Acesso às revistas da RSC: carta à atual presidente da CAPES.

Ilma. Sra. Prof. Mercedes Maria da Cunha Bustamante
M.D. Presidente da CAPES

Assunto: Renovação de assinaturas das revistas da Royal Society of Chemistry – RSC – no Portal de Periódicos da CAPES

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2023.

Ilustríssima Senhora Presidente,

A Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) expressa sua grande preocupação com a perda de acesso às revistas da editora Royal Society of Chemistry (RSC), em decorrência de não ter sido realizada renovação da assinatura dentro do Portal Periódicos, da CAPES.

A RSC é a sociedade de química mais antiga do mundo, com 180 anos e mais de 50.000 membros, e edita revistas importantes não apenas na área de química, mas também em áreas afins, como a engenharia de materiais, por exemplo. Apesar de possuir 13 revistas no sistema open access, a grande maioria dos artigos publicados nas outras 40 revistas editadas pela RSC só é acessível a partir da assinatura, conforme vinha acontecendo em anos anteriores, a partir do Portal de Periódicos. Com essa quebra, pesquisadores brasileiros deixam de ter acesso a publicações de alto fator de impacto (FI) tais como: Chemical Society Reviews (FI = 56,283), Energy and Environmental Science (FI = 39,151), Materials Horizons (FI = 16,152), Journal of Materials Chemistry A (FI = 13,375), entre muitas outras. Ressaltamos que, entre as revistas editadas pela RSC, já classificadas pelo JCR, todas têm fator de impacto acima de 3.

Desse modo, entendemos que a descontinuidade da assinatura das revistas editadas pela RSC trará um prejuízo imenso para pesquisadores de diferentes áreas, sendo fundamental a manutenção do acesso a essas revistas.

Certa de sua compreensão acerca desse anseio da comunidade científica do país, contamos com o importante apoio da Capes às pós-graduações e colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Atenciosamente,

Mônica A. Cotta

Presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais – SBPMat

Bolsa de doutorado direto na UFSCar

Área de conhecimento: Física da Matéria Condensada
Título do projeto: Sensores de gases baseados em semicondutores do tipo-n operando a temperatura ambiente: Investigação do desempenho e dos mecanismos envolvidos.
Área de atuação: Física de Materiais
Quantidade de vagas: 01
Pesquisador responsável: Luís Fernando da Silva
Unidade/Instituição: Departamento de Física/ Universidade Federal São Carlos
Data limite para inscrições: 19/05/2023
Vigência: 5 anos (60 meses)
Mensalidades e benefícios disponíveis em: https://fapesp.br/valores/bolsasnopais
Localização: Rodovia Washington Luís, km 235 – SP310 – São Carlos
E-mail para inscrições: lfsilva@df.ufscar.br

Resumo

O Laboratório de Materiais Multifuncionais Nanoestruturados (LM2N) dispõe de uma Bolsa FAPESP de Doutorado Direto para início em agosto de 2023 junto ao Programa de PósGraduação em Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus São Carlos.

Essa bolsa está associada ao Programa Nova Geração de Pesquisadores – Projeto Pi, que tem como um de seus objetivos a preparação de sensores resistivos de gases tóxicos, além de caracterizá-los por técnicas espectroscópicas visando a compreensão dos mecanismos envolvidos em seu funcionamento.

Os requisitos mínimos do candidato são:

1) Possuir graduação em Física, Química, Engenharia de Materiais, Engenharia Física, ou áreas afins.

2) Iniciação Científica nos temas:

a) Síntese de materiais (micro e/ou nanoestruturados) por métodos químicos;

b) Caracterização de materiais por técnicas convencionais (e.g. difração de raios X, fotoluminescência, microscopia eletrônica, espectroscopia de impedância, e outras);

3) Conhecimento básico em linguagens de programação (e.g. Labview, e Python)

4) Comprometimento com a pesquisa, organização e trabalho em equipe.

5) Habilidade de comunicação e escrita em inglês.

Os candidatos interessados devem enviar e-mail ao Prof. Dr. Luís Fernando da Silva (lfsilva@df.ufscar.br), até 19/05/2023, anexando os seguintes documentos:

i. Histórico de graduação completo.

ii. Resumo do CV (modelo FAPESP).

iii. Currículo Lattes.

iv. Carta de apresentação indicando o motivo do interesse e um breve relato de sua
experiência (máximo de duas páginas).

v. Duas cartas de recomendação.

Artigo em destaque: Segredos da relaxação estrutural dos vidros finalmente revelados.

Espectrômetro NMR instalado no IFSC-USP.
Espectrômetro NMR instalado no IFSC-USP.

Uma equipe de pesquisadores do CeRTEV (um dos maiores centros acadêmicos de pesquisa em vidros do mundo, localizado em São Carlos, SP) conseguiu realizar a primeira observação experimental das mudanças que ocorrem na estrutura de um vidro durante o relaxamento e a nucleação de cristais, processos que ocorrem na escala nanométrica em todos os vidros e que impactam as suas propriedades.

Vale lembrar que os vidros são materiais amorfos: os seus átomos não se apresentam em um arranjo organizado e periódico. Além disso, estão fora do equilíbrio termodinâmico e, portanto, tendem a buscar estabilidade. Nessa busca, a estrutura dos vidros experimenta rearranjos, os quais tendem ora a deixá-la mais fluida (relaxamento), ora a formar os primeiros cristais (nucleação) para, finalmente, cristalizar.

Além de ocorrerem espontaneamente (ao final de tempos quase infinitos para o ser humano em temperatura ambiente), a relaxação e cristalização dos vidros pode ser muito acelerada por meio do aquecimento do material, que é o método utilizado para produzir vitrocerâmicas. Muito mais resistentes a impactos do que os vidros comuns, as vitrocerâmicas possuem regiões cristalinas dispersas na matriz amorfa. Pelas suas propriedades únicas, são utilizadas em aplicações como janelas à prova de balas e restaurações dentárias.

Compreender as mudanças estruturais dos vidros durante o relaxamento e a nucleação é um problema científico antigo, cuja resolução estava limitada pela ausência de instrumentação adequada. Por isso, para poder realizar este estudo, os pesquisadores do CeRTEV precisaram desenvolver um método adequado. O desafio foi finalmente superado mediante o uso de experimentos baseados na técnica de ressonância magnética nuclear (NMR, na sigla em inglês) combinados com simulações computacionais.

“Nossa pesquisa e a técnica resultante oferecem uma ferramenta valiosa para monitorar e compreender o processo de relaxamento em muitos vidros, bem como os estágios iniciais da nucleação de cristais que ocorrem durante os tratamentos térmicos”, diz Henrik Bradtmüller, autor correspondente do artigo que reporta esta pesquisa na Acta Materialia. “Essas descobertas são cruciais para o design e para o controle de produção de vitrocerâmicas tecnologicamente avançadas e de alto desempenho”, completa o jovem cientista alemão, que atua como pós-doutorando na UFSCar, com bolsa da FAPESP, desde 2020.

A revelação

O trabalho conjunto de cientistas altamente especializados foi uma das chaves para alcançar o sucesso nesta pesquisa. De fato, a equipe de trabalho agregou a ampla experiência de dois pesquisadores seniores: a do professor Edgar Dutra Zanotto (UFSCar) na área de nucleação e cristalização em vidros, e a do professor Hellmut Eckert (IFSC-USP) no desenvolvimento e refinamento da nova técnica de NMR. Foram também fundamentais as contribuições do pós-doutorando Anuraag Gaddam (IFSC-USP), também bolsista da FAPESP, que realizou as simulações computacionais, e de Henrik Bradtmüller, que desenvolveu e aplicou as estratégias de NMR que possibilitaram as observações inéditas.

Os autores do paper. A partir da esquerda: Henrik Bradtmüller, Anuraag Gaddam, Hellmut Eckert e Edgar D. Zanotto.
Os autores do paper. A partir da esquerda: Henrik Bradtmüller, Anuraag Gaddam, Hellmut Eckert e Edgar D. Zanotto.

“Através do uso de simulações de dinâmica molecular, fomos capazes de prever as mudanças estruturais que ocorrem durante o relaxamento do vidro”, diz Bradtmüller. “Já os experimentos de alta sensibilidade com a técnica NMR nos permitiram observar essas mudanças pela primeira vez”, completa. A técnica de NMR permite analisar, na escala atômica, a estrutura de materiais sólidos, inclusive estruturas amorfas.

Para fazer os experimentos, a equipe escolheu o dissilicato de lítio (Li2Si2O5), uma vitrocerâmica bastante utilizada, principalmente em próteses dentárias. Os pesquisadores a aqueceram ao longo de períodos que variaram entre 15 minutos e 60 dias, a 435 °C, temperatura inferior à da transição vítrea desse material, na qual os átomos ganham mobilidade e o vidro começa a ficar mais fluido, sem porém fundir.

As amostras retiradas em diversos momentos do aquecimento foram analisadas por meio dos experimentos de NMR desenvolvidos. Os resultados das análises mostraram, pela primeira vez, o que acontece com a estrutura do dissilicato de lítio durante o relaxamento e a nucleação. “A distribuição dos blocos de construção de rede desse vidro (-Si-O-Si- ) permanece praticamente inalterada”, relata o professor Zanotto, que é diretor do CeRTEV. “Em contraste, os cátions modificadores de rede (Li+), que são muito móveis dentro do material nas temperaturas de recozimento, aproximam-se continuamente de uma configuração estrutural que se assemelha ao estado cristalino”. Com tempo de aquecimento suficiente, explica o professor, os primeiros núcleos de cristal aparecem, seguidos por muitos outros, até chegar à cristalização de todo o material.

A partir de agora, os autores do trabalho esperam que a metodologia desenvolvida seja utilizada para estudar muitos outros materiais vítreos e que esta nova compreensão detalhada de fenômenos fundamentais permita ajustar as propriedades de vitrocerâmicas para melhorar o seu desempenho e ampliar o seu leque de aplicações.

Esta pesquisa foi financiada pela FAPESP.

Centro: Funções de estado Entalpia (H), Entropia (S) e Volume molar (V) em função da temperatura, destacando as diferenças entre líquido, cristal e vidro. Esquerda e superior direita: Fatias de “caixas” de dinâmica molecular, destacando a distribuição de íons Li + (cor laranja) no vidro simulado. Inferior direito: Espectros de RMN mostrando as diferenças entre o vidro preparado por têmpera por fusão, vidro após relaxamento após recozimento por tempos variáveis a uma temperatura 20°C abaixo da temperatura de transição vítrea, vidro contendo núcleos de cristal e vidro totalmente cristalizado.
Centro: Funções de estado Entalpia (H), Entropia (S) e Volume molar (V) em função da temperatura, destacando as diferenças entre líquido, cristal e vidro. Esquerda e superior direita: Fatias de “caixas” de dinâmica molecular, destacando a distribuição de íons Li + (cor laranja) no vidro simulado. Inferior direito: Espectros de RMN mostrando as diferenças entre o vidro preparado por têmpera por fusão, vidro após relaxamento após recozimento por tempos variáveis a uma temperatura 20°C abaixo da temperatura de transição vítrea, vidro contendo núcleos de cristal e vidro totalmente cristalizado.

 


Referência do artigo científico: Structural rearrangements during sub-Tg relaxation and nucleation in lithium disilicate glass revealed by a solid-state NMR and MD strategy. Henrik Bradtmüller, Anuraag Gaddam, Hellmut Eckert, Edgar D. Zanotto. Acta Materialia. Volume 240, November 2022, 118318. https://doi.org/10.1016/j.actamat.2022.118318

Contato de autor: Edgar Dutra Zanotto – dedz@ufscar.br

Vaga na Instrutécnica.

A empresa de instrumentação científica Instrutécnica está contratando profissional para suporte ao cliente.

Formação preferida: Graduação em Física ou Eletrônica. Outras a verificar.

Função: Suporte técnico aos clientes para os produtos da empresa em todo o Brasil: instalação, treinamento de operação, manutenção, atualização, alinhamento/ calibração, esclarecimento de dúvidas, etc

Requisitos:

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A empresa oferece:

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Encaminhe currículo e pretensão salarial para: rh@instrutecnica.com.br com o assunto “Suporte técnico”.

Boletim da SBPMat. Edição nº 125.

 

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Edição nº 125. 31 março de 2023.

Ações da SBPMat

sister societies

A SBPMat assinou um acordo com a IEEE Magnetics Society com o objetivo de promover o intercâmbio e a disseminação de informação técnica, bem como a cooperação entre sócios, na área de materiais magnéticos e temas afins. Em conjunto, as duas sociedades estão organizando a conferência INTERMAG 2024, que será realizada no Rio de Janeiro. Saiba mais.

XXI B-MRS Meeting
Maceió (AL), 1º a 5 de outubro de 2023

maceio

Submissões. A submissão de resumos para apresentação de trabalhos nos simpósios está aberta até 17 de abril. Saiba mais.

Simpósios. Compõem o evento 24 simpósios temáticos abrangendo design, síntese, caracterização, processamento e aplicações de diversos materiais, desde ligas tradicionais até polímeros de base biológica. Mais de 100 pesquisadores do Brasil, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, EUA, França, Itália, Portugal, Suíça e Reino Unido estão organizando os nossos simpósios. Veja a lista de simpósios e a descrição de cada um.

Prêmios para estudantes. Trabalhos submetidos por estudantes e aprovados para apresentação poderão se candidatar aos prêmios para estudantes até 17 de julho. Saiba mais.

Inscrições. As inscrições estão abertas, com valores especiais para estudantes e pesquisadores de instituições brasileiras e dos outros países da América Latina. Veja os valores. Há descontos de cerca de 40% para sócios da SBPMat, novos ou antigos, que tenham acertado a anuidade de 2023.

Local. O local do evento será o Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, na cidade de Maceió. Saiba mais.

Chairmen. Os coordenadores gerais do evento são professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL): Carlos Jacinto da Silva, do Instituto de Física, e Mario Roberto Meneghetti, do Instituto de Química e Biotecnologia.

Artigos da comunidade

comunidade 4

Imitando nódulos que ocorrem naturalmente na raiz de plantas como a soja, pesquisadores da UEPG desenvolveram um hidrogel biodegradável e com ele encapsularam bactérias que transformam nitrogênio da atmosfera em fertilizantes naturais. Colocadas junto a sementes de milho, essas cápsulas biofertilizantes se integraram às raizes e aumentaram significativamente o crescimento das plantas. Acesse o paper.

comunidade 3

Pesquisadores do IFSC-USP e colaboradores desenvolveram um biosensor de baixo custo capaz de diagnosticar com precisão a Covid-19. A principal inovação do dispositivo é utilizar membranas naturais extraídas de células reais como elemento de reconhecimento do vírus. Acesse o paper.

comunidade 2

Pesquisadores da UEM utilizaram pela primeira vez fibras da planta Yucca aloifolia L. como reforço em compósitos de polipropileno. O resultado foi um material com excelentes propriedades mecânicas, com potencial para aplicação nos setores automobilístico, naval, aeroespacial e de construção civil, entre outros. Acesse o paper.

comunidade 1

Este trabalho realizado na UFRGS traz uma contribuição ao desenvolvimento de materiais para entrega de fármacos. O paper apresenta um uso atípico da espectroscopia de impedância eletroquímica: medir a quantidade de fármaco que um material entrega ao longo do tempo, em tempo real, com alta sensibilidade e sem destruir a amostra. Acesse o paper.

Se você é autor(a) de um artigo de impacto da área de Materiais e deseja divulgá-lo na nossa comunidade, entre em contato.

Dicas de leitura

– Usando inteligência artificial, cientistas desenham polímeros simples de sintetizar que funcionam como proteínas reais em fluídos biológicos. Trabalho abre caminhos para o desenvolvimento de biomateriais. (Nature) Saiba mais.

– Microarquitetura de nós interconectados fabricada por litografia 3D torna polímero excepcionalmente resistente. Os nós permitem que o material se deforme muito mais sem apresentar danos quando retorna à sua forma original. (Science Advances) Saiba mais.

– Pesquisadores do IFSC-USP e do IQSC-USP desenvolveram um sensor eletroquímico portátil, feito de papel kraft, capaz de detectar em tempo real a presença de pesticida em frutas e verduras. (Food Chemistry) Saiba mais.

– Pesquisadores do IFSC-USP e colaboradores desenvolveram uma nova estratégia para aumentar a eficácia da entrega de fármacos em células tumorais. Eles recobriram diversas nanopartículas com membranas extraídas dessas células e, dessa forma, camuflaram os nanomateriais perante o sistema imune e melhoraram a sua interação com as células tumorais. Saiba mais.

Oportunidades

– Abertas até 2 de abril as nomeações para o Prêmio Mulheres Brasileiras na Química da ACS e SBQ destinado a mulheres líderes na indústria e na academia. O prêmio tem apoio da SBPMat. Saiba mais.

– Abertas até 3 de abril as inscrições para o XII Prêmio de Fotografia-Ciência & Arte do CNPq para imagens sobre temas de CT&I realizadas por estudantes, docentes e pesquisadores. Saiba mais.

– Aberta até 15 de maio a chamada de indicações para o VinFuture Prize, que distingue pesquisas científicas e inovações tecnológicas que tenham tido alto impacto social. Prêmio tem categorias especiais para países em desenvolvimento, mulheres inovadoras e áreas emergentes. Saiba mais.

– Chamada de papers do periódico ACS Applied Nano Materials para a edição especial “Women in Nano“, dedicada a artigos de mulheres que trabalham em nanomateriais com foco em aplicações. O prazo para submissão é 31 de agosto. A Profa. Monica Cotta, presidente da SBPMat, está entre as organizadoras. Saiba mais.

– Seleção de pós-doutorandos para projeto de pesquisa em nanoformulações para medicina e agronegócio no IFSC-USP. Saiba mais.

– Pós-doutorado em estruturas de domínios em materiais ferroicos na UFSCar. Inscrições até 15 de abril. Saiba mais.

– Seleção de bolsista de Treinamento Técnico (TT3), graduado na área de Exatas, para projeto de pesquisa e inovação em materiais cerâmicos para a saúde e meio ambiente, na UNIFESP. Saiba mais.

– Processo seletivo para doutorado em Ciências Exatas e Tecnológicas (Métodos da Ciência e Engenharia de Materiais) na UFCAT. Inscrições em fluxo contínuo. Saiba mais.

– Seleção para mestrado e doutorado em Engenharia e Ciência dos Materiais na UCS. Inscrições até 27 de junho. Saiba mais.

Para acompanhar as oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

Escuela Virtual de Caracterización de Materiales de la SMMATER – 3ª edición. Online. 20 de fevereiro a 2 de agosto de 2023. Site.

– II Encuentro de Investigadores en Ciencia de Materiales. Montevidéu (Uruguai). 20 e 21 de abril de 2023. Site.

49ª International Conference on Metallurgical Coatings and Thin Films (ICMCTF). San Diego (EUA). 21 a 26 de maio de 2023. Site.

41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

– IV Brazilian Nanocellulose Summit. São Carlos (SP). 9 a 11 de agosto de 2023. Site.

– Chip in Rio (International Congress in Microelectronics and Microtechnologies). Rio de Janeiro. 28 de agosto a 1º de setembro de 2023. Site.

– XXI B-MRS Meeting. Maceió (AL). 1 a 5 de outubro de 2023. Site.

– 4th International Brazilian Conference on Tribology (TriboBR). Vitoria (ES). 26 a 30 de novembro de 2023. Site.

– XLVI Congresso Internacional de Químicos Teóricos de Expressão Latina (Quitel 2023). Montevidéu (Uruguai). 26 a 30 de novembro de 2023. Site.

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Descadastre-se caso não queira receber mais as edições mensais. do Boletim da SBPM

 

 

Bolsa de Pós-doutorado em Estruturas de Domínios em Materiais Ferroicos

Áreas de conhecimento: Física da Matéria Condensada e Ciência dos Materiais

Processo FAPESP: 2017 / 13769-1

Título do projeto:

MATERIAIS MULTIFERRÓICOS E FERROELÉTRICOS PARA CONVERSÃO DE ENERGIA: Síntese, Propriedades, Fenomenologia e Aplicações.

Área de atuação: Física da Matéria Condensada ou Engenharia Física

Número de vagas: 1

Início: Junho, 2023

Investigador Principal: José Antonio Eiras

Unidade / Instituição: Grupo de Materiais Ferroicos (http://www.gmf.ufscar.br/ ) / Departamento de Física / Universidade Federal de São Carlos / SP-Brasil

Prazo para submissões: 20-04-2023

Localização: Rod. Washington Luís km 235, CEP: 13.565-905 – São Carlos – SP

E-mail para submissão de propostas: gmf@ufscar.br

Resumo: O projeto, financiado pela FAPESP, tem uma posição de pós-doutorado para investigação em “Estrutura e propriedades elétricas de domínios em materiais ferroelétricos e multiferroicos”. Os principais objetivos do projeto são alcançar avanços significativos, qualitativos e quantitativos, na síntese, caracterização, modelagem e aplicações de materiais ferroicos nanoestruturados, visando potencializar suas propriedades para aplicações em conversores de energias renováveis (mecânicas e solar). Nanoestruturas monofásicas, de materiais ferroelétricos “livres de chumbo”, à base de (K0,5Na0,5)NbO3, Bi4Ti3O12 e BiFeO3 (com diferentes estruturas), serão desenvolvidas por método físico (RF-Sputtering) com vistas em aplicações como conversores de energia. A equipe multidisciplinar, de pesquisadores, composta por vários grupos e instituições brasileiras, possui a infraestrutura adequada para desenvolver todas as etapas necessárias para o realização das atividades propostas.

Da Bolsa:

Duração: 15 meses, dedicação exclusiva necessária.

Início: o início das atividades está previsto para Junho de 2023.

Perfil do candidato:

– PhD. em Física ou Engenharia Física.

– Além do doutorado, é desejável que o candidato tenha pelo menos seis meses de experiência profissional comprovada em um centro de pesquisa de excelência internacional;

– O candidato deve ter um forte histórico acadêmico e habilidades de comunicação verbal e escrita, pelo menos em inglês.

– O histórico das publicações é um dos itens avaliados;

– É altamente desejável ter conhecimento prévio e experiência em: síntese de nanoestruturas por métodos físicos e caracterização por técnicas físicas (condutividade elétrica, microscopia de força atômica- AFM, Microscopia de Força de Piezoresponce PFM, espectroscopia de impedância entre outras).

– Experiência na organização e entrega de resultados para alcançar objetivos em tempos pré-estabelecidos é essencial.

Aplicação: O pedido deve ser encaminhado para o Grupo de Materiais Ferroicos / Departamento de Física / Universidade Federal de São Carlos / SP-Brasil, referência “Candidato a Bolsa de Pós-Doutorado – Propriedades de Domínios“, para o seguinte endereço: gmf@ufscar.br.

Os candidatos interessados devem enviar os seguintes documentos (em um único arquivo PDF):

1) Uma carta descrevendo seus interesses de pesquisa, na área da Bolsa de PósDoutorado – Estrutura de Domínios em Materiais Ferroicos, e objetivos de carreira;

2) O curriculum vitae;

3) Uma cópia de suas publicações indexadas;

4) Os nomes de pelo menos 3 pesquisadores como referências.

Data limite:

As inscrições podem ser submetidas até 15 de Abril de 2023.

Esta oportunidade está aberta a candidatos de qualquer nacionalidade (desde que possuam o visto oficial exigido pela legislação brasileira, quando for o caso). O candidato selecionado receberá uma Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 8.479,20 por mês e um fundo de contingência para pesquisa, equivalente a 10 % do valor anual da bolsa que deve ser gasto em itens diretamente relacionados à atividade de pesquisa.

SBPMat passa a ser sociedade irmã da IEEE Magnetics Society.

Representantes da SBPMat e da IEEE Magnetics Society se reuniram no dia 1º de março para formalizar um acordo entre as duas sociedades científicas. Na reunião, que foi realizada online, foi assinado um memorando de entendimento com o objetivo de promover o intercâmbio e a disseminação de informação técnica, bem como a cooperação entre sócios. Dessa forma, a SBPMat se transformou em sociedade irmã (“sister society”) da IEEE Magnetics Society.

“A SBPMat tem constantemente buscado parcerias internacionais no sentido de ampliar oportunidades para nossa comunidade de materiais”, diz Mônica Cotta (UNICAMP), presidente da SBPMat. “O acordo com a IEEE Magnetics Society vem referendar o excelente trabalho que pesquisadores em magnetismo e áreas correlatas realizam no Brasil; eles devem se beneficiar da maior cooperação com nossa nova sociedade irmã”, completa.

“O Brasil é um global player em materiais magnéticos, sendo produtor de materiais magnéticos especiais e dono de grandes reservas de materiais importantes para a sua produção, como ferro, silício, nióbio e terras raras”, contextualiza Rubem Sommer (CBPF), que é diretor científico da SBPMat.

De acordo com ele, o acordo recém assinado é uma evolução natural das colaborações que vêm ocorrendo, por exemplo, através dos eventos realizados por membros de ambas as sociedades, inclusive dentro dos encontros anuais da SBPMat.

“A evolução destas atividades resultou na parceria em andamento entre SBPMat e IEEE Magnetics Society para a realização da conferência INTERMAG 2024 no Rio de Janeiro de 5 a 10 de maio de 2024”, anuncia Sommer.

sister societies

Imagem da reunião online com seus participantes: Prof. Min-fu Hsie (coordenador de relações internacionais da IEEE MS), Veronica Savignano (gerente de comunicações da SBPMat), Profa. Angela B. Klautau (diretora científica da SBPMat), Profa. Monica Cotta (presidente da SBPMat), Prof. Rubem Sommer (diretor científico da SBPMat), Prof. Atsufumi Hiroata (presidente da IEEE MS), Prof. Masahiro Yamaguchi (ex-presidente da IEEE MS) e Prof. Ivan H. Bechtold (diretor de administração, finanças e patrimônio da SBPMat).

Boletim da SBPMat. Edição nº 124.

 

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Edição nº 124. 28 de fevereiro de 2023.

Artigo em destaque

Uma equipe da Unicamp desenvolveu um filme polimérico com propriedades repelentes que, mediante a adição de água, se transforma em uma dispersão coloidal com as mesmas propriedades. A invenção se baseia na presença de nanocompartimentos no filme e abre possibilidades para desenvolver embalagens reutilizáveis. O trabalho foi reportado na Advanced Sustainable Systems. Saiba mais.

artigo destaque

Você é autor(a) de um trabalho científico destacado, realizado total ou majoritariamente no Brasil e publicado em periódico de alto fator de impacto, e deseja divulgá-lo na nossa comunidade? Entre em contato para que o seu paper seja considerado na seleção mensal do “Artigo em destaque”: comunicacao@sbpmat.org.br.

Mulheres na ciência

Conversamos com a Profa. Mônica Cotta (Unicamp), presidente da SBPMat, sobre ser mulher e cientista hoje e 40 anos atrás. Mônica faz parte do pequeno grupo de mulheres que chegaram ao topo da carreira e ocupam postos de gestão na academia. Leia a entrevista.

Artigos da comunidade

Trabalho realizado principalmente em instituições do estado do Amazonas mostra a viabilidade de utilizar resíduos da produção do abacaxi, que costumam ser queimados na plantação, como catalisadores na produção de biodiesel. Acesse o artigo na Bioresource Technology.

Sócios

O Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior (IFSC-USP) assumiu a presidência da IUMRS, entidade que reúne sociedades de pesquisa em Materiais do todos os continentes. O ex-presidente da SBPMat é o primeiro pesquisador da América Latina que ocupa esse cargo.

O Prof. Carlos A. Figueroa (UCS) passou a fazer parte do Comitê Executivo da ASED-AVS, divisão da American Vacuum Society dedicada à área de superfícies. Nesta nova função, o sócio da SBPMat se propõe a fortalecer vínculos da AVS com a comunidade de pesquisa da América Latina.

XXI B-MRS Meeting
Maceió (AL), 1º a 5 de outubro de 2023

maceio

Submissões. A submissão de resumos para apresentação de trabalhos nos simpósios está aberta até 17 de abril. Saiba mais.

Simpósios. Compõem o evento 24 simpósios temáticos abrangendo design, síntese, caracterização, processamento e aplicações de diversos materiais, desde ligas tradicionais até polímeros de base biológica. Mais de 100 pesquisadores do Brasil, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, EUA, França, Itália, Portugal, Suíça e Reino Unido estão organizando os nossos simpósios. Veja a lista de simpósios e a descrição de cada um.

Prêmios para estudantes. Trabalhos submetidos por estudantes e aprovados para apresentação poderão se candidatar aos prêmios para estudantes até 17 de julho. Saiba mais.

Inscrições. As inscrições estão abertas, com valores especiais para estudantes e pesquisadores de instituições brasileiras e dos outros países da América Latina. Veja os valores. Há descontos de cerca de 40% para sócios da SBPMat, novos ou antigos, que tenham acertado a anuidade de 2023.

Local. O local do evento será o Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, na cidade de Maceió. Saiba mais.

Chairmen. Os coordenadores gerais do evento são professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq: Carlos Jacinto da Silva, do Instituto de Física, e Mario Roberto Meneghetti, do Instituto de Química e Biotecnologia.

Oportunidades

– Abertas até 3 de abril as inscrições para o XII Prêmio de Fotografia-Ciência & Arte do CNPq para imagens sobre temas de CT&I realizadas por estudantes, docentes e pesquisadores. Saiba mais.

– Vaga permanente de pesquisador na linha EMA do Sirius. Saiba mais.

– Pós-doutorado na UFF – Campus do Valonguinho (Niterói-RJ) em testes para detecção de doenças virais baseados em nanopartículas de ouro bioconjugadas com anticorpos. Interessados devem enviar carta de apresentação e link do Lattes para a Profa. Célia Ronconi: cmronconi@id.uff.br.

– Vaga de pós-doutorado na COPPE-UFRJ em Microfluídica para Nanofármacos e Nanotoxicologia. Interessados, mandar CV Lattes até 5 de março para tiagoab@pent.coppe.ufrj.br e ariane@@pent.coppe.ufrj.br.

– Abertas as inscrições para a especialização lato sensu à distância em Ensino de Nanociências e Nanotecnologia da Universidade Franciscana. Saiba mais.

Para acompanhar a atualização de oportunidades da área, entre no grupo da SBPMat no Linkedin.

Agenda de eventos presenciais e online

– Escuela Virtual de Caracterización de Materiales de la SMMATER – 3ª edición. Online. 20 de fevereiro a 2 de agosto de 2023. Site.

– Curso Introdução ao Método Rietveld. Sobral (CE). 6 a 8 de março de 2023. Site.

– II Encuentro de Investigadores en Ciencia de Materiales. Montevidéu (Uruguai). 20 e 21 de abril de 2023. Site.

49ª International Conference on Metallurgical Coatings and Thin Films (ICMCTF). San Diego (EUA). 21 a 26 de maio de 2023. Site.

41st International Conference on Vacuum Ultraviolet and X-ray Physics (VUVX 2023). Campinas (SP). 3 a 7 de julho de 2023. Site.

IV Brazilian Nanocellulose Summit. São Carlos (SP). 9 a 11 de agosto de 2023. Site.

XXI B-MRS Meeting. Maceió (AL). 1 a 5 de outubro de 2023. Site.

4th International Brazilian Conference on Tribology (TriboBR). Vitoria (ES). 26 a 30 de novembro de 2023. Site.

Anuidades SBPMat 2023

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Artigo em destaque: Filmes compartimentados para embalagens repelentes reutilizáveis.

Imagine a seguinte situação. Você compra um alimento embalado com um filme polimérico que tem a propriedade de manter os insetos afastados. Depois de consumir o alimento, você coloca o filme em água e ele começa a se dissolver. Dezesseis minutos mais tarde, você tem um novo produto: um líquido repelente, pronto para ser borrifado nas suas plantas.

E agora, o processo inverso. Você joga o líquido em moldes e espera alguns dias. Como se fosse mágica, os filmes voltam a se formar espontaneamente. Você pode, então, utilizá-los de novo como embalagens repelentes.

Um material como esse foi recentemente desenvolvido por uma equipe científica da Unicamp, com colaboração da Embrapa, no mestrado em Engenharia Química de Izabella Wyne Inacio Alves Caetano, realizado com a orientação da professora Liliane Maria Ferrareso Lona (Unicamp).


Este vídeo mostra o filme polimérico desenvolvido pela equipe da Unicamp se desmanchando em água e formando uma dispersão coloidal.

Um dos segredos do novo filme é a sua estrutura compartimentada. De fato, à luz de um microscópio eletrônico, é possível observar que o filme contém divisórias. Trata-se de partículas poliméricas esféricas de cerca de 500 nanômetros, as quais carregam uma substância – neste caso, óleo de neem, conhecido pelas suas propriedades inseticidas e repelentes.

As partículas ajudam a preservar o óleo da degradação que a luz geraria. Ao mesmo tempo, permitem a sua liberação em doses controladas, evitando o desperdício. Quando o filme se dissolve, as diminutas partículas passam a ficar dispersas na água, mas elas mantêm a sua funcionalidade.

O avanço da equipe brasileira mostra uma possibilidade de desenvolver produtos que o consumidor pode desmanchar usando apenas água, utilizar em outro contexto e reconstruir sem perder as suas propriedades principais. Ademais, a possibilidade de transformar um líquido em um filme (de menor tamanho e peso) pode ser aproveitada para facilitar o transporte e armazenamento do produto e diminuir os custos envolvidos.

À esquerda, a fotografia e a imagem de microscopia mostram o filme compartimentado (condição seca). À direita, pode ser visto o filme desconstruído em água, formando uma dispersão coloidal contendo nanopartículas (condição aquosa).

À esquerda, a fotografia e a imagem de microscopia mostram o filme compartimentado (condição seca). À direita, pode ser visto o filme desconstruído em água, formando uma dispersão coloidal contendo nanopartículas (condição aquosa).

O trabalho foi publicado no início deste ano no periódico Advanced Sustainable Systems. Além disso, com a ajuda da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), os autores depositaram um pedido de patente sobre os filmes nanocompartimentados em dezembro do ano passado.

“A principal contribuição deste trabalho é a preparação de filmes nanocompartimentados com a possibilidade upcycling (ou seja, reutilização). Assim, a tradicional “economia linear” (descartar após o uso) é direcionada para a “economia circular”, priorizando a sustentabilidade do processo”, diz o pós-doc Filipe Vargas Ferreira, que participou do trabalho e assina o artigo científico como autor correspondente junto à professora Liliane Lona.

Documentos da ONU e da União Europeia sugerem que, até 2030, os filmes poliméricos usados em embalagens sejam fabricados de forma que possam ser reciclados ou reutilizados. Nesse contexto, dizem os autores do paper, a proposta de upcycling apresentada no trabalho constitui uma oportunidade de agregar valor ao produto, uma vez que aumenta a funcionalidade do material e está de acordo com as novas exigências mundiais.

A proposta inicial da pesquisa era preparar um líquido contendo nanopartículas (uma dispersão coloidal) que carregassem compostos naturais com potencial uso no controle de pragas na agricultura. Para sintetizar as nanopartículas, a equipe escolheu uma blenda polimérica comercial chamada ecovio®, a qual se destaca por ser compostável, ou seja, por se transformar em adubo quando, finalmente, é descartada. “Na literatura científica, nunca tinha sido usada uma blenda num processo de encapsulação deste tipo, porque é muito difícil trabalhar com mais de um polímero nessas situações”, relata a professora Liliane. O desafio foi superado pela mestranda Izabella após um ano de trabalho junto à orientadora.

Posteriormente, novas possibilidades de reutilização da dispersão se abriram quando a mestranda verificou que o líquido formava filmes flexíveis ao ficar na bancada do laboratório por alguns dias. “Quando analisamos estes filmes no microscópio de varredura (SEM) percebemos que, durante a secagem, as nanopartículas tinham se auto-organizado formando compartimentos neles”, conta Izabella, que defendeu a dissertação de mestrado sobre este trabalho no ano passado. “A satisfação foi maior ainda quando verificamos que o diâmetro das partículas se mantinha quando o filme retornava para a forma de dispersão coloidal ao acrescentarmos água”, relata a professora Liliane.

O estudo foi financiado, principalmente, pela FAPESP e o CNPq.

 

Autores do artigo científico. A partir da esquerda: Izabella W. I. A. Caetano, Filipe V. Ferreira, Danilo M. dos Santos, Ivanei F. Pinheiro e Liliane M. F. Lona.

Autores do artigo científico. A partir da esquerda: Izabella W. I. A. Caetano, Filipe V. Ferreira, Danilo M. dos Santos, Ivanei F. Pinheiro e Liliane M. F. Lona.

Referência do artigo científico: Water-Dependent Upcycling of Eco-Friendly Multifunctional Nanocompartmentalized Films. Izabella W. I. A. Caetano, Filipe V. Ferreira, Danilo M. dos Santos, Ivanei F. Pinheiro, and Liliane M. F. Lona. Adv. Sustainable Syst. 2023, 2200430. https://doi.org/10.1002/adsu.202200430

Contato dos autores correspondentes: lona@unicamp.br, f102309@dac.unicamp.br.

Mulheres na ciência: Entrevista com a presidente da SBPMat, Mônica Alonso Cotta.

Profa. Mônica Cotta no evento anual da SBPMat de 2022.
Profa. Mônica Cotta no evento anual da SBPMat de 2022.

A paixão pela ciência falou mais alto quando, em 1981, Mônica Alonso Cotta escolheu a graduação em Física da Unicamp mesmo sem conhecer diretamente mulheres que atuassem na área.

Mais tarde, no mestrado e no doutorado, também realizados na Unicamp, ela optou por temas de Física aplicada porque queria que seu trabalho tivesse o maior impacto possível na qualidade de vida das pessoas. Essa escolha, que lhe valeu críticas de físicos que consideravam a ciência aplicada inferior à fundamental, colocou a jovem cientista no caminho da pesquisa interdisciplinar.

O caminho se consolidou no pós-doutorado, realizado no Departamento de Ciência de Materiais dos AT&T Bell Laboratories, onde a pesquisadora trabalhou junto a físicos, químicos e engenheiros no desafio de desenvolver a tecnologia wireless.

Hoje, aos quase 60 anos de idade, Mônica Cotta faz parte do pequeno grupo de mulheres que chegaram ao topo da carreira e ocupam cargos de gestão no meio acadêmico. Desde 2020, ela é presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), uma entidade multi e interdisciplinar na sua essência. Desde 2021, ela é diretora do Instituto de Física Gleb Wataghin (Unicamp), a sua alma mater, que é um dos principais centros de pesquisa, ensino e extensão em Física do país. Em ambas as instituições, cabe a Mônica um lugar histórico: o da primeira mulher a ocupar o cargo mais alto. Além disso, ela é professora titular da Unicamp, editora executiva da revista ACS Applied Nano Materials e bolsista de produtividade 1C do CNPq, onde coordena o Comitê de Assessoramento na área de Física e Astronomia.

Quem trabalha com Mônica Cotta sabe que, na sua atuação cotidiana, continuam sempre presentes a busca por melhorar a vida das pessoas por meio da ciência e a preocupação por garantir equidade de gênero no meio científico.

No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, convidamos a professora Mônica a falar um pouco sobre ser mulher e cientista. Confira!

Boletim da SBPMat: Como foi para você ser uma menina e mais tarde uma mulher na ciência? Compartilhe conosco algumas lembranças sobre as particularidades e dificuldades de ser mulher e cientista.

Mônica Cotta: Eu costumo dizer aos estudantes que já sou muito velha, e muito do que vivi felizmente já não está tão presente na atualidade. Lembro de ser uma menina ‘nerd’, apesar desse termo não existir naquela época. Gostava de ficção científica, tecnologia (o que estava ao meu alcance – achava o máximo a caixa registradora do supermercado, rsrs, pois computadores pessoais só apareceram quando eu entrei na universidade), idolatrava Jacques Costeau (queria fazer oceanografia, mas era bem difícil no Brasil) e por aí afora. Por tudo isso, eu me lembro de não encaixar em nenhum estereótipo feminino daquela época, e isso teve um custo emocional bem grande. Mas meus pais sempre me apoiaram nos estudos. Sou campineira, e para chegar mais próximo da tecnologia possível na minha situação, cursei colégio técnico em processamento de dados e depois entrei na Unicamp em física e computação. Acabei optando por física, porque ciência sempre foi minha paixão. Só que eu gostava de física aplicada, pois sempre quis fazer ciência que pudesse se tornar uma ferramenta para o bem estar social… Isso acabou tornando meu percurso bem ‘acidentado’, com um mestrado em física biomédica e doutorado em ciência de materiais. Se isso me tornou uma ‘não-física’ para muitos de meus colegas, também me deu uma experiência muito grande com o trabalho interdisciplinar e como ‘conversar’ com diferentes áreas. No fundo, o que era uma ‘desvantagem’ acabou virando um grande patrimônio, pois ao longo da carreira tive chance de interagir e aprender com cientistas de muitas áreas diferentes. Isso foi fundamental quando, na última década, resolvi voltar às origens e trabalhar na interface com biologia, utilizando o conhecimento em materiais. Mas, de forma geral, ainda sinto que vivo duas vidas, pois parte de minha família até hoje não tem muita ideia do que eu realmente faço. Nunca consegui transmitir minha paixão por ciência para meus pais e irmã. O marido cientista acabou sendo a melhor opção, pois ele entendia quando eu queria ficar no lab na sexta à noite, ou finais de semana. Meus dois filhos entendem que têm uma mãe ‘workaholic’ porque ela ama o que faz… E minha filha está seguindo caminho similar, pois faz doutorado em neurociências.

Boletim da SBPMat: Na sua percepção, o que mudou para as meninas e mulheres pesquisadoras desde a época em que você era estudante e o que teria que mudar ainda?

Mônica Cotta: Felizmente muita coisa mudou, de forma geral… a começar pelo tipo de ambiente em que vivemos, proporcionado pela tecnologia. Hoje, jovens podem aprender ciência com os (bons) canais de YouTube ou cursos online. E o papel da mulher foi ampliado nas últimas décadas, pelo menos para parte de nossa sociedade. Hoje, uma garota querer fazer física pode até gerar estranheza, porém não a incredulidade e o desconforto que enfrentei em meus dias.

Mas sabemos que parte de nossa sociedade ainda não pensa assim. Infelizmente ainda existe muito machismo e misoginia em nosso meio, confirmados pelas trágicas estatísticas de violência sexual e feminicídios. E mulheres ainda enfrentam barreiras diárias na luta por equidade, inclusive na vida profissional. Por isso, precisamos continuar lutando por educação e igualdade de condições sociais, para todos e todas.

Boletim da SBPMat: De acordo com a sua experiência, quais medidas podem ser efetivas para combater a desigualdade de gênero nas ICTs, nos grupos de pesquisa, nos eventos científicos?

Mônica Cotta: Em primeiro lugar, precisamos falar das desigualdades e aumentar a conscientização sobre microagressões, viés inconsciente etc. para que estejamos alertas e preparadas para combater essas situações no dia-a-dia, e evitar que elas, aos poucos, destruam a autoestima das garotas. Outra medida é sempre se preocupar em manter a representatividade das mulheres em todos os espaços, seja como plenaristas em eventos científicos ou em postos de gestão. Além disso, critérios de equidade precisam ser incorporados nos editais de financiamento, nas avaliações de produtividade, pois sabemos como a maternidade impacta a carreira das mulheres, que também em geral são as ‘cuidadoras’ em caso de doenças ou pessoas idosas na família. Por outro lado, essas lutas devem ser de toda a comunidade, e não só de mulheres. Homens podem e devem ser nossos aliados.

Boletim da SBPMat: Por que é importante que haja meninas e mulheres na ciência?

Mônica Cotta: Talento não escolhe gênero, e de forma geral não faz sentido a ciência prescindir dos talentos de metade da humanidade!! Porém, ciência de qualidade necessita de novas ideias, e ideias vêm também de nossas experiências pessoais, não só de conhecimentos adquiridos na escola ou na universidade. Eu sempre me lembro de um exemplo dado pela Beverly Hartline, uma professora americana que promove as questões de gênero em ciência e na física em particular. Ela usa o exemplo dos banheiros em shopping centers. Em geral, eles são parecidos em layout, porém o tempo de uso é bem diferente para homens e mulheres. Consequentemente, há sempre uma fila imensa nos banheiros femininos, que não ocorre nos banheiros masculinos. Então quem desenhou esses banheiros – provavelmente um homem – não pensou nesse detalhe… Hoje temos o banheiro família, que ajuda muito mães com filhos e pais com filhas que estejam passeando por lá. Eu me lembro de ter ouvido reclamações de mulheres porque entrava com meu filho de 4 – 5 anos no banheiro feminino, porque ele sempre foi alto e elas achavam que ele ‘era muito velho’ para entrar comigo. Enfim, algo incômodo e simples de resolver, mas que levou décadas para ser considerado…. Por isso a diversidade de olhares, advindos das experiências de cada um – e gênero é só um dos componentes na nossa ‘bagagem pessoal’ – são imprescindíveis para ciência de qualidade e disruptiva, que também ajude a encontrar soluções para os problemas mais complexos de nossa sociedade.

Boletim da SBPMat: O que a carreira científica lhe trouxe de bom, de difícil, de novo, de inesperado na sua história de vida até o momento?

Mônica Cotta: Trouxe muitas coisas boas, como o contato com os estudantes, que para mim é fundamental. Nada dá mais prazer do que ver o crescimento pessoal e o amadurecimento profissional que a pesquisa científica pode proporcionar, mesmo fora da academia. Sempre digo que método científico serve para tudo, até para analisar situações da vida da gente, rsrs. Mas destaco o que mais me marcou. Infelizmente, em minha família, tivemos vários problemas de saúde complicados, e uma forma de controlar minha ansiedade nessas situações era estudar tudo que podia sobre o assunto, o que inclusive me ajudou a encontrar soluções naqueles momentos. E para isso, a formação interdisciplinar foi novamente minha salvação! Um médico certa vez pediu minhas fontes para passar aos alunos dele, pois disse que minhas perguntas eram muito difíceis de responder, rsrs.

Boletim da SBPMat: Deixe algumas palavras para as pesquisadoras da nossa comunidade, em especial, as mais novas, que estão passando por dificuldades ligadas à desigualdade de gênero.

Mônica Cotta: Temos que ser realistas e lembrar que dificuldades sempre existirão, e as de gênero entre elas. Porém juntas somos mais fortes. Procure sempre aliados/as entre seus colegas, identifique quem tem os mesmos valores e disposição para enfrentar essas barreiras. O mesmo vale para instituições – como aqui na Unicamp, onde temos a Diretoria Executiva de Direitos Humanos e nela, a comissão de gênero e sexualidade (da qual faço parte por acreditar nisso!). Use todos os apoios possíveis, assim como apoie suas colegas, pois sempre tudo se torna mais difícil quando estamos sozinhas.

A cientista em alguns bons momentos do dia-a-dia: encontro de docentes mulheres do IFGW (2018), participação no UNICAMP de Portas Abertas de 2018, confraternização do grupo de pesquisa em 2018, palestra em evento de divulgação científica do IFGW uma semana antes de a UNICAMP fechar por causa da pandemia, e viagem com a família em 2010.
A cientista em alguns bons momentos do dia-a-dia: encontro de docentes mulheres do IFGW (2018), participação no Unicamp de Portas Abertas de 2018, confraternização do grupo de pesquisa em 2018, palestra em evento de divulgação científica do IFGW uma semana antes de a Unicamp fechar por causa da pandemia, e viagem com a família em 2010.