Artigo em destaque: Uma máquina molecular para combater o câncer.

O artigo científico de autoria de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é: A reversible, switchable pH-driven quaternary ammonium pillar[5]arene nanogate for mesoporous silica nanoparticles. Santos, ECS ; dos Santos, TC; Fernandes, TS; Jorge, FL; Nascimento, V; Madriaga, VGC ; Cordeiro, PS; Checca, NR; Da Costa, NM; Pinto, LFR; Celia Ronconi. J. Mater. Chem. B, 2020,8, 703-714. https://doi.org/10.1039/C9TB00946A

Uma máquina molecular para combater o câncer 

Em 2016, as menores máquinas já criadas pelo ser humano, as máquinas moleculares ou nanomáquinas, ganharam visibilidade com o Prêmio Nobel de Química. Essas máquinas de dimensões nanométricas, cujas peças são moléculas que realizam movimentos controlados, poderão ajudar a humanidade a realizar importantes tarefas na escala do diminuto.

Na área da saúde, uma dessas tarefas é o combate eficaz a células cancerosas sem danificar os tecidos saudáveis. Sabe-se que um dos principais problemas das terapias mais usadas atualmente é seu efeito adverso nos tecidos sadios – problema que tem levado muitos cientistas a desenvolver diferentes sistemas que possam levar os fármacos diretamente e sem vazamentos até as células cancerosas.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), a professora Célia Machado Ronconi e sua equipe científica trabalham há dez anos no desenvolvimento de nanomáquinas para o tratamento do câncer. Em seu pós-doutorado, realizado entre 2003 e 2005, a cientista aprendeu sobre máquinas moleculares na University of California, Los Angeles (UCLA), em um dos laboratórios mais qualificados do mundo no assunto, o grupo de pesquisa de Sir James Fraser Stoddart, quem, anos depois, seria laureado com o Prêmio Nobel mencionado no início desta matéria junto a Jean-Pierre Sauvage e Bernard L. Feringa.

Em artigo recentemente publicado no Journal of Materials Chemistry B, a professora Célia Ronconi, sua equipe e colaboradores, todos de instituições brasileiras, apresentaram uma nova nanomáquina composta por um reservatório de fármacos e uma tampa. A máquina é capaz de abrir ou fechar a tampa respondendo a mudanças na acidez do meio no qual se encontra.  Quando o pH do meio é similar ao do sangue de um ser humano saudável (meio fisiológico), a tampa permanece fechada, impedindo a saída do fármaco. Quando o pH é mais ácido, como ocorre no entorno de células cancerosas, a tampa abre e o fármaco é liberado. Em testes in vitro (em laboratório), a nanomáquina carregada com uma conhecida droga quimioterápica demonstrou ser mais eficaz do que o fármaco puro na eliminação de células de câncer de mama, destruindo 92% delas em 48 horas.

O destaque desta figura mostra um zoom da nanomáquina carregada com o fármaco (bolinhas verdes), com um dos nanocanais do reservatório e a sua nanotampa fechada, impedindo a saída da droga.
O destaque desta figura mostra um zoom da nanomáquina carregada com o fármaco (bolinhas verdes). No zoom é possível distinguir um dos nanocanais do reservatório fechado pela sua nanotampa, impedindo a saída da droga.

Com essas características, a nanomáquina desenvolvida na UFF mostra potencial para aplicação na entrega de fármacos quimioterápicos em células cancerosas. “Os resultados deste trabalho foram extremamente promissores”, diz a professora Ronconi. “Porém, ainda há muito a ser estudado. As próximas etapas do trabalho serão testar a nanomáquina carregada com o fármaco em outras linhagens de células de câncer de mama, pois nós testamos apenas para uma linhagem (MCF-7). Também testaremos a toxicidade do dispositivo sem o fármaco em células sadias e, se os resultados forem positivos, serão feitos estudos in vivo, usando nesses ensaios camundongos alterados geneticamente para ter o sistema imune deficiente”, comenta.

Montagem e funcionamento da nanomáquina

Para cumprir a função de reservatório, o grupo da UFF sintetizou nanopartículas esféricas de sílica mesoporosa de cerca de 85 nm de diâmetro. Além de ser biocompatível, esse material tem a particularidade de ter uma estrutura interna similar a um favo de mel, com um conjunto de nanocanais de até 4 nm de diâmetro, nos quais as moléculas do fármaco podem ser armazenadas. As nanopartículas foram recobertas com grupos carboxil (- COOH) que melhoraram a interação do reservatório com a sua tampa. Para a tampa, os pesquisadores escolheram o pilarareno, uma molécula artificial formada por cinco anéis aromáticos ou arenos, cuja primeira síntese data de 2008 na literatura científica.

Na montagem e operação da nanomáquina, as interações eletrostáticas de atração controladas pelo pH do meio foram as grandes aliadas da equipe científica da UFF. De fato, conforme confirmaram os pesquisadores em seus experimentos, em uma solução com pH de 7,4, que representa a acidez do sangue saudável, os grupos carboxil (-COOH) que recobrem o reservatório perdem um próton formando grupos carboxilato (-COO-), negativamente carregados, os quais interagem eletrostaticamente com a tampa positivamente carregada. Dessa maneira, a atração eletrostática aproxima as duas peças da nanomáquina até impedir a saída do fármaco. Ao diminuir o pH, ou seja, ao tornar a solução mais ácida, os grupos carboxilato (-COO-) ganham prótons, neutralizando sua carga. Em consequência, a atração eletrostática entre a tampa e o reservatório se desfaz, a tampa abre e o fármaco é liberado.

Funcionamento da nanomáquina carregada com o fármaco (bolinhas cor de rosa).À esquerda, o pH fisiológico mantém as tampas fechando os nanocanais do reservatório e impedindo o vazamento do fámaco. À direita, o meio mais ácido gera o afastamento das tampas e o fármaco é liberado.
Funcionamento da nanomáquina carregada com o fármaco (bolinhas cor de rosa). À esquerda, em pH fisiológico, as tampas fecham os nanocanais do reservatório. À direita, o meio mais ácido gera o afastamento das tampas e o fármaco é liberado.

Nos experimentos realizados, o grupo da UFF conseguiu liberar a droga quimioterápica parcialmente (34%) em um pH de 5,5 (provavelmente similar ao do entorno de células cancerosas) e quase totalmente (91%) em um meio com acidez de 2,0. Todos os experimentos foram realizados a uma temperatura de 37 °C, similar à do corpo humano.

História do trabalho 

Desde 2009, ano em que se tornou professora da UFF e montou o Laboratório de Química Supramolecular e Nanotecnologia, a professora Célia Ronconi tem trabalhado nas diversas fases do desenvolvimento de diferentes nanomáquinas e sistemas de transporte e liberação de fármacos, utilizando estímulos químicos, magnéticos e luminosos. Durante o doutorado de Evelyn da Silva Santos, sob orientação de Ronconi, um protótipo de nanomáquina foi desenvolvido usando material disponível no mercado. Entretanto, novos estudos realizados depois da defesa do doutorado, que ocorreu em 2018, mostraram que as nanopartículas usadas como reservatórios formavam aglomerados no meio fisiológico (a solução que emula o sangue nos experimentos). Dessa forma, a professora Ronconi envolveu o pós-doc Thiago Custódio dos Santos e a doutoranda Tamires Soares Fernandes no desenvolvimento de um novo material. “Eles deram continuidade ao projeto e sintetizaram um material com excelente dispersão no meio fisiológico e o dispositivo foi refeito, bem como os estudos de liberação do fármaco”, conta a professora. Os testes biológicos da nanomáquina foram realizados no grupo de carcinogênese molecular do INCA, por meio dos pesquisadores Luis Felipe Ribeiro Pinto e Nathália Meireles da Costa, e da técnica Fernanda Jorge. O estudo também contou com a participação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) na caracterização dos materiais por técnicas de microscopia, realizada no Laboratório Multiusuário de Nanociência e Nanotecnologia (LABNANO). A pesquisa recebeu financiamento das agências CNPq (Projeto Universal), CAPES (Bolsas de Estudo) e FAPERJ (Programas Instituições Sediadas no RJ e Cientista do Nosso Estado).

Os autores principais do trabalho. A partir da esquerda: Evelyn Santos, Thiago Custódio, Tamires Soares e Célia M. Ronconi.
Os autores principais do trabalho. A partir da esquerda: Evelyn Santos, Thiago Custódio, Tamires Soares e Célia M. Ronconi.

Palestra Magna na UFF do Prof. Sir J. Fraser Stoddart, laureado com o Prêmio Nobel de Química de 2016.

O Magnífico Reitor da Universidade Federal Fluminense, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, tem a honra de convidar a todos para a Palestra Magna “The Rise and Promise of Artificial Molecular Machines Based on the Mechanical Bond” com o ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2016, Prof. Sir James Fraser Stoddart da Universidade Northwestern (Illinois), no dia 10/04/19 às 14:30h no Cine Arte UFF.

O Prof. Fraser Stoddart, juntamente com os professores Bernard Feringa e Jean-Pierre Sauvage foram agraciados com o Prêmio Nobel de Química pela “concepção, produção e funcionamento de máquinas moleculares artificiais ou nanomáquinas.”

Na Palestra Magna o Prof. Fraser Stoddart, além de explorar o universo da nanotecnologia, fará uma importante discussão sobre trajetória pessoal e sucesso acadêmico.

As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de março de 2019 acessando o link: http://bit.ly/UFFAulaNobelQui

Para maiores informações entrar em contato com Profa. Célia M. Ronconi do Departamento de Química Inorgânica-UFF pelo e-mail cmronconi@id.uff.br

Prêmio Bernhard Gross ao melhor pôster do XIII Encontro para André Luiz Maia Azevedo, à procura de inovações na análise de fármacos.

Trabalho premiado: Sensor development exploiting graphite-epoxy composite as electrode material. André Luiz Maia Azevedo, Renato Soares de Oliveira, Eduardo Ariel Ponzio, Felipe Silva Semaan; Universidade Federal Fluminense

Representando André Azevedo, seu orientador Felipe Silva Semaan recebeu do presidente da SBPMat o certificado de melhor pôster do evento.

Graduado em Farmácia Industrial pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e farmacêutico num laboratório multinacional, André Luiz Maia Azevedo mergulhou na área de Materiais no seu mestrado em Química buscando diminuir os custos e superar limitações de técnicas usadas na análise de fármacos. “Durante minha vida profissional adquiri conhecimentos em técnicas analíticas que demandam gastos maiores tanto na aquisição quanto na manutenção e operação, como, por exemplo, CLAE, CG, AA – chama/forno de grafite”, relata o vencedor do prêmio. “Isso me motivou a iniciar o desenvolvimento de técnicas analíticas no campo da Eletroquímica”, completa.

O trabalho de mestrado de André, orientado pelo professor Felipe Silva Semaan e financiado pela FAPERJ, CNPq e UFF, foi realizado entre 2012 e 2014 no grupo G2E (Grupo de Eletroquímica e Eletroanalítica) do Instituto de Química da UFF, dentro da linha de pesquisa em compósitos iniciada no grupo em 2009. “O emprego de materiais compósitos visava minimizar ainda mais os custos para a pesquisa (pois não haveria necessidade de adquirir eletrodos de trabalho comerciais) e abria a possibilidade de desenvolvimento de modificações químicas e ajustes de modelos para aplicações específicas”, comenta o mestre.

André e o grupo de pesquisadores desenvolveram então compósitos de grafite e epóxi em diversas composições, os quais foram caracterizados por meio de análise termogravimétrica (TGA-DTA), microscopia de força atômica (AFM), difração de raios X (XDR) e voltametria cíclica. Uma dessas composições, com 64,4% de grafite, mostrou os melhores resultados quanto à estabilidade térmica e química, propriedades mecânicas e elétricas e desempenho eletroquímico. O compósito foi utilizado como eletrodo dentro de uma célula eletroquímica.

“A contribuição científica deste trabalho para a sociedade é a disponibilização de um material com valor agregado, cujo custo fica cerca de 300 vezes menor que o comercial (o eletrodo de carbono vítreo), sendo capaz de executar tarefas com qualidade equivalente”, afirma André, que se diz atraído pela atividade científica porque lhe oferece a possibilidade de empregar ferramentas que adquiriu na universidade para solucionar problemas da sociedade.

O trabalho, apresentado no Simpósio P sobre compósitos e nanoestruturas avançadas de carbono, mereceu o Prêmio Bernhard Gross ao melhor pôster do XIII Encontro da SBPMat, além do melhor pôster do Simpósio P. Resultados parciais da mesma pesquisa já tinham sido distinguidos no encontro da SBPMat do ano passado, onde André recebeu o Prêmio Bernhard Gross ao melhor trabalho do simpósio sobre ciência, engenharia e comercialização de dispositivos industriais, eletrônicos e biomédicos.

O mestrado de André finalizou com este destaque da SBPMat, mas o trabalho no grupo continua. Os pesquisadores estão preparando uma patente de modelo de utilidade e/ou patente de inovação. E os resultados do trabalho de André estão servindo como base para o desenvolvimento de eletrodos compósitos modificados com filmes de metais, filmes de acetato de celulose e quitosana modificada para encapsular nanopartículas, entre outras linhas.

“A premiação neste congresso internacional recompensa o esforço e dedicação de todos os envolvidos e norteia para maiores discussões, apontando para a viabilidade de obtenção dos produtos objetivados pelo grupo”, expressa André.

Veja o arquivo do pôster premiado:

Concurso para professor do Instituto de Química da UFF (RJ).

CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA PROFESSOR ADJUNTO (40h DE) DO GQI- 2014

Área: Química Inorgânica

Estão abertas, no período de 17 de março a 15 de abril de 2014, as inscrições para o Concurso Público de Provas e Títulos para o provimento de 01 (uma) vaga para o cargo de PROFESSOR ADJUNTO-A, com Dedicação Exclusiva, do Departamento de Química Inorgânica (GQI), do Instituto de Química, da Universidade Federal Fluminense.

O concurso constará de: 1) Prova Escrita; 2) Prova Prática; 3) Prova Didática e 4) Análise de Currículo . (Anexo I – item 6 do Edital 80/14)

Edital nº 80/2014, publicado no D.O.U nº 48, de 12/03/2014 – seção 3

Taxa de inscrição: R$ 230,00 (item 2.5 do Edital 80/14)

As inscrições deverão ser feitas através do sítio https://sistemas.uff.br/cpd/, mediante cadastro no sistema e pagamento da GRU, além do fornecimento de cópias digitalizadas de documentos (ítens 2.1, 2.2 e seus subítens do Edital 80/14).

Outras informações: gqi@vm.uff.br , tels.: (21) 2629-2160/2161

Endereço do Departamento de Química Inorgânica

Instituto de Química – Departamento de Química Inorgânica
Outeiro de São João Batista, s/n – Campus do Valonguinho
CEP 24020-141 Niterói – RJ

Concurso para professor da UFF em Química Inorgânica.

Encontram-se abertas de 6 de setembro a 2 de outubro de 2013 as inscrições para o Concurso Público de Provas e Títulos para o provimento de 1 (uma) vaga para o cargo de PROFESSOR ADJUNTO-A, com Dedicação Exclusiva, na área de concentração Química Inorgânica, do Departamento de Química Inorgânica (GQI), do Instituto de Química, da Universidade Federal Fluminense.

O concurso constará de: 1) Prova Escrita; 2) Prova Prática; 3) Prova Didática e 4) Análise de Currículo . (Anexo I – item 15 do Edital 166/13, publicado no D.O.U. nº 168, de 30/08/13 – seção 3)

Taxa de inscrição: R$ 220,00 (item 2.5 do Edital 166/13)

As inscrições deverão ser feitas através do sítio https://sistemas.uff.br/cpd/, mediante cadastro no sistema e pagamento da GRU, além do fornecimento de cópias digitalizadas de documentos (itens 2.1 e 2.2 do Edital 166/13).

Outras informações: gqi@vm.uff.br. Telefones: (21) 2629-2160/2161