O professor Gustavo M. Dalpian (UFABC) foi nomeado editor da nova revista científica “Discover Materials” (Springer). Sócio da SBPMat, Dalpian é coordenador do XIX B-MRS Meeting + IUMRS ICEM 2021, que será realizado em 2021.
A revista “Discover Materials“, de acesso aberto (open access), foi lançada em 2020 pelo grupo editorial Springer Nature, e abrange todos os temas relacionados à pesquisa em materiais, desde os fundamentos até as aplicações. Dalpian faz parte do corpo de editores associados da revista, junto a outros três cientistas da Ásia e Europa.
Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais
Edição nº 100. 22 de dezembro de 2020.
Mensagem de Final de Ano da SBPMat
O ano de 2020 ficará sem dúvida marcado com tristeza em nossas vidas pela pandemia de Covid-19, que alterou violentamente nosso cotidiano, impôs perdas trágicas para muitos de nós e deu maior espaço a políticas negacionistas, reforçando a sensação de “nonsense” que vivenciamos na sociedade atual.
Porém, ao mesmo tempo, foi em 2020 que a Ciência se mostrou mais uma vez um porto seguro, apontando alternativas e estratégias de combate a esta terrível doença, ao mesmo tempo que, em tempo recorde, decodificava o genoma do vírus e fabricava vacinas com alta eficácia. Os pesquisadores brasileiros fizeram parte ativa da construção desta cadeia de conhecimento, enquanto lutavam, de forma resiliente, contra ameaças à estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do país. A comunidade de materiais não poderia se abster em momento tão crítico e, por isso, rapidamente, adaptou pesquisas em biossensores, nanopartículas carreadoras de fármacos, materiais com propriedades virucidas etc. para o combate ao SARS-CoV-2.
Em 2020 a SBPMat também teve que se reinventar. Com o adiamento de seu encontro anual devido à crise sanitária, a plataforma virtual foi nossa forma de comunicação. E a comunidade respondeu! Com presença marcante nos webinários e eventos online, e participando das ações de conscientização para manter a infraestrutura de CT&I do país aliada ao nosso recurso mais precioso para o futuro, os jovens doutores e estudantes de graduação e pós-graduação. A garra e motivação que os estudantes em nossos University Chapters exibem em suas atividades nos traz a certeza que há uma luz no final do túnel para o Brasil.
E que venha 2021! Estaremos a postos, munidos dos poderosos recursos da Ciência, para construir um ano melhor, com mais saúde e condições de vida dignas para os cidadãos brasileiros.
Um excelente final de ano a todos – na medida do possível e observando todos os cuidados necessários. 🙂
Diretoria da SBPMat
Ações da SBPMat
– SBPMat se une à SBPC e à ONG Ação da Cidadania para apoiar a campanha “Natal Sem Fome”, e convida a comunidade a participar. Saiba como doar.
– SBPMat, junto a mais de 60 entidades, subscreveu a carta aberta ao governador de Minas Gerais defendendo a execução da totalidade dos recursos destinados à FAPEMIG em 2021 (1% das receitas líquidas correntes do Estado). Saiba mais.
Novidades de Sócios SBPMat
– Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC-USP), ex-presidente da SBPMat, foi eleito vice-presidente da União Internacional de Sociedades de Pesquisa em Materiais (IUMRS). Saiba mais. O sócio também foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Saiba mais.
– Profa. Andrea S. S. de Camargo (IFSC-USP), sócia e diretora científica da SBPMat, foi nomeada editora do Journal of Materials Science (Springer).Saiba mais.
– Profa. Ana Flávia Nogueira (UNICAMP), sócia da SBPMat, assumiu o cargo de diretora geral do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE). Saiba mais.
Comunidade
– Homenagem à Profa. Reiko Sato Turtelli (UNICAMP), falecida em 14 de dezembro, em texto do Prof. Marcelo Knobel (Reitor da UNICAMP), sócio da SBPMat, e do pesquisador João Paulo Sinnecker (CBPF). Veja aqui.
Dicas de Leitura
– Cientistas conseguem melhorar o desempenho de baterias baseadas em magnésio (alternativa às de lítio) ao desenvolver material para o cátodo e nova solução para o eletrólito (Nature Energy). Saiba mais.
– Pesquisadores do CNPEM desenvolvem espuma de nanocelulose e látex de borracha natural que pode ser usada para retirar óleo e solventes de águas contaminadas (capa da ACS Applied Nano Materials). Saiba mais.
– Cientistas do Brasil conseguem vencer a tendência dos átomos de ouro a se aglomerarem e produzem material bidimensional com átomos de ouro na superfície, separados entre si. Novidade abre possibilidades em eletrônica e muitas outras áreas (Science Advances). Saiba mais.
Oportunidades
– Pós-doutorado com bolsa FAPESP em estruturas de domínios em materiais ferroicos na UFSCar. Saiba mais.
– Pós-doutorado com bolsa FAPESP em materiais ferroicos para conversão de energia e piezofotônica na UFSCar. Saiba mais.
Agenda de eventos presenciais e online
– ONLINE. II Fronteiras em Eletroquímica e Eletroanalítica: avanços realizados por jovens mulheres cientistas. 11 e 12 de fevereiro de 2021. Site.
– 4th International Conference on Applied Surface Science. Barcelona (Espanha). 28 de junho a 1 de julho de 2021. Site.
– 4th Workshop on Coated Tools & Multifunctional Thin Films. Campinas, SP (Brasil). 20 a 23 de julho de 2021. Site.
– XIX B-MRS Meeting + IUMRS ICEM (International Conference on Electronic Materials). Foz do Iguaçu, PR (Brasil). 29 de agosto a 2 de setembro de 2021. Site.
– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces. Bento Gonçalves, RS (Brasil). 3 a 5 de novembro de 2021. Site.
Siga-nos nas redes sociais
Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
O ano de 2020 ficará sem dúvida marcado com tristeza em nossas vidas pela pandemia de Covid-19, que alterou violentamente nosso cotidiano, impôs perdas trágicas para muitos de nós e deu maior espaço a políticas negacionistas, reforçando a sensação de “nonsense” que vivenciamos na sociedade atual.
Porém, ao mesmo tempo, foi em 2020 que a Ciência se mostrou mais uma vez um porto seguro, apontando alternativas e estratégias de combate a esta terrível doença, ao mesmo tempo que, em tempo recorde, decodificava o genoma do vírus e fabricava vacinas com alta eficácia. Os pesquisadores brasileiros fizeram parte ativa da construção desta cadeia de conhecimento, enquanto lutavam, de forma resiliente, contra ameaças à estrutura de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do país. A comunidade de materiais não poderia se abster em momento tão crítico e por isso, rapidamente, adaptou pesquisas em biossensores, nanopartículas carreadoras de fármacos, materiais com propriedades virucidas etc. para o combate ao SARS-CoV-2.
Em 2020 a SBPMat também teve que se reinventar. Com o adiamento de seu encontro anual devido à crise sanitária, a plataforma virtual foi nossa forma de comunicação. E a comunidade respondeu! Com presença marcante nos webinários, nos eventos online, e participando das ações de conscientização para manter a infraestrutura de CT&I do país aliada ao nosso recurso mais precioso para o futuro, os jovens doutores e estudantes de graduação e pós-graduação. A garra e motivação que os estudantes em nossos University Chapters exibem em suas atividades, nos traz a certeza que há uma luz no final do túnel para o Brasil.
E que venha 2021! Estaremos a postos, munidos dos poderosos recursos da Ciência, para construir um ano melhor, com mais saúde e condições de vida dignas para os cidadãos brasileiros.
Um excelente final de ano a todos – na medida do possível e observando todos os cuidados necessários 🙂 .
O professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC-USP), sócio da SBPMat, foi eleito primeiro vice-presidente (First Vice President) da International Union of Materials Research Societies (IUMRS).
O cientista brasileiro foi escolhido para a posição por unanimidade, em votação realizada neste mês de dezembro, envolvendo sociedades de pesquisa em materiais do mundo que participam da IUMRS.
Ele ocupará o cargo de primeiro vice-presidente por dois anos, ao longo de 2021 e 2022. Ao final do mandato, o professor, que foi presidente da SBPMat de 2016 a 2020, passará a ocupar, automaticamente, a presidência da IUMRS.
A professora Ana Flávia Nogueira (UNICAMP), sócia da SBPMat, assumiu neste mês de dezembro o cargo de diretora geral do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE).
Constituído em 2018 pela FAPESP e a empresa Shell, o CINE reúne grupos de pesquisa da UNICAMP, IPEN e USP e seus colaboradores para desenvolver pesquisa na fronteira do conhecimento e transferir tecnologia à indústria na área de novas energias.
[Texto escrito pelo sócio Marcelo Knobel, Reitor da UNICAMP e professor titular do IFGW-UNICAMP, junto a João Paulo Sinnecker, pesquisador titular da CBPF. Ambos foram orientados em seus doutorados pela professora Reiko Sato Turtelli.]
Profa. Dra. Reiko Sato Turtelli (1943-2020), física, faleceu no dia 14 dezembro de 2020.
Marcelo Knobel e Reiko Sato Turtelli.
Reiko nasceu dia 8 de dezembro de 1943 em São Paulo, onde concluiu o ginásio, em 1959. Na USP, obteve Licenciatura e Bacharelado em Física (1968 e 1969). Já em 1970, trabalhou no Departamento de Física do Estado Sólido e Ciências dos Materiais do IFGW/UNICAMP, finalizando seu mestrado em 1973, quando pesquisou as propriedades do GaAs, sob orientação do Prof. Rogério Cezar Cerqueira Leite. Seu excelente trabalho se destacou entre os chefes de Grupos do IFGW/UNICAMP e ela foi selecionada para o doutoramento, sendo contratada como MS-2 no mesmo ano. Ainda sob orientação do Prof. Cerqueira Leite, e dando continuidade aos estudos de propriedades do GaAs, defendeu seu doutorado em 1977 e foi reclassificada como MS-3. Em 1980 realizou um pós doutoramento na Itália, já casada com o Prof. Armando Turtelli Júnior. Ali trabalhou com propriedades magnéticas de ligas metálicas amorfas com os professores Paolo Allia e Franco Vinai, do Istituto Elettrotecnico Nazionale Galileo Ferraris em Turim, o que lhe proporcionou uma relação de cooperação e amizade muito duradouras. Em 1985 voltou ao IFGW/UNICAMP, onde posteriormente foi coordenadora de graduação do curso de Física. Teve uma atuação importante no CA de Física da FAPESP durante vários anos. Em 1993 foi pesquisadora visitante no Institut für Experimental Physik da Universidade de Viena, Áustria. Aposentou-se pela UNICAMP em junho de 1995 e desde então passou a viver em Viena com o companheiro Prof. Roland Grössinger (falecido em 2018). Faleceu em Viena no dia 14 de dezembro de 2020, vítima de câncer. Deixa os filhos Armando e Larissa, e 4 netos.
Reiko sempre foi uma pessoa apaixonada pela vida, com uma alegria, um positivismo e uma coragem inabaláveis. Gostava muito de jogar tênis, caminhar em trilhas, de artes plásticas. Adorava confraternizações e festas. Por onde passou, criou laços duradouros de amizade, respeito e afeto. Sempre teve uma postura pautada pela ética profissional e com uma extrema dedicação à pesquisa, pela qual era simplesmente apaixonada e obstinada. Encarava os desafios acadêmicos com muita determinação e dedicação. Muito alegre e brincalhona, com um espírito juvenil que lhe acompanhou até o final, foi um exemplo muito positivo para todos aqueles que tiveram o privilégio de viver e trabalhar perto dela, privilégio que nós, seus orientados, tivemos de perto ao longo de nossas careiras. Sempre estava presente quando precisávamos dela, seja para discussões acadêmicas, noites em claro de experimentos nos laboratórios, seja para qualquer apoio necessário. Irradiava alegria e felicidade que contagiava as pessoas a sua volta, fazendo de todas pessoas melhores.
A professoraAndrea S. S. de Camargo(IFSC-USP), sócia e diretora científica da SBPMat, foi nomeada editora do Journal of Materials Science(Springer), periódico científico bem estabelecido dentro da comunidade internacional de Ciência dos Materiais. A cientista é a única representante de uma instituição da América Latina dentro do corpo de 25 editores da revista.
Prof Osvaldo Novais de Oliveira Junior. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem.
O professor Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC-USP), sócio da SBPMat, foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na área de Ciências Físicas. O professor foi presidente da SBPMat por dois mandatos consecutivos, de 2016 até 2020.
A eleição dos 21 novos membros titulares da ABC foi realizada em assembleia geral ordinária no dia 3 de dezembro de 2020, com base nas indicações feitas pelos membros titulares da ABC. A posse ocorrerá no dia 1º de janeiro de 2021.
Boletim da
Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais
Edição nº 99. 30 de novembro de 2020.
Artigo em Destaque
Ao adotar uma estratégia inspirada na natureza, uma equipe liderada por pesquisadores do Brasil conseguiu produzir um material que estimula a regeneração óssea, muito parecido ao material natural que cumpre essa função no organismo. O trabalho foi recentemente reportado na ACSApplied Materials & Interfaces. Saiba mais.
Pesquisadores sem Remuneração
Contamos a história de Thiago Marinho Duarte, 33 anos, doutor em Química pela UFPB. Primeiro da sua família a obter um diploma universitário, Thiago teve que desconsiderar os treze anos dedicados à sua formação de docente e pesquisador: passou a fazer “bicos” de eletricista ao não conseguir bolsa de pós-doc nem cargos temporários na área. Veja aqui.
A Sociedade Brasileira de Química (SBQ) também participa da campanha de sensibilização da opinião pública sobre a falta de oportunidades para doutores. Veja as novas matérias:
Segundo artigo da Nature sobre pesquisa realizada com mais de 7.600 pós-docs do mundo mostra a instabilidade e desvalorização que eles vivenciam, e reporta que 2/3 dos entrevistados querem, apesar das dificuldades, continuar no meio acadêmico. Veja aqui.
University Chapters da SBPMat
Membros de University Chapters da SBPMat, junto à equipe do blog Lampejo Científico, lançaram “À Luz do Candeeiro”, um podcast de divulgação científica com agradáveis conversas noturnas sobre ciência, tecnologia e educação. Conheça e acompanhe.
Ações da SBPMat
– SBPMat, representada pelo professor Daniel Mario Ugarte (UNICAMP), entregou uma placa em homenagem a Ricardo Rodrigues durante a cerimônia realizada pelo CNPEM no prédio do Sirius. Saiba mais.
– SBPMat e dezenas de entidades científicas assinaram a “Carta da Cidade de Natal”, manifesto da SBPC em defesa da ciência e tecnologia, educação de qualidade em todos os níveis, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e democracia no País. Saiba mais.
Dicas de Leitura
– Usando materiais bidimensionais, cientistas criam uma nova forma de fixar elétrons e distribui-los em arranjos regulares, gerando os chamados “cristais de elétrons”, e desenvolvem um método para poder analisar essa estrutura sem interferir nela (Nature). Saiba mais.
– A partir de dados de simulações, cientistas conseguem treinar uma rede neural que elucida a relação entre sequências de monômeros e propriedades dos polímeros. Ferramenta de inteligência artificial permitirá desenvolver polímeros com as propriedades desejadas (Science Advances). Saiba mais.
– Uso de nova resina líquida aliado a técnica inovadora de impressão 3D gera objetos resistentes, rígidos ou flexíveis, em poucos minutos (Advanced Materials). Saiba mais.
– Cientistas usam tinta com flocos de grafeno para fabricar por impressão 3D “sanduíches” com várias camadas bidimensionais, e conseguem compreender como os elétrons avançam entre os flocos. Estudo abre possibilidades para impressão 3D de dispositivos optoeletrônicos baseados em materiais 2D (Advanced Functional Materials). Saiba mais.
– Cientistas desenvolvem fibras de nylon piezoelétrico que aproveitam as vibrações do movimento corporal como fonte de energia. Trabalho abre possibilidades em tecidos eletrônicos (Advanced Functional Materials). Saiba mais.
– Pesquisadores do Brasil monitoraram, passo a passo, a formação de filmes de perovskitas, e revelaram detalhes de um método que permite a sua produção em grandes áreas. Estudo traz informações úteis para melhorar a eficiência de células solares de perovskitas (Advanced Functional Materials). Saiba mais.
– Pesquisadores do Brasil desenvolvem filmes para usar como embalagens na indústria alimentícia, a partir de um biopolímero reforçado com resíduos industriais de celulose bacteriana (Applied Materials & Interfaces). Saiba mais.
– Equipe do Brasil desenvolve célula espectroeletroquímica capaz de analisar em detalhe, por meio de técnicas espectroscópicas, o desempenho de diversos materiais durante processos eletroquímicos (capa da ChemElectroChem). Saiba mais.
Oportunidades
– Seleção para bolsa de doutorado CNPq em parceria com empresa multinacional para desenvolver projeto na área de reologia de silicone no Departamento de Química da PUCRJ. Contato: a_pimentel@puc-rio.br.
– Processo seletivo para mestrado em Ciências – Física de Materiais na UFOP. Saiba mais.
– Edição especial da Frontiers in Chemical Engineering sobre superfícies para eficiência energética tem submissão de resumos aberta até 4 de fevereiro. Edição tem membros da comunidade brasileira de Materiais entre os editores. Saiba mais.
Agenda de eventos presenciais e online
– ONLINE. 72ª Reunião Anual da SBPC. Setembro a dezembro de 2020. Site.
– 4th International Conference on Applied Surface Science. Barcelona (Espanha). 28 de junho a 1 de julho de 2021. Site.
– 4th Workshop on Coated Tools & Multifunctional Thin Films. Campinas, SP (Brasil). 20 a 23 de julho de 2021. Site.
– XIX B-MRS Meeting + IUMRS ICEM (International Conference on Electronic Materials). Foz do Iguaçu, PR (Brasil). 29 de agosto a 2 de setembro de 2021. Site.
– 7th Meeting on Self Assembly Structures in Solution and at Interfaces. Bento Gonçalves, RS (Brasil). 3 a 5 de novembro de 2021. Site.
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Você pode divulgar novidades, oportunidades, eventos ou dicas de leitura da área de Materiais, e sugerir papers, pessoas e temas para as seções do boletim. Escreva para comunicacao@sbpmat.org.br.
O artigo científico de autoria de membros da comunidade brasileira de pesquisa em Materiais em destaque neste mês é: Strontium Calcium Phosphate Nanotubes as Bioinspired Building Blocks for Bone Regeneration. Camila B. Tovani, Tamires M. Oliveira, Mariana P. R. Soares, Nadine Nassif, Sandra Y. Fukada, Pietro Ciancaglini, Alexandre Gloter, and Ana P. Ramos. ACS Appl. Mater. Interfaces 2020, 12, 39, 43422–43434. doi.org/10.1021/acsami.0c12434.
Estratégia biomimética para síntese de nanotubos que estimulam a regeneração óssea
Dizem os especialistas que, até o momento, não há nada melhor do que um osso natural para ajudar a regenerar outro osso natural. De fato, apesar dos enormes avanços na área de biomateriais, ainda não existe um material sintético que funcione tão bem quanto o autógeno (osso extraído do próprio paciente) para incentivar a regeneração de tecido ósseo – processo que ocorre em nosso organismo de forma constante e espontânea, mas que se faz necessário estimular mediante a implantação de enxertos quando sofremos perdas ósseas notórias devido a traumatismos ou doenças. Nesse processo, a unidade básica de formação dos ossos é a fibrila de colágeno mineralizada, um cilindro de colágeno formado por um grupo de células chamadas osteoblastos, que é recheado e revestido por fosfatos de cálcio durante a chamada “biomineralização”.
Um trabalho realizado por pesquisadores do Brasil junto a colaboradores da França deu um importante passo nesse contexto. Usando uma estratégia inspirada na natureza, a equipe científica conseguiu produzir no laboratório um material muito semelhante, em formato, tamanho e estrutura, às fibrilas de colágeno mineralizadas. Nesta pesquisa, não foi necessário utilizar estruturas de colágeno, que é uma proteína cara e difícil de se manusear. Em vez disso, os cientistas produziram tubos de cerca de 200 nm de diâmetro, muito parecidos às fibrilas, porém compostos por cristais de fosfato de cálcio, que são o principal componente inorgânico dos ossos, e estrôncio, um elemento utilizado no tratamento da osteoporose, que ajuda a reduzir a perda de tecido ósseo e a aumentar a sua formação.
Em testes in vitro, o material mostrou que não é tóxico para as células e que gera as condições necessárias para a formação de tecido ósseo. Além disso, apresentou capacidade de liberar íons de estrôncio por longos períodos em doses controladas – parâmetro essencial para o desenvolvimento, em longo prazo, de terapias seguras, uma vez que excesso destes pode levar ao enfraquecimento dos ossos.
Estratégia
Procedimento adotado para produzir o material para regeneração óssea. Uso de membrana permitiu obter as características desejadas.
Para produzir o material com estrutura cilíndrica de dimensões controladas, a equipe se baseou em uma estratégia utilizada por diversos organismos vivos para gerar dentes, conchas e ossos: o confinamento físico, que nada mais é do o uso de um molde para obrigar um material a se formar seguindo uma determinada morfologia e tamanho.
O molde usado foi uma membrana de policarbonato, comercialmente disponível, que tem poros cilíndricos de 200 nm de diâmetro, tamanho semelhante ao das fibrilas de colágeno dos ossos. A membrana foi submergida por doze horas em uma solução contendo fosfato, cálcio e estrôncio, a qual penetrou nos poros. Após secagem da membrana na presença de compostos que desencadearam a mineralização, o policarbonato foi dissolvido, sendo possível separar e analisar o material que tinha se formado no interior dos poros.
“Apenas delimitando o ambiente físico no qual ocorrem os processos de nucleação e crescimento do mineral, obtivemos nanotubos com morfologia, composição e tamanho altamente controlados”, diz Ana Paula Ramos, professora da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, e autora correspondente de um artigo recentemente publicado que reporta o trabalho.
O mesmo procedimento, só que sem o uso de moldes, resultou em nanopartículas esféricas aglomeradas, com características bem diferentes das fibrilas de colágeno que se buscava emular.
Surpresa
A pesquisa foi realizada dentro do doutorado de Camila Bussola Tovani, que foi realizado com financiamento da FAPESP, orientado pela professora Ana Paula Ramos e defendido neste ano pelo Programa de Pós-Graduação em Química da USP Ribeirão Preto.
A ideia inicial do projeto era compreender como os íons de estrôncio, usados no tratamento da osteoporose, atuavam no mecanismo de mineralização dos ossos. Como esse processo, no organismo, ocorre em situação de confinamento, limitado pelo arcabouço formado pelas fibrilas de colágeno, Camila e sua orientadora decidiram utilizar um molde para estudar como ocorria a mineralização do fosfato de cálcio na presença dos íons estrôncio.
“Durante a caracterização estrutural, constatamos a elevada similaridade entre as partículas obtidas e as fibrilas de colágeno mineralizadas que formam os ossos, o que nos incentivou a conduzir investigações biológicas”, conta a professora. “O que de fato nos surpreendeu, foi a possibilidade de controlar propriedades das partículas tais como fase mineral, morfologia e tamanho apenas mudando o meio no qual a precipitação ocorria”, completa Ana Paula, que sugere que a mesma estratégia pode ser aplicada para sintetizar outras partículas inorgânicas para diferentes aplicações nas quais o controle das propriedades físico-químicas seja essencial.
Os nanotubos foram produzidos e caracterizados no Laboratório de Físico-Química de Superfícies e Coloides, coordenado pela professora Ana Paula. Ensaios biológicos foram realizados em outros laboratórios do campus da USP em Ribeirão Preto, mediante colaborações com o professor Pietro Ciancaglini e a professora Sandra Fukada.
O trabalho também se beneficiou de duas colaborações da professora Ana Paula com pesquisadores da França. A primeira, com o cientista Alexandre Gloter (Université Paris-Saclay), permitiu investigar o mecanismo de formação e caracterizar os nanotubos por meio de técnicas avançadas de espectroscopia e microscopia. A segunda, com a pesquisadora Nadine Nassif (Sorbonne Université), auxiliou na compreensão dos processos de mineralização óssea. “É interessante destacar que o contato inicial com o Dr. Alexandre Gloter aconteceu no Brasil durante o TEM Summer School, organizado no CNPEM pelo LNNano, e que a bolsa BEPE-FAPESP possibilitou a permanência da Camila Tovani no Laboratório Chimie de la Matiere Condenseè de Paris, da Sorbonne Université, sob supervisão da Dra. Nadine Nassif durante 1 ano”, diz Ana Paula Ramos. “O investimento das agências de fomento em internacionalização, tanto trazendo quanto enviando pesquisadores ao exterior, tem impacto importante nesta pesquisa”, conclui.
Do laboratório ao mercado
De acordo com a professora Ana Paula, depois de realizar uma investigação para validar o desempenho dos nanotubos em modelos animais, o material poderia ser utilizado para preencher localmente pequenos defeitos dos ossos. Os nanotubos também poderiam ser incorporados em matrizes poliméricas que são usadas em cirurgias ortopédicas e crânio-maxilo-faciais para substituição, preenchimento ou reparo de falhas ósseas provocadas por infecções, traumatismos e neoplasias. Ainda, o material poderia ser incorporado a formulações de creme dental para tratamento de hipersensibilidade dentária, uma vez que alguns dentifrícios utilizados para este fim apresentam estrôncio em sua composição.
“O maior desafio para tornar as partículas produto é encontrar empresas do ramo interessadas na tecnologia, o que nos permitiria desenvolver formulações a curto prazo”, afirma a pesquisadora.
Os autores do artigo. A partir da esquerda: Camila Bussola Tovani, Tamires Maira Oliveira, Mariana P. R. Soares, Nadine Nassif, Sandra Y. Fukada, Pietro Ciangaglini, Alexandre Gloter e Ana Paula Ramos.