preocupação com a perda de acesso às revistas da editora Royal Society of Chemistry (RSC), ocorrida a partir desse mês de agosto, em decorrência de não ter sido realizada renovação da assinatura dentro do Portal de Periódicos, da CAPES.

A RSC é a sociedade de química mais antiga do mundo, com 180 anos e mais de 50.000 membros, e edita revistas importantes não apenas na área de química, mas também em áreas afins, como a engenharia de materiais, por exemplo. Apesar de possuir 13 revistas no sistema open access, a grande maioria dos artigos publicados nas outras 40 revistas editadas pela RSC só é acessível a partir da assinatura, conforme vinha acontecendo em anos anteriores, a partir do Portal de Periódicos. Com essa quebra, pesquisadores brasileiros deixam de ter acesso a publicações de alto fator de impacto tais como: Chemical Society Reviews (FI = 56,283), Energy and Environmental Science (FI = 39,151), Materials Horizons (FI = 16,152), Journal of Materials Chemistry A (FI = 13,375), entre muitas outras. Ressaltamos que, entre as revistas editadas pela RSC, já classificadas pelo JCR, todas têm fator de impacto acima de 3.

Desse modo, entendemos que a descontinuidade da assinatura das revistas editadas pela RSC trará um prejuízo imenso para pesquisadores de diferentes áreas, sendo fundamental a manutenção do acesso a essas revistas. Certa de sua compreensão acerca desse anseio da comunidade científica do país, contamos com o importante apoio da CAPES às pós-graduações e colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,

Mônica A. Cotta
Presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais – SBPMat

Boletim da SBPMat. Edição 118ª.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 118. 31 de julho de 2022.

Artigos da comunidade

Pesquisadores do IFSC-USP e da UNIFESP são coautores deste artigo de revisão sobre filmes de Langmuir e de Langmuir-Blodgett. Além de esclarecer conceitos envolvidos e comentar as promissoras aplicações desses filmes em máquinas moleculares, eletrônica orgânica e engenharia de tecidos, os autores relatam a história desses materiais, abordando, inclusive, as contribuições de duas mulheres: Agnes Pockels, uma cientista amadora e autodidata cujas descobertas foram realizadas na pia da sua cozinha, e Katherine Blodgett, que foi a primeira mulher a obter o doutorado em Física pela Universidade de Cambridge e a ser contratada como cientista na General Electric. Acesse o paper na Chemical Reviews: https://doi.org/10.1021/acs.chemrev.1c00754.

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Uma equipe da USP, com pesquisadores do IFSC e do ICB-II, propôs uma possível estratégia para tratamento da Covid-19, baseada no reposicionamento de um fármaco aliado ao uso de nanotecnologia. A solução consiste em encapsular uma droga, atualmente utilizada para tratar pacientes com esclerose múltipla, dentro de uma nanocápsula polimérica capaz de liberar a medicação nas células infectadas com SARS-CoV-2. Testes com células mostraram que o fármaco encapsulado apresenta menos toxicidade do que a droga livre e, ao mesmo, a sua atividade antiviral a respeito do SARS-CoV-2 é quase 70 vezes maior que a do fármaco sem encapsular. Acesse o artigo na ACS Applied Bio Materials: https://doi.org/10.1021/acsabm.2c00349.

nanocapsulas

Buscando materiais naturais que possam fornecer camadas bidimensionais isolantes de baixo custo, uma equipe da UFMG, UFOP, Mackenzie, LNLS e UNICAMP investigou a estrutura e propriedades do clinocloro – mineral lamelar abundante. Os autores demonstraram que a presença de impurezas entre as lamelas afeta as propriedades optoeletrônicas do material tanto na sua versão macroscópica quanto na bidimensional. O artigo aponta o potencial da aplicação desse material na fabricação de nanodispositivos. Acesse o paper na Applied Surface Science: https://doi.org/10.1016/j.apsusc.2022.153959.

clinocloro

Lives & Webinars

Live realizada no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador (8 de julho) reuniu três pesquisadores das regiões Sudeste, Norte e Nordeste que mostraram a importância da pesquisa no desenvolvimento sustentável. O painel está disponível no YouTube da SBPMat.

O professor Hidembergue Ordozgoith da Frota (UFAM) mostrou como o desenvolvimento de novos materiais baseado no aproveitamento sustentável da biodiversidade amazônica pode contribuir para um novo ciclo econômico na região Norte, com impacto em segmentos como o de alimentos, agricultura e construção.

A professora Simoni Margareti Plentz Meneghetti (Ufal) apresentou mediante vários exemplos a importância fundamental dos catalisadores para tornar processos industriais mais sustentáveis, para poder aproveitar matérias-primas renováveis como a biomassa, para viabilizar o uso de energia limpa e renovável e, até mesmo, para reciclar diversos materiais.

O pesquisador Cauê Ribeiro de Oliveira (EMBRAPA) mostrou que desenvolver fertilizantes é, de fato, desenvolver materiais. Para conseguir a máxima eficência possível e as propriedades necessárias com o mínimo impacto ambiental negativo e custo reduzido, é necessário modificar os fertilizantes com outros materiais e utilizar sistemas que permitam liberá-los aos poucos de forma controlada.

diadaciencia

XX B-MRS Meeting

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  • Submissão de resumos estendidos para participar dos prêmios para estudantes: até 01 de agosto. O modelo do resumos estendido está disponível na aba “submission” do site. Os prêmios só serão entregues aos vencedores que estiverem presentes na cerimônia, no último dia do evento.
  • Early registration: inscrições com desconto por “early registration” abertas até 10 de agosto. Descontos especiais para sócios com anuidade 2022 paga.
  • Programa: veja no site o programa resumido do evento para organizar a sua viagem.
  • Hospedagem: a aba “venue” do site do evento contém informações sobre reservas no hotel Rafain e em outros dos arredores.
  • Palestra memorial: será proferida pelo Prof Roberto Mendonça Faria (IFSC-USP).
  • Plenaristas: Christine Kranz (Ulm University), Daniel Mario Ugarte (UNICAMP), Gustavo Rivas (Univ. Córdoba), Natalie Stingelin (Georgia Tech Univ.), Sanjay Sampath (State Univ. of New York at Stony Brook), Pulickel Ajayan (Rice Univ.), Stuart Parkin (Univ Martin-Luther de Halle-Wittemberg).
  • Apoio e patrocínio: 20 empresas e startups já confirmaram patrocínio e participação na exposição desta edição do evento, que tem também 40 apoiadores institucionais entre periódicos científicos, empresas e outras organizações. Entidades interessadas em participar da expo ou de outras formas de divulgação e apoio podem entrar em contato com Alexandre Alves no e-mail comercial@sbpmat.org.br.

Para mais informações e inscrições, visite o site do evento.

Dicas de leitura

– Estudo computacional com coautoria do sócio da SBPMat Edison Zacarias da Silva mostra comportamento supercondutor de material bidimensional Mo2N em temperaturas relativamente altas e pressão ambiente (capa da Nanoscale). Saiba mais.

– Estudo com participação de pesquisadores da USP e do Inpe mostra que é possível controlar fônons por meio de campo magnético (Physical Review Letters). Saiba mais.

– Pesquisadores conseguem produzir fibras de nanotubos de nitreto de boro bem alinhados, partindo do cristal líquido desse material. O avanço abre possibilidade de aplicação desses nanotubos, os quais são bons isolantes elétricos (Nature Communications). Saiba mais.

– Vídeo de pesquisadores do CeRTEV (DEMa – UFSCar) com representação teatral do fenômeno da transição vítrea ganha segundo lugar na competição internacional Glorious Glass Demo de divulgação de ciência e tecnologia dos vidros, promovida pela ACerS. Saiba mais e veja o vídeo.

Oportunidades

– Chamada do CNPq de projetos cooperativos Brasil – Argentina em Nanotecnologia. Inscrições até 22 de agosto. Link do Brasil. Link da Argentina.

– Vaga para pesquisador na área de Eletrônica Orgânica e Bioeletrônica na Universidade de Coimbra (Portugal). Inscrições até 8 de agosto. Saiba mais.

– Vaga no LNLS – CNPEM para pesquisador da linha de luz Jatobá do Sirius (difração de raios X – PDF). Saiba mais.

– Vaga no LNNano-CNPEM de pesquisador em ciência de dados e teoria de nanoestruturas. Saiba mais.

– Vaga para pesquisador no LNNano-CNPEM em LT-STM aplicada a materiais para tecnologias quânticas. Saiba mais.

– Bolsa DTI-A para doutores na Feevale em projeto sobre tratamento superficial de menor impacto ambiental como alternativa ao processo industrial aplicado em implantes de titânio. Inscrições até 19 de agosto. Saiba mais.

– Seleção de bolsistas de pós-doc e de doutorado direto para projeto temático FAPESP na área de coloides na UNICAMP, UFABC, CNPEM e UFSCar. Inscrições até 31 de agosto. Saiba mais.

Para acompanhar as oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

– Curso: Fundamentos de Microscopia Eletrônica de Transmissão. IFGW-UNICAMP + online (a confirmar). Segundo semestre de 2022. Mais informações.

– IUMRS-ICAM2021 + IMRC2022. Online + Cancun (México). 14 a 19 de agosto de 2022. Site.

– Machine Learning School for Materials @Ilum. Evento híbrido. 5 a 7 de setembro de 2022. Site.

– XVIII International Small Angle Scattering Conference. Online + Campinas, SP (Brasil). 11 a 16 setembro de 2022. Site.

– 18th International Conference on Plasma Surface Engineering (PSE 2022). Trade Fair Erfurt (Alemanha). 12 a 15 de setembro de 2022. Site.

XX B-MRS Meeting. Foz do Iguaçu (Brasil). 25 a 29 de setembro de 2022. Site.

– 22nd International Magnetic Measurement Workshop (IMMW22). Online. 26 a 30 de setembro de 2022. Site.

– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces (AUTOORG 2022). Bento Gonçalves (RS). 2 a 4 de novembro de 2022. Site.

– V Workshop de Química Inorgânica. Manaus (AM) + online. 9 a 11 de novembro de 2022. Site.

– 11th International Conference of the African Materials Research Society (AMRS2022 ). Dakar (Senegal). 12 a 15 de dezembro de 2022. Site.

41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

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Boletim da SBPMat. Edição 117ª.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 117. 30 de junho de 2022.

Artigo em destaque

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Equipe de pesquisadores de 4 instituições brasileiras esfoliou camadas bidimensionais de flogopita (mineral abundante no Brasil) e mostrou que este novo material isolante é promissor para compor dispostivos optoeletrônicos ultrafinos, substituindo materiais sintéticos que têm alto custo (artigo da 2D Materials). Saiba mais.

Lives & Webinars

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A SBPMat vai participar da celebração do Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, promovida pela SBPC, com uma live sobre materiais para um mundo mais sustentável. O evento será realizado no dia 8 de julho às 16h30 no canal da SBPMat no YouTube. Mais informações, em breve, em todos os canais da SBPMat.

Sócios

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A professora Luciana Kassab (Faculdade de Tecnologia de São Paulo/ CEETEPS), sócia da SBPMat, foi entrevistada pela revista da antiga OSA (The Optical Society), que passou a se chamar OPTICA, enquanto Senior Member da sociedade. Veja a entrevista.

XX B-MRS Meeting

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  • Submissão de resumos estendidos para participar dos prêmios para estudantes: de 04 de julho até 01 de agosto. O modelo do resumos estendido está disponível na aba “submission” do site. Os prêmios só serão entregues aos vencedores que estiverem presentes na cerimônia, no último dia do evento.
  • Prazo final para submissão de resumo corrigido: 4 de julho.
  • Prazo para notificação final de aceitação: 11 de julho.
  • Hospedagem: a aba “venue” do site do evento contém informações sobre reservas no hotel Rafain e em outros dos arredores.
  • Palestra memorial: será proferida pelo Prof Roberto Mendonça Faria (IFSC-USP).
  • Plenaristas: Christine Kranz (Ulm University), Daniel Mario Ugarte (UNICAMP), Gustavo Rivas (Univ. Córdoba), Natalie Stingelin (Georgia Tech Univ.), Olle Inganas (Linkoping Univ.), Pulickel Ajayan (Rice Univ.), Stuart Parkin (Univ Martin-Luther de Halle-Wittemberg).
  • Inscrições: abertas com desconto até 5 de agosto. Descontos especiais para sócios com anuidade 2022 paga.
  • Apoio e patrocínio: 17 empresas já confirmaram patrocínio e participação na exposição desta edição do evento. 18 empresas e periódicos são apoiadores do encontro. Entidades interessadas em participar da expo ou de outras formas de divulgação e apoio podem entrar em contato com Alexandre Alves no e-mail comercial@sbpmat.org.br.

Para mais informações e inscrições, visite o site do evento.

Dicas de leitura

– Pesquisadores do CDMF e colaboradores desenvolvem material híbrido de nanocéria e matriz polimérica baseada em celulose. Multifuncional, o material tem potencial para inativar vírus (Scientific Reports). Saiba mais.

Inovação. Pesquisadores da UNICAMP liderados pelo sócio da SBPMat Luiz Fernando Zagonel desenvolveram um acessório que aumenta a coleta de luz em microscópios de tunelamento de 5% a 72% da luz emitida pela amostra. Inovação foi licenciada para a empresa de instrumentação RHK Technology, sediada nos Estados Unidos, e já foi lançada no mercado internacional. Saiba mais.

Oportunidades

– Vaga no LNLS – CNPEM para pesquisador da linha de luz Jatobá do Sirius (difração de raios X – PDF). Saiba mais.

– Vaga no LNNano-CNPEM de pesquisador em ciência de dados e teoria de nanoestruturas. Saiba mais.

– Vaga para pesquisador no LNNano-CNPEM em LT-STM aplicada a materiais para tecnologias quânticas. Saiba mais.

– Processo seletivo para professor da PUC Rio na área de Materiais e Nanotecnologia com ênfase em Materiais para Energia. Inscrição até 07 de julho. Saiba mais.

– Pós-doc em células solares de perovskitas na UNESP. Inscrição até 15 de julho. Saiba mais.

– Seleção de bolsistas de pós-doc e de doutorado direto para projeto temático FAPESP na área de coloides na UNICAMP, UFABC, CNPEM e UFSCar. Inscrições até 31 de agosto. Saiba mais.

– Processo seletivo para mestrado e doutorado em Física na UFRN. Inscrições até 03 de julho. Saiba mais.

– Seleção para mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais no PIPE/ UFPR. Inscrições até 03 de julho. Saiba mais.

– Seleção para mestrado acadêmico em Física na UDESC. Inscrição até 11 de julho. Saiba mais.

Para acompanhar as oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

– Webinário “Bio-based polymers”. Online. 05 de julho às 15h00. Organização: ACS Publications com parceria da SBPMat, ABPol e IUMRS. Inscrição (gratuita).

– International Conference on the Science and Technology of Synthetic Metals (ICSM). Glasgow (Escócia). 17 a 22 de julho de 2022. Site.

– 4th Workshop on Coated Tools & Multifunctional Thin Films. Campinas, SP (Brasil). 20 a 23 de julho de 2022. Site.

– XII Curso do Método Rietveld. Fortaleza, CE (Brasil). 25 a 29 de julho de 2022. Site.

– Curso: Fundamentos de Microscopia Eletrônica de Transmissão. IFGW-UNICAMP + online (a confirmar). Segundo semestre de 2022. Mais informações.

– IUMRS-ICAM2021 + IMRC2022. Online + Cancun (México). 14 a 19 de agosto de 2022. Site.

– Machine Learning School for Materials @Ilum. Evento híbrido. 5 a 7 de setembro de 2022. Site.

– XVIII International Small Angle Scattering Conference. Online + Campinas, SP (Brasil). 11 a 16 setembro de 2022. Site.

– 18th International Conference on Plasma Surface Engineering (PSE 2022). Trade Fair Erfurt (Alemanha). 12 a 15 de setembro de 2022. Site.

XX B-MRS Meeting. Foz do Iguaçu (Brasil). 25 a 29 de setembro de 2022. Site.

– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces (AUTOORG 2022). Bento Gonçalves (RS). 2 a 4 de novembro de 2022. Site.

– 11th International Conference of the African Materials Research Society (AMRS2022 ). Dakar (Senegal). 12 a 15 de dezembro de 2022. Site.

– 41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

anuidades 2

Siga-nos nas redes sociais

Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
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Artigo em destaque: Novo isolante natural para dispositivos ultrafinos.

Uma equipe de pesquisadores de instituições brasileiras deu os primeiros passos rumo ao uso da flogopita, mineral abundante no Brasil, como fonte natural de camadas isolantes ultrafinas que poderão ser usadas em dispositivos optoeletrônicos do futuro. “O nosso trabalho apresenta a inserção desse mineral natural na pesquisa de materiais e seu possível uso em diferentes áreas da nanotecnologia”, diz o cientista Alisson R. Cadore, autor correspondente do artigo recentemente publicado no periódico 2D Materials.

O trabalho se insere na busca por materiais bidimensionais (de um ou poucos átomos de espessura) de baixo custo. Nessa procura, a comunidade científica tem investigado os chamados “materiais lamelares”, os quais são formados por camadas ultrafinas empilhadas, unidas entre si pelas chamadas “forças de van der Waals”. Por serem relativamente fracas, essas forças físicas permitem que a separação das lamelas seja feita por meio de diversos métodos. Um dos exemplos mais conhecidos desse grupo é o grafite, que é a fonte do grafeno. Outro exemplo é o das micas, família de minerais que inclui a flogopita, a qual nunca tinha sido estudada na sua forma bidimensional antes do trabalho da equipe brasileira.

Neste trabalho, os pesquisadores usaram cristais macroscópicos de flogopita minerados em Itabira (MG) para gerar camadas bidimensionais mediante esfoliação mecânica. Essa técnica extremamente simples ganhou fama por ter protagonizado a primeira obtenção bem-sucedida de grafeno, que valeu o prêmio Nobel de Física a Andre Geim e Konstantin Novoselov em 2010. Nesse método, utiliza-se uma fita adesiva comum para separar flocos do material, os quais ficam grudados à fita. O procedimento é repetido até chegar à camada mais fina possível, a monocamada.

Usando esse método, os autores do artigo obtiveram monocamadas e flocos de algumas camadas de flogopita. Com eles, realizaram uma robusta caracterização que envolveu diversas técnicas experimentais em laboratórios da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Alguns resultados foram confirmados com simulações computacionais realizadas pelos autores da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

 

Cristal macroscópico natural de flogopita; imagem de microscopia óptica de flocos de flogopita esfoliados com diferentes espessuras; representação da estrutura cristalina de uma monocamada de flogopita calculada por simulações computacionais.
Cristal macroscópico natural de flogopita; imagem de microscopia óptica de flocos de flogopita esfoliados com diferentes espessuras; representação da estrutura cristalina de uma monocamada de flogopita calculada por simulações computacionais.

 

“Neste trabalho, identificamos teórica e experimentalmente a composição química e estrutural da flogopita e demonstramos que esse isolante natural e abundante pode ser esfoliado até o limite de uma única camada, mantendo suas características físicas”, resume Cadore, que atualmente é pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), mas realizou o trabalho na UPM, onde era professor. Uma das principais descobertas do estudo foi o fato de que a flogopita ultrafina é estável quando é submetida a processamento térmico, bem como quando é exposta ao ambiente (as amostras ficaram durante 13 meses em condições ambiente sem apresentar degradação).

Além disso, o trabalho comparou as características da flogopita com as do isolante sintético mais utilizado internacionalmente como substrato em nanodispositivos, o nitreto de boro hexagonal. Para isso, a equipe brasileira desenvolveu uma colaboração com o Instituto Nacional de Ciência dos Materiais do Japão (NIMS), onde é produzido o material com as melhores propriedades físicas. O grupo japonês forneceu os cristais sintéticos.

De acordo com os autores, dado que a flogopita bidimensional é um ótimo isolante elétrico e térmico, além de ser naturalmente abundante e de fácil extração, ela poderá ser usada como material de baixo custo em dispositivos que ainda são pouco explorados na escala nano, como transistores, capacitores e fotodetectores. Essas aplicações se tornam ainda mais promissoras perante a possibilidade de utilizar a flogopita bidimensional em estruturas de propriedades únicas chamadas “heteroestruturas de van der Waals”, as quais são formadas pelo empilhamento de camadas ultrafinas de materiais diferentes, unidas por forças de van der Waals. Por isso, os autores do artigo montaram heteroestruturas de flogopita e dissulfeto de tungstênio e estudaram algumas das suas propriedades. “Destacamos que a flogopita bidimensional é um isolante estável às condições ambiente e pode ser ainda facilmente combinado com outros materiais 2D, criando heteroestruturas híbridas ultrafinas, o que amplia a aplicação desse nanomaterial em novos dispositivos optoeletrônicos futuros”, diz Cadore.

 

Imagem de microscopia óptica de uma heteroestrutura de van der Waals contendo uma monocamada de dissulfeto de tungstênio sobre poucas camadas de flogopita. Análise de propriedades ópticas de heteroestruturas 2D.
Imagem de microscopia óptica de uma heteroestrutura de van der Waals contendo uma monocamada de dissulfeto de tungstênio sobre poucas camadas de flogopita. Análise de propriedades ópticas de heteroestruturas 2D.

 

Realizado dentro do doutorado de Raphaela de Oliveira, o trabalho da flogopita bidimensional se insere em uma linha de trabalho iniciada no Departamento de Física da UFMG. “Nossos estudos sempre envolveram diferentes pesquisadores nacionais e internacionais na obtenção e caracterização de diferentes materiais 2D naturais e a sua aplicação em nanodispositivos e nanofotônica ”, conta Cadore, cujo doutorado em Física pela UFMG foi sobre heteroestruturas bidimensionais de grafeno. O objetivo dessas pesquisas é achar materiais com as características ideais para essas aplicações, de modo a substituir os sintéticos, que têm alto custo.

O trabalho desenvolvido com a flogopita foi inspirado por estudos realizados com pedra-sabão, iniciados na UFMG em 2015. Os estudos com esse mineral continuaram no LNLS – CNPEM conduzidos pela pesquisadora Ingrid Barcelos, que também fez doutorado em Física na UFMG com uma pesquisa sobre heteroestruturas de van der Waals. Em 2021, Ingrid ganhou, pelo trabalho com pedra-sabão, um dos prêmios Para Mulheres na Ciência, outorgados pela L’Oréal Brasil em parceria com a UNESCO e Academia Brasileira de Ciências (ABC).

 

Alguns dos autores principais do artigo. A partir da esquerda: Alisson R. Cadore, Raphaela de Oliveira, Raphael Longuinhos, Ingrid D. Barcelos e Christiano J. S. de Matos.
Alguns dos autores principais do artigo. A partir da esquerda: Alisson R. Cadore, Raphaela de Oliveira, Raphael Longuinhos, Ingrid D. Barcelos e Christiano J. S. de Matos.

 

A pesquisa sobre flogopita bidimensional teve financiamento da CAPES, CNPq, Fundo Mackenzie de Pesquisa e Inovação, FAPESP, FAPEMIG e Prêmio L´OREAL-UNESCO-ABC Para Mulheres na Ciência.


Referência do artigo científico: Exploring the structural and optoelectronic properties of natural insulating phlogopite in van der Waals heterostructures. Alisson R Cadore, Raphaela de Oliveira, Raphael Longuinhos, Verônica de C Teixeira, Danilo A Nagaoka, Vinicius T Alvarenga, Jenaina Ribeiro-Soares, Kenji Watanabe, Takashi Taniguchi, Roberto M Paniago, Angelo Malachias, Klaus Krambrock, Ingrid D Barcelos and Christiano J S de Matos. 2022 2D Mater. 9 035007. https://doi.org/10.1088/2053-1583/ac6cf4.

Contato do autor correspondente: alissoncadore@gmail.com

Boletim da SBPMat. Edição 116ª.

 

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Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais

Edição nº 116. 31 de maio de 2022.

Artigo em destaque

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Equipe da UFPR desenvolveu um biossensor de alta sensibilidade e baixo custo, baseado em nanotubos de um polímero condutor, capaz de detectar anticorpos da Covid-19 em cerca de 30 minutos a partir da interação com poucas gotas de sangue (artigo da Materials Today Chemistry). Saiba mais.

Lives & Webinars

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Minicurso “Evolução da Espectroscopia Raman: Inovadores métodos de escaneamento de amostras, quimiometria por inteligência artificial, microgeoprocessamento de imagens e correlações colocalizadas com Microscopia Eletrônica de Varredura e MicroFluorescência de Raios X.”
Quando: 14 de junho das 9:00 às 12:00.
Onde: online.

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Minicurso “Espectroscopia de Fluorescência – Análise de Absorbância e Transmitância Simultâneas – Tecnologia A-TEEM para Caracterização Química Molecular.”
Quando: 21 de junho das 9:00 às 12:00.
Onde: online.

Os dois minicursos são gratuitos. Mais informações e inscrições: https://www.sbpmat.org.br/pt/lives-webinars/

XX B-MRS Meeting

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O evento recebeu mais de 1.500 resumos!

  • Notificação de aceitação do trabalho: até 10 de junho.
  • Submissão de resumo corrigido: até 24 de junho.
  • Notificação final de aceitação: até 01 de julho.
  • Submissão de resumos estendidos para participar dos prêmios para estudantes: de 01 de julho até 01 de agosto.
  • Auxílio coletivo FAPESP: pesquisadores de instituições de São Paulo podem ser elegíveis para obter apoio financeiro da FAPESP para participar do evento. Informações e inscrições, aqui.
  • Hospedagem: a aba “venue” do site do evento contém informações sobre reservas no hotel Rafain e em outros dos arredores.
  • Palestra memorial: será proferida pelo Prof Roberto Mendonça Faria (IFSC-USP).
  • Plenaristas: Christine Kranz (Ulm University), Daniel Mario Ugarte (UNICAMP), Gustavo Rivas (Univ. Córdoba), Natalie Stingelin (Georgia Tech Univ.), Olle Inganas (Linkoping Univ.), Pulickel Ajayan (Rice Univ.), Stuart Parkin (Univ Martin-Luther de Halle-Wittemberg).
  • Inscrições: abertas com desconto até 5 de agosto. Descontos especiais para sócios com anuidade 2022 paga.
  • Apoio e patrocínio: 16 empresas já confirmaram patrocínio e participação na exposição desta edição do evento. Empresas interessadas em participar da expo ou de outras formas de divulgação e apoio podem entrar em contato com Alexandre Alves no e-mail comercial@sbpmat.org.br.

Para mais informações e inscrições, visite o site do evento.

Comunidade

faria

No dia 03 de junho às 15h00, o Prof. Roberto Mendonça Faria, ex-presidente da SBPMat, será homenageado com um simpósio em comemoração ao seu 70º aniversário. Evento será realizado no IFSC-USP e transmitido no YouTube. Saiba mais.

Manifestos

– SBPMat subscreveu a nota da SBPC contra a intenção do governo federal de cortar mais de R$ 2,9 bilhões do MCTI, sendo R$ 2,5 bilhões do FNDCT. Saiba mais.

– SBPMat endossou manifesto da SBPC que alerta para os impactos negativos da defasagem no valor de bolsas pagas a pesquisadores no país. Saiba mais.

Dicas de leitura

– Cientistas criam método que permite, pela primeira vez, sintetizar novos materiais e estruturas e analisá-los in situ sob pressões de cerca de 1 terapascal – equivalente a mais de 3 vezes a pressão do centro da Terra (Nature). Saiba mais.

– Pesquisadores da UFABC e CNPEM desenvolvem eletrodos que permitem monitorar a saúde de plantas, aplicando a tecnologia de sensores vestíveis à agricultura de precisão (ACS Applied Materials and Interfaces). Saiba mais.

Inovação. Empresa dedicada ao desenvolvimento de materiais “verdes” lança tinta antichamas baseada em cristais de grafite e celulose. Inovação surgiu de pesquisa básica realizada em trabalho de mestrado e já recebeu vários prêmios. Saiba mais.

Oportunidades

– Chamada do consórcio europeu M-ERANET junto à FAPESP para projetos transnacionais de P&D em materiais. Submissão de propostas até 15 de junho. Saiba mais.

– Seleção para mestrado e doutorado em Materiais na EESC – USP. Inscrições até 05 de junho. Saiba mais.

Seleção para mestrado em Nanociência, Processos e Materiais Avançados na UFSC Blumenau. Inscrições até 22 de junho. Saiba mais.

Estágio no departamento de Filmes Finos e Medidas Elétricas do LNNano. Saiba mais.

Estágio no Processamento de Nanocerâmicas do LNNano. Saiba mais.

– Estágio no departamento de Microfabricação e Microfluidica do LNNano. Saiba mais.

Para acompanhar as oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

– International Conference on the Science and Technology of Synthetic Metals (ICSM). Glasgow (Escócia). 17 a 22 de julho de 2022. Site.

– 4th Workshop on Coated Tools & Multifunctional Thin Films. Campinas, SP (Brasil). 20 a 23 de julho de 2022. Site.

– IUMRS-ICAM2021 + IMRC2022. Online + Cancun (México). 14 a 19 de agosto de 2022. Site.

– Machine Learning School for Materials @Ilum. Evento híbrido. 5 a 7 de setembro de 2022. Site.

– XVIII International Small Angle Scattering Conference. Online + Campinas, SP (Brasil). 11 a 16 setembro de 2022. Site.

– 18th International Conference on Plasma Surface Engineering (PSE 2022). Trade Fair Erfurt (Alemanha). 12 a 15 de setembro de 2022. Site.

XX B-MRS Meeting. Foz do Iguaçu (Brasil). 25 a 29 de setembro de 2022. Site.

– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces (AUTOORG 2022). Bento Gonçalves (RS). 2 a 4 de novembro de 2022. Site.

– 11th International Conference of the African Materials Research Society (AMRS2022 ). Dakar (Senegal). 12 a 15 de dezembro de 2022. Site.

– 41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

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Artigo em destaque: Biossensor de polímero condutor e nanopartículas na luta contra a pandemia.

Esquerda: representação dos eletrodos do biossensor revestidos com polipirrol nanotubular ou granulado e nanopartículas de ouro. Centro: proteína do SARS-CoV-2 imobilizada na nanopartícula e interagindo com o anticorpo. Direita: dispositivo detectando anticorpos em uma amostra de sangue.
Esquerda: biossensor de polipirrol nanotubular (acima) ou granulado (abaixo) e nanopartículas de ouro. Centro: proteína do SARS-CoV-2 imobilizada na nanopartícula e interagindo com o anticorpo. Direita: dispositivo detectando anticorpos em uma amostra de sangue.

Uma  equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolveu um biossensor de baixo custo capaz de detectar anticorpos da Covid-19 em cerca de 30 minutos e com alta sensibilidade. O sistema mostrou-se promissor para produzir dispositivos portáteis e descartáveis que possam ser usados para diagnosticar a infecção por coronavírus ou, ainda, para confirmar a produção de anticorpos após a vacinação usando apenas algumas gotas de sangue.

Biossensores são sistemas que possuem um elemento biológico (neste caso, a proteína N do vírus SARS-CoV-2) responsável por interagir quimicamente com aquilo que se deseja detectar (neste caso, o anticorpo específico para esse antígeno). Quando a interação ocorre, a reação química é transformada no dispositivo em um sinal interpretável.

O biossensor desenvolvido na UFPR se baseia em uma malha de aço inoxidável revestida com um material híbrido, formado por um polímero que conduz eletricidade (o polipirrol) e nanopartículas de ouro. Nessas nanopartículas, as proteínas do vírus são imobilizadas, de modo que os anticorpos das amostras de sangue, se houver, entram em contato com os seus antígenos, reagem espontaneamente com eles e se tornam detectáveis.

Combate à pandemia

A ideia do trabalho surgiu no início da pandemia de Covid-19, quando a sociedade sentiu a necessidade imperiosa de contar com sistemas capazes de detectar tanto o vírus quanto os anticorpos gerados pela infecção. Nesse momento, os professores Dênio Souto e Marcio Vidotti, da UFPR, decidiram reunir as suas expertises em sensores e temas afins para participar desses esforços mundiais.

“De início já sabíamos que a urgência e a multidisciplinaridade do assunto aumentariam o nosso desafio”, diz Bruna M. Hryniewicz, primeira autora do artigo que reporta esta pesquisa no periódico Materials Today Chemistry. Bruna participou da pesquisa durante o seu doutorado, ainda em andamento, sob orientação do professor Vidotti, ambos do Grupo de Pesquisa em Macromoléculas e Interfaces da UFPR.

A proposta foi construir um sistema de detecção de anticorpos baseado na tese de doutorado de Ana Leticia Soares, que acabava de ser defendida pela UFPR. Com orientação dos professores Marcio Vidotti e Luis Fernando Marchesi, o trabalho resultou  numa plataforma formada por um polímero condutor modificado com nanopartículas de ouro que apresentou respostas promissoras ao ser unida a diversos pares de antígenos e anticorpos.

Mais sensibilidade e seletividade

Imagens de microscopia eletrônica mostram os materiais desenvolvidos para o biossensor: polipirrol granulado (esquerda) e nanotubular (direita) com nanopartículas de ouro.
Imagens de microscopia eletrônica mostram os materiais desenvolvidos para o biossensor: polipirrol granulado (esquerda) e nanotubular (direita) com nanopartículas de ouro.

Partindo dessa plataforma, a equipe investigou algumas questões que poderiam melhorar a sensibilidade e seletividade do biossensor – parâmetros que permitem diminuir a quantidade de falsos positivos e negativos nos resultados da detecção, inclusive em pequenas quantidades de amostra.

Nesse sentido, os autores sintetizaram e caracterizaram duas morfologias de polipirrol para produzir o material híbrido, a  globular e a nanotubular, e verificaram que o biossensor de nanotubos poliméricos tinha uma sensibilidade oito vezes maior para detectar os anticorpos do que o sistema com polipirrol globular.

Outro ponto importante foi a escolha do método de imobilização da proteína N nas nanopartículas. Os pesquisadores optaram por promover uma ligação covalente (ligação química baseada no compartilhamento de pares de elétrons entre os átomos envolvidos), a qual traz mais estabilidade e sensibilidade ao sistema. De fato, essa metodologia posiciona o antígeno em uma orientação na qual os sítios de interação com o anticorpo ficam disponíveis – interação que é ainda mais incentivada pelo ambiente químico favorável propiciado pelo polipirrol. “Todas essas características permitem que o biossensor apresente respostas satisfatórias de sensibilidade e seletividade”, afirma Jaqueline Volpe, também primeira autora do artigo, que participou da pesquisa durante seu mestrado, sob orientação do professor Dênio Souto, ambos do Laboratório de Espectrometria, Sensores e Biossensores.

Além da participação de docentes, pós-docs e alunos do Programa de Pós-Graduação em Química da UFPR, foi fundamental na pesquisa a colaboração de pesquisadores e médicos da UFPR e do Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba. Esses colaboradores forneceram rapidamente a proteína N do SARS-CoV-2. Eles também conseguiram amostras de sangue de pessoas com e sem Covid-19 que tinham feito exames de PCR (a metodologia de diagnóstico considerada mais segura), as quais foram usadas para testar o desempenho do biossensor.

“Levando em consideração que o trabalho foi realizado durante o auge da pandemia, os desafios foram inúmeros, desde o acesso aos laboratórios, até a exploração de um tema de alta relevância, o qual gera maior pressão no desenvolvimento da pesquisa”, comenta Larissa Bach Toledo, coautora do artigo.

Aspecto e tamanho do biossensor: malha de aço antes e após a construção do biossensor, ao lado de uma moeda para referência.
Aspecto e tamanho do biossensor: malha de aço antes e após a construção do biossensor, ao lado de uma moeda para referência.

De acordo com as autoras, o biossensor desenvolvido é promissor para uso em larga escala no diagnóstico de infectados e no monitoramento de anticorpos devido ao método simples e escalável de fabricação dos eletrodos (síntese em batelada), somado ao baixo custo da matriz de aço inox e à alta sensibilidade do sistema. Contudo, para produzi-lo comercialmente, seria necessário fazer muitos mais testes de validação com amostras reais, bem como transformar o sistema em um dispositivo simples, miniaturizado e fácil de usar, no qual os resultados da detecção possam ser interpretados por qualquer pessoa.

Esta pesquisa contou com financiamento da fundação alemã Alexander von Humboldt, da UFPR por meio do edital Proind 2020 e das agências brasileiras CAPES e CNPq. O trabalho também recebeu apoio do INCTBio, do qual o professor Marcio Vidotti faz parte.

Autores do artigo. À esquerda, Prof. Marcio Vidotti e Bruna M. Hryniewicz. À direita, Prof. Dênio Souto e Jaqueline Volpe.
Autores do artigo. À esquerda, Prof. Marcio Vidotti e Bruna M. Hryniewicz. À direita, Prof. Dênio Souto e Jaqueline Volpe.

Referência do artigo científico: Development of polypyrrole (nano)structures decorated with gold nanoparticles toward immunosensing for COVID-19 serological diagnosis. B. M. Hryniewicz, J. Volpe, L. Bach-Toledo, K. C. Kurpel, A. E. Deller, A. L. Soares, J. M. Nardin, L. F. Marchesi, F. F. Simas, C. C. Oliveira, L. Huergo, D. E. P. Souto, M. Vidotti. Materials Today Chemistry. Volume 24, June 2022, 100817. https://doi.org/10.1016/j.mtchem.2022.100817.

Contato dos autores correspondentes: denio.souto@ufpr.br e mvidotti@ufpr.br.