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A Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) torna público o Edital para seleção de projetos de atividades dos University Chapters (UCs), com envio de propostas no período de 01 a 31/08/2023.
1.1. Financiar propostas que visem financiar atividades dos University Chapters da SBPMat, abrangendo aspectos relacionados à interação com a sociedade sobre o tema de Materiais e Desenvolvimento Sustentável, ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs).
2.1. Poderão apresentar propostas para o presente Edital os UCs devidamente registrados junto à SBPMat, submetendo-as por meio de seu/sua presidente (que será o/a executor/a do projeto), com a concordância do/a respectivo/a tutor/a. A submissão deverá ser realizada através de email, no endereço universitychapters@sbpmat.org.br.
3.1. As propostas apresentadas deverão obedecer aos seguintes limites e condições:
3.2. Em todos os casos, os valores solicitados devem estar diretamente associados ao desenvolvimento das atividades contidas na proposta.
3.3. O valor total do presente Edital é de até R$ 15.000,00.
4.1. Cada UC poderá apresentar uma única proposta;
4.2. As propostas deverão conter justificativas que evidenciem as atividades e inserção na sociedade, demonstrando a importância do financiamento para a execução do projeto, contemplando:
4.3. As propostas serão analisadas por meio de processo competitivo de avaliação a ser conduzido por comitê específico, com nomes selecionados pela Diretoria da SBPMat;
4.4. No caso de aprovação da proposta com valor inferior ao solicitado, caberá ao/a executor/a decidir pela alocação dos recursos aprovados dentro do projeto.
4.5. As propostas que não cumprirem o disposto neste Edital serão devolvidas ao proponente, sem análise.
4.6. Os resultados relativos à seleção de propostas para o presente Edital serão divulgados no XXI B-MRS Meeting.
5.1. As propostas aprovadas deverão ser executadas no prazo de 12 meses a contar da data de divulgação do resultado.
5.2. O Relatório Técnico e um vídeo, de no máximo 5 min, deverão ser apresentados em até 30 dias após o final do prazo de execução das propostas. Deverão conter uma descrição completa e detalhada das atividades desenvolvidas durante a vigência do projeto, resultados obtidos e, apenas para o relatório, cópia da Movimentação Financeira dos Recursos fornecida pela SBPMat.
5.3. A não apresentação do Relatório Técnico e do vídeo impedirá a análise de novas solicitações ou novos financiamentos em nome do UC.
5.4. Os resultados relativos à execução das propostas selecionadas neste edital deverão ser apresentados no XXII B-MRS Meeting, em 2024, de acordo com a programação futura desse evento. A escolha da estrutura e das formas de divulgação (presencial e/ou online) desses dois produtos serão definidas oportunamente pela SBPMat.
Rio de Janeiro, 28 de julho de 2023.
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As perovskitas são materiais semicondutores muito promissores para uso em células solares e outros dispositivos optoeletrônicos, mas apresentam uma limitação que prejudica a vida útil das suas aplicações, a sua baixa estabilidade. Nesse contexto, a umidade pode ser considerada inimiga das perovskitas, pois é um dos principais fatores que aceleram a degradação desses materiais.
Agora, uma descoberta de pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC) traz uma perspectiva bem diferente sobre a interação da água com as perovskitas. Com um processo baseado na simples hidratação de estruturas tridimensionais de perovskita, os cientistas conseguiram gerar estruturas bidimensionais (folhas) e unidimensionais (fios), as quais, além de serem mais estáveis do que as 3D, apresentam propriedades diferenciadas.
“Em quantidades controladas, a presença de água pode ser extremamente benéfica para a síntese de novas estruturas em perovskitas”, diz André L. M. Freitas, bolsista de pós-doutorado e autor, junto ao professor José A. Souza, do artigo que reporta este trabalho no Journal of Materials Chemistry C.
Os autores produziram cubos micrométricos de MAPbBr3, material híbrido (orgânico – inorgânico) da família das perovskitas, que costuma ser utilizado no ambiente acadêmico em células solares e LEDs. Nesse material, a parte inorgânica forma um octaedro, onde o átomo central (Pb) é cercado por seis haletos (Br). “Os octaedros são extremamente importantes nesses materiais, pois são responsáveis diretamente pelas propriedades físicas do material”, explica o pós-doc.
Para gerar os fios, os microcubos foram colocados em água. Para produzir as folhas, uma molécula orgânica foi acrescentada à água. Em contato com o líquido, de forma quase instantânea, o material perdeu a sua estrutura cristalina, formando o que a dupla da UFABC denominou fase intermediária. “Enfrentamos um grande desafio ao analisar essa fase, pois o processo ocorre rapidamente e muitas vezes tivemos que repetir os experimentos para caracterizá-la adequadamente”, conta Freitas.
Posteriormente, ao submeter o material a secagem, as moléculas de água foram expulsas da estrutura e aconteceu a interessante conversão: o material voltou a ter uma estrutura de perovskita, porém com morfologia e dimensão diferentes das originais. “Essa foi uma das nossas principais contribuições; conseguimos controlar o processo de recristalização e obter diferentes estruturas e dimensionalidades”, afirma Freitas.
Na formação dos fios, o processo inibiu o crescimento da estrutura cristalina em duas direções. Já no caso das folhas, a molécula orgânica adicionada à água atuou como uma barreira ao crescimento do material em uma direção, fazendo de espaçador entre as camadas de octaedros dando origem a uma nova estrutura da família de perovskitas 2D. Em especial nas estruturas bidimensionais, esse confinamento, que ocorreu em uma escala muito pequena, restringiu o movimento dos elétrons, resultando em efeitos quânticos bastante pronunciados, que modificaram as propriedades elétricas e ópticas do material.
“A nossa observação revelou que o material dissolvido ou degradado pode se recristalizar em estruturas interessantes”, resume Freitas. De acordo com os autores, ao explorar o processo de hidratação das perovskitas, o trabalho traz novas perspectivas para avançar o entendimento da degradação e da recristalização desses materiais, bem como para compreender propriedades ópticas como as que envolvem a dinâmica do éxciton (o par elétron – buraco gerado a partir da excitação da luz no semicondutor).
O trabalho apresenta um processo simples, escalável e sustentável para produzir perovskitas de baixa dimensionalidade com propriedades controladas. Os resultados podem impactar tanto o desenvolvimento de aplicações quanto o estudo dos fundamentos desses materiais versáteis.
A pesquisa recebeu apoio financeiro da Fapesp e do CNPq.
Referência do artigo científico: Water-induced dimensionality conversion from 3D perovskites to microwires and 2D hybrid halide perovskites. Andre L. M. Freitas and Jose A. Souza. J. Mater. Chem. C, 2023, 11, 6651. https://doi.org/10.1039/D3TC00593C
Contato dos autores: joseantonio.souza@ufabc.edu.br
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Em parceria com o Journal of Alloys and Compounds (JALCOM), da editora Elsevier, a SBPMat lança o JALCOM Award. O novo prêmio vai distinguir pesquisadores de instituições brasileiras com contribuições significativas em determinados tópicos das áreas de Materiais e Energia.
Duas categorias compõem o prêmio. A primeira, que terá um vencedor, é destinada a pesquisadores que tenham concluído o doutorado há mais de 10 anos (Achievement JALCOM Award). A segunda categoria, que selecionará dois vencedores, é dedicada a pesquisadores em início de carreira que tenham finalizado o doutorado dentro dos últimos 10 anos (Rising Star JALCOM Award).
Os candidatos podem se inscrever até 15 de agosto deste ano. Os vencedores serão anunciados no dia 5 de outubro durante o encerramento do XXI B-MRS Meeting, mas a presença no evento não é necessária para poder receber o prêmio.
Os prêmios para os vencedores consistem em somas de US$1.000 e U$500, patrocinadas pelo Journal of Alloys and Compounds, além de certificados.
Na avaliação de candidatas mulheres, o comitê do prêmio levará em conta o nascimento de filhos como critério de equidade.
Mais informações sobre o prêmio podem ser encontradas em https://www.sbpmat.org.br/
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Sobre Aldo Craievich: homenagem, reflexões e lembranças.
No dia 24 de abril de 2023, na semana passada, faleceu em São Paulo o Prof. Aldo Felix Craievich, dois meses depois de completar 84 anos.
Aldo nasceu na província de Santa Fé na Argentina e formou-se em física no Instituto Balseiro em Bariloche em 1964. Posteriormente realizou seu trabalho de doutorado na França sob orientação de André Guinier, um mundialmente famoso pesquisador na área de difração de raios X. Em 1973, mudou-se para o Brasil e ocupou postos em diversas universidades e institutos de pesquisa como o Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC-USP), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o Instituto de Física da USP na cidade de São Paulo.
Existem abundantes fontes onde é possível obter dados biográficos detalhados de Aldo – sem dúvida, um dos pesquisadores mais destacados da ciência dos materiais do Brasil. Mas provavelmente, o Aldo vai ser sempre recordado por sua contribuição à construção do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) em Campinas onde atuou na gestação inicial do projeto e posteriormente como Diretor Científico durante a construção do primeiro anel de armazenamento UVX. O Aldo assumiu a responsabilidade do desenho e construção de linhas de luz e, sobretudo, da formação de usuários para a futura fonte brasileira de luz síncrotron.
Conheci pessoalmente o Aldo quando mudei da Suíça para o Brasil em 1993 para integrar a equipe do incipiente LNLS. A liderança do laboratório era constituída por três diretores: Cylon Gonçalves da Silva, Ricardo Rodrigues e Aldo. Uma curta conversa com eles sobre o projeto de construir um síncrotron com tecnologia nacional partindo de zero foi inspiradora. Que visão progressista e corajosa! Tive o privilégio de observar como eles associavam competência e originalidade, sempre buscando soluções criativas e adaptadas aos baixos recursos e possibilidades reais no contexto brasileiro. Além dos aspectos materiais, o projeto requeria a construção de uma equipe de recursos humanos técnico-científica especializada. É importante que as novas gerações de profissionais visualizem e compreendam a hercúlea tarefa que foi desenvolver e construir tudo, tudo mesmo. Uma analogia seria levantar um arranha-céu quando você tem que aprender a fazer cada tijolo, cada barra de aço, cada pecinha. Que desafio eles encararam, e que completo esse triunvirato! Ricardo, a criatividade, a engenharia e a física dos aceleradores. Aldo, a aplicação de radiação síncrotron, a ciência e a formação de recursos humanos. E Cylon, costurando aspectos diferentes como a ciência e tecnologia do acelerador com a política científica e a organização de um sistema de gestão para um laboratório de big science. Nossa, que trio! Posso contar a meus orientados, estudantes, filhos e netos, que trabalhei perto deles durante a construção do LNLS.!! Além disso, não atrapalhei muito…
Apesar de seu cargo de Diretor, Aldo possuía a humildade para tentar convencer cada pesquisador ou estudante das grandes oportunidades que o LNLS oferecia. Ele organizou numerosas escolas no Brasil, na América Latina e no ICTP-Trieste, onde recebia estudantes de todas as áreas, física, química, engenharia, biologia, medicina etc. Esse esforço de dimensão internacional fica claramente refletido nos vários prêmios que ele recebeu em outros países e no Mercosul. Talvez o maior dos reconhecimentos recebidos por Aldo foi sua entrada em 2015 na Academia Brasileira de Ciências, já quase perto dos 80 anos. A nível bem pessoal, eu todo dia me pergunto: por que Aldo teve que esperar tanto? Quase 20 anos desde o início de operação do UVX, primeiro síncrotron do hemisfério sul. Bem… no fim justiça foi feita, melhor tarde do que nunca. Minha maior tristeza é que o sócio de Aldo na empreitada, o Ricardo Rodrigues, responsável pelo desenho (a física de aceleradores) e construção (a engenharia, a eletrônica, os materiais etc.) do UVX e do novo síncrotron, o Sirius, nos deixou em 2020 sem receber essa honraria. A história da América Latina mostra um desenvolvimento social e econômico com muitos paradoxos, como, por exemplo, a forte urbanização sem industrialização. A formação da comunidade científica e tecnológica no país não ficou isenta dessas peculiaridades. Portanto é importante evoluir para dar mais valor a trabalhos aplicados, à construção de equipamentos reais e operacionais de pequeno, mediano ou enorme porte, à criação de instrumentação, às vezes avançada e às vezes somente soluções práticas e baratas. A inovação e industrialização, tão procuradas e mencionadas na atualidade, agradecerão. Como Aldo descrevia bem em suas palavras: “não existe a divisão pesquisa básica ou aplicada, a dicotomia real é pesquisa de qualidade boa ou qualidade ruim”.
Para nós, da comunidade argentina, Aldo foi “el cracho”, o apelido pelo qual é conhecido desde seu início na física e nas ciências exatas. O “cracho” é um sinônimo de energia, energia positiva, energia interminável, energia que contagia e faz progredir, energia que transmite optimismo, energia que motiva, a energia que dá o exemplo, a energia que move montanhas, energia contra ventos e mares. O conhecimento profundo, a conversa longa, objetiva e sincera, a cultura, a vontade de ajudar, de estimular a encarar desafios, o exemplo de ciência, humanidade e ética. Essa é a imagem que tenho de Aldo. Fui agraciado por trabalhar perto dele no início de minha carreira como jovem cientista independente no LNLS. Quanto aprendi! Ele foi um mentor, um amigo, um exemplo, um role model.
Daniel M. Ugarte
Professor titular
Instituto de Física Gleb Wataghin
Unicamp
Segue a resposta enviada pela Coordenação-Geral de Comunicação Social da CAPES no dia 27 de abril sobre a carta da SBPMat, que está publicada neste link, referente à renovação de assinaturas das revistas da Royal Society of Chemistry (RSC) no Portal de Periódicos da CAPES.
“Em relação à publicação no site da SBPMat intitulada Acesso às revistas da RSC: carta à atual presidente da CAPES, esta Fundação informa que reconhece a qualidade indiscutível dos conteúdos acadêmicos científicos e a relevância da assinatura dos periódicos da Royal Society of Chemistry pelo Portal de Periódicos. Por isso, vem envidando todos os esforços para que os processos de renovação das assinaturas das revistas científicas aconteçam o mais breve possível, de modo que não ocorram mais prejuízos acadêmicos aos programas de pós-graduação e à comunidade científica. Nesse sentido, com relação aos periódicos da RSC, as negociações estão em andamento e assim que se chegar a um acordo dentro da realidade brasileira e que atenda a todas as recomendações dos órgãos de controle, a contratação se efetivará. A CAPES agradece o reconhecimento da importância do Portal de Periódicos e se coloca à disposição ao diálogo para prestar os esclarecimentos necessários.”
Ilma. Sra. Prof. Mercedes Maria da Cunha Bustamante
M.D. Presidente da CAPES
Assunto: Renovação de assinaturas das revistas da Royal Society of Chemistry – RSC – no Portal de Periódicos da CAPES
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2023.
Ilustríssima Senhora Presidente,
A Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) expressa sua grande preocupação com a perda de acesso às revistas da editora Royal Society of Chemistry (RSC), em decorrência de não ter sido realizada renovação da assinatura dentro do Portal Periódicos, da CAPES.
A RSC é a sociedade de química mais antiga do mundo, com 180 anos e mais de 50.000 membros, e edita revistas importantes não apenas na área de química, mas também em áreas afins, como a engenharia de materiais, por exemplo. Apesar de possuir 13 revistas no sistema open access, a grande maioria dos artigos publicados nas outras 40 revistas editadas pela RSC só é acessível a partir da assinatura, conforme vinha acontecendo em anos anteriores, a partir do Portal de Periódicos. Com essa quebra, pesquisadores brasileiros deixam de ter acesso a publicações de alto fator de impacto (FI) tais como: Chemical Society Reviews (FI = 56,283), Energy and Environmental Science (FI = 39,151), Materials Horizons (FI = 16,152), Journal of Materials Chemistry A (FI = 13,375), entre muitas outras. Ressaltamos que, entre as revistas editadas pela RSC, já classificadas pelo JCR, todas têm fator de impacto acima de 3.
Desse modo, entendemos que a descontinuidade da assinatura das revistas editadas pela RSC trará um prejuízo imenso para pesquisadores de diferentes áreas, sendo fundamental a manutenção do acesso a essas revistas.
Certa de sua compreensão acerca desse anseio da comunidade científica do país, contamos com o importante apoio da Capes às pós-graduações e colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Mônica A. Cotta
Presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais – SBPMat