Presidente fundador da SBPMat é eleito fellow da Microscopy Society of America (MSA).

Prof. Guillermo Solórzano
Prof. Guillermo Solórzano

O professor Guillermo Solórzano-Naranjo, um dos líderes da criação da SBPMat e o primeiro presidente da sociedade, foi nomeado fellow da Microscopy Society of America (MSA) no final de fevereiro deste ano. Dessa maneira, Solórzano-Naranjo transformou-se no primeiro acadêmico da América Latina com status de fellow na MSA.

A designação é destinada a membros seniores dessa sociedade científica que tenham contribuído significativamente para o avanço da microscopia e microanálise. No caso do professor Solórzano-Naranjo, ele foi escolhido pela sua excelência na aplicação da microscopia para resolver problemas dos materiais e pelo serviço prestado como embaixador para cooperação internacional através da microscopia.
Guillermo Solórzano-Naranjo é professor do Departamento de Engenharia Química e de Materiais da PUC-Rio. É membro do conselho da International Federation of Societies for Microscopy (IFSM), onde também é o único representante da América Latina. Além de ser presidente fundador da SBPMat, ele presidiu ou foi membro de comitês executivos de várias entidades científicas da área de microscopia, como a Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM), Sociedade Brasileira de Microscopia Eletrônica (SBME); Inter American Committee of Societies for Electron Microscopy (IACSEM); International Union of Microbeam Analysis Society (IUMAS). O professor também foi chairman da décima sétima edição do Congresso Internacional de Microscopia, realizado em 2010, pela primeira vez na América do Sul.
Solórzano-Naranjo será distinguido pela MSA na cerimônia de premiações que ocorrerá na abertura do evento  M&M2018, no dia 6 de agosto deste ano, na cidade de Baltimore (Estados Unidos).

História da SBPMat – entrevistas com os ex-presidentes da sociedade: Guillermo Solórzano (2001-2003).

Ivan Guillermo Sólorzano-Naranjo presidiu a primeira diretoria da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), composta também pelos diretores Fernando Lázaro Freire Júnior (PUC-Rio), José Arana Varela (UNESP), Roberto Cerrini Villas Bôas (CETEM), Elisa Maria Baggio Saitovich (CBPF) e Moni Behar (UFRGS).

Essa diretoria fundadora foi instituída durante a Assembleia Geral de Constituição da SBPMat, no dia 26 de junho de 2001 no Auditório do RioDatacentro da PUC-Rio, com mandato até 2003.

Nascido no Equador, Solórzano desenvolveu sua formação e carreira científica em vários lugares do mundo.  Cursou Engenharia Mecânica na Escuela Politécnica Nacional em Quito, Equador, Engenharia Metalúrgica na Université Catholique de Louvain, na Bélgica, e gradou-se pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) no Brasil. Realizou seu mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais também na PUC-Rio e doutorou-se em Ciência de Materiais pela McMaster University, no Canadá. Desenvolveu pesquisas de pós-doutorado no Max-Planck Institute – campus Sttutgart, na Alemanha, e foi professor visitante no Institut National Politechnique de Grenoble (França), no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e na Stanford University (EUA). É professor no Departamento de Engenharia de Materiais da PUC-Rio.

Liderou, junto com Edgar Zanotto, o processo de criação da SBPMat, foi presidente do Inter American Committee of Societies For Electron Microscopy (CIASEM) e da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM) e chairman do International Committee da Materials Research Society (MRS). É membro de diversas comissões executivas internacionais como o International Federation of Microscopy Societies ( IFSM), assim como de comitês editoriais de revistas científicas internacionais, como a Materials Characterization (Elsevier) Journal of Materials Science (Springer) e Microscopy and Microanalysis (Cambridge University Press).

Segue uma entrevista com este ex-presidente da SBPMat sobre a atuação da primeira diretoria da nossa sociedade.

1. Relacione as principais ações realizadas durante seu mandato como presidente da SBPMat.

– Realizamos, com sucesso, o congresso inaugural (o I Encontro da SBPMat), assim como o II Encontro da SBPMat no ano subsequente.
– Estabelecemos um formato para o evento anual, baseado nos simpósios e inédito no país, o qual se mantém até agora.
– Registramos oficialmente a SBPMat.
– Filiamos a SBPMat à International Union of Material Research Societies (IUMRS).
– Inauguramos, desde o primeiro encontro, a colaboração com a Materials Research Society (MRS), dos Estados Unidos, e com a E-MRS, da Europa, a qual tem se mantido e fortalecido no tempo.
–  Instituímos a figura de “sócios fundadores” com mais de 350 sócios que receberam os certificados respectivos e iniciamos uma campanha de filiação à SBPMat de membros profissionais e estudantes, atingindo mais 600 sócios regulares no segundo ano. No terceiro Encontro, já sob a presidência do professor Elson Longo, em Foz do Iguaçu, houve uma explosão no número de participantes, com mais de mil pesquisadores e estudantes.
–  Na assembleia da IUMRS, postulamos a SBPMat como instituição anfitrioa para sediar, no Rio de Janeiro, o subsequente International Congress on Advanced Materials (ICAM). O ICAM 2009 se realizou com sucesso no Rio de Janeiro sob a minha coordenação.
– Deixamos dinheiro no caixa da sociedade, uns 80 mil reais.

2. Relacione as principais dificuldades enfrentadas no período na direção da SBPMat.

Foi um desafio levar adiante a consolidação da SBPMat devido a nossa falta de recursos e pequena  infraestrutura;  tinha apenas a minha secretária “part-time” para me ajudar com a comunicação e tarefas administrativas que iam surgindo, e a ajuda dos meus alunos (um deles fez a primeira home page da SBPMat ), mas foi também uma época de muito entusiasmo em que recebi todo o apoio da comunidade brasileira de pesquisadores, muito motivados em cristalizar esta empreitada.  As agencias financiadoras, CNPq, Capes, FAPERJ, FAPESP, reconheceram a importância desta iniciativa e prestaram seu apoio desde o primeiro encontro.  Nada a reclamar, considero um privilegio termos tido esta experiência de fundar uma sociedade científica nacional e interdisciplinar no Brasil…

3. O que gostaria de ter feito, mas ficou pendente?

Uma das coisas que eu propus, mas não saíram do papel, foi a formação de comitês ou comissões executivas de atividades específicas de importância para a consolidação y crescimento da Sociedade: comissão de assuntos acadêmicos;  comissão de relação com o setor industrial; comissão de publicações, comissão de relações internacionais, comissão de prêmios y distinções… Cada comitê ou comissão deveria ter um responsável ou coordenador (chairman) com uma gestão com período de vigência, apresentar relatórios periódicos (geralmente na ocasião do Encontro da SBPMat) etc.

Além disso, como o Brasil é grande, seria necessário ter seções regionais da SBPMat com diretorias devidamente instituídas e regulamentadas pelos estatutos da SBPMat. O papel destas regionais seria basicamente promover os mesmos objetivos gerais da SBPMat, mas em caráter regional e local,  sempre alinhados com as diretrizes da Sociedade  (através da Diretoria e Conselho) e assim contribuindo ao seu fortalecimento com maior impacto na comunidade cientifica e na sociedade Brasileira.

Tudo isto dá agilidade à Sociedade e aumenta a participação dos membros da nossa comunidade. É importante aumentar a participação efetiva dos sócios, particularmente dos jovens. Temos uma boa geração de talentos com vontade participar e deveriam ser convidados a participar da Sociedade.

4. O que você destacaria dos dois encontros da SBPMat organizados e ocorridos durante sua gestão?

– O I Encontro da SBPMat contou com a participação das MRS americana e europeia e da International Union of Materials Societies (IUMRS). Todos os presidentes dessas entidades vieram ao encontro, que teve cerca de 400 participantes, cinco simpósios, presença de autoridades nacionais. Do ponto de vista internacional teve ótima representatividade e visibilidade.

– Instituímos a obrigatoriedade do inglês como idioma oficial nos Encontros da SBPMat. Isto tem atraído a participação de pesquisadores do exterior de maneira crescente.

– Reforçamos o caráter interdisciplinar da Sociedade, refletido nos simpósios, onde cada simpósio deveria ter co-chairs de diferentes setores do conhecimento (isto é, Física, Engenharias, Química etc.), incentivando a presença de colegas do exterior, e um comitê organizador envolvendo cientistas do setor acadêmico, de centros de pesquisa e da indústria. Este modelo vem se mantendo com sucesso.

– Tanto no primeiro como segundo encontros da SBPMat tivemos como co-chairs de simpósios distinguidos cientistas internacionais , como o presidente da MRS (na época, Alex King) e o Presidente da E-MRS (na época, Giovanni Marletta).

5. Gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores sobre o processo eleitoral da nossa SBPMat? (importância de participar das eleições enquanto eleitores ou candidatos etc.)

–  Considero importante estabelecer e difundir um programa ou processo claro de eleição para presidente da SBPMat  com dois candidatos excelentes com trajetória de participação na SBPMat,  identificados por um search  committee,  em que a comunidade participe efetivamente da escolha, da eleição.  Idem para os diretores.  Não deveríamos ter mais candidato único para presidente, ou chapa única, nem reeleição, pois isso elimina esta participação da comunidade e desmotiva a sua participação na SBPMat.  Vejam o exemplo do MRS onde o mandato é de um ano e sem reeleição.

– Cronograma de eleição que permita conhecer os resultados da eleição do presidente , diretoria e conselho na ocasião do Encontro da SBPMat.  Assim a participação do presidente eleito já nesse encontro deve facilitar a transição com a nova diretoria.

História da SBPMat: Guillermo Solórzano, líder do processo de criação da SBPMat, compartilha lembranças sobre esses primórdios.

Nascido no Equador, Ivan Guillermo Solórzano-Naranjo desenvolveu sua formação e carreira científica em vários lugares do mundo.  Cursou Engenharia Mecânica na Escuela Politecnica Nacional em Quito, Equador, Engenharia Metalúrgica na Université Catholique de Louvain, na Bélgica, e graduou-se pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) no Brasil. Realizou seu mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais também na PUC-Rio e doutorou-se em Ciência de Materiais pela McMaster University, no Canadá. Desenvolveu pesquisas de pós-doutorado no Max-Planck Institute – campus Sttutgart, na Alemanha, e foi professor visitante no Institut National Politechnique de Grenoble (França), no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e na Stanford University (EUA). É professor no Departamento de Ciência de Materiais e Metalurgia da PUC-Rio.

Entrevistado aqui por ter sido o principal articulador do processo de criação da SBPMat, Solórzano presidiu nossa sociedade enquanto presidente fundador de 2001 a 2003 e hoje é um de seus conselheiros titulares.  O pesquisador foi também presidente do Inter American Committee of Societies For Electron Microscopy (CIASEM) e da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM). É chairman do International Committee da Materials Research Society (MRS) e membro de diversas comissões executivas internacionais, assim como de comitês editoriais de revistas científicas internacionais, como a Materials Characterization (Elsevier) Journal of Materials Science (Springer) e Microscopy and Microanalysis (Cambridge University Press).

Veja a seguir as lembranças de Guillermo Solórzano sobre os primórdios do processo de criação da SBPMat, complementando a matéria já publicada sobre o tema, da qual não pôde participar por problemas de agenda.

Boletim da SBPMat (B. SBPMat): – O que o levou, no início do ano 2000, a iniciar os esforços de organização para criar uma sociedade brasileira de pesquisa em Materiais?

Participantes do workshop panamericano, que foi um marco no processo que levou à fundação da SBPMat. (Foto do arquivo pessoal de Guillermo Solórzano)

Guillermo Solórzano (G.S.): – No ano 1999, havia no Brasil comunidades e/ou sociedades e/ou eventos setoriais ou monodisciplinares. Tinha a dos físicos, a dos químicos, a dos engenheiros. A Associação Brasileira de Metalurgia (ABM), por exemplo, que nos anos de 1990 acrescentou a seu nome “e de Materiais”, congregava engenheiros, principalmente metalúrgicos, mas tinha muito pouca participação de físicos, químicos e outros engenheiros, como os eletrônicos, por exemplo. Por outro lado, havia associações monodisciplinares, como a de polímeros e de materiais cerâmicos. Muitas sociedades têm o mérito de sua existência no fato de serem setoriais, mas a área de Materiais é abrangente, interdisciplinar e ampla. Isso já se notava nos anos 1980, e agora é muito evidente. Na época, era a MRS (Materials Research Society) nos EUA a entidade que reunia em seus eventos os últimos avanços da pesquisa em Materiais. Nos dois eventos anuais da sociedade, um em San Francisco e um em Boston, você sempre encontrava brasileiros.

Eu fiquei no MIT (Massachusetts Institute of Technology) alguns anos, em Boston. Pude participar desses eventos e achava muito importante implantar esse tipo de atividade aqui no Brasil. Eu já era professor da PUC-Rio e achava difícil me engajar numa iniciativa dessas que consome muito tempo e esforço. Mas houve uma ocasião em que a National Science Foundation propôs para o a MRS e o CNPq a realização no Brasil de um workshop pan-americano que seria dedicado aos avanços da pesquisa em Materiais. Via-se que, através da pesquisa em Materiais, ia se atingir vários setores estratégicos da sociedade, não apenas para o desenvolvimento econômico, mas também para o social, já que as transformações da sociedade dependem de energia, infraestrutura, comunicações – setores em que os materiais são fundamentais. Em 1995, tinha havido uma reunião desse tipo no México, reunindo os países da América do Norte, e em 1996, um workshop europeu. No Brasil aconteceria a terceira etapa desta iniciativa, a qual reuniria os países do continente americano.

Já tinha havido algumas missões da NSF no Brasil que tinham encontrado grupos de pesquisa em Campinas, Rio de Janeiro e São Paulo, notando que existia uma comunidade importante no Brasil. Então, ao ser contatado, o CNPq acolheu essa iniciativa importante e decidiu fazer esse workshop no Rio de Janeiro. Aí, naturalmente, surgiu a questão de contatar a sociedade de materiais do Brasil, mas… não tínhamos tal sociedade! Assim, para atingir toda essa comunidade, alguém teria que coordenar o esforço. O CNPq me pediu que eu coordenasse o evento e eu convidei o Edgar Dutra Zanotto.

Esse workshop visou avançar a colaboração pan- americana criando mesas de discussão de alto nível em tópicos que na época eram, e ainda são, chave: energia, infraestrutura, transporte, comunicação e educação. Juntamos os experts dos EUA, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia. Além de ser um sucesso e dar lugar a programas pan-americanos de pesquisa que existem até agora, esse workshop, que ocorreu em junho de 1998, serviu para perceber que deveríamos ter uma sociedade brasileira de pesquisa em Materiais.

O segundo a partir da esquerda na fila da frente é o professor Solórzano, um dos coordenadores do evento. (Foto do arquivo pessoal de Guillermo Solórzano)

B. SBPMat: – Nesse momento você tinha em mente quais seriam os próximos passos para a criação da sociedade? Como prosseguiu a história?

G.S.: – Em primeiro lugar, eu queria identificar a comunidade representativa de Materiais no Brasil. Para isso, contatei o CNPq e pedi uma lista dos pesquisadores que estavam nos conselhos e comitês assessores e dos bolsistas de produtividade das áreas de Materiais, Física e Química. A lista tinha uns 300 nomes. A eles enviei uma carta assinada junto a Zanotto propondo uma discussão para criar uma sociedade. Só duas pessoas questionaram; todos os outros foram muito entusiastas. Além disso, sabendo que todo ano tinha 40 a 50 brasileiros no congresso de Boston da MRS, solicitei ao presidente da MRS em 1999 que me mandasse a lista dos brasileiros que participavam do congresso e pedi se podia fazer uma reunião lá em Boston durante o evento.  A MRS me enviou a lista e cedeu uma sala, cafezinho, e toda a infraestrutura para que eu pudesse receber esses brasileiros. Fizemos a reunião em Boston, num clima de muito entusiasmo. Com esse feedback, quando voltei de Boston convidei o Zanotto a dar corda à iniciativa e fizemos uma carta convidando toda a comunidade a fazer parte da discussão. Além disso, eu fiquei um ano fazendo reuniões em diversas cidades. Pagava por conta própria, aproveitando as oportunidades. Onde tinha um congresso que eu pudesse aproveitar, eu ia.  Um exemplo foi o Encontro de Física da Matéria Condensada em São Lourenço, que reuniu cerca de 2 mil físicos. Quem me apresentou foi o Sergio Rezende, que era o chairman. Nas minhas viagens sempre tinha alguém influente daquele lugar que chamava todo mundo a participar. Como não tinha financiamento, não pude ir até Recife, mas pedi ao Sergio Rezende que fizesse a reunião. Ele a fez e me disse que a ideia tinha sido muito bem recebida.

Ai, para dar uma consistência maior à questão, eu propus a criação de uma comissão interdisciplinar de Materiais que congregava personalidades científicas reconhecidas no país, oriundas da Física, Química e Engenharia, como Aldo Craievich e Evandro Mirra, entre vários outros. Juntos fizemos visitas a eventos importantes.

Nesse momento, como não tínhamos nem um tostão, surgiu a ideia de estabelecer a possibilidade de ser sócio fundador.  Esses sócios fundadores pagariam uma soma pequena, uma primeira anuidade, algo em torno de 40 reais, e os membros da comissão interdisciplinar algo assim como o dobro, e com isso teríamos uma caixinha para dar início a algumas atividades. Houve uns 400 sócios fundadores, todos receberam um diplominha. Dessa maneira conseguimos os primeiros recursos financeiros da SBPMat.

História da pesquisa em Materiais: O I Encontro da SBPMat.

De 7 a 10 de julho de 2002, no hotel Pestana Rio Atlântida, frente à praia de Copacabana (Rio de Janeiro), ocorria o encontro inaugural da recém-fundada Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais, o I Encontro da SBPMat. O evento reuniu cerca de 400 cientistas – um número muito positivo para um primeiro evento, como destaca o professor Guillermo Solórzano (PUC-Rio), então presidente da SBPMat e líder da organização do encontro.

Além do mérito de reunir uma quantidade significativa de participantes, o I Encontro da SBPMat conseguiu transmitir o espírito da SBPMat, já presente na gênese da sociedade, por meio de suas duas características principais, a internacionalização e a interdisciplinaridade.

Caráter internacional e interdisciplinar

Vários aspectos contribuíam ao caráter internacional do evento. Os 400 cientistas participantes eram originários de 18 países diferentes. A comissão organizadora de programa incluía os presidentes das sociedades de pesquisa em Materiais dos Estados Unidos (MRS) e da Europa (E-MRS), respectivamente Alexander King (MRS) e Giovanni Marletta (E-MRS). A programação também enfatizava a cooperação internacional por meio de sessões plenárias sobre ferramentas de colaboração e instrumentos de financiamento de projetos de colaboração internacional, com apresentações de representantes da união internacional de sociedades de pesquisa em Materiais (IUMRS, na sigla em inglês); da National Science Foundation (NSF, a agência estadunidense de incentivo à pesquisa), e do CNPq. A repercussão do evento na comunidade científica mundial da área também foi importante, como atesta o relatório escrito por Alexander King e publicado no MRS Bulletin de outubro desse ano.

Nesse texto, o presidente da MRS destacava a “programação fortemente interdisciplinar, que provocou discussões formais durante as sessões e também informais”. De fato, os temas dos simpósios que constituíram o eixo do evento iam muito além da clássica divisão do conhecimento em Física, Química, Engenharias etc. Os cinco simpósios do encontro inaugural da SBPMat trataram sobre materiais e sistemas nanoestruturados; biomateriais; materiais e dispositivos semicondutores; eletrocerâmicos, e modificação superficial de filmes e materiais poliméricos.

Além de destacar o espírito internacional e interdisciplinar do evento, comentários enviados à diretoria da SBPMat por cientistas e autoridades de entidades do Brasil e do exterior elogiavam o nível científico dos trabalhos apresentados e o profissionalismo da organização, entre outras questões.

Um formato de evento bem-sucedido

O evento estabeleceu o formato, similar ao da MRS, que seria usado até a atualidade nos encontros da SBPMat: simpósios com apresentação de trabalhos da comunidade por meio de orais e pôsteres, palestras plenárias e estandes de empresas, principalmente fabricantes e representantes de equipamentos para pesquisa. Na ocasião, foram apresentados mais de 400 trabalhos nos simpósios. O encontro também contou com um workshop sobre “powder materials”.

A forma de organização dos simpósios, comenta o professor Solórzano, foi inovadora para o Brasil, como por exemplo no incentivo a que cada simpósio tivesse organizadores do país e do exterior. Um exemplo foi o simpósio sobre materiais e sistemas nanoestruturados, que contou com os presidentes da MRS e da E-MRS como organizadores do exterior e com os professores Celso Pinto de Melo (da UFPE e na época diretor do CNPq), Fernando Lázaro Freire Jr. (da PUC-Rio e membro da diretoria fundadora da SBPMat) e o próprio Solórzano como organizadores nacionais. Além disso, os simpósios tinham que ter, desde o início, uma comissão científica explicitada no site do evento, à qual pertenciam os revisores dos trabalhos que seriam submetidos. “Isso não acontecia em outros congressos nacionais”, compara Solórzano. “Naquela época, você mandava um trabalho para um congresso no Brasil e não sabia onde ia parar”.

Periodicidade

A organização do encontro inaugural da SBPMat foi uma das primeiras ações da gestão de Guillermo Solórzano enquanto presidente da diretoria fundadora da SBPMat (2001 -2003). Além de superar suas expectativas quanto ao número de participantes, o I Encontro trouxe mais uma surpresa para o presidente da sociedade. “Eu tinha imaginado que teríamos encontros bienais, mas, na sessão de encerramento do primeiro encontro, que foi como uma assembleia, avaliou-se muito bem o evento e se decidiu que devia ser anual!”, comenta o professor. Assim, logo após a finalização do encontro inaugural, começaram as providências para a organização do II Encontro da SBPMat, o qual seria realizado em outubro de 2003, também no Rio de Janeiro, ainda com Solórzano a frente da SBPMat. A periodicidade anual dos eventos da sociedade se mantém até a atualidade.

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