No dia 13 de dezembro passado, no edifício-sede da Capes, em Brasília, ocorreu a cerimônia de entrega do Prêmio Capes de Tese. Na área de Materiais, o prêmio foi outorgado a Cesar Aguzzoli (34 anos) pela tese “Avaliação das propriedades físico-químicas, mecânicas e tribológicas de filmes finos de VC, Si3N4 e TiN/Ti”, defendida em 2011. O trabalho foi orientado por Israel Baumvol, professor emérito da UFRGS e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Materiais da Universidade de Caxias do Sul (PGMAT – UCS).
Aguzzoli fez graduação em Engenharia Química na UCS e mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais na mesma universidade. Ele realizou o doutorado dentro de um programa interinstitucional (DINTER) vigente de 2007 a 2011 entre os programas de pós-graduação em Materiais da UFRGS e da UCS. Desde março do ano passado, Aguzzoli compõe o corpo docente do PGMAT – UCS.
Na tese contemplada com o Prêmio Capes de Tese, Aguzzoli estudou correlações entre estrutura e propriedades de alguns revestimentos baseados em filmes finos cerâmicos, mais especificamente, carbeto de vanádio, nitreto de silício e nitreto de titânio, depositados sobre titânio. As condições e os parâmetros de deposição dos filmes (composição e fluxo dos gases reativos, temperatura do substrato e outros) foram variados para obter filmes com composições, densidades e espessuras convenientes. Os resultados mostraram algumas correlações importantes entre, por um lado, dureza, resistência ao desgaste e resistência à corrosão e, por outro lado, composição, densidade real e estrutura cristalina.
Segue uma breve entrevista com o premiado.
Boletim da SBPMat (B.S.): – Poderia nos contar brevemente como começou o seu interesse pela ciência e como se desenvolveu a sua carreira de pesquisador?
Cesar Aguzzoli (C.A.): – O interesse pela ciência começou cedo em minha vida. Desde pequeno me interessei em saber como as coisas funcionam, fazendo diversas perguntas, tais como: O que está dentro disto? Como que estas peças juntas fazem isso possível? Então tive interesse em cursar uma graduação na área das exatas e escolhi o curso de Engenharia Química. No início da graduação comecei a ser bolsista de iniciação científica e então vieram algumas das respostas. Com a vontade de ter mais respostas e com uma infinidade de perguntas que surgiam a cada etapa, resolvi tentar a pós-graduação. Fiz mestrado e doutorado na área de Materiais. Então descobri que tinha mais perguntas que antes. Com isso, aprendi uma lição valiosa, perguntas sempre existirão e o gosto de achar respostas e formular perguntas é a carreira de pesquisador!
B.S.: – E por que começou a trabalhar na área de Materiais?
C.A.: – Bom, depois da graduação e com uma experiência em iniciação científica, surgiu a oportunidade de fazer mestrado em Materiais. Como sempre gostei desta área, mas ainda não tinha trabalhado nela, achei um desafio promissor e comecei os estudos em Materiais.
B.S.: – Quais foram os critérios que o guiaram para fazer uma pesquisa de qualidade destacada em nível nacional? A que fatores você atribui esta conquista?
C.A.: – Acredito que trabalhei com profissionais e colegas de alto nível. Isso sem nenhuma dúvida foi decisivo, bem como o comprometimento e dedicação que sempre achei necessários para o trabalho.
B.S.: – Gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores que estão realizando trabalhos de iniciação científica, mestrado e doutorado na área de Materiais?
C.A.: – Com certeza, acredito que quando se faz algo que se gosta muito, tudo acaba ficando diferente. Pode não ser mais fácil, mas com certeza será menos sofrido. Acho que tanto para a vida como para o trabalho temos que possuir boa vontade e comprometimento com as tarefas. Com isso os resultados virão e, se não vierem, pelo menos o tempo que passamos fazendo as coisas não será um tempo gasto, e sim um investimento no que apreciamos em fazer.